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ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS DA PITIRÍASE VERSICOLOR RESUMO

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1 ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS DA PITIRÍASE VERSICOLOR

Wagner de Castro Junior 1 Lourimar Viana N F de Sousa 2

RESUMO

A pitiríase versicolor é uma micose superficial de distribuição universal, mais prevalente em climas tropicais e subtropicais. Se caracteriza por manchas cutâneas, de tonalidades que variam da hipo a hiperpigmentação. Esta micose é causada por leveduras do gênero Malassezia spp., um microrganismo que requer lipídio para seu desenvolvimento. É uma dermatose recidivante e, mesmo após tratamento, pode deixar hipopigmentação persistente, causando problemas sociais aos indivíduos acometidos. O diagnóstico clínico é realizado pela avaliação do aspecto clínico das lesões e da visualização microscópica do microrganismo, por meio de exame direto e cultura do material biológico do paciente portador da lesão.

Palavras- chave: Pitiríase versicolor; Malassezia spp.; Diagnóstico.

INTRODUÇÃO

A pitiríase versicolor é uma ceratofitose que se caracteriza por manchas cutâneas, de tonalidades que variam da hipo a hiperpigmentação, com distribuição mais frequente no tronco, membros superiores e face, mas distribuindo-se, às vezes atipicamente, pela região crural, membros

inferiores, couro cabeludo, e podendo ser vista de forma rara nas regiões palmar e plantar (OLIVEIRA, 1999). Baillon registrou o gênero Malassezia em 1889 e Malassezia furfur passou a ser o nome do agente etiológico da pitiríase versicolor (FRAMIL et al.,2010).

________________

1

Acadêmico do Curso de Pós Graduação em Análises Clínicas e Gestão de Laboratório, da Universidade Vale do Rio Doce

2

(2)

2 Estes agentes são leveduras

consideradas microrganismos lipofílicos por requer como condição nutricional o lipídio para seu desenvolvimento. O mesmo ainda faz parte da microbiota cutânea normal aparecendo muito mais frequentemente nos estados seborréicos ( MORAIS et al., 2010).

O agente da pitiríase versicolor é um fungo antropofílico, de distribuição geográfica universal, e com prevalência nos climas tropicais e subtropicais (MORAIS et al., 2010).

Antigamente, acreditava-se que a Malassezia furfur fosse o único responsável pela pitiríase versicolor. Já se conhecem 13 espécies de Malassezia, e principalmente, com o avanço da biologia molecular, os estudos para a identificação dessa levedura vêm adquirindo maior importância. Sem tratamento, a doença torna-se crônica apresentando-se recidivante e tende a ocorrer em torno de 60% dos casos em um ano apos o tratamento e em 80% apos dois anos (CRESPO et al., 2008).

É comum relacionar esta doença com praia sendo assim chamada de “micose de praia”. Na verdade, a patogenia é obscura. Esta parece ser de origem endógena, o homem convivendo normalmente com seu agente causal, no estado saprofitário. As condições que produzem a mudança para o estágio parasitário ainda não são evidentes,

sabe-se, porém, que os climas quentes e úmidos, o meio sócio-econômico, falta de asseio, fatores carênciais, desequilíbrios orgânicos provocados por doenças agravadas por tratamentos mal orientados, antibioticoterapia, corticoterapia) e, sobretudo, a seborreide constituem um substrato a que melhor se adapta o parasito da pitiríase versicolor (MORAIS et al., 2010).

DESENVOLVIMENTO

O gênero Malassezia pertence ao reino Eumycota, divisão Basidiomycota, classe Hymenomycetes, ordem Tremellales e família Filobasidium uniguttulatum (HOOG et al., 2000). A nomenclatura e taxonomia deste gênero têm apresentado controvérsias desde 1846, quando Eichstedt reconheceu a etiologia fúngica da pitiríase versicolor, uma micose superficial benigna e crônica que foi descrita, pela primeira vez, por William em 1801. O agente etiológico da pitiríase versicolor permaneceu sem designação até 1853, quando Robin o denominou Microsporum furfur por considerá-lo um dermatófito, em virtude da presença de filamentos associados à levedura. Baillon, em 1889, reconheceu que o agente da pitiríase versicolor não estava relacionado com o gênero Microsporum, como acreditava Robin, e, em homenagem ao micologista Malassez,

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3 denominou-o Malassezia furfur (SIDRIM &

ROCHA, 2004; CHEN & HILL, 2005).

A pitiríase versicolor, uma infecção fúngica superficial crônica, é uma das desordens de pigmentação mais comumente observada na clínica humana dermatológica, frequente nas regiões tropicais, onde a umidade elevada e a alta temperatura aumentam sua prevalência (ERCHIDA et al., 2000; NAKABAYACHI et al., 2000). É normalmente assintomática, apesar de não ser uma doença que comprometa a função ou a vida e, na maioria dos casos, com boa resposta ao tratamento, o aspecto clínico das lesões e a hipocromia ou acromia residual que a doença pode ocasionar acabam determinando grande estigma social (GUPTA et al., 2001). A patogênese das lesões e os fatores considerados responsáveis pelo rompimento do equilíbrio entre as leveduras do gênero Malassezia e o hospedeiro ainda são incertos. De pacientes apresentando esta enfermidade já foram isoladas as espécies M. furfur, M. globosa, M. restricta, M. slooffiae e M. sympodialis (RINCON et al., 2005; SALAH et al., 2005).

