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ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS E GRAU DE DEPENDÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES COM TUMORES INTRACRANIANOS a

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Souza RG, Cunha ICKO, Reichert MCF, Diccini S. Neurological disorders and dependence of nursing care in patients with brain tu-mor [abstract]. Revista Gaúcha de Enfermagem 2007;28(2):180. Souza RG, Cunha ICKO, Reichert MCF, Diccini S. Las alteraciones

neurológicas y el grado de dependencia de enfermería en pacientes con tumores intracranianos [resumen]. Revista Gaúcha de Enfermagem 2007;28(2):180.

a Extraído do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Enfermagem em Neurocirurgia, Modalidade Residência em Enfermagem,

Hospital São Paulo, Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

b Enfermeira. Especialista em Neurocirurgia pela UNIFESP.

c Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da UNIFESP. d Enfermeira do Departamento de Enfermagem da UNIFESP.

e Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da UNIFESP.

ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS E GRAU DE DEPENDÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES COM TUMORES INTRACRANIANOSa

Renata Guzzo SOUZAb

Isabel Cristina Kowal Olm CUNHAc Magaly Cecília Franchini REICHERTd Solange DICCINIe

RESUMO

O estudo propôs-se a identificar as alterações neurológicas em 32 pacientes com diagnóstico de tumor ce-rebral e avaliar o grau de dependência dos cuidados de enfermagem no pré e pós-operatório na Unidade de Neu-rocirurgia do Hospital São Paulo, de junho a dezembro de 2004. Para a coleta de dados foi utilizado um instrumen-to para o exame físico neurológico e outro para avaliar o grau de dependência. Observou-se um aumeninstrumen-to do grau de dependência dos pacientes após a intervenção cirúrgica. Torna-se necessário correlacionar o grau de dependên-cia com o dimensionamento da equipe de enfermagem para a otimização da assistêndependên-cia.

Descritores: Neoplasias encefálicas. Complicações pós-operatórias. Adaptação. Cuidados de enfermagem.

RESUMEN

El presente estudio propuso identificar las alteraciones neurológicas en 32 pacientes con diagnóstico de tumor cerebral y evaluar el grado de dependencia de los cuidados de enfermería en el pre y postoperatorio de la Unidad de Neurocirugía del Hospital São Paulo, Brasil, de junio a diciembre de 2004. Para la toma de datos se utilizó un instrumento para el examen físico-neurológico y otro para evaluar el grado de dependencia. Se obser-vó un aumento del grado de dependencia de los pacientes después de la intervención quirúrgica. Se hace, enton-ces neenton-cesario correlacionar el grado de dependencia con el tamaño del equipo de enfermería para la optimiza-ción de la atenoptimiza-ción.

Descriptores: Neoplasias encefálicas. Complicaciones postoperatorias. Adaptación. Atención de enfermería. Título: Las alteraciones neurológicas y el grado de dependencia de enfermería en pacientes con tumores

intracranianos.

ABSTRACT

The aim of this study was to identify neurological disorders in 32 patients with diagnosis of brain tumor, and to evaluate the dependency of nursing care before and after the surgery. This study was carried out at the Neurosurgery Unit of São Paulo Hospital, Brazil, from June to December, 2004. One instrument was used to collect physical and neurological data, and another to evaluate the dependence degree. An increase of the depen-dence degree was observed after surgical intervention, which therefore needs to be correlated with nursing team size in order to optimize care.

Descriptors: Brain neoplasms. Postoperative complications. Adaptation. Nursing care. Title: Neurological disorders and dependence of nursing care in patients with brain tumor.

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1 INTRODUÇÃO

O Câncer (CA) representa hoje, uma cau-sa significativa de morbi-mortalidade no mundo, atingindo aproximadamente nove milhões de pes-soas e matando cerca de cinco milhões. No Bra-sil, surge como a terceira causa de óbito, precedi-do apenas das patologias cardiovasculares e trau-mas(1).

Dentro desta realidade, a incidência de CA que envolve o Sistema Nervoso Central (SNC) es-tá em franca ascensão. Em 1998, nos Estados Uni-dos, foram diagnosticados mais de 17.500 casos de tumores primários cerebrais. Dados estatísti-cos mostram uma variação de 4,8 a 19,6 casos por 100.000 habitantes, em média com sobrevida de cinco anos(2,3).

