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HOWIE e os OUTSIDERS: A ESCOLA DE CHICAGO E OS ESTUDOS DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL. Aluno: Leonardo Janeiro Funari Di Lucia. Orientadora: Adriana Braga

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Academic year: 2021

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HOWIE e os OUTSIDERS:

A ESCOLA DE CHICAGO E OS ESTUDOS DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL

Aluno: Leonardo Janeiro Funari Di Lucia Orientadora: Adriana Braga

O objetivo desta etapa do projeto foi investigar os principais elementos teóricos da chamada “Escola Sociológica de Chicago” e sua apropriação pelos estudos de Comunicação no Brasil, em perspectiva histórica. Trata-se de uma aproximação a este campo teórico, investigada a partir do relato (obtido em entrevistas e análise bibliográfica) sobre a dispersão desta vertente teórica pela obra dos/as autores/as que se dedicaram a pesquisas nesta perspectiva, no campo da Comunicação e em áreas afins, como a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia, onde esta perspectiva se desenvolveu de modo concomitante. Nossa intenção é trazer para o campo acadêmico da Comunicação no Brasil um painel teórico, metodológico e histórico amplo, que permita acercar-se deste campo teórico como uma referência para estudos mais aprofundados.

A produção teórica da chamada Escola de Chicago tem sido considerada uma vertente disciplinarmente ligada à sociologia norte-americana. Seus traços mais distintivos seriam a) a ênfase metodológica na pesquisa empírica – etnográfica, em particular; b) o foco na análise de situações sociais particulares (também chamada de ‘microssociologia’); e c) a exploração do fenômeno urbano como campo de pesquisa preferencial. Teoricamente, a perspectiva de Chicago fundamenta-se no chamado ‘pragmatismo norte-americano’ do final do século XIX, notadamente na filosofia de William James, John Dewey, George Herbert Mead e Charles S. Peirce, bem como na ‘sociologia formal’ de Georg Simmel, ou seja, um campo teórico multidisciplinar desde suas origens. Para além da importância e da pertinência da Escola de Chicago para o pensamento social contemporâneo, este projeto busca ressaltar, entre as várias aplicações desta perspectiva teórico-metodológica, a análise de práticas midiáticas, a

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partir de textos clássicos desta escola, bem como uma história de sua apropriação pelos estudos de Comunicação no Brasil.

Em termos metodológicos, esta pesquisa envolveu a realização de entrevistas, análise bibliográfica e a produção de um filme documentário. Foram entrevistados/as pesquisadores/as do Brasil e do exterior envolvidos/as com a difusão e reorientação do pensamento teórico de Chicago no contexto acadêmico brasileiro, além da análise bibliográfica das linhagens teóricas decorrentes do trabalho destes/as pesquisadores, em teses, dissertações, artigos, entrevistas publicadas, trabalhos em congressos e capítulos de livros.

A Escola Sociológica de Chicago, tendo se originado em um contexto de livre trânsito transdisciplinar, e articulando os saberes da semiótica, filosofia, psicologia, antropologia, educação e sociologia, deixou uma forte marca nas ciências sociais contemporâneas, fornecendo um legado que ultrapassa largamente os estreitos limites disciplinares com que até hoje ainda temos que lidar. A ênfase no ponto de vista das pessoas comuns, a concepção de um mundo social resultante de interações sociais de pequena escala e a consideração de que a sociabilidade é muito mais que futilidade, fazem da perspectiva teórico metodológica de Chicago um aporte fundamental para os estudos de comunicação contemporâneos, particularmente no Brasil, país em que a comunicação interpessoal e a sociabilidade desempenham um papel estruturante de toda a sociedade.

Os múltiplos desdobramentos e possibilidades desta perspectiva de pesquisa apontam para seu vigor como estratégia epistemológica nas ciências da comunicação brasileiras, fomentando estudos de comunicação centrados nas pessoas e suas interações, e ao modo como elas, coletivamente, produzem o universo de fenômenos que estudamos.

Em termos metodológicos, esta pesquisa envolve a realização de entrevistas e de análise bibliográfica. Para isso, foram realizadas uma série de atividades. Inicialmente, foi realizada uma formação em pesquisa documental e bibliográfica aos/às estudantes

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participantes da pesquisa, de modo a organizar a produção coletiva de documentos.

