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JUVENTUDES E DIVERSÃO NOTURNA: CENTRALIDADES DE LAZER, SOCIABILIDADE E PRODUÇÃO DO ESPAÇO EM LONDRINA PR

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Academic year: 2021

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Marcelo Custodio Pereira FCT UNESP de Presidente Prudente –SP

shinoby_geo@hotmail.com JUVENTUDES E DIVERSÃO NOTURNA: CENTRALIDADES DE LAZER,

SOCIABILIDADE E PRODUÇÃO DO ESPAÇO EM LONDRINA – PR PALAVRAS CHAVE: Sociabilidade; Juventudes; Diversão Noturna, Centralidade de Lazer.

INTRODUÇÃO

Ainda é predominante na Geografia Urbana o debate sobre a produção do espaço com os olhares voltados para a temporalidade diurna, que é quando a intensidade dos fluxos e das relações econômicas se dá com maior intensidade na cidade. Entretanto, acontecem nas cidades dinâmicas inerentes à temporalidade noturna, que pouco são consideradas na maioria das análises, mas que podem ajudar a compreender as complexas realidades urbanas através de diversos elementos que nos passam desapercebidos.

Estes elementos, que muitas vezes parecem triviais e de pouca importância, já são estudados com maior profundidade em outras áreas da ciência, como a Antropologia, Sociologia, Psicologia, Publicidade e Propaganda, entre outras, que entendem que o estudo do cotidiano e das práticas dos sujeitos podem nos ajudar a compreender melhor a complexidade da vida urbana.

Uma das facetas da temporalidade noturna da cidade é a da busca pelo lazer, que dentro da lógica da sociedade do trabalho predominantemente diurno, se dá geralmente na noite, por ser o tempo do ócio e do descanso da maioria das pessoas, especialmente aos finais de semana.

Essa demanda por lazer e diversão resulta no surgimento cada vez maior de estabelecimentos voltados para atendê-la, nas suas mais diversas modalidades. As que se destacam estão relacionadas com agastronomia e cultura, tendo uma gama gigantesca

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de formatos e propostas, desde pequenos restaurantes e bares a gigantescas casas de shows, cinemas, teatros, parques, etc.

Neste trabalho, que traz alguns resultados preliminares do projeto de mestrado em andamento intitulado “Territorialidade e Sociabilidade Juvenil Nas Cidades Médias: O Caso Das Manchas De Lazer Noturno Em Londrina (PR)”1(FAPESP – Processo nº 2013/04440-5),enfocamos alguns desdobramentos das demandase do consumo de diversão noturna na cidade de Londrina – PR. Entretanto, temos um olhar especialmente direcionado à diversão nos moldes da cultura de massa, às “baladas”, e aos seus principais consumidores: os “jovens”.

OBJETIVOS

A pesquisa como um todo tem como objetivo contribuir com a discussão sobre as espacialidades e sociabilidades juvenis na cidade por meio do estudo das práticas socioespaciais dos jovens de Londrinano campo da diversão noturna, buscando compreender a dimensão e impactos espaciais decorrentes destes processos.

Assim, procuraremos identificar na cidade de recorte os principais centros de lazer noturno e compreender seu processo histórico de constituição no espaço; levantar o perfil socioeconômico dos frequentadores destas áreas; mapear o cenário, identificando territórios constituídos por diferentes grupos que ali se territorializam; identificar os grupos, suas filiações identitárias e espaciais, suas formas de se colocar nestas áreas e as relações entre eles; compreender as principais dinâmicas sociais e territoriais internas destes centros;buscar interpretar a lógica de formação espacial destas áreas e correlacionar com a lógica da produção do espaço urbano de Londrina como um todo. Contudo, como a pesquisa está em andamento, os objetivos do presente trabalho são: apresentar de maneira sucinta à comunidade geográfica as pesquisas desenvolvidas voltadas aos temas de juventude(s), sociabilidade juvenil, diversão noturna, cidades

1Esta pesquisa está ligada ao projeto temáticodo "Lógicas econômicas e práticas espaciais contemporâneas: cidades médias e consumo" (FAPESP – Processo nº 2011/20155-3) do Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais (GAsPERR) e na Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias (ReCiMe).

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médias e produção do espaço urbano; apresentar sucintamente algumas das metodologias de pesquisa nesta área e apresentar alguns dos resultados parciais desta pesquisa.