Diagnosticado em todas as faixas etárias, com maior prevalência no sexo masculino, o tumor (Tu) cerebral tem sido alvo de vários estudos clínicos por não ter uma causa isolada e sim uma combi-nação de fatores, como: alterações genéticas, he-reditariedade, exposição a substâncias químicas, hormônios, condições ambientais e ocupacionais, entre outros. São classificados em primários e me-tastáticos, sendo que na primeira categoria são sub-divididos em benignos e malignos, diferenciando-se pelas células de origem, localização anatômica, entre outras características, que posteriormente de-limitarão a forma de tratamento(4).

Há relação direta dos déficits neurológicos com as estruturas anatômicas específicas no cé-rebro, tais como: alterações cognitivas, sendo a se-qüela mais comum, estando presente em 80% dos pacientes com Tu cerebral, caracterizando prejuí-zo no lobo frontal; com lesão no lobo parietal, têm-se alterações motoras em 78% e têm-sensitivas em 38% dos casos; alterações visuais em 53%, com lesão no lobo occipital, entre outras, uma vez que a asso-ciação de sinais e sintomas é muito freqüente e que o Tu cerebral originado do próprio tecido evolui com distorção e compressão de estruturas neuro-nais e não primariamente, com a destruição das mesmas(3,5).

Estas alterações representam apenas uma amostra do universo das seqüelas neurológicas, que interferem diretamente na atividade de vida diária, na auto-estima, sociabilidade, além de ou-tros problemas associados, principalmente a in-capacidade, seja total ou parcial, impostas para a

realização de tarefas, anteriormente considera-das simples, em pacientes com diagnóstico de Tu cerebral.

Dentro do contexto hospitalar, esses indiví-duos freqüentemente ficam dependentes de cui-dados, o que torna o profissional enfermeiro ele-mento fundamental no trataele-mento físico e mental. Para tal, torna-se necessário uma assistência de en-fermagem sistematizada, integral e individualiza-da, oriunda de uma anamnese e exame físico ri-goroso e posterior classificação do grau de depdência do paciente para com os cuidados de en-fermagem.

A primeira escala de classificação do grau de dependência de enfermagem foi descrita em 1972 definindo como total e parcial(6). O grau de

depen-dência total caracteriza-se pelo cumprimento da equipe de enfermagem de todos os cuidados, se-jam estes, básicos e complexos para com o paci-ente; enquanto que o parcial compreende termos como: ajuda, orientação, supervisão e encaminha-mento. Outros Sistemas de Classificação de Pa-cientes (SPC) foram criados com a finalidade de atingir o melhor instrumento capaz de englobar todas as necessidades assistenciais do indivíduo, tais como:Teoria das Necessidades Humanas Bá-sicas(7); escala do grau de dependência,

categori-zada em cinco níveis, levando em consideração a complexidade dos cuidados e o perfil dos doen-tes(8) e a escala de classificação dos pacientes em

quatro graus de dependência, desde o auto-cuidado até cuidados intensivos(9), demonstrando desta

ma-neira, a diversidade de instrumentos existentes. A relevância de agrupar os pacientes em níveis de dependência de cuidados favorece o di-mensionamento da equipe, adequação de recur-sos materiais, qualidade das ações desenvolvidas e principalmente a satisfação do cliente(10,11). A

preo-cupação com o dimensionamento da equipe de en-fermagem é hoje uma tendência muito valoriza-da nos serviços de saúde, tendo sido reforçavaloriza-da por resolução do órgão de fiscalização(12), uma vez que

interfere diretamente na qualidade do cuidado de-senvolvido.

Para os pacientes neurocirúrgicos que so-frem o impacto da redução ou mesmo a perda das funções vitais, e tornam-se dependentes de cuida-dos, é mais do que pertinente, adotar um sistema para avaliar as alterações neurológicas, bem como o grau de dependência da assistência de

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enferma-gem. Isso visa contribuir para que esta clientela receba o cuidado com qualidade que efetivamen-te necessita, a partir da alocação adequada da equipe de enfermagem.

Os objetivos deste estudo foram identificar as alterações neurológicas presentes nos pacien-tes com tumores intracranianos e avaliar o grau de dependência dos cuidados de enfermagem des-tes paciendes-tes no pré e pós-operatório na unidade de internação.

