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O que é brincar e como se diferencia das outras actividades?

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Academic year: 2021

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i dos Pais –

Temas

O Brincar

Todas as crianças são únicas e diferentes das outras, sendo que as suas diferenças individuais parecem estar diretamente associadas com a sua maneira de brincar e a imaginação de cada criança. A maneira de brincar é determinada por diferentes comportamentos físicos e sociais, e também pelo desenvolvimento da cognição de cada um e os diferentes estimulos do meio que cada criança encontra, sociais, materiais ou físicos. Existem factores importantes que nos indicam a forma de cada criança brincar, a sua imaginação, o seu humor e as suas atitudes de brincadeira (a procura de atividade, a sua expressão emocional, a sua curiosidade, a sua abertura e a comunicação).

O que é brincar e como se diferencia das outras actividades?

O brincar é o resultado de uma motivação espontânea; é um comportamento livre e de criação de cada pessoa, ou de várias pessoas em conjunto. Durante a brincadeira, a criança é livre de desenvolver as suas regras e de determinar o que deseja fazer; é capaz de desenvolver uma situação imaginária, apresentando, normalmente, um papel activo, apesar de algumas crianças poderem demonstrar maior interesse em assistir ao invés de participar. É diferente de qualquer outra actividade, uma vez que no brincar, os objecto não têm de ter uma função especifica, pelo que o seu significado pode ser dispensado e ser substituído por outro, recorrendo frequentemente à expressão “se”, sendo que uma cadeira deixa de ter a função de sentar para ser um cavalo. No brincar a realidade e as consequências da realidade ficam suspensas, e quando alguma consequência da realidade occorre, como uma criança magoar outra, fisica ou psicologicamente, o

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brincar acaba, a brincadeira correu mal, torna-se real. O mesmo acontece quando no decorrer de uma brincadeira interferem avaliaçãoes ou juizos pessoais sobre os parceiros de brincadeira. Por isso, brincar não é treinar ou estudar, pois estas actividades ocorrem com fins directos na realidade, apesar de no brincar, se desenvolverem muitas competências e acontecerem muitas aprendizagens.

Para quê que serve? Qual a sua importância?

O brincar permite o exercício e mestria de determinados comportamentos, pois ao longo do desenvolvimento da criança, aumenta a eficácia na coordenação de diferentes capacidades da criança, atenuando pouco a pouco a sua postura “desajeitada e trapalhona” inicial, a sua mestria aumenta. Através do brincar as crianças desenvolvem diferentes aspectos importantes no crescimento: imaginação, destreza, capacidade física, cognitiva e emocional. O brincar permite que a criança se expresse, através da sua fantasia e dos seus jogos de faz de conta, resultando na satisfação e comunicação de algumas necessidades e desejos.

Através das brincadeiras, as crianças interagem e envolvem-se com o mundo externo através de mobilização ideias e motivações que têm dentro de si. Este movimento natural do brincar permite ir-se aprendendo a compreender como o mundo funciona, reconhecendo ideias próprias, retirando informação e conhecimento dos parceiros de brincadeira, criando hipotese-fantasias que testam e repetem para agir e construir soluções sobre as situações-questões que ocupam o seu pensamento.

As brincadeiras entre pais e crianças é um dos meios mais importantes através do qual as crianças se desenvolvem em vários níveis: regulação da atenção, socialização, exploração e regulação dos seus comportamentos na interacção, com implicações importantes para o crescimento intelectual, emocional e o desenvolvimento de competências sociais. Mas estas aquisições estão também nas brincadeiras com os amigos, do mesmo nível de idade ou um pouco mais crescidos.

Com o tempo, as crianças aprendem a controlar o seu mundo, e através do brincar, as crianças aprendem a desenvolver competências que lhe vão dando confiança e estrutura necessária para lidar com os novos desafios.

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Como é que o brincar se modifica ao longo do desenvolvimento? O que

permanece no brincar? Em que contexto?

Ao longo do desenvolvimento da criança, o brincar sofre alterações de acordo com o crescimento nas diferentes faixas etárias. Entre os 0 e os 2 anos de idade no brincar predomina a prática sensorial e motora onde a criança aprende a coordenar diferentes movimentos pela sua repetição, consolidando diferentes competências adquiridas (bater, acenar e fazer caretas).

Posteriormente, evolui para o jogo com regras e categorias entre os 2 e 7 anos de idade, onde são atribuídos significados a palavras, imagens ou pessoas (brincadeiras associadas à vida quotidiana). Por exemplo, a complexidade do “fazer de conta” nas crianças reflete o processo de maturação cognitiva.

Esta brincadeira aparece por volta dos 12 meses, quando a criança replica um comportamento que lhe é familiar (comer, beber e dormir), sugerindo que começam a formar-se as estruturas cognitivas (regras e papéis) nos relacionamentos com os outros. O fazer de conta vai mudando com o tempo; entre os 15 a 21 meses, a criança começa a ser mais activa na sua brincadeira, incluindo um objecto (boneco) que vai mostrando o envolvimento nas relações com o outro. Através dos anos, o “faz de conta” torna-se cada vez mais social, até os anos da escola elementar no mínimo.

