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Processo n /002

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Academic year: 2021

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ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque

Acórdão

Apelação Cível - no. 200.2009.039.236-2/002

Relator: Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque.

Apelante: José Iram Medeiros Lacerda - Adv. Rodrigo Nóbrega Farias. Apelado: Estado da Paraíba, representado por seu Procurador Solon Henrique de Sá Benevides.

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATORIA. EXAME FÍSICO. CONCURSO PÚBLICO. CARGO PERITO MÉDICO-LEGAL. PREVISÃO EM LEI ESPECÍFICA. PROPORCIONALIDADE COM OS ATRIBUTOS DO CARGO. DESPROVIMENTO.

- A Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado da Paraíba prevê a aptidão física como requisito básico para a investidura em cargos da Polícia Civil (art. 24, VI), determinando também a "prova de capacidade física" como fase obrigatória para o concurso público de seus cargos (art. 31, IV).

- O Perito Médico-Legal é cargo do quadro da Polícia Civil e integrante da categoria da Polícia Científica. Os peritos legais são responsáveis pelas averiguações dos indícios e vestígios da materialidade delitiva de condutas criminosas, podendo, inclusive, serem convocados para pesquisas em campo ou verificação em pessoas, para elaboração do exame de "corpo de delito".

- É mais oportuno e conveniente à Administração Pública que o perito médico

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goze de um bom condicionamento físico, para o melhor desempenho das atividades funcionais prevista na respectiva legislação de regência.

—Desprovimento.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados.

Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO APELO.

RELATÓRIO

Trata-se de APELAÇÃO CÍVEL interposta por JOSÉ IRAN DE MEDEIROS LACERDA, hostilizando sentença oriunda da ia Vara da Fazenda Pública da Comarca de João Pessoa e prolatada nos autos de Ação de Anulatória de Ato Administrativo, movida em face do ESTADO DA

PARAÍBA, ora apelado.

O então autor ingressou com a presente anulatória, pretendendo anular concurso público para o cargo de Perito Oficial Médico Legal, cujas regras foram estabelecidas pelo Edital no. 01/2008/SEAD/SEDS. Sustenta para tanto a ilegalidade da prova de capacidade física para o citado cargo, "por transgressão dos princípios constitucionais da legalidade, isonomia, proporcionalidade, finalidade e razoa b ilidade".

Sentenciando o feito, o Magistrado Primígeno julgou improcedente a demanda.

Irresignado, o recorrente interpôs a presente Apelação Cível, aduzindo que é "manifesta a ilegalidade da exigência de prova de capacidade física para o cargo de perito médico". Sustenta que o cargo perito médico executa atividades técnico-científicas, prescindindo de qualquer exigência de natureza física.

Verbera também que a prova física foi realizada em

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condições desiguais, em razão de ser prevista em horários diferentes e sob condições climáticas diversas, violando a isonomia.

Intimado, o Estado da Paraíba oferta contrarrazões às fls. 274/288, sustentando que a exigência é prevista em lei e está de acordo com as exigências para o cargo.

Em parecer às fls. 296/298, a representante da Procuradoria de Justiça opina pelo desprovimento do apelo.

É o relatório.

VOTO

O concurso público é uma exigência democrática para o acesso à cargos públicos de provimento efetivo imposta pela Constituição Federal, como materialização dos Princípios da Impessoalidade, da Moralidade e da Eficiência, previstos no caput do art. 37.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

[...]

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em, concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

Inicialmente, diga-se que o Estado pode exigir o exame

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de avaliação física para os cargos da polícia civil, haja vista expressa previsão legal.

A legislação estadual específica (Lei Complementar no. 85, de 12 de agosto de 2008 - Lei Orgânica da Polícia Civil) prevê a aptidão física como requisito básico para a investidura em cargos da Polícia Civil (art. 24, VI), determinando também a "prova de capacidade física" como fase obrigatória para o concurso público de seus cargos (art. 31, IV)

Quanto à proporcionalidade, é necessário convir que os peritos legais são responsáveis pelas averiguações dos indícios e vestígios da materialidade delitiva de condutas criminosas, podendo, inclusive, serem convocados para pesquisas em campo ou verificação em pessoas, para elaboração do exame de "corpo de delito".

