PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA PUC/GOIÁS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS Disciplina: Direito Processual Civil IV
JUR 3314
Prof.: Luiz Fernando
Capitulo III – PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECÍFICOS
1. Arresto
1.1. Conceito: trata-se de medida cautelar cujo objetivo é assegurar o cumprimento de uma obrigação de pagar ou de entregar coisa fungíveis, por meio da constrição de bens do devedor.
1.2. Cabimento:
a) devedor, sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado;
b) devedor, que tem domicílio, se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente;
c) devedor, que tem domicílio, caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens;
d) devedor, que tem domicílio, caindo em insolvência, contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias;
e) devedor, que tem domicílio, caindo em insolvência, põe ou tenta por os seus bens em nome de terceiros;
f) devedor, que tem domicílio, caindo em insolvência, comete artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar credores;
g) devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembaraçados, equivalentes às dívidas; h) outras circunstâncias declaradas segundo o poder geral de cautela do julgador.
1.3. Requisitos:
a) prova literal da dívida líquida e certa;
b) prova documental ou justificação de alguma das hipóteses de cabimento.
1.4. Liminar:
- concedida mediante justificação prévia, em segredo de justiça e de plano;
- concedida sem justificação prévia, quando for prestada caução ou nos casos de prova pré-constituída das hipóteses de cabimento.
1.5. Causas suspensivas da execução do arresto: a) depósito do crédito pelo devedor;
b) garantia da dívida por fiança idônea ou caução. 1.6. Sentença:
- não faz coisa julgada, exceto nos casos do reconhecimento de prescrição ou decadência;
- surte efeito até a realização da penhora, nos autos do processo de execução.
2. Sequestro:
2.1. Conceito: trata-se de medida cautelar que objetiva a apreensão de uma coisa, cuja posse ou propriedade é controvertida.
2.2. Objetos:
a) de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando lhes for disputada a propriedade ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações;
b) de frutos ou rendimentos do imóvel reivindicado, se o réu, depois de condenado por sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar;
c) dos bens do casal, nas ações de separação, divórcio e de anulação do casamento, se o cônjuge os estiver dilapidando. d) outras circunstâncias declaradas segundo o poder geral de cautela do julgador.
2.3. Requisitos:
a) plausibilidade da posse ou propriedade do bem;
b) prova documental ou justificação de rixa de danificação do bem, dissipação dos frutos ou rendimentos de bem imóvel ou dilapidação dos bens do casal.
2.4. Procedimento: aplicação das regras pertinentes ao arresto.
3. Exibição
3.1. Conceito: trata-se de medida cautelar de cunho probatório, que objetiva o acesso do demandante ao teor de documento ou coisa a que não teve acesso e que será necessário e indispensável na demanda.
3.1. Formas:
a) exibição de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha interesse em conhecer;
b) de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio, condômino, credor ou devedor; ou em poder de terceiro, que o tenha em sua guarda, como inventariante, testamenteiro,depositário ou administrador de bens alheios;
c) da escrituração comercial por inteiro, balanços e documentos de arquivo, nos casos expressos em lei.
3.2. Natureza Satisfativa: a ausência de irregularidade torna inviável a propositura da ação principal.
3.3. Actio ad exhibendum: trata-se de verdadeira ação contra o terceiro, destinada a fazer prova em ação pendente.
3.4. Procedimento: arts. 355 a 363 e 381 e 382 CPC. 4. Produção Antecipada de Provas:
4.1. Espécies:
a) asseguração cautelar de provas: pretende-se documentar algum fato cujo desaparecimento seja provável, a fim de poder-se depois utilizá-lo.
b) produção de prova em instrução preventiva: medida incidental, em que o juiz apenas acolhe a justificativa para antecipação da prova
4.2. Formas:
a) interrogatório da parte; b) inquirição de testemunhas;
4.3. Sentença: meramente homologatória.
5. Caução:
5.1. Distinção entre caução negocial e cautelar:
a) caução negocial: originada do direito material, visa a simples segurança do negócio jurídico.
b) caução processual: objetiva resguardar ressarcimento de prejuízos que possam ser causados pelo efetivo exercício de ato processual.
5.2. Caução como ação: quando deva ser exigida em juízo, a parte obrigada a prestar ou a exigir poderá propor a medida judicial. A caução poderá ser exigida incidentalmente na relação processual em curso, por determinação judicial.
