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Microrganismos do solo ( + )

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Academic year: 2021

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Microrganismos do solo (

+

)

F E R D I N A N D O G A L L I

S e ç ã o d e F i t o p a t o l o g i a e M i c r o b i o l o g i a E s c o l a S u p e r i o r d e A g r i c u l t u r a " L u i z d e Q u e i r o z "

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GENERALIDADES

Entre os constituintes do solo, um tem marcada influên-cia sobre as características dos demais: a fração biológica, constituída pelos diversos grupos de microrganismos que atuam sobre a matéria orgânica do solo, no desenvolvimento contínuo de processos de síntese e de análise de compostos orgânicos, que fazem com que o solo seja considerado como uma entidade biológica e, portanto, com características dinâ-micas, e não um substrato morto com caracteres físicos e químicos estáticos.

Os tipos de microrganismos são os mais diversos possí-veis, e a quantidade é bastante elevada: evidentemente, a determinação do número exato dos constituintes da popula-ção microbiana de um determinado solo, em determinadas condições, é praticamente impossível de ser feita, uma vez que encontra obstáculo irremovível nas técnicas até hoje em-pregadas para tal determinação: tais técnicas, quer aquelas em que se usa o microscópio, quer aquelas baseadas no de-senvolvimento dos microrganismos em meio de cultura apro-priado, por imperfeitas, por apresentarem um grande nume-ro de limitações, nunca dão númenume-ros siquer apnume-roximados da quantidade de tais microrganismos. Dão o que se considera uma idéia mais ou menos vaga de tal população. Apesar dessas limitações impostas pelas técnicas de exame, sabe-se que a população microbiana é flutuante e, num mesmo lo-cal, varia bastante, na dependência do meio ambiente: tem-peratura, umidade, concentração de ions Hidrogênio, teor, tipo, composição e idade da matéria orgânica, além de outros fatores.

GRUPOS DE MICRORGANISMOS

A palavra microrganismo é um termo um tanto quan-to vago e é utilizada para indicar, de um modo geral, quan-todos os seres vivos de tamanho reduzido, invisíveis a olho nu; são assim, agrupados organismos tanto do reino animal como do vegetal. E praticamente todos eles são encontrados no solo. Este constitui o habitat natural da imensa maioria dos microrganismos. Entre eles, merecem destaque, quer pelo número, quer pelas funções que desempenham, os que seguem.

As bactérias, constituem o grupo mais numeroso, qui-çá o mais importante dentre os componentes microbianos do

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solo. Num solo normal, seu número aproximado, obtido por métodos comuns de análise, podem ser avaliados ao redor de vinte milhões de talos bacterianos por grama de solo. Essa quantidade corresponde a aproximadamente 0,01% do volu-me do solo na sua camada superior, ou, ainda, a cerca de trezentos quilogramas de talos bacterianos por hectare.

Evidentemente, tamanha massa de microrganismos deve exercer alguma ação sobre as propriedades do solo: e exer-cem de fato. Entre as bactérias do solo, encontramos gru-pos que desempenham funções as mais variadas gru-possíveis, e que as tornam o principal componente da população micro-biana; são responsáveis por processos de síntese, bem como processos de análise, com acentuado reflexo sobre a fertili-dade do solo.

