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UMA TEOLOGIA BÍBLICA DE PRIMEIRO E SEGUNDO SAMUEL G. PATRICK HUBBARD II

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UMA TEOLOGIA BÍBLICA DE PRIMEIRO E SEGUNDO SAMUEL DE G. PATRICK HUBBARD II

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Índice

Introdução 1

Reinado em Primeiro e Segundo Samuel 1

Batalha Cósmica em Primeiro e Segundo Samuel 6

Mudança da Sorte em Primeiro e Segundo Samuel 7

Conclusão 8 Bibliografia 10

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INTRODUÇÃO

O Livro de Juízes registra a natureza cíclica, porém em uma espiral descendente, do relacionamento de Israel com Yahweh. Ao final do livro, Israel se revela sendo uma nação em desordem, sem a liderança divina, onde todos fazem o que é correto aos seus próprios olhos (Juízes 21:25). Primeiro e Segundo Samuel pegam uma parte da história e registram o estabelecimento do reinado de Israel como o desenvolvimento histórico da aliança de Deus com Abraão e, assim, o avanço de Seu plano original para a raça humana como portadora da imagem.

REINADO EM PRIMEIRO E SEGUNDO SAMUEL

A teologia dos livros de Samuel concentra-se no importante tema da monarquia. O texto central para este tema é, naturalmente, o curso da Aliança davídica (II Samuel 7:12-17). Antes de se aprofundar na aliança de Deus com Seu servo Davi, será útil, primeiramente, desenvolver um pano de fundo para a monarquia. Isso pode ser feito ao olharmos resumidamente quatro importantes textos. É necessário assim fazer a fim de demonstrar que a introdução da monarquia em Israel é o desenvolvimento histórico da Aliança Abraâmica e, assim, a continuação do plano original de Deus para a

humanidade, conforme é visto em Gênesis 1:26-28.

A primeira passagem a ser revista é Gênesis 17:6-16. Nesta passagem, Deus ratifica Sua promessa anterior a Abraão (Gn 12:1-3), a quem Ele escolheu para executar esse trabalhono mundo. Em continuidade a Seu plano para a humanidade (Gn 1:26-28), Deus tornará Abraão frutífero e o multiplicará de tal forma que ele será o pai de muitas nações. No verso 6, Deus revela que, ao fazer de Abraão o pai de muitas nações, reis descenderiam dele. Isso indica, de maneira clara, que a Aliança Abrâmica está

diretamente ligada à monarquia em Israel.1

A segunda passagem a ser revista é Gênesis 49:8-12. No capítulo 49, Jacó, que está à beira da morte, abençoa seus filhos e os versículos de 8 a 12 focam a benção que ele dá a seu filho Judá. Nesta parte, Jacó descreve a posição de destaque à qual a tribo de Judá será levada. Será uma tribo poderosa que derrotará os seus inimigos e, assim, será louvada e reverenciada (vs. 8-9). Além do mais, o versículo 10 parece sugerir que Judá servirá como um guerreiro poderoso, bem como um fortíssimo rei que governa sobre a nação.2 A ideia de uma monarquia em Israel é expandida aqui, já que a proeminência de Judá é prevista por Jacó.

O terceiro texto que lida com o reinado em Israel está em Números 24:7, 17-19. O profeta Balaão foi contratado por Balaque para amaldiçoar Israel, mas, em obediência ao Senhor, não o faz. Antes, ele abençoa Israel por diversas vezes. Em Números 24:7, ele

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declara que o rei emergirá de Jacó e seu reino será exaltado. Dado o contexto histórico desta passagem, o cumprimento inicial deve ser entendido como o estabelecimento da monarquia em Israel.3

A quarta e última passagem para se desenvolver o pano de fundo para o reinado em Samuel é Deuteronômio 17:14-20. Esta passagem é muito importante porque aqui Moisés dá as qualificações para qualquer rei que venha a governar Israel. No versículo 15, Moisés deixa claro que as pessoas podem colocar um rei como seu líder, contanto que seja o Senhor quem o escolha. Esta afirmação, considerada junto com as

qualificações detalhadas nos versículos que seguem, deixa claro que a monarquia é, de fato, parte do futuro de Israel. Na verdade, essas quatro passagens revelam que Yahweh está “guiando a história com o reinado em mente.”4

