• Nenhum resultado encontrado

Revista Saúde Física & Mental

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Revista Saúde Física & Mental"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

1. Departamento de Morfologia – Instituto Biomédico - Universidade Federal Fluminense – Niterói (RJ)

*Correspondência: rafael.cisne@gmail.com

Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.1 n.1 Agosto-Dezembro 2012

ANÁLISE ESTATÍSTICA DA APLICABILIDADE DA TÉCNICA

DE MOBILIZAÇÃO NEURAL EM LESÕES QUE ACOMETEM

O NERVO FIBULAR PROFUNDO ACESSÓRIO

STATISTICAL ANALYSIS OF APPLICABILITY OF THE NEURAL MOBILIZATION

TECHNIQUE IN LESIONS THAT AFFECT THE DEEP PERONEAL NERVE

ACCESSORY

Rafael Cisne de Paula*

1

; Bruno Felix Patrício

1

; Rodrigo Mota Pacheco Fernandes

1

;

Márcio Antonio Babinski

1

RESUMO:Um dos locais bem definidos onde temos grande probabilidade de sofrer traumas em

membros inferiores são no 1/3 lateral da perna, justamente onde encontra-se o leito do nervo fibular profundo acessório (NFPA). Este nervo, antes tido como anômalo, exerce inervação sobre estruturas fundamentais para estabilização e mobilização do tornozelo. A mobilização do sistema nervoso periférico (SNP) surge recentemente como uma ajuda na determinação e tratamento de neuropatias. O uso dos testes de tensão neural é uma abordagem da mobilização do SNP. Estes testes estimulam mecanicamente e movem os tecidos neurais para se obter uma noção de sua mobilidade e sensibilidade aos estresses mecânicos. A amostra foi obtida através de entrevista envolvendo perguntas fechadas com fisioterapeutas especializados em terapias manuais. Os dados foram obtidos por meio de estatística descritiva. Foram entrevistados 16 fisioterapeutas que obtiveram resultados satisfatórios com a utilização da técnica em destaque em lesões traumáticas que apresentavam sintomas neuropáticos na estrutura estudada. 84,61% associaram outras técnicas durante o tratamento contra 15,39% que utilizaram somente a técnica em questão. Dos que só utilizaram a mobilização neural como forma de tratamento, 75% relataram sucesso na reabilitação, contra 93% de sucesso dos tratados com a técnica associada a outras condutas. Na análise dos resultados concluímos que a técnica quando associada às convencionais, comumente utilizadas nestes casos, o sucesso descrito por estes profissionais foi maior.

Palavras-chave: nervo fibular profundo acessório; trauma; inervação; mobilização neural.

ABSTRACT: One of well defined places where we have great probability of suffering traumas in

(2)

Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.1 n.1 Agosto-Dezembro 2012

peroneal nerve (NFPA). This nerve, before knew as anomalous, exercises innervations on fundamental structures for stabilization and mobilization of the ankle and foot. The neural mobilization appears recently as help in the determination and nervous diseases treatment. The use of neurodynamic tests is an approach of the nervous mobilization. These tests stimulate mechanically and they move the neural tissues to obtain a notion of the mobility and sensibility to the mechanical stresses. The sample was obtained through interview involving closed questions with specialized physiotherapists in manual therapies. The data were obtained through descriptive statistics. In the present study were interviewed 16 physiotherapists that obtained satisfactory results with the use of the technique in traumatic lesions that they showed neural symptoms in the structure. In 84,61%, the professionals associated other techniques during the treatment against 15,39% that used only the technique in subject. Of the ones that only used the mobilization neural as treatment form, 75% told success in the rehabilitation, against 93% of success of the treaties with the technique associated to other conducts. We concluded that the success described by these professionals was larger when the technique was associated to the conventional ones, commonly used in these cases.

Keywords: accessory deep peroneal nerve; trauma; innervations; mobilization neural.

INTRODUÇÃO

O NFPA corresponde a um ramo do nervo fibular superficial (NFS), emitido em sua face posterior, o qual inerva alguns músculos do compartimento lateral da perna: o músculo extensor curto dos dedos (MECD), músculos fibulares acessórios, e ramos articulares para o tornozelo e articulações do tarso. Os músculos acessórios deste compartimento são o músculo fibular quarto (MFQ), músculo fibular do quinto dedo (MFV) e o músculo fibular acessório (FA).1

