• Nenhum resultado encontrado

Medicamento não deveria ser um luxo, é um direito, diz diretora de campanha da ONG Médicos Sem Fronteiras

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Medicamento não deveria ser um luxo, é um direito, diz diretora de campanha da ONG Médicos Sem Fronteiras"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

‘Medicamento não deveria ser

um luxo, é um direito’, diz

diretora de campanha da ONG

Médicos Sem Fronteiras

Els Torreele denuncia indústria farmacêutica por restringir acesso a remédios para obter lucro

O Globo / Ana Paula Blower

RIO- Medicamentos não deveriam ter preços exorbitantes, mas serem acessíveis aos pacientes e sistemas de saúde. Este é um dos preceitos da Campanha de Acesso a Medicamentos, um departamento de advocacy da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). Quando começaram, há 20 anos, o foco era nas doenças negligenciadas, como a de Chagas, que não recebiam atenção da indústria farmacêutica para terem melhores tratamentos. Hoje, o problema parece maior: pacientes com doenças crônicas, como diabetes, também sofrem com altos preços de drogas básicas em países ricos.

Ao GLOBO, a diretora da Campanha, Els Torreele, fala sobre a iniciativa e a importância de o Brasil seguir com ações de pesquisa e

desenvolvimento de remédios.

A campanha completa 20 anos. Por que ela começou?

Começamos para assegurar que os pacientes dos projetos de MSF, e além deles, tivessem acesso aos medicamentos, diagnósticos e vacinas dos quais precisam. Naquele momento, surgiam novos tratamentos para HIV/

(2)

Aids em países ricos mas muito caros para os em desenvolvimento.

Tentávamos, então, encontrar formas de dizer que medicamentos são um direito, não deveriam ser um luxo ou commoditie. Fomos atrás de formas de baixar os preços e percebemos os entraves nisso. Os valores não têm a ver com custo de produção ou pesquisa, mas com quanto as farmacêuticas podem lucrar. Há 20 anos, doenças negligenciadas, como de Chagas e leishmaniose, sequer tinham tratamento. As empresas não as achavam lucrativas o bastante. Sempre nos preocupamos em garantir que essas doenças tivessem a atenção necessária: se não fosse pelas grandes companhias, que encontrássemos outras ferramentas.

O foco da campanha mudou?

Tivemos avanços e os exemplos mudaram. Temos um tratamento para HIV/Aids acessível, 22 milhões de pessoas que hoje sobrevivem porque têm acesso a ele. Mas vemos que cada novo medicamento que entra no mercado passa pelo mesmo problema de preço. Antes a dificuldade de acesso a

medicamentos era um problema de pessoas pobres vivendo em países em desenvolvimento, e, hoje, tornou-se uma questão global. Países como a Bélgica e outros da Europa Ocidental, por exemplo, estão tendo problemas com novas gerações de remédios para hepatite C, câncer, que estão

inacessíveis para os sistemas públicos. A nossa luta pelo acesso se tornou global.

O problema se tornou maior?

Sim. A questão das patentes se tornou global e os tratamentos ficam cada vez mais caros. Quando começamos, o Brasil foi um caso piloto onde o governo decidiu que era responsabilidade pública oferecer tratamento gratuito para pessoas vivendo com HIV/Aids, além de produzir genéricos para baixar preços. Foi assim também em outros países, como Índia. Essa alternativa não é mais possível. Em 1995, com a Organização Mundial do Comércio e a assinatura do acordo tríplice (em que todos os países que

(3)

assinassem teriam que reconhecer patente), decidiu-se que teria que esperar a patente expirar para produzir genéricos. Além disso,

tratamentos para HIV/Aids estão mais caros. Os primeiros custavam US$ 10 mil, 15 mil por pessoa, por ano. Hoje, os novos custam US$ 100 mil, US$ 500 mil. Esse é o tipo de ganância da indústria farmacêutica, com

preços exorbitantes. Hoje, até os países ricos terão seus sistemas

públicos de saúde arruinados se continuarmos assim. Precisamos de uma solução global, não só uma “de caridade” para os países pobres.

Qual a solução, envolvendo a indústria e os governos?

Essa é uma questão de poder. Temos uma sociedade capitalista global onde as indústrias farmacêuticas têm muito poder em assegurar que as regras do jogo se adequem ao negócio e consigam o máximo de lucro. O papel dos governos é ditar as regras do jogo. Eles podem dizer: “Chega, já é o

bastante. Vocês não podem extrair o máximo que podem de pacientes que estão morrendo”. Os governos podem determinar regras sobre monopólio, preços, transparência, sobre como as indústrias gastam em pesquisa, as razões pelas quais cobram altos preços. E isso não está acontecendo.