Com este entendimento do pano de fundo do reinado e de Juízes 21:25 em mente, voltamos nossa atenção para I Samuel. Nos capítulos iniciais, torna-se claro que a imoralidade que predomina em Juízes chega até o sacerdócio e o santo lugar.5 Eli, o sacerdote, é juiz sobre Israel. Ele é um homem velho, cujos filhos não conhecem ao Senhor (I Samuel 2:12). Assim como todos os outros, eles fazem o que é certo aos seus próprios olhos em vez de obedecerem ao Senhor. Eles tratam as ofertas ao Senhor com desprezo (I Samuel 2:17) e dormem com as mulheres que servem no tabernáculo (I Samuel 2:22).

Como consequência da indisposição de Eli em tratar do pecado de seus filhos, Yahweh rejeita a ele e sua casa como sacerdotes (I Samuel 2:30-32) e promete remover de lá tanto Eli como também seus filhos (I Samuel 2:33-34, 3:13). O Senhor levanta Samuel para ser um sacerdote fiel (I Samuel 2:35), e profeta (I Samuel 3:19-20). Por fidelidade à palavra de Yahweh, os filhos de Eli são mortos na guerra e ao ouvir essa notícia, Eli morre tendo julgado Israel por quarenta anos (I Samuel 4:17-18).

Com a morte de Eli, Samuel julga Israel (I Samuel 7). Entretanto, nem mesmo Samuel consegue quebrar a espiral descendente vista em Juízes. Um velho Samuel faz de seus filhos juízes sobre Israel (I Samuel 8:1). Embora tenha sido um juiz fiel, seus filhos são homens maus que aceitam subornos e pervertem a justiça (I Samuel 8:1-3). Assim, o tempo dos juízes chega ao fim com a exigência do povo por um rei (I Samuel 8:4-5). Está claro, a partir da narrativa histórica, que os juízes não foram capazes de trazer obediência duradoura a Yahweh. Isso culmina com a exigência do povo por um rei. Yahweh deixa claro que o desejo popular por um rei, semelhante ao de outras nações, é uma rejeição a Seu governo e, como consequência, ao papel de servos (I Samuel

8:5-7).6 À luz dessa clara rebelião, o status da Aliança Abraâmica está com problema. As pessoas a quem Deus resgatou do Egito para que pudessem cumprir a aliança com Abraão e, assim, o mandato da criação ao servir como um reino de sacerdotes (Êxodo

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19:4-6), rejeitaram o governo de Deus e o papel que tinham no mundo. Em vez de servirem ao Senhor como reis sacerdotes, eles agora exigem um rei, assim como as nações, para fazer isso por eles (I Samuel 8:19-20).

Aqui há um paradoxo. Como foi mostrado acima, o plano para o povo de Deus sempre incluiu a monarquia. Contudo, Yahweh considera o pedido por um rei como uma

rebelião. Parece que, em vez de ser o desenvolvimento da Aliança Abrâmica, o pedido do povo por um rei pode ser a ruínadela. O Senhor esperava dar ao povo um rei cujo coração fosse transformado pela lei que mediaria Seu reinado na terra. Israel rejeita esta visão de monarquia e exige um rei como as nações; um rei de estatura elevada.7

Em Sua misericórdia, Yahweh concorda em dar à nação um rei.8 Samuel unge Saul como rei e Yahweh dá a ele um novo coração (1 Samuel 10:1, 9). Yahweh deixa claro novamente que o povo rejeitara seu governo (I Samuel 10:19) e, por sorteio, Saul é escolhido rei (I Samuel 10:20-24). O Senhor capacita Saul a resgatar o povo de Jabes - Gileade e com essa vitória militar, Samuel e o povo fazem sacrifícios para renovar o reino (I Samuel 11).

