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Atitudes em relação à escola e a si próprio em alunos de contextos familiares diferenciados *

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Academic year: 2021

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Atitudes em relação à escola e a si próprio em alunos de contextos

familiares diferenciados

* Mari Abreu Feliciano Veiga Júlia Antunes Antónia Ferreira

Resumo. Este estudo procurou saber até que ponto as atitudes dos alunos face à escola e a si próprios dependem dos contextos familiares e se relacionam entre si. O estudo incluiu uma amostra de 378 alunos do 4º e do 6º anos de escolaridade e de ambos os géneros. Os instrumentos utilizados foram a escala “Piers-Harris Self-Concept”, a escala de “Estilos Educativos Parentais” e um questionário de “Atitudes face à Escola”. A análise dos resultados permitiu observar relações significativas entre as referidas atitudes e a sua dependência dos contextos familiares dos alunos. Os resultados vão no sentido de investigações congéneres e destacam a ideia de que eventuais programas de activação do desenvolvimento educacional dos alunos deverão centrar-se na ampliação de fontes específicas de apoio, com o envolvimento dos pais, dos irmãos e também dos professores. Palavras-chave. Atitudes face à escola, Atitudes face a si próprio, Autoconceito, Família. Abstract: This study intended to know how the student’s attitudes toward school and themselves depend on the familiar contexts and if they are related. The study included a sample of 378 students of 4th and 6th school years. The used instruments were the “Pier-Harris Children’s Self-Concept Scale”, the scale of “Parental Educative Styles” and a questionnaire of “Attitudes toward school”. The analysis of the results allowed to observe significant relations between the cited attitudes and its dependence of the familiar contexts of the students. The results go in the direction of similar inquiries and detach the idea that eventual programs of promotion of the students’ educational development will have to be centered in the specific sources of support, with the involvement of the parents, of the brothers and also of the teachers.

Keywords. Attitudes toward school, Self-concept, Family.

Embora o interesse pelo estudo da relação entre o autoconceito e variáveis do contexto familiar tenha sido destacado por autores variados (Barros, 1994; Kellerhals, 1992; Musitu e Veiga, 2001; Veiga, 1988), na revisão dos estudos, realizados sobre as variáveis deste estudo, encontraram-se lacunas no conhecimento da relação entre as mesmas, o que conduziu ao presente estudo — de tipo exploratório. Sendo o autoconceito considerado como um dos mais importantes factores de desenvolvimento pessoal e social (Neto, 2004; Veiga, 1996), fará sentido investigar os contextos familiares que lhe estão associados.

Alguns estudos (Antunes, 1995; Veiga, 1988, 2001) encontraram uma importante relação entre o autoconceito e a percepção de apoio parental. Falta, no entanto, saber até que ponto a percepção de apoio parental poderá funcionar como amortecedor dos efeitos de contextos familiares adversos, no autoconceito. A troca de informação entre a escola e a família ajuda as famílias na activação educacional dos filhos e as escolas a compreenderem os interesses e os talentos dos alunos (Barros, 1994; Neto, 2004; Veiga,

* Abreu, M., Veiga, F. H., Antunes, J., & Ferreira, A. (2006). Atitudes em relação à escola e a si próprio em alunos de contextos familiares diferenciados. In Tavares et al. Orgs. Activação do Desenvolvimento Psicológico: Actas do Simpósio Internacional (pp. 194-200). Aveiro: Universidade de Aveiro