2 METODOLOGIA

O estudo foi do tipo prospectivo de Coorte, realizado na unidade de internação da neurocirur-gia do Hospital São Paulo, no período de junho a dezembro de 2004. Foram incluídos pacientes com idade superior a 18 anos, de ambos os sexos, com diagnóstico admissional de tumor cerebral. Foram excluídos os pacientes com antecedentes de doen-ças neurodegenerativas, pacientes graves inter-nados na unidade de terapia intensiva (UTI) e pa-cientes que evoluíram a óbito no período de pós-operatório na UTI.

O projeto foi enviado ao Comitê de em Pes-quisa da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sendo aprovado. Os pacientes que participaram do estudo assinaram o termo de con-sentimento livre e esclarecido.

Para a coleta de dados foram utilizados dois instrumentos preenchidos durante o pré e pós-operatório. No primeiro foram anotados os seguin-tes dados: identificação do paciente, idade, sexo, antecedentes patológicos, diagnóstico médico, lo-calização do tumor cerebral (supratentorial: acima da tenda do cerebelo; infratentorial: abaixo da tenda do cerebelo), tipo de tumor (primário, reci-diva, metastático), tempo do pré e pós-operatório (unidade de internação e UTI), duração e intercor-rências do ato cirúrgico, o exame neurológico e suas alterações durante a internação.

O exame neurológico consistiu na avalia-ção: do nível de consciência e da orientação (tem-po, espaço e pessoa), dos doze pares de nervos cranianos e das funções motora, sensitiva e ce-rebelar. A força motora foi avaliada pela escala de graduação da força muscular(13).

O segundo instrumento foi aplicado diaria-mente, onde foram identificados e anotados os graus de dependência de enfermagem através do

exame físico. A Escala de Grau de Dependência, validada desde 1995(9), foi utilizada para avaliar os

graus de dependência de enfermagem. Esta esca-la é composta de quatro graus de dependência, que são subdivididos em vários itens, levando-se em consideração as características do paciente: Grau I (GI): a) deambula sem auxílio; b) toma banho e alimenta-se sozinho; c) sem desvios de comporta-mento; d) orientação e supervisão do auto-cuidado; Grau II (GII): a) necessita ou não de auxílio na deambulação, no banho e na alimentação; b) quan-tidade moderada de medicação, terapia endove-nosa de rotina; c) cuidados pré e pós-operatório de rotina; d) sem desvio de comportamento, e) orien-tação e auxílio no autocuidado; Grau III (GIII): a) necessita de auxílio na deambulação, no banho e na alimentação; b) grande quantidade de medica-ção endovenosa; c) cuidados pré e pós-operatórios complexos; d) com ou sem desvios de comporta-mento; e) observações freqüentes das condições gerais do paciente; Grau IV (GIV): a) acamado continuamente; b) higiene no leito/alimentação por tubos ou nutrição parenteral total; c) requer me-didas complexas para manutenção da vida; d) te-rapia endovenosa intensiva; e) complicação pós-operatória; f) inconsciente ou com desvios do pa-drão de comportamento. Sendo que para enqua-drar-se em qualquer grau de dependência, o pa-ciente precisa apresentar, pelo menos, três itens contidos nos diferentes graus.

Os dados são apresentados em forma de ta-belas e gráficos e as variáveis estudadas em nú-mero absoluto e percentual.

3 RESULTADOS

Dos 32 pacientes, 11 (34,4%) eram do se-xo masculino e 21 (65,6%) do sese-xo feminino. A idade média foi de 49 anos, variando de 18 a 80 anos. Em relação à localização e o tipo de tu-mor, dos 26 (81,3%) tumores localizados na re-gião supratentorial, 18 (56,3%) eram primários, quatro (12,5%) eram recidivas e quatro (12,5%) eram metástaticos. Já dos seis (18,7%) tumores localizados na região infratentorial, dois (6,2%) eram primários, três (9,3%) eram metástaticos e um (3,1%) era recidiva tumoral.

Em relação aos antecedentes patológicos, oito (25%) dos pacientes não relataram nenhum antecedente, 13 (40,6%) eram hipertensos, quatro

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(12,6%) diabéticos, seis (18,7%) tabagistas, um (3,1%) etilista, e três (9,3%) já haviam sofrido ci-rurgias prévias, sendo que 24 (75%) pacientes apresentavam mais de um antecedente.