METODOLOGIAS

Sobre a metodologia, temos inicialmente o levantamento bibliográfico, seguido de leitura, fichamento e debate em grupo dos principais textos para nos apropriarmos dos referenciais teóricos. Também compõe a metodologia um levantamento prévio de informações da cidade de Londrina através de fontes oficiais (IBGE, IPULL, Prefeitura, etc.)2, seguido de levantamento na internet e redes sociais3sobre diversão noturna e estabelecimentos do setor na cidade, buscando compor um mapa prévio para a orientação dos trabalhos de campo exploratórios.

O principal recurso metodológico se trata da “Observação Participante”, que permite uma inserção do observador no universo de pesquisa, com trabalhos de campo sistemáticos na área de interesse, colocando o pesquisador em contato direto com as realidades e sujeitos pesquisados e permitindo uma investigação mais aprofundada, sendo

[...] um processo pelo qual mantém-se a presença do observador numa situação social com a finalidade de realizar uma investigação científica. O observador está em relação face-a-face com os observados e, ao participar da vida deles, no seu cenário natural, colhe dados. Assim, o observador é parte do contexto sob observação, ao mesmo tempo modificando e sendo modificado por este contexto (SCHUARTZ & SCHUARTZ, apud TURRA NETO, 2008, p.375).

Os trabalhos de campo – ainda em andamento – começaram de forma exploratória por toda a cidade em meados de Janeiro de 2014, se aprofundando em algumas áreas até chegarmos a um recorte mais específico, o das “baladas” de Londrina. Durante o

2 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia ; IPULL- Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de

Londrina

3 Levantamento em parceria com a pesquisadora Jayna de Melo Santos em seu projeto de iniciação

científica intitulado “As relações de interface nas práticas de diversão noturna nas cidades de Presidente

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processo, foram e estão sendo feitos registros em áudio, fotografias e vídeos para compor os “Diários de Campo”, principal recurso para a compilação e registro sistemático das informações produzidas no campo. Estas saídas estão previstas para encerrar em meados de Agosto de 2014, visando construir um extenso material qualitativo acerca das observações e reflexões feitas em campo.

Temos também entrevistas semi-diretivas e as enquetes compondo o arsenal metodológico como recursos para produção de informação qualitativa e quantitativa para amparar as análises e ajudar na compreensão das informações produzidas com a observação participante. Além disso, a produção de mapas temáticos e tabelas serão utilizados para ilustrar os fenômenos identificados e analisados durante a pesquisa.

DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS PRELIMINARES

A “juventude”4 é geralmente associada a algumas ideias no senso comum da nossa cultura. Vão desde noções consideradas negativas (rebeldia, excessos e abusos, inconsequência, irresponsabilidade, etc.) à positivas (vitalidade, energia, beleza, amizades, poucas preocupações), tendo também no imaginário uma forte vinculação com a idade dos sujeitos e com uma “fase” de preparação para a vida adulta.

Entretanto, conceituar juventude acaba sendo um desafio, tendo em vista que esta é uma construção cultural extremamente volátil, que está numa infinita reconstrução de seus significados. Levi e Schmitt (1996, p. 8 apud DIÓGENES, 2008, p. 93) sugerem que

Falar em juventude é movimentar-se em um campo ambíguo de conceituação. A juventude constitui-se como categoria social, no que tange à definição de um intervalo entre a infância e a vida adulta, apenas no final do século XIX, ganhando contornos mais nítidos no início do século XX. A juventude é uma invenção moderna, sendo, desse modo, tecida em um terreno de constantes transformações. Como uma produção social e cultural, a juventude, mais do que qualquer outra categoria, tem

4 Não é a intenção deste trabalho definir o conceito de Juventude, mas apenas contextualizar o leitor. Para

uma melhor compreensão do conceito, ver Abramo (1994), Pais (2003), Dayrell (2005), Turra Neto (2008, 2012), et. al.

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a característica ‘de ser irredutível a uma definição concreta e estável’.

Além disso, ela pode ser relativizada em muitos aspectos, como os espaciais (levando em consideração o contexto espacial em que vive o indivíduo), temporais (momento histórico), socioeconômicos (diferentes condições financeiras, de acesso à bens de consumo, culturais, etc.) culturais (valores de cada sociedade) entre outros, sendo que a diferença entre estes aspectos implicam em diferentes experiências e vivências da “juventude” de cada sujeito(PAIS, 2003; DAYRELL, 2005; TURRA NETO,2008, 2012; PEREIRA, 2012).

Contudo, entendemos neste trabalho que “a juventude é o ator, por excelência, da cultura de massa, ela ‘protagoniza’ os espetáculos urbanos, ‘esteticiza’ imagens, difundindo a versatilidade e a liberdade dos movimentos como um modo de ser ‘moderno’.”. (MORIN, 1990 apud DIÓGENES, 2008, p. 100), tendo no consumosua principal expressão, especialmente o relacionado a signos das “culturas juvenis” e produtos da indústria cultural.