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2001). A relação entre a autoridade familiar, o desenvolvimento e a adaptação social dos filhos tem sido investigada por vários estudos (Barros, 1994; Elder, 1965; Veiga, 1993b, 2001). Num estudo sobre as percepções dos jovens acerca da disciplina dos pais (Elder, 1965), encontraram-se 3 categorias de pais: autocráticos, democráticos e permissivos. Num estudo longitudinal realizado por Baumring (1983), observou-se que as práticas educativas utilizadas pelos progenitores permanecem relativamente estáveis com o tempo (pouco alteráveis ao longo do desenvolvimento dos filhos). No estudo de Baumring, as práticas educativas distribuíram-se pelas 4 categorias seguintes: autoritárias, democráticas, permissivas e inconsistentes. Em anteriores estudos, encontrou-se que os alunos que percepcionam o pai como compreensivo apresentam níveis de autoconceito no PHCSCS superior ao daqueles que classificam o pai como autoritário (Veiga, 1993b). Semelhante ocorrência foi encontrada no que respeita à mãe (Veiga, 1993a), nos factores do PHCSCS, exceptuando as dimensões aparência física e popularidade. Outros estudos (Veiga, 1996) permitiram observar a variação do autoconceito com uma importante variável de tipo familiar, o nível sócio-económico (NSE), apresentando-se superior nos sujeitos de NSE alto que médio e maior nestes que nos de NSE baixo. Antes de apresentação da metodologia, especifique-se o conceito de atitude, que continua a não beneficiar de consenso quanto à sua definição (Ajzen & Fishbein, 1980; Candeias, 1997; Lima, 1993). Em termos gerais, a atitude pode ser definida como uma predisposição geral para a acção, como uma tendência para responder, de uma forma positiva ou negativa, a um objecto, pessoa ou situação. O conceito de atitudes face a si próprio foi considerado, no presente estudo, como sinónimo de autoconceito. Com base nos elementos teóricos revistos, o estudo agora apresentado teve como objectivo geral procurar saber até que ponto as atitudes dos alunos face à escola e a si próprios dependem dos seus contextos familiares e se relacionam entre si. Apresenta-se a metodologia seguida.

Metodologia

Passa-se, de seguida, à descrição da metodologia utilizada para o efeito, com a formulação das questões de estudo que orientam o desenvolvimento do trabalho, a caracterização da amostra e a identificação dos instrumentos de avaliação utilizados.

Questões de estudo

Atendendo aos objectivos do estudo, foram formuladas as seguintes questões de estudo: 1ª - Será que existem relações significativas entre o autoconceito e as variáveis do contexto familiar? 2ª - Existirão relações significativas entre as atitudes face à escola e o contexto familiar? 3ª - Como se relacionam as variáveis autoconceito e atitudes face à escola?

Amostra e procedimento

O estudo incluiu uma amostra de 378 alunos do 4º e do 6º anos de escolaridade, de ambos os sexos e de escolas da área da Grande Lisboa. Para levar a cabo o trabalho, pediu-se autorização aos Conselhos Executivos e aos professores. Registou-se uma boa colaboração, tendo os professores referido alguma dificuldade no preenchimento dos questionários junto dos alunos do 4º ano de escolaridade.

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Instrumentos

O inquérito global passado aos alunos ficou constituído por duas partes: a primeira referente aos dados pessoais e a segunda composta pelos seguintes instrumentos específicos: o Piers-Harris Children’s Self-Concept Scale (PHCSCS), retirado de Veiga (1996); a Escala de Estilos Educativos Parentais, retirada de Barros (1994); e o Questionário de Atitudes face à Escola, retirado de Candeias (1997). Refira-se que o inquérito utilizado incluiu perguntas específicas para avaliar as variáveis: número de reprovações, percepção de apoio dos professores, coesão familiar (divórcio, separação), nível de instrução familiar (habilitações do pai e da mãe), amizade dos irmãos, tempo de exposição à televisão, o gosto por ver temas agressivos na televisão, e ainda a prática de uma religião. O nível de instrução familiar foi determinado com base na média das habilitações escolares do pai e da mãe, formando dois grupos: nível baixo (média das habilitações de ambos os pais inferior ao 9º ano) e nível médio/alto (média das habilitações igual ou superior ao 9º ano).

Resultados

Procede-se à apresentação dos resultados acerca da relação entre o autoconceito e as variáveis familiares, depois acerca da relação entre as atitudes face à escola e as variáveis familiares e, finalmente, acerca da relação entre o autoconceito e as atitudes face à escola. No Quadro 1, surgem os coeficientes de correlação entre as dimensões do autoconceito e os estilos educativos parentais, nas suas dimensões estilo para a autonomia e estilo para o amor. Quer o estilo educativo para a autonomia quer o estilo para o amor favorecem significativamente o desenvolvimento do autoconceito, em todas as suas dimensões, com destaque para o estatuto intelectual (p<0.01) e o aspecto comportamental (p<0.01). A ansiedade aparece, como esperado, negativamente relacionada.