No caso específico dos autos, o Perito Médico-Legal é cargo do quadro da Polícia Civil e integrante da categoria da Polícia Científica, tendo suas atribuições previstas no art. 237 da Lei Orgânica da Polícia Civil, vejamos:

Lei Orgânica da Polícia Civil - Lei Compl. no. 85

Art. 234. A Categoria de Polícia Científica é integrada pelos cargos de Perito Oficial Criminal, Perito Oficial Médico-Legal, Perito Oficial Odonto-Legal e Perito Oficial Químico-Legal, essenciais aos trabalhos prestados pela polícia judiciária, que atuarão nas funções de polícia científica, com exclusividade de produzir prova material, mediante análise dos vestígios e busca da materialidade para dar subsídios à qualificação, estabelecendo a dinâmica e a autoria dos delitos.

[...]

Art. 237. Ao Perito Oficial Médico-Legal ou

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Perito Oficial Odonto-Legal, compete: [...]

V - executar perícias em pessoas vivas e em cadáveres, no âmbito da medicina ou da odontologia legal;

VI - proceder a exames complementares necessários às perícias médico-legais ou odonto-legais;

VII - realizar a identificação humana na área de medicina e de odontologia-legal;

VIII - realizar diligências necessárias para a complementação de exames periciais;

IX - executar outras tarefas compatíveis com suas funções.

Verifica-se que estas competências foram previstas de forma exemplificativa, haja vista que o médico legista poderá, para a feitura de exames periciais, realizar demais "diligências necessárias" ou "executar outras tarefas compatíveis com suas funções".

Assim, é mais oportuno e conveniente à Administração Pública que o perito médico goze de um bom condicionamento físico, para o melhor desempenho em suas atividades funcionais, na execução de diligências "para complementação de exames periciais" ou em "outras tarefas compatíveis com suas funções".

Não se vislumbra de que forma a determinação de aprovação em teste físico, previsto em lei específica para os cargos de Perito Médico-Legal, seria desproporcional.

Nesse sentido, transcreve-se aresto do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, em que se questionava a obrigatoriedade de avaliação física para os cargos de Médico Pediatra:

CONCURSO PÚBLICO. CORPO DE BOMBEIROS. MÉDICO PEDIATRA. EXAME DE APTIDÃO

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FÍSICA. RAZOABILIDADE. PROPORCIONALIDADE. PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO. REGULARIDADE. PRETERIÇÃO. IMPROCEDÊNCIA.

I - A exigência editalícia de exame de aptidão física para o ingresso no Corpo de Bombeiros do Distrito Federal não afronta os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e isonomia, especialmente se inexistem excessos na prova aplicada.

II - O edital do concurso, que foi previamente divulgado, prevê a eliminação de candidato reprovado no teste de aptidão física. Logo, não padece de ilegalidade o ato administrativo que reconhece como não atingido o número mínimo de exercícios exigido.

III - Se os parâmetros de avaliação são objetivos e não há provas de qualquer irregularidade na contagem das repetições, o pedido de matrícula compulsória em curso de formação é julgado improcedente. IV - A alegada preterição da apelante-autora no acesso ao cargo não se verifica nos autos, porquanto reprovada em fase eliminatória do certame.

V - Apelação improvida.

(Acórdão n. 395936, 20070110567883APC, Relator VERA ANDRIGHI, ia Turma Cível, julgado em 25/11/2009, DJ 14/12/2009 p. 44)

Quanto à suposta violação à isonomia na execução da prova, a marcação dos exames em horários diferentes, por si só, não representa violação ao aludido princípio.

Pela quantidade de aprovados no concursos, haja vista

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houve provas para todos os cargos da polícia civil, havendo milhares de candidatos, o estabelecimento de horários é a única forma de operacionalização da avaliação física. Não haveria possibilidade material e de localização que todos os candidatos fossem avaliados no mesmo horário.

A mera alegação de que a avaliação física foi executada em condições "climáticas diversas", sem a comprovação de tais condições e de que forma estas trariam gravames ao apelante, não é suficiente para induzir que houve desfavorecimento do recorrente.

Isto posto, NEGO PROVIMENTO AO APELO, em harmonia com o parecer ministerial.

É como voto.

Presidiu a sessão a Excelentíssima Senhora Desembargadora Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti. Participaram do julgamento este Relator Marcos Cavalcanti de Albuquerque, Marcos William de Oliveira (Juiz convocado, com jurisdição limitada, para

substituir a Desembargadora Maria das Neves do Egito Araújo Duda Ferreira) e Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti.

Presente ao julgamento o Excelentíssimo Doutor Francisco Antônio Sarmento Vieira, Promotor de Justiça convocado.

Sala de Sessões da Segunda C" Wel dQ. Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, João Pess maio de-2012.

Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque

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Relator

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