Concomitantemente, os/as estudantes envolvidos na produção das entrevistas realizaram treinamento em condução, gravação, transcrição e edição das entrevistas em áudio e vídeo. Foram entrevistados/as cientistas brasileiros e estrangeiros, envolvidos diretamente na difusão do pensamento teórico de Chicago no universo acadêmico brasileiro, tanto no campo acadêmico da Comunicação, quanto em outros campos teóricos afins, como a Antropologia, a Sociologia e a Linguística.

A produção incluiu a realização de um filme-documentário elaborado a partir da gravação das entrevistas, além de estar desenvolvendo o projeto de um livro com a produção bibliográfica do projeto, bem como artigos para apresentação em congressos e publicação em periódicos científicos.

Quanto ao documentário, trata-se de um instrumento fundamental de popularização da produção científica, divulgada por outra mídia que não os artigos de 15 páginas escritos, publicados e lidos somente por cientistas da comunicação. Os artigos serão de fato escritos e publicados, mas não substituem o alcance midiático que um documentário pode ter em oferecer, em linguagem audiovisual, elementos para um debate qualificado em sala de aula. Este produto de pesquisa servirá como instrumento de apoio pedagógico para centenas de faculdades e escolas de comunicação social por todo o país, uma vez que o documentário será disponibilizado gratuitamente pela internet. É importante ressaltar a ausência da perspectiva interacional no ensino da comunicação, apoiada ainda e principalmente no modelo transmissional. Por ser um documentário acadêmico, pode ser negociada a veiculação em canais de TV universitária e pública, além de exibição em congressos e encontros de pesquisadores/as em comunicação.

No que se segue, apresentaremos uma síntese do trabalho realizado, além de uma listagem da produção bibliográfica resultante.

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A coleta de materiais sobre a Escola de Chicago

A cidade de Chicago nos anos 1930, época de Al Capone e da Lei Seca, era um palco privilegiado para interessados em observar o comportamento e as regras que regiam a convivência numa metrópole cercada de guetos de imigrantes localizada em um país devastado pela crise econômica. Neste cenário, foi iniciada uma revolução que marcaria a história da pesquisa etnográfica.

Entre 1920 e 1950, a Universidade de Chicago dominou a cena acadêmica norte-americana com estudos pioneiros sobre aspectos particulares presentes na metrópole multicultural. Para ilustrar a narrativa sobre os principais trabalhos sociológicos da Escola de Chicago foram pesquisadas as obras dos seguintes autores: Robert Ezra Park, William Isaac Thomas, Everett Hughes, John Dewey, George Herbert Mead, Herbert Blumer, William Lloyd Warner, Gregory Bateson, Howard Becker e Erving Goffman, de diferentes gerações e com contribuições diversas ligadas à tradição etnográfica.

Visando compor uma base de dados bibliométrica acerca das origens, presença e desenvolvimento daquela perspectiva analítica no campo das ciências da Comunicação no Brasil, foram feitas buscas em bases de dados de periódicos e anais de eventos da área nos últimos vinte anos, e reunidos materiais audiovisuais dos dez autores citados. A busca pela Internet levou a textos de periódicos, imagens de publicações, e outros registros de fotos de diferentes fases da vida dos autores, bem como capas de livros, vídeos e trechos de filme, além de fotos e registros cinematográficos da cidade de Chicago. No campo da Comunicação no Brasil, a presença da Escola de Chicago mostra-se mais vigorosa em campos teóricos ligados ao Pragmatismo norte-americano, particularmente à semiótica de orientação peirceana. Há também uma presença expressiva de literatura ligada a esta tradição escolar nos trabalhos de Recepção com fundamentação etnográfica, bem como em pesquisas de interface sócio-antropológica.

Foram encontrados estudos sobre imigrantes com direito a mapas ou trabalhos específicos sobre a imprensa da época, temas evocando relações com outros campos de conhecimento como a filosofia, psicologia e dramaturgia, ou o estudo de outros guetos

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da cidade. Os autores citados tiveram contribuições importantes, olhares sobre a diversidade das metrópoles. Entre os materiais coletados estão filmes de Gregory Bateson e Margaret Mead gravados quando faziam trabalho sobre tribos na Nova Guiné, vídeo de palestras de Howard Becker, matérias dos jornais The New York Times e Chicago Tribune.