Embora os motivos do povo não tenham sido puros, ao exigir um rei, Samuel diz ao povo que se este, junto com seu rei, obedecesse Yahweh, então tudo correria bem (I Samuel 12:12-14). Entretanto, se o povo se rebelasse contra o Senhor, então Ele seria contra o povo e seu rei (I Samuel 12:15). As bênçãos e maldições de Deuteronômio 27 e 28 ainda estão em vigor.9 Aí permanece a esperança para o povo da aliança de Deus se ele temesse ao Senhor e O obedecesse (I Samuel 12:20-24).

Quase que imediatamente, a Aliança Abrâmica está mais uma vez a perigo, já que Saul mostra-se infiel a Yahweh. À beira da batalha com os filisteus, Saul, com medo de que o povo o abandonasse, passa de seus limitese desobedece Samuel ao fazer sacrifícios para o Senhor (I Samuel 13:8-12). Sua desobediência ao profeta de Deus é um

sinônimo de desobediência a Deus.10 Isso ilustra o relacionamento entre os profetas de Deus e os reis. Em questões religiosas, até mesmo o rei tinha de obedecer os profetas. Como consequência da desobediência de Saul, seu reino é interrompido e Deus levanta um homem segundo seu próprio coração (1 Samuel 13:13-14). Saul falhou, mas Yahweh é fiel à aliança que fizera com Abraão. Um rei deve agora vir de Abraão e Judá, mas será o rei que Deus escolher para o Seu povo; um rei cujo coração tenha sido transformado pela lei de Deus. O destino de Saul é selado quando, novamente, ele desobedece ao Senhor ao poupar Agague, rei dos amalequitas, e reter o melhor dos despojos. (I Samuel 15:1-15). Yahweh deseja um rei que obedeça e assim, o reino é tirado de Saul e dado a um homem melhor que ele (I Samuel 15:28).

O povo teve de escolher seu rei e o escolheu como as nações; um rei de grande estatura que governaria como os reis pagãos que rodeavam Israel.11 Agora, Yahweh é quem iria

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escolher Seu rei, mas Sua escolha não seria baseada na aparência física: Ele olharia para o coração (I Samuel 16:7). O Senhor escolhe Davi, o mais jovem e menor dos filhos de Jessé, para ser rei. Ele é ungido por Samuel e o Espírito do Senhor se apodera dele desse momento em diante (I Samuel 16:13). Selando o destino de Saul, o Espírito de Deus o deixa e é substituído por um espírito maligno que o atormenta (I Samuel 16:14). Em seu tormento, busca alívio e Davi acaba por servi-lo. Toda vez que o espírito maligno vem sobre Saul, Davi toca a harpa, o espírito parte e Saul sente alívio (I Samuel

16:21-23). Embora Saul ainda sente no trono, Davi é que é o rei ungido e como tal, ele é o vice-regente que exerce domínio sobre o espírito maligno.12

Davi, posteriormente, demonstra seu domínio como rei de Yahweh ao matar o gigante Golias, que atormenta o povo de Deus (uma passagem que será olhada de mais perto na seção sobre batalha cósmica).

O restante de I Samuel detalha a transição de poder do rei do povo para o rei de Yahweh. Davi se recusa a atacaro ungido do Senhor (I Samuel 24:10) preferindo esperar que Yahweh o entregue, revelando, assim, a natureza de seu coração. Saul continua em sua desobediência e em suas tentativas inúteis de preservar seu reino ao tentar matar Davi, resultando, no final, em sua própria morte (I Samuel 28:16-19). Seu reinado foi de completo fracasso e Israel não obteve prosperidade maior do que na época dos juízes.

Embora o primeiro rei de Israel falhasse clamorosamente, colocando em risco a aliança com Abraão, há esperança no início de II Samuel. Davi, o rei do Senhor, da tribo de Judá, é ungido rei sobre a casa de Judá (II Samuel 2:7). Em II Samuel 5, os dois reinos são unidos sob o governo de Davi e finalmente o filho de Jessé é rei sobre todo o Israel. Os filisteus procuram destruir Davi, mas Yahweh os entrega nas mãos do novo rei (II Samuel 5:20-25).