5.3. Espécies:
a) real: oferecendo bens em garantia;
b) fidejussória: garantia pessoal, como no caso de fiança. 5.4. Legitimidade Ativa:
a) o obrigado a dar caução; b) o beneficiário da caução.
5.5. Hipóteses de julgamento antecipado da lide: a) ausência de contestação:
b) se a caução oferecida ou prestada for aceita;
c) se a matéria for somente de direito ou não houver necessidade de outra prova.
5.6. Sentença:
a) natureza satisfativa;
b) preceito cominatório, determinando a caução e o prazo em que deve ser prestada;
c) efeitos do não cumprimento da sentença:
- declarar a não prestação da caução pelo obrigado; - cominação de sanção contratual ou legal pela falta. 6. Busca e Apreensão:
6.1. Objetos:
a) coisa: não litigiosa e justificável, por qualquer razão, o seu depósito;
6.2. Natureza: cautelar, não se confunde com as medidas satisfativas, como a ação de busca e apreensão de coisas móveis com alienação fiduciária do Decreto-lei n. 911/69. 6.3. Medida Liminar: pode ser concedida sem a oitiva da parte contrária, em razão da urgência, não se permitindo a substituição por caução. O juiz pode determinar audiência de justificação, em segredo de justiça.
6.4. Sentença: natureza declaratória, confirma a busca e apreensão já realizada, julgando-a subsistente, caso procedente.
7. Alimentos Provisionais:
7.1. Conceito: deriva da própria natureza da prestação alimentar e de sua intrínseca finalidade, o crédito alimentar destina-se a atender necessidades existenciais primárias e urgentes do ser humano, são os próprios alimentos definitivos que são concedidos provisoriamente em razão daquelas necessidades.
7.2. Legitimidade Ativa: todos os credores dos alimentos definitivos.
7.3. Requisitos: necessidades do alimentando e capacidade do alimentante e a plausibilidade do direito aos alimentos, a condição de credor de alimentos.
7.4. Natureza: tutela satisfativa, a decisão concessiva de alimentos representa o aditamento da própria satisfação alimentar.
7.5. Decisão concessiva de alimentos provisionais:
a) pode ser modificada ou alterada, no curso da lide, em caso de liminar, respeitando as prestações já vencidas como títulos judiciais constituídos;
b) pode ser modificada ou alterada, por meio de ação própria de revisão ou exoneração, caso fixado em sentença;
c) permite o ressarcimento dos prejuízos pelo alimentante, em caso de julgamento improcedente do pedido principal ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do artigo 811, II a IV do Código de Processo Civil.
7.6. Execução dos Alimentos: definitiva, mediante desconto em folha de pagamento ou rendas do alimentante, pela forma comum ou com a cominação de prisão.
8. Arrolamento de Bens:
8.1. Conceito: é cabível em caso de dúvida ou incerteza sobre a existência de todos os bens, cuja conservação, para efeito de partilha ou reivindicação futura, é do interesse da parte. Pode ainda ter como fundamento direito já existente, mas que só tenha eficácia após declaração em processo regular, i.e., pretendente a herança que se habilita em inventário.
8.2. Requisitos:
a) plausibilidade do direito: possível direito aos bens;
b) receio de dano irreparável: extravio ou dissipação dos bens. 8.3. Medida liminar: pode ser concedida sem a oitiva da parte contrária, em razão da urgência. O juiz pode determinar audiência de justificação, intimando o réu.
8.4. Depósito: a cargo de terceiro nomeado pelo juiz ou recaindo no próprio possuidor.
8.5. Sentença: declaratória. 9. Atentado:
9.1. Conceito: trata-se de medida cautelar que visa restabelecer do estado de fato em determinada relação processual.
9.2. Situações passíveis de correção pela ação cautelar:
a) violação de penhora, arresto, sequestro ou imissão na posse;
b) prosseguimento em obra embargada; c) qualquer inovação legal no estado de fato.
9.3. Natureza Jurídica: reparatória, afastando-se do conteúdo mandamental da ação cautelar.
9.4. Procedimento:
- ausência de liminar, em razão de que o restabelecimento de estado de fato deve ser definitivo.
9.5. Sentença. Efeitos:
a) condenatório a uma obrigação de fazer, comportando execução de forma específica e conversão em perdas e danos; b) preceito cominatório, impedir o condenado de falar nos autos principais enquanto não se purgar o atentado;
c) suspensão do prazo principal