Pampols (2004, apudMAGNANI, 2005, 176),diz que conceito de “Culturas Juvenis” [...] aponta mais para as formas em que as experiências juvenis se expressam de maneira coletiva, mediante estilos de vida distintivos, tendo como referência principalmente o tempo livre. Esses ‘estilos distintivos’, identificados por meio do consumo de determinados produtos da cultura de massa, como roupas, música, adereços, formas de lazer etc., remetem à idéia das ‘subculturas’. (grifos nossos)

É sob o viés do consumo da diversão noturna pelos jovens que buscaremos interpretar algumas dinâmicas na cidade de Londrina – PR, tendo este trabalho a intenção de fazer um panorama geral das principais centralidades de lazer noturno, uma caracterização dos principais estabelecimentos e de seu perfil de público.

Londrina, que fica no norte do Paraná, conta com 493.520 habitantes residentes no perímetro urbano, de um total de 506.701 habitantes (IBGE Cidades, 2010). Segundo Moura (2004),

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[...] o Norte Central Paranaense transformou-se em um complexo urbano de forte dinamicidade e nítidas relações extra-estaduais, englobando duas aglomerações urbanas: a de Londrina, que articula mais sete municípios vizinhos ao pólo, e a de Maringá, que articula mais três (IPARDES, 2000), num conjunto de centralidades expressivas, compondo um extenso eixo concentrador de atividades e de população urbana. (p. 42)

Segundo Ribeiro (2002, 2006), Londrina tem suas centralidades divididas entre o centro principal e a conformação de subcentros em outras áreas da cidade, para onde convergem diversos fluxos a procura de mercadorias, serviços, cultura, etc. Do ponto de vista do lazer, o autor fez um levantamento que aponta para a existência de 232 estabelecimentos classificados como “Diversões (lazer, cinema, teatro, boate, discoteca, clube, boliche e diversões eletrônicas, locações de filmes, organização de festas; promoção cultural)”, que representam 1,28% do total de estabelecimentos levantados pelo estudo. Entretanto, o autor não mostra a disposição espacial destes estabelecimentos no estudo.

Assim, com ajuda do levantamento inicial via redes sociais e dados colhidos na internet, foi gerado um mapa temático,que se demonstrou bastante fido ao que foi constatado empiricamente, com algumas pequenas deficiências (como estabelecimentos que já haviam fechado, mas pouquíssima ausência de estabelecimentos em atividade), ajudando a identificar quais eram as principais centralidades de lazer noturno de Londrina, na tentativa de constatar a existência de alguma área coesa que representasse um centro para a diversão noturna.

Inicialmente, partimos do pressuposto de que haveriamem Londrina algumas áreas coesas que representariam centros de lazer noturno, com uma proximidade entre os estabelecimentos que representasse uma centralidade para jovens de toda a cidadee permitisse o encontro entre diferentes públicos. Estas áreas são o que Magnani (1996) chama de “Manchas de Lazer”, ou seja, uma

[...] área contígua do espaço urbano dotada de equipamentos que marcam seus limites e viabilizam – cada qual com sua especificidade, competindo ou complementando - uma atividade ou prática predominante. Numa mancha de lazer os

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equipamentos podem ser bares, restaurantes, cinemas, teatros, o café da esquina etc., os quais, seja por competição ou complementação, concorrem para o mesmo efeito: constituem pontos de referência para a prática de determinadas atividades [...] (MAGNANI,1996, p. 40 e 41, grifos nossos)

Nestas áreas é comum o encontro de sujeitos e grupos com diferentes filiações identitárias, classes sociais, orientações sexuais, etc., sendo possível uma tensão interna e também a formação e disputa de territorialidades.

Entretanto, o que encontramos foi um cenário de pouca coesão espacial entre os estabelecimentos de uma forma geral, tendo apenas no “centro histórico” uma relativa densidade de estabelecimentos (predominantemente barzinhos/pubs) que, apesar de suas diferenças, não geram muitas tensões entre seus públicos por ter um caráter muito “internalizado”, onde os clientes pouco ficam no espaço público (calçadas, ruas, praças, parques, etc.), permanecendo do lado de fora dos estabelecimentos apenas para se locomover dos estacionamentos até os mesmos, ou para fumar quando não há área reservada para fumantes.