Em II Samuel 6, Davi traz a arca de Deus para Jerusalém, sua recém estabelecida capital. A arca era o estrado para o trono de Yahweh (I Cr 28:2; Sl 99:5; 132:7). Como vice-regente de Yahweh, Davi exerce o papel adâmico de rei-sacerdote ao trazer a arca para Jerusalém.13 A cidade se torna o centro da adoração em Israel e o lugar onde Deus habitará na presença de Seu povo.

Davi, estando em sua casa de cedro e tendo recebido descanso de todos os seus inimigos em redor, deseja construir uma casa para a arca de Deus (II Samuel 7:1-2). Em resposta, Yahweh faz uma aliança com Davi. A Aliança Davídica (II Samuel 7:12-17) se torna a passagem mais significativa do Antigo Testamento no que diz respeito à monarquia. O Senhor faria grande o nome de Davi (II Samuel 7:9) assim como havia prometido a Abraão (Gênesis 12:2).

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construirá uma casa para Davi (II Samuel 7:11). A casa que Yahweh dará a Davi trata-se de uma dinastia real.14 Em sua relação de aliança, Yahweh adota Davi e os futuros reis como filhos e, portanto, promete que Seu amor jamais sairá deles, como foi com Saul; contudo, Ele disciplinará os reis davídicos por causa da iniquidade (II Samuel 7:14-15). Como consequência, o reino davídico é estabelecido para sempre (II Samuel 7:17).

A aliança com Davi se torna a chave para a redenção nacional de Israel, bem como do mundo, e, portanto, é um desenvolvimento posterior da Aliança Abraâmica.15 Davi e seus descendentes se tornam o meio para o qual o Senhor cumprirá as promessas da aliança com Abraão. Se eles obedecerem ao Senhor, a nação e o mundo serão

abençoados, mas se desobedecerem, a nação será castigada. Os reis davídicos também servirão como vice-regentes mediadores do Seu reino sobre a terra. Neste aspecto, a Aliança Davídica é, de fato, o desenvolvimento histórico da aliança de Deus com Abraão e, como tal, é o avanço do plano original de Yahweh para a humanidade para servir como Seus vice-regentes.

Depois que a Aliança Davídica é estabelecida, Davi continua seu domínio e a estender seu controle sobre a terra que foi prometida a Abraão (II Samuel 8, 10). Ele cumpre com o que Saul jamais pôde cumprir, pois ele é o rei de Yahweh. Dois exemplos específicos demonstram a diferença entre Davi e Saul. O primeiro é a resposta de Davi a Natã quando confrontado com seu pecado com Bate-Seba. Diferentemente de Saul, que nega seu pecado para comSamuel, Davi responde em arrependimento e reconhece seu pecado perante Yahweh (II Samuel 11:13). Ele é verdadeiramente um homem segundo o coração de Deus.

Assim como Yahweh prometera na aliança, Ele castiga seu filho Davi por causa de seu pecado (II Samuel 11:10-12). Muito do restante de II Samuel é o desenvolvimento histórico deste castigo. No clímax da estória, Davi foge de Jerusalém e, Absalão, seu filho rebelde, fica prestes a assumir o trono (II Samuel 16:15-17:29). No final, Davi torna-se livre de todos os seus inimigos e o trono fica a salvo (II Samuel 19:14-21:22). Yahweh é fiel a Sua palavra e preserva Davi como Seu rei.

O segundo exemplo que ilustra a diferença entre Davi e Saul é encontrado no capítulo final de II Samuel. O Senhor, desejando julgar Israel, incita Davi a realizar um censo e este ordena Joabe a executá-lo (II Samuel 24:1-4). Mal as pessoas são contadas, Davi percebe o que fizera. Mais uma vez, diferente de Saul, ele clama pelo perdão de Yahweh (II Samuel 24:10). Davi se comportara como os reis das nações e colocara a confiança em seu poderio militar e não na força do Senhor.16 Uma vez mais, Yahweh castiga Seu filho Davi.