Quadro 1 - Coeficientes de correlação entre as dimensões do autoconceito e os estilos educativos parentais.

Autonomia Amor AC 0,2300 ** 0,3665 ** NA - 0,1979 ** - 0,1619 ** EI 0,3376 ** 0,3046 ** PO 0,1676 ** 0,3463 ** AF 0,1463 * 0,2164 ** SF 0,1652 ** 0,2081 ** * p<0,05; ** p<0,01

Legenda: AC = aspecto comportamental; AN = ansiedade; EI = estatuto intelectual; PO = popularidade; AF = aparência física; SF = satisfação-felicidade. AUTO = estilo para autonomia; AMOR = estilo para o amor.

No Quadro 2, aparecem as significâncias dos valores de t de Student, indicadoras das oscilações do autoconceito com variáveis do contexto familiar dos alunos, mais especificamente, com: a coesão familiar (pais divorciados versus não divorciados; pais separados versus não separados); o nível de instrução familiar (habilitações escolares da mãe e do pai); e a amizade dos irmãos. Os alunos com pais não divorciados, ou não separados, quando comparados com os respectivos grupos de contraste, apresentam

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níveis superiores de autoconceito nas seguintes dimensões: melhor aspecto comportamental (p<0.05), menor ansiedade (p<0.05), maior popularidade (p<0.05), e também maior satisfação-felicidade (p<0.05). De forma semelhante, acontece com os alunos com nível de instrução familiar mais elevado, e com os alunos que declaram ter a amizade dos seus irmãos; acresce que, nestes dois últimos grupos de alunos, o estatuto intelectual é também mais elevado do que no grupo de alunos com nível de instrução familiar baixo (p<0.05), ou sem a amizade dos irmãos (p<0.01). Destaca-se o peso da amizade dos irmãos no estatuto intelectual (p<0.01), na aparência física (p<0.01) e até na satisfação-felicidade (p<0.01).

Quadro 2 - Significância dos valores de t, encontrados no autoconceito em função das variáveis do contexto familiar.

DIV SEP NIF AE VERTV TVAGRE PRELIG

AC * * * ** * NA * * * * * EI * ** * PO * ** * * * ** AF ** SF * ** ** ** ** * p<0,05; ** p<0,01

Legenda: AC = aspecto comportamental; AN = ansiedade; EI = estatuto intelectual; PO = popularidade; AF = aparência física; SF = satisfação-felicidade. DIV = divórcio; SEP = separação dos pais; NIF = nível de instrução familiar; AE = amizade dos irmãos; VERTV = tempo a ver TV; GTVA = Gosto pela televisão agressiva; PRELIG = praticar uma religião.

O Quadro 2 mostra, ainda, as diferenças estatisticamente significativas no autoconceito em função das variáveis tempo de exposição à televisão (TV), tempo a ver temas agressivos na TV, e prática de uma religião. Quanto à variável tempo de exposição à televisão, pode observar-se que o grupo de alunos que vê mais televisão apresenta superior autoconceito nas seguintes dimensões: estatuto intelectual (p<0.05) e popularidade (p<0.05). Note-se, no entanto, que estas mesmas dimensões do autoconceito são menores nos alunos que declaram passar mais tempo a ver temas agressivos; estes últimos alunos apresentam, ainda, menor aspecto comportamental (p<0.01) e maior ansiedade (p<0.05) que o grupo de alunos que declara passar menos tempo a ver temas agressivos. Uma outra variável aqui considerada foi a "prática de uma religião", tendo-se observado que o grupo de alunos que diz praticar uma religião apresenta alguma superioridade no autoconceito, mas apenas na dimensão denominada aspecto comportamental e já no limiar da significância estatística (p<0.05). A dimensão do autoconceito "aparência física" não oscila com qualquer destas variáveis.