Quem sofre os efeitos disso?

O tratamento para hepatite C é um exemplo, foi um desafio para países como Estados Unidos, Japão, e há uma batalha em curso em países da América Latina com relação à isso, por ser muito caro. Em alguns países da África, ele nem é disponível. Outro exemplo é o que ocorre nos EUA com diabetes. Há casos constantes na imprensa de jovens que não

conseguem custear insulina, uma droga básica. As companhias põe preços cada vez mais altos, que fazem com que jovens que estavam no plano de saúde de seus pais não sejam mais autorizados a ficar e, por isso, não

conseguem pagar o medicamento. As empresas sabem que as pessoas estão morrendo e farão de tudo para comprar esses remédios.

(4)

Como está o Brasil?

Há no país, nos últimos 20 anos, um setor público de saúde forte com a perspectiva de que o acesso deve ser para todos. O governo investiu na produção de medicamentos, criando iniciativas como a Farmanguinhos, e nas de pesquisa, como a Fiocruz, para garantir a produção local. Mas não está claro qual será o direcionamento dessas políticas. Fala-se em mais poder ao setor privado na saúde, o que não dá certo. Se deixá-los no comando, vão cobrar preços cada vez mais altos. O Brasil tem ótimos

exemplos, como a vacina contra dengue sendo desenvolvida no Butantã e a produção do genérico sofosbuvir contra hepatite C, na Fiocruz. Seria

fantástico se o país se mantivesse forte nesta produção local e promovesse o exemplo ao resto do mundo.

Fiocruz participa da 15ª

Semana Nacional de Ciência e

Tecnologia (16 a 20/10)

O tema deste ano é ‘Ciência para a redução das desigualdades’. A Fundação participa com a promoção de atividades gratuitas de divulgação científica, cultura e lazer

Museu da Vida (COC/Fiocruz)

(5)

Ciência e Tecnologia (SNCT), promovendo dezenas de atividades gratuitas de divulgação científica, cultura e lazer. Elas serão realizadas no campus de Manguinhos e também em outros lugares do Rio de Janeiro, bem como em unidades da Fiocruz em diferentes estados do Brasil. A SNCT é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e, em 2018, tem como tema Ciência para a redução das desigualdades. A Fiocruz está preparando oficinas, experimentos, jogos, apresentações teatrais, exposições, rodas de conversa e muito mais.

Na terça-feira (16/10), a abertura oficial da SNCT 2018 na Fiocruz contará com uma homenagem ao Museu Nacional. A conferência O Museu Nacional e seu papel na história das ciências e da saúde no Brasil será apresentada pela pesquisadora Magali Romero Sá, vice-diretora de Pesquisa e Educação da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). A partir das 9h, no auditório do Museu da Vida, no campus da Fiocruz em Manguinhos (av. Brasil, nº 4.365, próximo à passarela 6).

Na segunda-feira (15/10), como evento especial da SNCT e parte da Semana de Educação da Fiocruz, ocorrerá a cerimônia de entrega do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2018. A pesquisadora Euzenir Nunes Sarno receberá a Medalha de Mérito Educacional Virgínia Schall 2018, pelo reconhecimento de sua atuação no campo da biomedicina. O evento será realizado na Tenda da Ciência Virgínia Schall, às 14h.

Confira a programação completa no site do Museu da Vida.

Novo post teste

teste

Referências

Documentos relacionados

Com relação à germinação das sementes armazenadas em câmara fria, aos três meses de armazenamento (Tabela 10), observou-se em sementes tratadas ou não com fungicidas e

Note on the occurrence of the crebeater seal, Lobodon carcinophagus (Hombron & Jacquinot, 1842) (Mammalia: Pinnipedia), in Rio de Janeiro State, Brazil.. On May 12, 2003,

Pode acontecer que outros já fizeram a mesma operação, com a mesma maneira de fazer, ou já viram em outro lugar, mas verão que estou fazendo e fotografando da minha maneira, e

occurring in more than just enterprise and technology companies (2002: US – 83% / Europe – 47%).. • In the UK, France and Germany

A abordagem mais usual de fadiga, que utiliza a tensão nominal e a classificação de detalhes geométricos para previsão da vida em fadiga, não abrange conexões mais complexas e

Este trabalho tem como objetivo geral avaliar a quantidade de água pluvial que pode ser aproveitada após infiltrar em um pavimento permeável de concreto

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

O score de Framingham que estima o risco absoluto de um indivíduo desenvolver em dez anos DAC primária, clinicamente manifesta, utiliza variáveis clínicas e laboratoriais