A quantidade de fungQS, dentro da população microbia-na do solo, é acentuadamente inferior a das bactérias; seu número, num solo nas condições do caso anterior, poderia variar entre quinhentos mil e dois milhões de indivíduos. Acontece, porém, que o talo dos fungos apresenta marcante diferença com relação ao talo bacteriano: o micélio daque-les tem diâmetro e comprimento muito maiores que os des-tas, de tal modo que, àquele número menor de indivíduos cor-responde um volume de protoplasma, ou de célula viva, igual ou superior ao de bactérias. Conseqüentemente, o efeito exercido por essa massa de células, sobre os demais consti-tuintes do solo, é, quantitativamente, aproximadamente igual ao das primeiras. A ação dos fungos do solo é, porém, em di-versos aspectos, diferente da ação desenvolvida pelas bacté-rias. Assim, o micélio filamentoso exerce efeito de ligação entre as partículas de solo, com acentuados reflexos nas pro-priedades físicas do mesmo. Os fungos não têm, de um mo-do geral, ação especial sobre este ou aquele constituinte orgâ-nico, nem têm função muito especializada; pelo contrário, sua ação é geral sobre os componentes da matéria orgânica, e se assemelha à ação dos microrganismos no seu conjunto. Os fungos têm desenvolvimento pouco mais lento que o das ba-terias e, portanto, não respondem tão prontamente a altera-ções do meio, principalmente adição de matéria orgânica, tão prontamente quanto aquelas. Sua ação, por isso mesmo, é mais prolongada e, de certo modo, constante. Por último, os fungos têm metabolismo diferente do das bactérias e, por es-se motivo, são capazes de atuar sobre substratos os mais com-plexos, decompondo-os, como é, por exemplo, sua atuação so-bre a lignina.

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Os actinomicetos do solo, apesar de pertencerem ao mes-mo grupo taxonômico das bactérias, exercem funções que, res-salvadas certas características próprias, se assemelham mui-to às desempenhadas pelos fungos.

Dois outros grupos merecem menção aqui: as algas, pou-co numerosas, porém pou-comuns no solo, se diferenciam dos de-mais microrganismos pela sua característica de autotrofismo: sendo capazes de sintetizar as substâncias orgânicas de que necessitam, através do uso da energia solar, elas independem da matéria orgânica do solo e, por isso, e como conseqüên-cia, não exercem nenhum papel de maior importância. Os protozoários, animais microscópicos, si bem que heterotrófi-cos, parece não terem função maior que a de contribuir para um certo equilíbrio biológico, uma vez que é plenamente co-nhecida sua capacidade de se alimentarem de talos bacte-rianos.

RELAÇÕES ENTRE MICRORGANISMOS E PLANTAS SUPERIORES

Dado o meio em que se desenvolvem, os componentes da microflora do solo, e as características dos seus processos me-tabòlicos, eles mantém com as plantas superiores, relações as mais diversas; aqui, podem, sem maiores inconvenientes, ser agrupadas em tres lormas distintas.

A primeira delas compreende relações de parasitismo. O solo abriga certo numero de iungos e bactérias patogênicos as plantas; sao todos parasitas facultativos, capazes de se de-senvolverem normalmente no soio; quando em presença da pianta nospeaeira, agem como paiogeno, afetanuo órgãos de

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atra-vés aas raízes. Parasitas üesse tipo apresentam com ne-qucricia granae importância econômica e oierecem g r a n a i

unicuiaaaes para um controie encieiue.

Microrganismos do solo e plantas superiores podem man-ter relações de simbiose. O exemplo mais comum e, talvez, o mais interessante, no presente caso, é constituído pela as-sociação entre bactérias do gênero Rhizobium e plantas da

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família Leguminosae. Aquelas bactérias, desenvolvendo-se no interior de nódulos nas raízes dessas plantas, promovem a fixação do nitrogênio atmosférico, que é, posteriormente, utilizado pela planta. O mecanismo de tal fixação ainda hão está claramente elucidado. Entretanto, tem-se como válido que o nitrogênio elementar, sob a ação de enzimas produzi-das pelas bactérias, é primeiro transformado num composto instável, a hidroxilamina. Esta se combina com um ácido orgânico, o ácido oxal-acético, sintetizado pela planta, dando origem ao ácido oximino-succinico, e, posteriormente, amino--ácidos, que são incorporados por ambos os simbiontes. Al-guns pesquisadores, porém, aventam a hipótese de que a ação da bactéria é indireta: a planta seria o agente fixador, no ca-so apenas ativado por bio-catalizadores produzidos pela bac-téria.