A prática muito comum de ficar na porta dos estabelecimentos, transitar pelas calçadas e espaços públicos que circundam,ficar encostado nos carros estacionados “vendo o movimento”, desfilar com automóveis vagarosamente pela área, entre outras práticas relatadas por diversos autores como Almeida & Tracy (2003), Nécio Turra Neto (2008), Pereira (2012) entre outros, parecem ser menos presentes neste estudo de caso, aparentemente por conta da preocupação com a segurança. Praticamente todos os estabelecimentos observados – até mesmo pequenos “barzinhos” – possuem seguranças particulares, que ficam na frente e/ou na porta do estabelecimento, vigiando o ambiente e muitas vezes controlando quem entra e quem sai. Contudo, ainda não identificamos quais são os motivos reais que levam os jovens a não se apropriarem dos espaços públicos durante a noite.

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Os poucos espaços públicos utilizados pelos jovens para se divertir e sociabilizar que foram identificados5 nesta lógica da diversão noturnasão: a) o chamado “Zerão” – grande parque próximo ao centro com áreas verdes, gramados, campos de futebol e uma grande concha acústica com arquibancada; b) calçadas próximas à postos de combustível e conveniências da Avenida Higienópolis, uma das principais vias da cidade, que liga o setor sul ao centro e faz parte dos principais trajetos identificados feito pelos jovens à procura de diversão. Contudo, estes espaços são ocupados marcadamente por jovens de menor renda, que se reúnem em pequenos grupos de amigos para conversar, ouvir música, paquerar, beber e fumar.

O primeiro destes é frequentado geralmente por jovens que compartilham símbolos de algumas culturas juvenis específicas, que identificamos de maneira genérica aqui como rock, skatistas, hip-hop e rap. O segundo grupo de jovens mescla referências estéticas que não remetem a nenhuma cultura juvenil específica (com roupas casuais, do dia-a-dia).Alguns utilizam referências estéticas do hip-hop, rap e funk. Estes elementos estéticos somados ao que se pode ouvir dos carros estacionados no entorno ajuda-nos nesta identificação das filiações identitárias destes jovens6.

Desta maneira, foi constatado que Londrina atualmente possui um perfil de estabelecimentos de diversão noturna predominantemente voltado para um público de renda relativamente alta, o que os empresários entrevistados até o momento chamaram de “Classe A e B”. Alinhados com as tendências recentes, o formato que tem predominado é o “barzinho” ou “PUBs”, geralmente com ambientes relativamente pequenos (capacidade para entre 40 e 120 pessoas sentadas aproximadamente), mesas e cadeiras usualmente de madeira, servindo porções de petiscos, cervejas e

5 É importante frisar que, além da inviabilidade de constatar e acompanhar empiricamente todos os

possíveis espaços públicos apropriados pelos jovens em Londrina para se reunir e sociabilizar, não era o objetivo do trabalho acompanhar todos estes pontos, mas gerar um panorama geral dos espaços de sociabilidade juvenil e lazer noturno. Contudo, houve um grande esforço de identificação em várias áreas da cidade, inclusive em bairros periféricos, mas que não revelaram espaços que houvesse expressividade como centralidade de sociabilidade ou lazer dos jovens, que aparentemente tendem a procurar lazer no centro.

6 É importante mencionar que estes grupos não foram estudados com profundidade e que esta é uma

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chopps(atualmente com cartas com dezenas de opções, nacionais, importadas e artesanais), coquetéis (também com grande variedade de drinks preparados com bebidas nacionais e importadas), iluminação média e música em volumes “agradáveis”, que permitem conversas entre um grupo de amigos sem muitas dificuldades do ponto de vista da poluição sonora. O estilo das músicas varia de acordo com a proposta do bar, que também pode ser cambiante ao longo dos dias da semana e do mês, para atrair diferentes públicos, tendência também identificada em outras cidades médias investigadas pelo grupo de pesquisa.

Além dos elementos pontuados, temos como resultado preliminar da pesquisa o seguinte mapa temático atualizado, com os principais estabelecimentos de lazer noturno ativos na cidade, destacando a identificação de alguns eixos onde tradicionalmente abrem e fecham estabelecimentos ao longo do tempo e por onde passam os principais fluxos à procura de lazer noturno.

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Mapa Temático 1 - Londrina

Pudemos identificar que há uma concentração destes estabelecimentos nas áreas próximas ao centro e áreas valorizadas da cidade, sendo pouquíssima a presença em bairros afastados ou de periferia po

apenas pequenos bares e lanchonetes, voltados para os moradores do bairro e com horário de funcionamento mais limitado (a maioria fechando antes mesmo da meia noite) que conota sua proposta mais “familiar” do que de diversão noturna ou par público especificamente juvenil.

