XI Salão de Iniciação Científica
PUCRS
A TUTELA CONSTITUCIONAL DOS DIREITOS
LABORAIS NOS PAÍSES DO MERCOSUL; UM ESTUDO
COMPARADO
Bolsista Apresentador: Paulo Rodrigues Teixeira, Ma. Sonilde Lazzarin (orientador)
CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS
Resumo
O presente trabalho tem como escopo à análise crítica e comparativa da tutela
constitucional sobre os direitos laborais nos países membros do Mercado Comum do
Cone Sul (MERCOSUL), bloco econômico ao qual a República Federativa do Brasil
se tornou Estado signatário através da assinatura do Pacto de Assunção, em 1991,
junto à Argentina, Paraguai e Uruguai – entretanto, o pacto somente surtiu efeitos no
Brasil após ser promulgado pelo Dec. n.º 350/1991 e complementado pelos protocolos
de Brasília e de Ouro Preto. (Manoel Gonçalves Ferreira Filho; Curso de Direito
Constitucional, p. 348-349).
Em um primeiro momento tratar-se-á das prerrogativas constitucionais
decorrentes da constitucionalização do ramo juslaborativo (Maurício Godinho
Delgado, Curso de Direito do Trabalho, p. 75-76). Tal análise será feita sob o prisma
dos direitos fundamentais de segunda geração, especificamente os ‘direitos sociais’,
que, segundo Ingo Wolfgang Sarlet caracterizam-se por outorgarem ao indivíduo
direito a prestações sociais estatais, revelando uma transição das liberdades formais
abstratas para as liberdades materiais concretas. (A Eficácia dos Direitos
Fundamentais, fls. 56-57).
Neste diapasão, de forma minuciosa, serão analisados os princípios basilares
inseridos no Título I da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, sob o
epíteto ‘Dos Princípios Fundamentais’, especificamente o artigo 4º, II e IX, com
intuito de contrastá-los com as diretrizes programáticas definidas no parágrafo único
do referido dispositivo (José Afonso da Silva; Curso de Direito Constitucional
Positivo, p.288-301), bem como com as diretrizes contidas nas garantias sócio-laborais
das constituições dos países componentes do bloco, objetivando auferir alguma
similitude entre as finalidades dos direitos sociais dos países integrantes criadas por
seus constituintes.
Por fim, mas na mesma esteira, será realizada uma análise detalhada sobre a
compatibilização do direito do trabalho disposto nas constituições dos estados
membros do Mercado Comum do Sul, a fim de descobrir se há convergência entre tais
preceitos constitucionais e, se em decorrência de possíveis disparidades entre as
normas, observar se às finalidades da criação de um bloco econômico - quais sejam
proporcionar a integração de mercados como fator de circulação de riquezas entre os
países que o integram e a livre circulação de trabalhadores no bloco – estão sendo
atingidas em conformidade com os direitos sócio-laborais. (Bismarck Duarte Diniz;
Mercosul, ALCA e integração e Integração-Latino-Americana, p. 150-158).
Introdução
Com vistas a alcançar o objetivo deste estudo, a fundamentação teórica será
consubstanciada, a toda evidência, nas áreas do Direito do Trabalho e do Direito
Constitucional, para que, desta forma, seja possível a realização de uma análise
fragmentada das normas constitucionais relativas aos direitos sócio-laborais nas
constituições dos Estados que integram o Mercado Comum do Cone Sul
(MERCOSUL), a fim de contrastar as prerrogativas sociais constitucionais existentes.
Assevera Ingo Wolfgang Sarlet que, após o surgimento das constituições sociais,
notadamente carreada pelas constituições alemã de 1919, conhecida como constituição
de Waimar e a constituição Mexicana de 1917, os direitos fundamentais da segunda
geração, dentre estes os direitos sócio-laborais, “caracterizam-se, por outorgar ao
indivíduo direitos a prestações sociais (...) revelando uma transição das liberdades
formais abstratas para as liberdades materiais concretas...” (A Eficácia dos Direitos
Fundamentais, p. 56-58).