No Quadro 3, aparecem os coeficientes de correlação entre as dimensões das atitudes face à escola e os estilos educativos parentais, autonomia e amor. Observa-se que, das atitudes face à escola consideradas no presente estudo (projectos futuros, relação com os professores, espaço vivenciado, tempo vivenciado, desinteresse pela frequência da escola, relação com os colegas), todas as atitudes variam significativamente, em termos estatísticos, com a maneira como os pais exercem a sua autoridade na relação com os filhos, ou seja, com os seus estilos educativos parentais; quanto melhor for o estilo educativo dos pais para com os filhos mais estes terão atitudes favoráveis para com a escola. No Quadro 4, pode observar-se a significância dos valores de t, nas atitudes face à escola em função de variáveis do contexto familiar, como a coesão familiar, o nível de instrução familiar e, ainda, a amizade dos irmãos.

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Quadro 3 - Coeficientes de correlação entre as atitudes face à escola e os estilos educativos parentais.

Autonomia Amor PF 0,1442 * 0,1742 ** RELP 0,2169 ** 0,1995 ** EVIV 0,1469 * 0,2898 ** TVIV 0,2453 ** 0,3854 ** DESE - 0,3286 ** - 0,2960 ** RELC 0,1537 * 0,2076 ** * p<0.05; ** p<0.01

Legenda: PF = projectos futuros; RELP = relação com os professores; EVIV = espaço vivenciado; TVIV = tempo vivenciado; DESE desinteresse pela frequência da escola; RELC = relação com os colegas. AUTONOMIA = estilo para autonomia; AMOR = estilo para o amor.

Quadro 4 - Significância dos valores de t, encontrados nas atitudes face à escola em função das variáveis do contexto familiar.

DIV SEP NIF AE VERTV TVAGRE PRELIG

PF * * ** ** * ** RELP * * * * ** * EVIV ** ** * TVIV * * ** ** * DESE * * ** RELC * * ** * * ** * * p<0,05; ** p<0,01

Legenda: PF = projectos futuros; RELP = relação com os professores; EVIV = espaço vivenciado; TVIV = tempo vivenciado; DESE desinteresse pela frequência da escola; RELC = relação com os colegas. DIV = divórcio; SEP = separação dos pais; NIF = nível de instrução familiar; AE = amizade dos irmãos; VERTV = tempo a ver TV; GTVA = Gosto pela televisão agressiva; PRELIG = praticar uma religião.

Embora a significância estatística não se apresente elevada (p<0.05), os alunos com pais não divorciados quando comparados com os respectivos grupos de contraste, apresentam em geral melhores atitudes (projectos futuros, relação com os professores, tempo vivenciado, e relação com os colegas); estas mesmas oscilações nas atitudes face à escola acontecem nos alunos cujos pais estão separados, mas, também aqui, já no limiar da significância estatística (p<0.05). Os alunos pertencentes a famílias que apresentam um nível de instrução familiar mais elevado têm, também, superiores atitudes face à escola, em todas as dimensões dessas mesmas atitudes. Isto mesmo acontece com os alunos que declaram ter a amizade de seus irmãos.

No que respeita às variáveis autoconceito e atitudes face à escola, o Quadro 5 permite observar a existência de correlações estatisticamente significativas entre as dimensões do autoconceito e as atitudes face à escola. Observa-se que algumas dimensões do autoconceito (satisfação-felicidade, popularidade, e o aspecto comportamental) se relacionam significativamente com todas as dimensões das atitudes face à escola (projectos futuros, relação com os professores, espaço vivenciado, tempo vivenciado, desinteresse pela frequência da escola, e relação com os colegas).

Destaca-se a dimensão das atitudes face à escola "relação com os professores" como a que mais significativamente se correlaciona com o autoconceito, apresentando em todas as suas dimensões elevados níveis de significância estatística (p<0.01). Como esperado, a ansiedade aparece negativamente relacionada com as atitudes face à escola

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— relação com os professores (p<0.01), espaço vivenciado (p<0.05), tempo vivenciado (p<0.05), e desinteresse pela frequência da escola (p<0.01).

Quadro 5 - Coeficientes de correlação entre as dimensões do autoconceito e as dimensões das atitudes face à escola.