A escassez de descrições anatômicas macroscópicas do NFPA, evidenciando seus ramos musculares e articulares, e a prevalência de estudos eletrofisiológicos que se baseiam em análises exclusivamente motoras, tornam confuso o estudo de sua frequência. Estas divergências levaram diversos autores a

classificarem o NFPA como um ramo anômalo.2

Seu trajeto e suas relações são constantes entre o septo intermuscular posterior e o MFC. Sua relação, retromaleolar, profundo ao retináculo superior e inferior dos músculos fibulares, também apresenta-se constante.3

Lesões traumáticas são comuns, e quando estas lesões ocorrem em 1/3 lateral inferior de perna, podem envolver o NFPA. Um exemplo típico de um mecanismo de lesão que acomete o NFS é descrito na literatura, onde luxações crônicas do tornozelo podem produzir estiramento recorrente do dorso do tornozelo e do pé.4,5,6,7

A técnica de mobilização neural surge como excelente terapia para lesões nervosas incompletas. Esta terapia tem como objetivo

(3)

Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.1 n.1 Agosto-Dezembro 2012

restaurar a mobilidade normal e as relações de comprimento, consequentemente aumentando o fluxo sanguíneo e a dinâmica do transporte axonal. A mobilização neural é eficaz na diminuição de aderências e ganho de mobilidade neural. 5,8,9,10,11

MATERIAL E MÉTODOS

O material adotado no presente trabalho foi uma análise estatística do tratamento do NFPA através da técnica de mobilização neural de pacientes acometidos com lesões nervosas no compartimento lateral inferior da perna.

A população alvo são profissionais da área de fisioterapia com especialização em mobilização neural, que tenham atendido pacientes com trauma lateral inferior de perna, com sinais e sintomas de neuropatia no trajeto do nervo em estudo. A amostra será obtida através de entrevista envolvendo perguntas fechadas.

Os dados foram obtidos por meio de Estatística Descritiva, com apresentação dos resultados por meio de gráficos percentuais.

RESULTADO

No gráfico I, obtivemos dados percentuais da associação de outras técnicas além da mobilização neural, durante o tratamento. O grupo 1, com 84,61%, representa os fisioterapeutas que associaram outras técnicas durante o tratamento. O grupo 2, com 15,39% , são os profissionais que utilizaram somente a técnica em questão.

Gráfico I – Profissionais que utilizaram outras

técnicas associadas na conduta em questão. Grupo 1 formado por fisioterapeutas que associaram outras técnicas a mobilização neural. Grupo 2 formado por utilizaram apenas a técnica de mobilização neural

O gráfico disposto a seguir (gráfico II) apresenta dados referentes ao percentual de reabilitação dos pacientes, com ou sem a associação de outras técnicas. Na primeira coluna, temos o valor de reabilitação dos pacientes com mobilização neural associada a outras técnicas. Na segunda, temos o valor de pacientes tratados somente com a técnica de mobilização. Na terceira, temos o valor total de reabilitação de todos os pacientes tratados com ou sem a técnica.

Pode-se constatar que, dos pacientes tratados com a técnica em destaque, foi relatado um sucesso importante de 75%. E quando são aplicadas outras técnicas associadas no tratamento verificamos um sucesso relatado ainda maior de 93%. No total de todos os pacientes tratados temos uma média de reabilitação de 91%, constatando a eficácia da aplicabilidade da técnica neste nervo.

(4)

Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.1 n.1 Agosto-Dezembro 2012

Gráfico II - Percentual de reabilitação e

comparativo de associação com outras técnicas durante a conduta. MN – Mobilização neural (75%); MNA – Mobilização neural associada a técnicas convencionais (93%); TR – Total de reabilitação (91%).

DISCUSSÃO

KUDOH et al. (1999)3, apresentaram dissecção macroscópica do NFPA em 24 membros inferiores de cadáveres adultos humanos, com mapeamento através de esquemas e fotos, apresentando uma frequência de 100% desta estrutura. A partir do conhecimento de sua origem através do NFS, e do seu trajeto retromaleolar, analisamos a aplicação do teste de tensão.12,13

GODDARD & REID (1965)14 utilizaram a técnica em questão para investigar o efeito da entorse por inversão na função neurodinâmica em 18 pacientes. Três posições diferentes do pé e tornozelo foram usadas: neutro (N), dorsiflexão (DF) e flexão plantar com inversão (FPI). Os resultados indicaram que houve uma redução significantemente maior de extensão de joelho no lado lesionado comparado com o lado normal nas três posições do pé, sendo a extensão do joelho

mais restrita na posição slump com FPI, que se considera enfatizar o trato neural fibular. O teste slump em FPI produziu sintomas na face lateral da porção inferior da perna e tornozelo se estendendo até o dorso do pé. Essa distribuição corresponde ao nervo fibular superficial. Com isso, as informações por eles citadas estão de acordo com o trabalho aqui discutido.