Outras formas de brincadeira nos primeiros anos

a. Brincadeiras funcionais: consistem em movimentos simples e repetitivos (com ou sem objetos). O objetivo desta brincadeira não vai mais além do simples facto que é a execução. Estas brincadeiras constituem a forma mais primitiva de atividade lúdica, sendo que através do tempo é que se adquirem outras competências para mudar de jogo.

b. Brincadeiras construtivas: as brincadeiras construtivas encontram-se presentes na maioria dos pré-escolares e nos jardins de infância e ocupam uma posição privilegiada entre a brincadeira e a inteligência adaptativa. c. Jogos com regras: estes tipos de jogos estão associados a capacidades mais

complexas: aceitação, reconhecimento, conformidade com as regras impostas pelas atividades lúdicas e estarão presentes principalmente nas crianças entre os 7 e os 11 anos.

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Diferenças no brincar entre rapazes e raparigas

As diferenças de brincadeiras entre rapazes e raparigas começam a ser mais evidentes por volta dos dois anos: É de ressalvar que estas diferenças obtidas são influenciadas na maneira como se observa o brincar nas crianças e de factos ecológicos que as rodeiam. Os rapazes parecem ser mais vigorosos e mais fisicamente ativos que as raparigas, dentro ou fora do seu contexto habitual. Algumas brincadeiras como “super-heroís”, “cowboys” e soldados são mais acolhidos pelos rapazes, em quanto que as que podem ser caracterizadas por se associarem a personagens de família, parentalidade, brincadeiras de casa (mãe - pai) e escola (professor – aluno) são mais acolhidas pelas raparigas. A “escolha de brinquedo” é influenciada essencialmente pela escolha dos seus cuidadores (país, avós, etc) que desde cedo separam diferenciadamente o que será mais indicado para rapazes e para raparigas, sendo assim influenciado diretamente por estereótipos de socialização enraizados na cultura. Em crianças mais novas as escolhas de brinquedos convergem em brinquedos que emitem som, matérias de construção, itens domésticos, etc.

Diferença entre brincar sozinho e acompanhado?

Ao longo do tempo, as crianças experimentam varias formas de brincar que permitem o desenvolvimento de todas as suas capacidades; especialmente a partir dos 12 meses de idade estas diferenças pronunciam-se em duas vertentes:

No brincar sozinho (brincar focado essencialmente em objectos), as crianças exploram costumes culturais e propriedades físicas e materiais do brincar. O seu interesse foca-se no mundo de um objecto. É importante que a criança possa brincar sozinha para desenvolver a sua criatividade e ganhar confiança em si própria. No momento em que a criança fala para si própria, está a treinar habilidades linguísticas que não seriam possíveis na companhia de outra pessoa. Para as crianças mais velhas, o brincar sozinho, permite-lhes ser criativas sem serem julgadas e também abre as portas para entrarem em contato com as suas emoções, projectar-se em planos novos e reflectir sobre si mesma e sobre o mundo à sua volta.

No brincar acompanhado (brincar em contacto com os outros), as crianças usam e focam-se nos materiais apenas como um instrumento que veicula a interação com os outros com que se encontra. Nestas brincadeiras, é normal que surja o conflito, uma vez que as crianças estão a aprender a gerir as suas frustrações e resolução de problemas. A medida que o tempo passa, as crianças aprendem a partilhar e a cooperar com as outras

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crianças até chegarem a ponto de poderem trabalhar em equipa, e o prazer da brincadeira é também partilhar actividades e gostos.

Qual o papel dos crescidos no brincar?

Os adultos influenciam no brincar, na forma em como definem as diferentes brincadeiras. O brincar pode emergir com familiares, com os amigos, ou sozinho, utilizando brinquedos ou outros materiais que promovam a brincadeira; pode surgir dum acordo entre as crianças e os adultos sobre como a brincadeira ocorre, dentro de determinado conjunto de limites de segurança, ou pode emergir perante um comportamento adulto pouco diretivo e intrusivo. A emergência do brincar numa atmosfera amigável incute na criança sentimentos de segurança e conforto para o desempenho da sua brincadeira.

Os parceiros de brincadeira mais crescidos, adultos ou amigos mais velhos, quando sabem “descer” a um nível mais próximo da criança, são um “escadote de suporte” para brincadeiras mais evoluídas e novas aquisições, onde testar e aceitar desafios se torna possível e menos ameaçador, porque se suspende as consequências da realidade e estamos numa atmosfera amigável. Falhar já não tem consequências reais para o sujeitos da brincadeira. Perante a um leão imaginário poderei encenar “cambalhotas mortais”, “piroetas de escapatória” ou “ataques mirabulantes”, o que numa situação real me bloquea ou me faz fugir. O mesmo acontece quando fazemos brincadeiras com as palavras, quando imitamos, quando lutamos, quando desenhamos, quando fingimos ser mais crescidos, quando brincamos com números e contas, sem a aprovação da realidade. Para o parceiro adulto é, depois de ganrantida as condições de segurança, importante ter efectiva e genuida disponibilidade para brincar e não inundar a brincadeira com´regras e limitações excessivas, como por exemplo a criança não poder sujar-se se a brincadeira é ao ar livre ou com materiais que sujam. Neste caso, o adulto tem aqui um papel fundamental de prepar as condições para que o brincar possa acontecer.

A equipa Chão d’andar chaodandar@gmail.com © Chão d’andar

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