PF RELP EVIV TVIV DESE RELC

AC 0,1417* 0,2012** 0,1762* 0,1969** -0,1683* 0,1884** NA -0,0019 -0,2537** -0,1758* -0,1654* 0,1870** -0,0507 EI 0,1802* 0,2780** 0,1334 0,1034 -0,1593* 0,1797* PO 0,1728* 0,2684** 0,1930** 0,2176** -0,2060** 0,1682* AF 0,0606 0,2089** 0,2061** 0,1934** -0,1100 0,1891** SF 0,2088** 0,2810** 0,2041** 0,2541** -0,2154** 0,1645* * p<0,05; ** p<0,01

Legenda: AC = aspecto comportamental; AN = ansiedade; EI = estatuto intelectual; PO = popularidade; AF = aparência física; SF = satisfação-felicidade. PF = projectos futuros; RELP = relação com os professores; EVIV = espaço vivenciado; DESE desinteresse pela frequência da escola; RELC = relação com os colegas.

Conclusões

Tratando-se de um estudo de tipo exploratório, as informações recolhidas devem, naturalmente, ser encaradas como elementos para novos estudos, e não com uma dimensão conclusiva. As análises realizadas no autoconceito indicam que os alunos com piores contextos familiares (estilos educativos parentais inadequados, fraca coesão familiar, baixo nível de instrução familiar, precária amizade entre irmãos, exposição a programas de violência televisiva) apresentam menores níveis de autoconceito (aspecto comportamental, ansiedade, estatuto intelectual, popularidade, aparência física, e satisfação-felicidade). No que respeita às atitudes face à escola, as análises realizadas indicam que os alunos com piores contextos familiares (estilos educativos parentais inadequados, fraca coesão familiar, baixo nível de instrução familiar, precária amizade entre irmãos, exposição a programas de violência televisiva) apresentam piores atitudes face à escola (projectos futuros, relação com os professores, tempo vivenciado, desinteresse pela frequência da escola, e relação com os colegas). Os alunos com níveis inferiores de atitudes face à escola revelam também níveis inferiores de autoconceito. Os resultados vão no sentido de investigações algo congéneres, que sublinham a relação entre a adequação dos alunos à escola e outras variáveis, como o estilo de educação familiar participativa (Candeias, 1997; Carlson, 1990; Scott et al., 1991), a coesão familiar (Neto, 2004; Noble, 1985; Tschann et al., 1987), a percepção de apoio parental (Antunes, 1995; Candeias, 1997; Veiga, 1996), o nível sócio-económico dos alunos (Farrington, 1989; Marohn, 1992), e o conceito que o indivíduo tem de si próprio (Neto, 2004; Veiga, 1996, 2001).

Os resultados fazem pensar que a ajuda aos alunos deverá, para além do aumento do apoio dos pais, passar pela harmonização das relações entre irmãos. Em termos do significado dos resultados, poderá adiantar-se a ideia de um tipo de intervenção nos pais, encarada como um processo que os conduza ao progressivo abandono dos métodos tradicionais de disciplina e, simultaneamente, à aprendizagem de competências de exercício de autoridade, na valorização da troca de opiniões e da apresentação de argumentos lógicos.

Em suma, os resultados destacam a ideia de que eventuais programas de activação do desenvolvimento educacional dos alunos deverão centrar-se na ampliação das fontes de apoio, incluindo os pais e os irmãos, mas também os professores. No seu trabalho de

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acompanhamento e ajuda, os professores poderão levar os pais dos alunos a atribuírem maior importância ao apoio que os filhos esperam deles, sobretudo nos aspectos destacados na presente investigação: mostrarem interesse pela maneira como correm os seus estudos, considerarem-nos como pessoas inteligentes, com capacidades de sucesso, e serem receptivos aos seus amigos. Mas, se o apoio dos pais é importante, o dos professores também o é. Assim, o presente estudo corrobora e destaca a seguinte ideia: "Se algum dia um alunos vos disser que não aprende por não ter cabeça para a escola, dizei-lhe, por favor, que isso não é verdade e que, se ele quiser, naturalmente com esforço e com suor, um dia poderá até ser tão bom como os melhores" (Veiga, 2001, p. 159). Por último, em posteriores estudos poder-se-ão retomar aspectos com vista a um maior aprofundamento dos resultados e da sua interpretação, quer no âmbito dos instrumentos utilizados quer numa ampliação da amostra dos sujeitos estudados.

Referências

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