A Tabela 1 demonstra as alterações da ava-liação neurológica (nível de consciência, função motora, sensitiva, cerebelar e pares cranianos) na admissão do paciente na unidade de internação e no pré-operatório imediato.

Tabela 1 - Alterações no exame neurológico no pré-operatório. São Paulo, 2004.

A Tabela 2 mostra as alterações da avalia-ção neurológica no pós-operatório, incluindo o a admissão na unidade de internação após a alta da UTI até a alta hospitalar.

Tabela 2 - Alterações no exame neurológico no pós-operatório na admissão unidade de internação e na alta hospitalar. São Paulo, 2004. Nível de consciência Força motora Sensibilidade Pares cranianos Função cerebelar Admissão Imediato_ n % n % Alterações Total 42* 100,0 43* 100,0 5 15 2 14 6 11,9 35,7 4,8 33,3 14,3 6 15 2 14 6 14,0 34,8 4,7 32,5 14,0

Fonte: Pesquisa direta: próprios autores.

* mais de uma alteração do exame neurológico apresentado por pa-ciente examinado.

Durante a admissão, na avaliação do nível de consciência, 27 (84,3%) pacientes estavam cons-cientes e orientados, e cinco (15,7%) encontravam-se desorientados. Dezesencontravam-sete (53,1%) apreencontravam-senta- apresenta-vam força motora normal e 15 (46,9%) estaapresenta-vam paréticos. No intervalo entre a admissão e o pré-operatório imediato, houve melhora do grau de paresia em dois (6,2%) dos pacientes, e um (3,1%) paciente apresentou rebaixamento do nível de consciência. A sensibilidade encontrava-se nor-mal em 30 (93,8%) pacientes, com um (3,1%) pa-ciente referindo hipoestesia e outro (3,1%) quei-xando-se de parestesia. A função cerebelar esta-va alterada em seis (18,7%) pacientes, caracteri-zada pela marcha atáxica em quatro (12,5%) pa-cientes e dois (6,5%) apresentavam dismetria e disdiadococinesia. No que se refere aos pares cra-nianos, em 18 (56,2%) pacientes, a avaliação es-tava normal e em 14 (43,7%) apresenes-tavam mais de um déficit.

Durante a avaliação do grau de dependência no pré-operatório, houve apenas uma (3,1%) alte-ração no pré-operatório imediato (grau I para o grau IV), devido ao rebaixamento do nível de consciên-cia em decorrênconsciên-cia de herniação cerebral, o que desencadeou uma cirurgia de urgência.

Nível de consciência Força motora Sensibilidade Pares cranianos Função cerebelar Admissão Alta___ n % n % Alterações Total 39* 100,0 39* 100,0 5 13 4 13 4 12,8 33,3 10,3 33,3 10,3 5 13 4 13 4 12,8 33,3 10,3 33,3 10,3

Fonte: Pesquisa direta: próprios autores.

* mais de uma alteração do exame neurológico apresentado por pa-ciente examinado.

Nesta fase a avaliação neurológica mostrou que o total de déficits no período de pós-operatório em relação ao período pré-operatório, reduziu de 41 para 39. Dos pacientes, 27 (84,3%) permanece-ram conscientes e orientados, e cinco (15,7%) de-sorientados ou apáticos. A força muscular era nor-mal em 19 (59,3%) pacientes, 11 (34,4%) estavam paréticos, e dois (6,2%) estavam plégicos. Vinte e oito (87,5%) apresentavam sensibilidade normal e quatro (12,5%) referiram hipoestesia.

Somente em quatro (12,5%) pacientes foi de-tectado quadro cerebelar, tendo todos estes marcha atáxica e dois (6,8%) dismetria e disdiadococinesia. Os pares cranianos encontravam-se normais em 19 (59,3%) dos pacientes, enquanto que 13 (40,6%) apresentavam déficits em mais de um par.

I II III IV Admissão Alta___ n % n % Grau de dependência Total 32 100,0 32 100,0 6 14 11 1 18,7 43,7 34,4 3,2 15 6 9 2 46,9 18,7 28,2 6,2

Tabela 3 - Grau de dependência pós-operatório, na admissão na unidade de internação e na alta hospitalar. São Paulo, 2004.

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ções de pares cranianos, do nível de consciência e da função cerebelar, o que contradiz artigos an-teriores que relataram que a alteração cognitiva, quando não é a principal, é a segunda característi-ca mais evidente(3,16), uma vez que são

considera-das mais problemáticas do que o déficit motor e distúrbio na fala.