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deseja cair nas mãos de Yahweh e não dos homens (II Samuel 24:14). Davi entende a bondade de Yahweh.17 No entanto, quando o julgamento chega e Davi vê o povo sofrendo por causa de seu pecado, ele clama a Yahweh para focar o julgamento sobre si e sua casa (II Samuel 24:17). Em resposta, Yahweh ordena que Davi construa um altar e faça uma oferta (II Samuel 24:18).

Davi se recusa a aceitar a oferta de Arauna em dar-lhe terra para o altar e insiste que não fará ofertas ao Senhor que não lhe custem nada (II Samuel 24:24). Esta atitude é extremamente importante porque aquelese tornará o local do futuro templo. A súplica de Davi para que o julgamento caia sobre si mesmo em vez de cair sobre o povo, juntamente com a compra do local do templo, demonstra seu coração por Yahweh e por Israel. Ele é o rei-pastor que está disposto a morrer por suas ovelhas (II Samuel 24:17).18 A obediência de Davi em construir o altar resulta em bênção para a nação, assim como sua desobediência trouxe juízo.

Quando II Samuel termina, há um retrato misto de Davi. Ele é o homem segundo o coração de Deus que ilustra o tipo de monarquia que Yahweh deseja. Mesmo em sua pecaminosidade, ele demonstra humildade e uma dependência de Yahweh, que

permanece fiel à aliança e resgata Davi e a nação. Contudo, Davi não construirá a casa para Yahweh, que sugere que a esperança de Israel repousa em um futuro descendente: um rei maior. Quando o livro de Samuel chega ao final, a aliança com Abraão está segura porque o trono de Davi, o vice-regente de Deus, está seguro.

Batalha Cósmica em Primeiro e Segundo Samuel

A batalha cósmica também é um tema predominante nos livros de Samuel. Entretanto, o motivo da batalha é trabalhado dentro do contexto da monarquia. Davi, como rei de Yahweh, é o guerreiro ideal que derrota todos os inimigos de Deus. Por causa disso, ele começa a tornar reala esperança na descendência da mulher para esmagar a cabeça da serpente (Gênesis 3:15).19 A batalha de Davi com Golias é um texto programático que servirá para ilustrar a relação entre batalha cósmica e monarquia em Samuel.

Quase imediatamente depois que Davi é ungido rei de Yahweh, ele encara o gigante filisteu na guerra. Em uma irônica sucessão de acontecimentos, o rei que o povo

escolheu para lutar por ele, com base unicamente na sua estatura (I Samuel 8:20) está com medo do gigante (I Samuel 17:11). Davi, por outro lado, mesmo sendo o mais jovem e menor de seus irmãos (I Samuel 16:11) está disposto a encarar Golias na batalha (I Samuel 17:32). (Isso é uma ilustração do tema da mudança de sorte em Samuel que será tratado com mais detalhes na próxima seção).

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que há mais coisas em jogo do que uma batalha entre homens. Golias representa Dagon, o deus dos Filisteus, e seu desafio aos exércitos de Israel representa o desafio de Dagon a Yahweh.20 Esta batalha espiritual está em andamento e remonta a I Samuel 5, quando Dagon se prostrou perante a arca de Deus e perdeu sua cabeça (I Samuel 5:1-4).

Já que esta batalha espiritual se desenrola na história da humanidade, Dagon, mais uma vez, é derrotado por Yahweh. Desta vez, o pequeno rei Davi,que vem representando o Deus de Israel consegue matar o gigante Golias que, semelhantemente, perde sua cabeça (I Samuel 17:45, 49). (Isto também é um exemplo do tema da mudança de sorte, encontrado em Samuel). A partir do discurso de Davi, fica claro que ele vê aquilo tudo como a batalha entre Yahweh e Dagon e, como vice-regente, ele está pelejando por Yahweh (I Samuel 17:46-47).