Nesta esteira, seguimos com os ensinamentos do ilustre doutrinador retro
citado, in verbi: “...na esfera dos direitos da segunda dimensão, há que atentar para a
circunstância de que estes não englobam apenas direitos de cunho positivo, mas
também as chamadas liberdades sociais, do que dão conta os exemplos da liberdade
de sindicalização, do direito de greve, bem como do reconhecimento de direitos
fundamentais aos trabalhadores, tais como o direito a férias e ao repouso semanal
remunerado, a garantia de um salário mínimo, a limitação da jornada de trabalho,
apenas para citar alguns dos mais representativos”. (A Eficácia dos Direitos
Fundamentais, p. 57).
Entretanto, diante de um processo de integração como o do MERCOSUL,
ocorre o distanciamento entre o desenvolvimento econômico e social, tratando-se de
questão preocupante, como bem ressalta Yves Chaloult ao afirmar que tal
distanciamento acaba “(...) levando a uma real desconstitucionalização de vários
direitos coletivos e sociais adquiridos há décadas (...)”. (Relações Mercosul, ALSCA,
ALCA e papel do estado, p.60).
Outrossim, ensina Maurício Godinho Delgado, que após a constitucionalização
do ramo juslaborativo, refratando o fato de que“(...)tal tendência adquiriu novo status
apenas com a Crata Magna de 1988. É que esta, em inúmeros de seus preceitos e, até
mesmo, na disposição topográfica de suas normas (que se iniciam pela pessoa
humana, em vez de pelo Estado), firmou princípios basilares para a ordem jurídica, o
Estado e a sociedade – grande parte desses princípios elevando ao ápice o trabalho
(...)”. (Curso deDireito do Trabalho, p. 76).
É neste compasso que se instala a divergência, eis que devido ao fato do fator
econômico despontar em relação ao social, relativamente à integração entre estados em
blocos econômicos, como o caso do MERCOSUL, ocorre a degradação dos direitos
sócio-laborais, que por ventura pertencem aos indivíduos que fornecem a mão-de-obra
necessária para o melhor desenvolvimento.
Metodologia
O presente trabalho rege-se, essencialmente, por estudos doutrinários e jurisprudenciais, a fim de que se possa auferir conceitos de juristas e outros profissionais da
área jurídica. Para tanto, o método de pesquisa será o qualitativo, sendo evidenciado a partir da análise de ampla bibliografia. Contudo, segundo ensina Mario Osório Marques: “A
criatividade e persistência do pesquisador se deve a unidade de seu estilo, não a regras pré-definidas. Na pesquisa, como em toda obra de arte, a segurança se produz na incerteza dos caminhos”. (Escrever é Preciso o Princípio da pesquisa, p. 114).
Outrossim, se fará necessária a análise comparativa da constituições dos Estados membros do MERCOSUL no que concerne aos direitos sócio-laborais.
Resultados (ou Resultados e Discussão)
Identificar e comparar as disposições constitucionais relativas aos direitos fundamentais sócio-laborais nas constituições dos países membros do MERCOSUL em contraste com o artigo 6º e 7º §§, da Constituição Federativa da República do Brasil; - Averiguar a compatibilidade entre as disposições constitucionais relativas aos diretos sócio-laborais contidas nas constituições dos Estados membros do bloco, bem como identificar disparidades entre as normas expressas nas constituições estudadas e comparadas; - Averiguar as disposições expressas no artigo 4º, II e IX, da Constituição Pátria de 1988 em contraste com o Parágrafo único do referido artigo; - Propor a análise crítica sobre as normas constitucionais dispostas nas constituições dos países membros do Mercado Comum do Sul relativas aos direitos sociais dos trabalhadores na atualidade em confronto com as finalidades do alcance da justiça social, particularmente versada sobre direito laboral.