Em relação às alterações motoras encontra-das neste estudo, durante o período pré-operatório, a melhora do grau de paresia em alguns pacientes ocorreu após uso de medicação, em especial da dexametasona (corticosteróide)(4). Após o ato

cirúr-gico, dos 15 (46,8%) pacientes com algum grau de paresia, dois (6,2%) voltaram a ter força motora normal, devido a descompressão do tumor sobre a área motora e dois (6,2%) evoluíram para ausên-cia total de movimento, devido a lesão cirúrgica desta área durante a exerese do tumor. Na avalia-ção da sensibilidade, um (3,1%) paciente apresen-tava alteração no pré-operatório, no pós-operató-rio quatro (12,5%) pacientes apresentaram hipo-estesia. Isto mostra que o paciente com tumor ce-rebral, apresenta uma sintomatologia diversifi-cada, severa e dependente, principalmente, da lo-calização e do tipo da lesão, fator importante para reversibilidade dos sintomas, se o tratamento for cirúrgico ou radioterápico(15).

Outras injúrias conseqüentes do próprio tu-mor observadas no estudo e que não sofreram mudanças significativas após a cirurgia foram a alteração visual advinda da lesão do II par de ner-vo craniano e o quadro cerebelar que associadas à seqüelas emocionais, como a ansiedade e depres-são, comprometem a independência no trabalho e nas atividades de vida diária.

Inúmeros artigos discursaram sobre a carac-terização de pacientes, na tentativa de validar um instrumento capaz de correlacionar o quadro clíni-co clíni-com os cuidados de enfermagem, objetivando o alcance dos padrões de qualidade assistencial, e assim, fazer um planejamento e dimensionamen-to de recursos humanos e materiais(6,9,17). No

entan-to, não foram identificados estudos exclusiva-mente com pacientes neurocirúrgicos, uma vez que os mesmos estavam incluídos na categoria dos pacientes cirúrgicos, de uma forma geral.

Os pacientes deste estudo foram classifi-cados, uma vez que apresentaram um ou mais dé-ficits, em um instrumento que varia de autocuida-do aos cuidaautocuida-dos integrais.

A Tabela 3 mostra o grau de dependência de enfermagem apresentado pelos pacientes no pós-operatório, na admissão após a alta da UTI e na al-ta hospial-talar.

O grau de dependência no pós-operatório logo após a saída do paciente da UTI variou de seis (18,7%) casos com Grau I, 14 (43,7%) com Grau II, 10 (31,2%) com Grau III e um (3,1%) com Grau IV. Entretanto, na alta hospitalar do total de pacientes, 16 (50%) apresentavam Grau I, cinco (15,6%) Grau II, oito (25%) Grau III, e dois (6,2%) Grau IV. Constatamos 11 (34,2%) variações, nes-te período, sendo três (9,3%) com redução da dependência da enfermagem e oito (25%) neces-sitando de mais cuidados por parte da equipe. 4 DISCUSSÃO

Os tumores cerebrais, que apesar de repre-sentarem 2% do total das doenças, são a segun-da causa de morte por problemas neurológicos(14).

A sobrevida dos pacientes com este diagnóstico está em ascensão, devido aos recentes avanços da técnica cirúrgica, da quimioterapia, da radiote-rapia e da introdução de novos tratamentos como a imunoterapia e terapia com genes. Durante os cinco meses da coleta de dados deste trabalho três (9,3%) pacientes evoluíram a óbito durante a internação hospitalar.

A amostra consistiu, na sua maioria, de tu-mores supratentoriais primários em pacientes do sexo feminino na quinta década de vida. Estudos anteriores mostraram que a maioria de tumores primários em adultos estão na região supratento-rial(14), e que as metástases representaram cerca de

20% dos tumores cerebrais(3) disseminados,

prin-cipalmente, pelo câncer de pulmão (50%), testi-cular (46%), melanoma (40%), renal (20%) e ma-ma (10%)(2,15).

Dois dos maiores fatores que interferem no período de permanência do paciente com tumo-res intracranianos, no ambiente hospitalar, são a idade e os antecedentes patológicos(15). Neste

es-tudo, a idade não interferiu nesta permanência, visto que a idade média dos pacientes foi de 49 anos. No entanto, 75% dos pacientes apresenta-vam co-morbidade prévia, não interferindo na evolução dos pacientes.