Já aí, Davi está exercendo domínio e fazendo se cumprirem as promessas da aliança ao derrotar os inimigos de Yahweh. Este mesmo tema domina os livros de Samuel, já que Davi derrota os inimigos de Deus. A batalha com Golias serve para ilustrar a natureza da batalha no meio do povo de Deus. As batalhas sempre representam mais do que nações em guerra. Ao final, o conflitoem Samuel e por toda a Escritura é o desenvolvimento de uma batalha cósmica entre o único Deus verdadeiro e os deuses das nações.21 Davi compreendeu que a vitória não veio pelo poderio militar, mas pelo Senhor e as

promessas da aliança seriam estabelecidas da mesma maneira.

Mudança da Sorte em Primeiro e Segundo Samuel

Um outro motivoteológico é a mudança - ou reviravolta - da sorte. O cântico de Ana em I Samuel 2 descreve isso em detalhes e se torna programáticopor muito do que se segue nos livros de Samuel.22 O cântico em si é o resultado de uma grande reviravolta. No começo da narrativa, Ana é retratada como uma mulher fiel, mas o Senhor fechara seu ventre (I Samuel 1:2,5-6). O escritor deixa dolorosamente claro que Ana é estéril. Ana anseia por ter um filho e clama fervorosamente para que Yahweh a abençoe com um. Ela promete que se o Senhor abençoar com um filho homem, ela o dará para Yahweh a fim de que ele O sirva por toda a sua vida (I Samuel 1:10-11). Eli presta atenção em Ana devido à paixão com a qual ela ora e presume que ela esteja bêbada (I Samuel 1:12). Quando Ana explica sua situação, Eli a abençoa e diz que Deus lhe concederá sua petição (I Samuel 1:15-17). Yahweh, de fato, abençoa Ana e ela dá a luz a um menino (I Samuel 1:19-20), em uma grande reviravolta, o Senhor abre o ventre de uma mulher estéril.

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desenvolvimento dos planos de Yahweh com o povo de Sua aliança. A oração dela revela que Yahweh é o grande reversor. Os fortes são quebrados e os fracos são tornados fortes (I Samuel 2:4). Os fartos ficarão famintos, mas os pobre serão saciados e a estéril se tornará sobremaneira fértil, enquanto a fértil se tornará estéril (I Samuel 2:5). O Senhor é quem empobrece e enriquece. Ele abaixa e exalta. É Yahweh quem levanta o pobre para fazê-lo assentar entre os príncipes (I Samuel 2:8).

Todas essas grandes reviravoltas são vistas por todo o resto do livro. Samuel, embora sendo uma criança, é chamado por Deus para substituir Eli (I Samuel 3:10-14). O menino pastor se torna o rei de Yahweh e substitui o rei alto escolhido pelo povo (1 Samuel 15:28). Davi, o pequeno pastor, mata Golias, o guerreiro gigante, com uma pedra e uma funda (I Samuel 17:48-50).

Através dessas reviravoltas, Yahweh revela como Seu reino funciona. Não é pelo poder ou pela força de Israel que as promessas da aliança a Abraão serão cumpridas. Se Israel simplesmente for fiel e obedecer, então Yahweh lutará por ele e todos os seus inimigos serão destruídos (I Samuel 2:9-10a).

O final desta oração une estas reviravoltas ao tema da monarquia (I Samuel 2:10b). No futuro, Yahweh trabalhará por meio de um rei que servirá como vice-regente para mediar o reino de Yahweh na terra. Isso remonta às promessas feitas a Abraão (Gênesis 17:6) e as conecta de maneira coesa à Aliança Davídica (II Samuel 7:12-17). Também prevê uma nova ordem mundial onde Yahweh dá ao Messias o poder para governar o mundo.23 Assim, a monarquia como o desenvolvimento da aliança de Deus com Israel resultará no cumprimento do plano original de Yahweh para a humanidade exercer domínio sobre a terra. Isso é seguido de humildade e fraqueza da parte de Israel porque seu Deus é o maior reversor.