Outro estudo envolvendo 28 pacientes com lesão de isquiotibiais grau 1, onde 16 foram tratados de forma tradicional e 12 com a técnica de mobilização neural, indica que a técnica de mobilização foi mais efetiva no retorno dos jogadores a sua função plena do que o tratamento convencional.10

Os tratamentos aqui demonstrados mostram a melhora com a utilização da técnica na reabilitação dos pacientes com distúrbios neurodinâmicos. Verificamos também que outras técnicas associadas à mobilização neural trazem uma eficácia maior no tratamento, mas o indivíduo, quando tratado com a mobilização neural, pode ter um retorno com maior facilidade.

CONCLUSÃO

Por meio da análise dos resultados obtidos, podemos concluir que pacientes com trauma em terço lateral inferior de perna podem apresentar um distúrbio neurodinâmico no nervo fibular profundo acessório. E quando este distúrbio é tratado com a utilização da técnica de mobilização neural associado às técnicas convencionais comumente utilizadas

(5)

Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.1 n.1 Agosto-Dezembro 2012

nestes casos, o grau de reabilitação relatado pelos profissionais foi maior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. DEBIERRE, C. H. Traité Élémentaire D’Anatomie de L’Homme. V. 1, p. 440; Paris, Félix Alcan, 1890, p. 838.

2. INFANTE, E.; KENNEDY, W. R. Anomalous branch of the peroneal nerve detected by electromyography. Archives of Neurology, v.22, p.162-165, 1970.

3. KUDOH, H.; SAKAI, T.; HORIGUCHI, M. The consistent presence of the human accessory deep peroneal nerve. Journal of Anatomy, v.194, 1999.

4. NETTER, F. H. The CIBA Collection of Medical Illustrations. 3. ed. v. 8, parte I, p. 104. New Jersey, CIBA – GEIGY Coorporation, 1994.

5. BREIG, A. Biomechanics of the Central Nervous System, Stockholm: Almquist and Wiksell, 1960.

6. GARDNER, E; GRAY, D. J.; O’RAHILLY, R. Anatomia – Estudo regional do corpo humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1984, p.225.

7. MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. Tradução: Alexandre Lins Werneck. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 1023 p. il.

8. BUTLER, D; GILFFORD, L. The concet of adverse mechanical tension in the nervous. Part one: Testing for ‘dural tension’. Physiother 75:622-629, 1989

9. BUTLER, D. S. Mobilisation of the Nervous System. 1. ed. Churchill Livingstone. Melbourne, 1991.

10. SARKARI, E; MULTANI, N. E. Efficacy of neural mobilization in sciatica. Journal of Exercise Science and Phisioterapy, 3(2): 136-141, 2007

(6)

Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.1 n.1 Agosto-Dezembro 2012

11. LUNDBORG, G.; RYDEVIK, B. Effects of stretching the tibial nerve of the rabbit. A preliminary study of the intraneural circulation and the barrier function of the perineurium. J Bone Joint Surg Br 55, 1973.

12. MAITLAND, G. D. Spinal Manipulation. 5. ed. Butterworths. London, 1986.

13. MCLELLAN, D. L.; SWASH, M. Longitudinal sliding of the median nerve during movements of the upper limb. Journal of Neurology, Neurosurgery, and Psychiatry, Vol. 39, pp. 566-570, 1976.

14. GODDARD, M; REID, J. Movements induced by straight leg raising in the lumbo-sacral roots, nerves and plexus, and in the intrapelvic section of the sciatic nerve. Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry, 1965.

Referências

Documentos relacionados

Here, we aim to understand how expression of RA degradation enzymes (Cyp26) can be correlated with RA distribution and functions during amphioxus (B. lanceolatum)

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Todas as outras estações registaram valores muito abaixo dos registados no Instituto Geofísico de Coimbra e de Paços de Ferreira e a totalidade dos registos

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Ao realizar-se o exame clínico oftalmológico, constatou-se catarata madura no olho esquerdo e catarata imatura no olho direito.. O eletrorretinograma revelou que a retina

Outras possíveis causas de paralisia flácida, ataxia e desordens neuromusculares, (como a ação de hemoparasitas, toxoplasmose, neosporose e botulismo) foram descartadas,

Por fim, na terceira parte, o artigo se propõe a apresentar uma perspectiva para o ensino de agroecologia, com aporte no marco teórico e epistemológico da abordagem

Essa diferença de requisitos estabelecidos para cada sexo acontece pautada segundo duas justificativas: a capacidade física e a maternidade. Com a cirurgia de mudança de sexo