Na área delimitada no mapa como “centro histórico” é onde há uma maior coesão espacial destes estabelecimentos, que apesar de serem próximos, como mencionado, não parecem ter grande relação entre seus públicos. Entreta

Londrina – PR – Principais Estabelecimentos de Diversão Noturna. Pudemos identificar que há uma concentração destes estabelecimentos nas áreas próximas ao centro e áreas valorizadas da cidade, sendo pouquíssima a presença em bairros afastados ou de periferia pobre. Nos bairros mais populares

apenas pequenos bares e lanchonetes, voltados para os moradores do bairro e com horário de funcionamento mais limitado (a maioria fechando antes mesmo da meia noite) que conota sua proposta mais “familiar” do que de diversão noturna ou par público especificamente juvenil.

Na área delimitada no mapa como “centro histórico” é onde há uma maior coesão espacial destes estabelecimentos, que apesar de serem próximos, como mencionado, não parecem ter grande relação entre seus públicos. Entretanto, representa um centro para imentos de Diversão Noturna. Pudemos identificar que há uma concentração destes estabelecimentos nas áreas próximas ao centro e áreas valorizadas da cidade, sendo pouquíssima a presença em estão presentes apenas pequenos bares e lanchonetes, voltados para os moradores do bairro e com horário de funcionamento mais limitado (a maioria fechando antes mesmo da meia-noite) que conota sua proposta mais “familiar” do que de diversão noturna ou para um

Na área delimitada no mapa como “centro histórico” é onde há uma maior coesão espacial destes estabelecimentos, que apesar de serem próximos, como mencionado, não nto, representa um centro para

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onde afluem os fluxos à procura de lazer noturno quando se trata de “barzinhos” em Londrina.Contudo, estas áreas se demonstraram pouco dinâmicas do ponto de vista da sociabilidade juvenil, pois seus públicos são predominantemente de casais ou pequenos grupos de amigos, que demonstram pouca interação com os outros grupos ou sujeitos do ambiente.

Por este motivo, direcionamos nossa análise para as 4 principais “baladas” da cidade, sendo ambientes com infraestrutura maior, capacidade para centenas de pessoas (chegando a lotações que passam o número de 1400 pessoas), iluminação de show/festa (com lazers, flashes, globos de espelho, etc.), equipamento de som para apresentações ao vivo (com alta potência e qualidade), mais de um ambiente (com diversos camarotes fechados, lounges) e a proposta de diversão voltada para os jovens signatários destas culturas juvenis de massa, que buscamos investigar.

Estes estabelecimentos, que são relativamente recentes (que tem entre 4 a 8 anos de funcionamento aproximadamente), demonstraram algumas peculiaridades em suas estratégias locacionais que nos apontam para algumas possíveis tendências neste ramo, que serão confirmadas ao longo processo de investigação com o auxílio das entrevistas aos proprietários dos estabelecimentos e comparações com outros estudos análogos. Um dos aspectos importantes para se observar é que todas elas se localizam em áreas de expansão urbana e especulação imobiliária, com proximidade a vazios urbanos e importantes vias da cidade. A porção sul/sudoeste da cidade onde se instalam é caracterizada pela recente e forte presença de empreendimentos imobiliários de alto padrão, voltados para as classes mais abastadas, tanto em condomínios verticais quanto condomínios horizontais fechados. Ao que tudo indica, há uma aparente correlação entre os principais eixos viários que ligam estas áreas de moradia das classes sociais mais abastadas e o centro da cidade e a instalação destas boates.

Também há proximidade em duas das quatro casas noturnas com campi universitários, que conotam a estratégia dos proprietários de estarem próximos do local de moradia e

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estudo de um grande número de jovens universitários – grandes consumidores deste tipo de diversão oferecida por estes empresários da noite.

Assim, identificamos que estes estabelecimentos tem um perfil de público de classe média/alta, predominantemente ligados às culturas juvenisatualmente populares nas mídias de massa, reconhecidas por “Sertanejo Universitário” e “Eletrônico” (com predominância de algumas vertentes como o deephouse e discotecagens das músicas eletrônicas em alta na mídia, o chamado mainstream).

Estes e outros elementos que serãoconstatados durante a investigação são alguns dos principais apontamentos que compartilhamos neste trabalho como resultados parciais da pesquisa, que buscamos trazer de maneira sucinta para contextualizar o leitor sobre o debate do consumo de diversão noturna pelos jovens e produção do espaço urbano. BIBLIOGRAFIA

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Referências

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