No caso de trechos de documentários encontrados na Internet, foram buscadas as referências originais das obras. No caso de imagens, foi verificado o tipo de licença para a utilização do arquivo. A metodologia incluiu, além do desenvolvimento de maneiras de busca mais específicas em arquivos da Internet, a organização do material de forma a facilitar a identificação e o uso dos mesmos. Quanto a registros da cidade de Chicago, fontes como o site Chicago Film Archives e o Tumblr Old-Chicago, por exemplo, fornecem pequenos filmes e fotos antigas do lugar. Além disso, importantes filmes que retratam a história da época, sobre o gângster Al Capone e a Lei Seca, também foram consultados.

Durante o levantamento do material, houve dificuldade de encontrar uma fonte dedicada a resgatar a memória desses trabalhos com traços em comum. Os arquivos da Universidade de Chicago disponíveis em endereço eletrônico não dão conta de disponibilizar acervo que remeta à representação dessas gerações de pensadores. Em consequência, foi necessária uma pesquisa na própria biblioteca da Universidade de Chicago, agendada previamente, de modo a obter informações em uma base documental de primeira mão.

Por fim, por meio da coleta e sistematização de dados audiovisuais, textuais e de entrevistas com pesquisadores vinculados a esta tradição, está em produção um filme documentário acerca das origens e desenvolvimento do pensamento chicagoano nas Ciências da Comunicação no Brasil. Utilizando a técnica de pesquisa documental, bibliométrica, realização de entrevistas e produção de um filme documentário, refletir sobre a influência desta matriz teórica nas ciências da comunicação, além de identificar sua influência em trabalhos recentes que fazem novas leituras e versões das obras, além

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de incentivar o fomento a estudos de comunicação centrados nas pessoas e suas interações.

Publicações no período 2017-2018

a) Artigos completos publicados em periódicos

1. BRAGA, Adriana A. Em busca do peso perdido: a institucionalização de demandas culturais nos Vigilantes do Peso. RECIIS. Revista Eletrônica de Comunicação,

Informação & Inovação em Saúde, v.11, p.1-10. Rio de Janeiro, Fiocruz, 2017.

2. BRAGA, Adriana A.; LOGAN, Robert K. The Emperor of Strong AI has no Clothes: Limits to Artificial Intelligence. MDPI Information, v.8, p.156, 2017.

b) Capítulo de livro

1. BRAGA, Adriana A.; LOGAN, Robert K. Communication, Information and

Pragmatics. In: Mehdi Khosrow-Pour. (Org.). Encyclopedia of Information Science and Technology. 4ed.Pennsylvania: IGI Global, 2017, v.8 p. 588-601.

2. BRAGA, A. Deception, Terror, Interaction and Social Media in Brazil. In Deception and Spreading of Spurious Content on Social Media. Pennsylvania, IGI Global, 2019 (no prelo).

3. BRAGA, A.; LOGAN, R. The Singularity Hoax: Why Computers Will Never Be More Intelligent than Humans. In: HOFKIRCHNER, W. (ed.) Transhumanism. Berlin, 2019 (no prelo).

c) Artigos aceitos para publicação

1. BRAGA, A.; CHAVES, M. Metafísica e Metáforas da Inteligência Artificial. In: Revista Crítica de Ciências Sociais RCCS. Lisboa, 2019.

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d) Trabalhos publicados em anais de congressos

1. BRAGA, A. A. Social uses of smartphone in Brazil. In: The 19th Annual

Conventionof the Media Ecology Association - Sense of Time, Space and Place, 2018, Orono. Sense of Time, Space and Place. Orono, 2018. v. 1.

2. BRAGA, A. A. Mobile Guerrilla II: Subversive uses of Smartphones in Brazil. In: XIV Congress of Brazilian Studies Association, 2018, Rio de Janeiro. XIV Congress BRASA, 2018.

3. BRAGA, A.; GASTALDO, E. Pertencimento como categoria analítica:

etnometodologia para o estudo da comunicação. 27o. Encontro Anual da COMPÓS. Belo Horizonte, junho, 2018.

4. BRAGA, Adriana. Metaphysics of Artificial Intelligence. In: 18o. Annual Meeting of Media Ecology Association. San Francisco, 2017.

5. BRAGA, Adriana, LOGAN, Robert K. The Emperor of Strong AI has no Clothes: Limits to Artificial Intelligence. In: ISSSA Annual Meeting. Viena, Áustria, 2017.

Referências

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