Outro exemplo de simbiose entre plantas e microrganis-mos seria o das micorrizas. São associações entre fungos do solo e raízes de plantas superiores, das quais resultam órgãos às vezes com características estruturais próprias; distingue-se dois tipos diferentes de micorrizas: ectotróficas, nas quais o fungo simbionte forma u'a manta de micélio envolvendo a raiz da planta e apresenta hifas que penetram espaços in-tercelulares dos tecidos corticais da raiz; nas endotróficas, o micélio do fungo se desenvolve quasi que exclusivamente nos tecidos da raiz, e apenas algumas hifas se extendem para o exterior, penetrando entre as partículas de solo. Em ambos os casos, o micélio do fungo substitui os pêlos absorventes da raiz, não encontrados nessa região.

Tem-se como certo que as relações entre ambos os sim-biontes se desenvolvem à base de troca: a planta supre o fungo com os hidratos de carbono, amino-ácidos e outros com-postos orgânicos necessários ao seu metabolismo; este, por sua vez, por intermédio das hifas em contacto com o solo, supre a planta de elementos minerais necessários ao desenvol-vimento desta última. Muitas vezes a presença de micorri-zas é essencial para o desenvolvimento normal da planta, principalmente em casos em que o solo é deficiente em ele-mentos minerais como o fósforo e o nitrogênio. Em outros casos, si bem que não essencial, a micorriza é benéfica: plan-tas com micorrizas têm melhor desenvolvimento.

Esse tipo de associação é de enorme importância nos pro-blemas relacionados com reflorestamento, principalmente quando este é feito com plantas exóticas, que, naturalmente,

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não podem não encontrar no novo ambiente os mesmos com-ponentes ^a microflora do seu habitat de origem.

O terceiro tipo de relação microrganismos do solo — plantas superiores resulta do característico de "heterotrofis-mo" comum à grande maioria dos microrganismos que têm o solo como habitat natural.

Incapazes de se utilizarem do carbono mineral como fonte das suas necessidades em substância orgânica, incapa-zes de se mostrarem patogênicos às plantas, incapaincapa-zes ainda se virem em simbiose com elas, utilizam-se da matéria orgâ-nica previamente sintetizada através da função clorofiliana, incorporada primeiro à própria planta, depois ao corpo dos animais que dela fizeram uso como alimento, e, por último, levada ao solo na condição de restos animais ou vegetais, ou ainda, excretada no solo pelo sistema radicular.

Considerando-se de um lado o grande número de micror-ganismos existentes, cada um deles produzindo um sistema enzimático próprio, característico, e de outro, a grande diver-sidade de compostos constituintes da matéria orgânica incor-porada ao solo, pode-se ter idéia apenas aproximada do gran-de número gran-de processos gran-de síntese e gran-de análise que se gran- desen-volvem no solo: síntese para produção dos constituintes ce-lulares do talo microbiana, análise para obtenção de energia. Resultantes finais desse processo complexo, são o retorno do carbono à atmosfera, sob a forma mineral disponível às plan-tas superiores, e a liberação, no solo, dos elementos minerais em formas passíveis de serem utilizadas pelas plantas, con-tribuindo, portanto, para a circulação contínua dos diversos elementos na natureza. BIBLIOGRAFIA A L E X A N D E R , M . , 1961. I n t r o d u c t i o n to soil m o c r o b i o l o g y . John W i l e y & Sons, I n c . N . Y o r k , 472 p . B U R G E S , A . , 1958. M i c r o r r g a n i s m s in t h e soil. H u t c h i n s o n U n i v . L i -b r a r y . L o n d r e s . 188 p . H E N D L I N , D . , 1954. T h e n u t r i t i o n of m i c r o o r g a n i s m . A n n . R e v . of M i c r o b i o l o g y , 8: 47-70. K R A S I L N I K O V , M . A . , 1961. S o i l m i c r o o r g a n i s m s and h i g h e r plants. T h e I s r a e l P r o g r a m f o r S c i e n t i f i c T r a n s l a c t i o n , J e r u s a l e m , 474 p . L O C H H E A D , A . G . , 1952. S o i l M i c r o b i o l o g y . A n n . R e v . of M i c r o -b i o l o g y , 6: 185-206.

W A K S M A N , S. A . , 1952. S o i l M i c r o b i o l o g y . John W i l e y & Sons, Inc. N . Y o r k , 356 p .

Referências

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