Dentro dos déficits neurológicos, o mais co-mum encontrado foi o motor, seguido de

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altera-Para melhor elucidar a evolução do grau de dependência de enfermagem destes pacientes, durante a internação hospitalar, tem-se: na admis-são na unidade de internação, 18 (56,2%) pacien-tes no GI, 11 (34,3%) no GII e três (9,3%) no GIII; no pré-operatório imediato, 17 (53,1%) pacien-tes encontravam-se no GI, 11 (34,3%) no GII, três (9,3%) no GIII e um (3,1%) no GIV; no pós-operatório após a alta da UTI, seis (18,7%) pacien-tes estavam no GI, 14 (43,7%) no GII, 11 (34,3%) no GIII e um (3,1%) no GIV; e na alta hospitalar, 15 (46,9%) encontravam-se no GI, seis (18,7%) no GII, nove (28,1%) no GIII e dois (6,2%) no GIV. Revelando que nesta fase, dentro das caracterís-ticas secundárias ao trauma cirúrgico(4), o edema

cerebral, impõe algumas limitações para o pacien-te, contudo este regride espontâneamente tornan-do o paciente mais independente para as ativida-des diárias, na ocasião da alta hospitalar, contras-tando com outras seqüelas significativas que im-possibilitam para o autocuidado.

Este estudo, limitado por uma patologia neu-rocirúrgica, mostrou que em períodos diferentes durante a internação hospitalar, ocorreram altera-ções neurológicas, principalmente na força tora e na função cognitiva, que determinaram mo-dificações nos graus de dependência do pacien-te em relação à assistência de enfermagem. Fato este que requer uma melhor atenção para o di-mensionamento dos profissionais de enfermagem, no sentido de suprir as necessidades e que o cuida-do seja sistematizacuida-do, individualizacuida-do, levancuida-do em consideração a sintomatologia apresentada e o grau de dependência do paciente.

5 CONCLUSÃO

O presente estudo identificou as alterações neurológicas presentes em pacientes no pré e pós-operatório de tumores cerebrais, caracterizadas principalmente pelo déficit motor, sensitivo, cog-nitivo, cerebelar e dos pares cranianos.

A alteração mais significativa foi em relação a força motora, onde 15 (46,8%) pacientes apre-sentaram algum grau de paresia no pré-operatório enquanto que 11 (34,4%) pacientes estavam paré-ticos e dois (6,2%) encontravam-se plégicos no pós-operatório. Em seguida vem o déficit nos pa-res cranianos na proporção de 14 (47,8%) pacien-tes no pré-operatório e 13 (40,6%) no

pós-opera-tório. Subseqüente vem a alteração no quadro ce-rebelar, da sensibilidade e do nível de consciên-cia.

Diante desta realidade, a avaliação do grau de dependência do paciente com tumor cerebral no pré-operatório imediato e no pós-operatório na ocasião da alta da UTI teve uma significativa al-teração, onde do total da amostra 17 (53,1%) pa-cientes encontravam-se no GI, 11 (34,3%) no GII, três (9,3%) no GIII e um (3,1%) no GIV no pré-operatório. Na fase seguinte apenas seis (18,7%) pacientes encontravam-se no GI, 14 (43,7%) no GII, 11 (34,3%) no GIII e um (3,1%) no GIV.

O resultado do estudo mostra que uma ou mais alterações neurológicas podem tornar o paciente neurocirúrgico dependente de cuidados de enfer-magem durante a internação hospitalar, desde a admissão até a alta. Logo a utilização de um instru-mento para classificação destes pacientes permite uma homogeneidade da assistência alocando re-cursos humanos adequados à estas necessidades. Logo, novos estudos devem ser realizados, ampli-ando o elenco de patologias neurocirúrgicas, com intuito de melhor caracterizar os graus de depen-dência da assistência de enfermagem desta clitela, para que o planejamento dos serviços de en-fermagem possa utilizar estes referenciais para o dimensionamento adequado de seu quadro de pessoal.

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Recebido em: 06/06/2006 Aprovado em: 19/10/2006

Endereço da autora/Author´s address:

Renata Guzzo Souza

Rua Abílio Soares, 639, apt° 142, Bloco B, Paraíso 04.005-002, São Paulo, SP

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