Conclusão

A monarquia sempre foi o plano de Yahweh para a humanidade. Esse plano começou em Gênesis 1:26-28 quando Ele criou o homem a Sua imagem. Desse ponto em diante, era da vontade de Deus que a humanidade fosse os reis que mediariam Seu domínio sobre a Terra. Embora Adão e Eva caíssem no pecado, Yahweh não invalida Seu plano. Em vez disso, Ele começa a redimir a criação amaldiçoada pelo pecado e restaurar a humanidade ao Seu intento original.

O Senhor fez isso através de relações de alianças, especialmente, Sua aliança com Abraão. Através de Abraão, Yahweh levantaria uma nação e, através dessa nação, um rei que abençoaria as nações. A Aliança Davídica é o desenvolvimento deste plano na história de Israel. Através desse relacionamento através de aliança com o Senhor, Davi

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se torna o rei ideal que prefigura o Messias.

Yahweh soberanamente guia Seu plano de redenção de Abraão a uma nação e de uma nação a um rei. Assim é a teologia dos livros de Samuel. Apesar da infidelidade de Israel, Yahweh permanece fiel. Quando a nação falha, Ele vira foca para o homem, o rei. Se ele servir fielmente o Senhor, então Yahweh abençoará. Embora o pecado de Davi, apesar de facilmente notado,sua humildade e seu amor para com Deus fazem dele o rei

idealizado. Ele luta por Yahweh e derrota todos os Seus inimigos. Ele é o rei-pastor que está disposto a dar sua vida por suas ovelhas. Apesar dos livros de Samuel terminarem sem a vinda do reino escatológico, há esperança porque há um rei em Judá.

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2 Bateman IV, Herbert W., Darrell L. Bock, Gordon H. Johnston. Jesus The Messiah: Tracing The Promises, Expectations, And Coming of Israel’s King [Jesus, o Messias: Traçando as Promessas, Expectativas e a Vinda do Rei de Israel]. (Grand Rapids, Michigan, EUA: Kregel Academic, 2012), 45.

3 Ibid, 53.

4 House, Old Testament Theology, 233.

5 Dempster, Stephen G. Dominion e Dynasty: A Theology of the Hebrew Bible [Domínio e Dinastia: Uma Teologia da Bíblia Hebraica] (Downers Grove, Illinois, EUA: InterVarsity Press, 2003), 135.

6 Stephen G. Dempster em seu artigo The Servant of the Lord [O Servo do Senhor] in Scott J. Hafemann e Paul R. House, eds. Central Themes in Biblical Theology: Mapping Unity in Diversity [Temas Centrais da Teologia Bíblica: Mapeando a Unidade na

Diversidade] (Grand Rapids, Michigan, EUA: Baker Academic, 2007), 148. 7 Dempster, Dominion and Dynasty, 137-138.

8 House, Old Testament Theology, 234. 9 Ibid, 234.

10 Ibid, 235.

11 Hafemann and House, Central Themes in Biblical Theology, 150. 12 Dempster, Dominion and Dynasty, 139.

13 Beale, G. K. A New Testament Biblical Theology: The Unfolding of the Old Testament in the New [Uma Teologia Bíblica do Novo Testamento: O Desdobramento do Antigo Testamento no Novo]. (Grand Rapids, Michigan, EUA: Baker Academic, 2011), 71-72. 14 Bateman IV, Jesus The Messiah, 62.

15 Dempster, Dominion and Dynasty, 143. 16 Ibid,145.

17 Ibid, 146.

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19 Dempster, Dominion and Dynasty, 144. 20 Ibid, 139-140.

21 Boyd, Gregory A. God at War: The Bible & Spiritual Conflict. (Downers Grove, Illionois, EUA: IVP Academic, 1997), 134-135.

22 Satterthwaite, Philip E., Richard S. Hess, Gordon J. Wenham. The Lord’s Anointed: Interpretation of Old Testament Messianic Texts [O Ungido do Senhor: Uma

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