Conclusão
A presente proposta de estudo justifica-se em face da escassez de doutrina específica relativa aos direitos sócio-laborais dos trabalhadores no MERCOSUL, o que tem grande importância no atual momento de crescente globalização. A relevância do estudo é não só acadêmica, mas de interesse da comunidade em geral na medida em vislumbra identificar as condições atuais das disposições constitucionais expressas nas constituições dos países membros do MERCOSUL referentes aos direitos fundamentais sócio-laborais, a fim de, primeiramente, identificar o equilíbrio e possíveis disparidades entre às constituições dos Estados membros do bloco; igualmente, pretende-se analisar os direitos sociais, definidos segundo Ingo Wolfgang Sarlet como ‘direitos fundamentais de segunda geração’ (A Eficácia dos Direitos Fundamentais, p. 58) e sua essência, confrontado-os com os preceitos contidos no artigo 4º, II e IX, da Constituição Pátria de 1988, bem como com o artigo 6º, 7º e §§ da
referida Carta Política em contraste com as normas sócio-laborais estabelecidas nas constituições dos demais países membros do bloco.
Em conseguinte, tem-se como intenção averiguar o posicionamento de juristas da área do direito laboral, bem como constitucional, com o intuito de demonstrar possíveis desconformidades entre os preceitos sociais constitucionais, referentes aos trabalhadores, expressos nas constituições de cada Estado membro do MERCOSUL, no que tange as relações de trabalho estabelecidas entre o território dos países que integram o bloco.
Assim, pretende-se que seja efetivada tal pesquisa nos moldes referidos acima, ou seja, de forma crítica e comparativa, para com isso chegar a conclusões a fim de propiciar possíveis soluções para o alcance dos objetivos inerentes ao Mercado Comum do Cone Sul e o respeito às prerrogativas constitucionais sócio-laborais, concebidas com o intuito de maximizar as condições sócio-econômicas dos Estados signatários, devendo ser observada a máxima da justiça social.
Referências
ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios da definição à aplicação dos princípios jurídicos, 5ª ed., São Paulo: Ed. Malheiros, 2006, p.137; CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª ed., Coimbra/Portugal: Ed. Almedina, 2003, p.525-526; CHALOULT, Yves, “Relações Mercosul, ALCSA, ALCA e papel do estado”. Mercosul, Nafta e Alça – A Dimensão Social, São Paulo: Ed. LTr, 1999, p.60; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcanti, ASPECTOS DA DIMENSÃO SOCIAL NO MERCOSUL, Justiça do Trabalho, v. 22, n.º 261, Porto Alegre: Ed. HS, p.34-45; DALLARI, Dalmo de Abreu, Elementos de Teoria Geral do Estado, 25ª ed., São Paulo: Ed. Saraiva, 2005, p265-277; DELGADO, Mauricio Godinho, Curso de Direito do Trabalho, 7ª ed., São Paulo: Ed. LTr, 2008, p. 75-76; DINIZ, Bismark Duarte, A FLEXIBILIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO FACE AO MERCOSUL, Mercosul, ALCA e Integração Euro-Latino-Americana, v. 1º, Curitiba: Ed. Juruá, 2003, p. 161-166; FELKER, Reginald D., GLOBALIZAÇÃO – MERCOSUL – DIREITO LABORAL, Revista da Femargs, nº 3, Porto Alegre: novembro/2000, p. 37-42; FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira, Curso de Direito Constitucional, 31ª ed., São Paulo: Ed. Saraiva, 2005, p. 348-349; GALLIANO, Alfredo Guilherme, Introdução à Sociologia, São Paulo: Ed. HARPER & ROW DO BRASIL, 1981, p.330-333; HÜBNER, Marlot Ferreira Caruccio, O Direito Constitucional nos Países do MERCOSUL, São Paulo: Ed. Memória Jurídica, 2002, p. 71-131; MARQUES, Mario Osorio,
Wolfgang, A Eficácia dos Direitos Fundamentais, 6ª ed., Porto Alegre: Ed. Livraria do Advogado, 2006, p. 56-58; SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo, 31ª ed., São Paulo: Ed. Malheiros, 2008, p. 288-298.