A micose se caracteriza, clinicamente, como máculas bem delimitadas, descamação furfurácea e de cor variável, apresentando lesões hipocrômicas ou hipercrômicas, isoladas ou confluentes. As lesões apresentam-se na forma de manchas desde o

tamanho da cabeça de um alfinete até manchas anulares, ovais ou arredondadas, pápulas ou placas isoladas, podendo aumentar e cobrir grandes áreas do corpo, separadas por áreas saltadas de pele normal (ZAITZ et al., 2000; FRAMIL et al., 2010).

O diagnóstico da micose é realizado pela avaliação do aspecto clínico das lesões e da visualização microscópica do microrganismo, por meio de exame direto e cultura do material biológico do paciente portador da lesão. A identificação do fungo é feita por meio dos parâmetros micromorfológicos das estruturas fúngicas e macromorfológicas (OLIVEIRA, 1999; FRAMIL et al., 2010).

O exame microscópico direto de escamas de pele pode ser realizado com aumento de 400x de lâminas preparadas com hidróxido de potássio (KOH) a 10%, acrescido de tinta Parker Quink permanente, de cor negra, na proporção de três partes de KOH e uma de tinta (3:1). Também podem ser utilizados o azul de metileno, o Ácido Periódico Schiff (PAS), coloração de Diff-Quick e o Giemsa (SIDRIM & ROCHA, 2004; CHEN & HILL, 2005).

A identificação das espécies de Malassezia pode ser realizada através de suas características morfológicas e bioquímicas (GUILLOT et al., 1996). Em relação às características morfológicas,

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4 consideram-se aspectos macroscópicos da

colônia e microscópicos da levedura. Geralmente, as colônias aparecem entre o segundo e o quarto dia de incubação, a uma temperatura entre 35 e 37 ºC. Existem diversos meios de cultura descritos para o isolamento das espécies lipodependentes, sendo o ágar Sabouraud-dextrose, com cloranfenicol, cicloeximida e óleo de oliva, e o meio agar Dixon os mais utilizados ( SIDRIN & ROCHA, 2004). A incorporação de óleos na superfície do meio apresenta baixo rendimento, sendo recomendada a incorporação das substâncias lipídicas no próprio meio de cultura (SIDRIM & ROCHA, 2004). O meio utilizado para o cultivo parece não influenciar a micromorfologia da levedura (GUILLOT & BOND, 1999).

As colônias de Malassezia spp., em meios apropriados e a uma temperatura de incubação de 35 a 37 ºC, são de textura cremosa, de cor creme a marrom-clara, topografia convexa, superfície lisa ou levemente rugosa, aspecto seco e de diâmetro variável de acordo com o tempo de incubação (SIDRIM & ROCHA, 2004).

O tratamento da pitiríase versicolor, na sua maioria, é eficaz. O uso da medicação pode ser tópico, oral ou combinado. O tratamento tópico é indicado em praticamente todos os casos como terapia única ou combinada. Inclui queratoliticos e

azólicos como: sulfeto de selênio, ácido salicílico associado com enxofre, propilenoglicol em água, piritionato de zinco, ciclopirox-olamina, bifonazol, clotrimazol, fluconazol, cetoconazol, miconazol e terbinafina. A terapia sistêmica é primeiramente indicada para lesões extensas, para as resistentes ao tratamento tópico e nas recidivas. O tratamento oral e feito com azólicos e inclui cetoconazol, itraconazol ou fluconazol (GUPTA & BLUHM, 2002).

CONCLUSÃO

A pitiríase versicolor uma infecção fúngica superficial e crônica, causada por leveduras do gênero Malassezia spp., apresenta sintomas subjetivos quase nulos, pois apenas o prurido está presente em alguns casos, porém, muito ainda se precisa estudar com relação a este gênero, como, por exemplo, mais estudos epidemiológicos, com enfoque nas novas espécies descritas na literatura.

ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS DA PITIRÍASE VERSICOLOR

ABSTRACT

Tinea versicolor is a superficial mycosis of universal distribution, most prevalent in tropical and subtropical regions. It is characterized by patches of the skin, tones

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5 ranging from hypo to hyper. This mycosis is

caused by yeasts of Malassezia spp., a microorganism that requires lipid for its development. It is a recurrent skin condition and even after treatment, can leave persistent hypopigmentation, causing social problems to affected individuals. The diagnosis is made by evaluating the clinical aspect of lesions and visualization of the microscopic organism, through direct examination and culture of biological material of a patient's injury.

Keywords: Pityriasis versicolor, Malassezia spp. Diagnosis

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6 SALAH, S.B; MAKNI, F; MARRAKCHI, S;

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