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CENTRO UNIVERSITÁRIO DR. LEÃO SAMPAIO UNILEÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS SOUZA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DR. LEÃO SAMPAIO – UNILEÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS SOUZA

O DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE DE BARBALHA E OS PRECEITOS DA SUSTENTABILIDADE

Juazeiro do Norte 2018

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FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS SOUZA

O DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE DE BARBALHA E OS PRECEITOS DA SUSTENTABILIDADE

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Graduação em Direito do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, como requisito para a obtenção do grau de bacharelado em Direito.

Orientador: Prof. Me.: Francisco Willian de Brito Bezerra II.

Juazeiro do Norte 2018

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FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS SOUZA

O DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE DE BARBALHA E OS PRECEITOS DA SUSTENTABILIDADE

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Graduação em Direito do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, como requisito para a obtenção do grau de bacharelado em Direito.

Orientador: Prof. Francisco Willian de Brito Bezerra II.

Data de aprovação: ___/___/___

Banca Examinadora

_______________________________________________ Ms. Francisco Willian de Brito Bezerra II

Orientador R

_______________________________________________ Ms. Francilda Alcantara Mendes

Examinadora)

_______________________________________________ Ms. Alyne Andrelyna Lima Rocha

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Dedico este trabalho, a Deus, por me proporcionar tamanha alegria em concluir este curso, e ao meu amando filho Lucas Bernard dos Santos, por ter paciência e compreensão mesmo sendo tão pequeno, quando todas as vezes que queria brincar comigo, não pude por estar empenhado em concluir o presente trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar o dom da vida e poder fazer parte desse mundo; A minha família por me amparar em todos os obstáculos dessa trajetória para o sucesso; A meus pais por me educar de forma correta, mesmo com poucos recursos e conhecimentos, mostraram-me como proceder diante das dificuldades.

Aos meus professores que com muitos esforços contribuíram para o sucesso da minha vitória. E a todo que contribuíram, direto e indiretamente, para que fosse possível a conclusão destra formação acadêmica.

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RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise sobre o descarte dos resíduos sólidos na cidade de Barbalha diante dos critérios de sustentabilidade definidos pela Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Assim o objetivo geral foi verificar eficácia da lei nº12.305 de 02 de agosto de 2010, no referido município. Para alcançar aos resultados foram utilizados métodos como: visita ao lixão da cidade, análises documentais e bibliográficas. Justifica-se no sentido de que poderá servir de instrumento no intuito de conscientizar a administração pública a promover um ambiente equilibrado para seus munícipes, bem como incentivar o debate entre a população barbalhense sobre a importância da diminuição da produção de resíduos sólidos com a mudança nos hábitos de consumo com a finalidade de se assegurar um meio ambiente equilibrado. Para tanto, é necessário verificar os fatores contributivos para um desenvolvimento sustentável, verificar a existência de diretrizes para a promoção do equilíbrio ecológico e socioeconômico, a fim de garantir um ambiente saudável para as presentes e futuras gerações.

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ABSTRACT

This paper presents an analysis of solid waste disposal in the city of Barbalha, in accordance with the sustainability criteria defined by the National Policy on Solid Waste. Thus, the general objective was to verify the effectiveness of Law No. 12,305 of August 2, 2010, in said municipality. To reach the results were used methods such as: visit to the city dump, documentary and bibliographic analyzes. It justifies is that can serve as an instrument to make public administration aware of the need to promote a balanced environment for its citizens, as well as to stimulate the debate among the people of Barbalha on the importance of reducing solid waste production with the change in consumer habits in order to ensure a balanced environment. To do so, it is necessary to verify the contributory factors for a sustainable development, to verify the existence of guidelines for the promotion of the ecological and socioeconomic balance, in order to guarantee a healthy environment for the present and future generations

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SIGLAS APA - Área de Proteção Ambiental

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CRAS - Centro de Referência e Assistência Social EIA - Estudo de Impacto Ambiental

EPI – Equipamento de Proteção Individual FLONA - Floresta Nacional

HCC - Hospital do Coração do Cariri

HMSVP - Hospital Maternidade são Vicente de Paulo HSA - Hospital Santo Antônio

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas IBK – Indústria de Borracha e calçados Kaiana

IDM - Índice de Desenvolvimento Municipal

IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará KINCCAL- Kaiana Industria de Componentes de Calçados LTDA ONU – Organização das Nações Unidas

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos RCV - Rede de Viação Cearense

RIMA - Relatório de Impacto Ambiental RMC - Região Metropolitana do Cariri

RPPA - Reserva Particular de Proteção Ambiental RS – Resíduo Sólido

SCIDADES - Secretaria das Cidades SEMA - Secretaria do Meio Ambiente

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SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO...12

2 MARCO TEÓRICO CONCEITUAL...15

2.1 MEIO AMBIENTE: CONCEITO E DIMENSÕES...15

2.2 DIREITO AMBIENTAL: PRINCÍPIOS APLICÁVEIS...19

2.2.1 Desenvolvimento Sustentável...20

2.2.2 Solidariedade Intergeracional...22

2.2.3 Prevenção e Precaução...23

2.2.4 Poluidor pagador e Consumidor pagado...25

2.2.5 Protetor recebedor...27 2.3 O MUNICÍPIO DE BARBALHA...29 2.3.1 Histórico...29 2.3.2 Aspecto físico...30 2.3.3 Aspecto sócio-econômico...32 3 RESÍDUOS SÓLIDOS... ...33 3.1 CONCEITO...33

3.2 TRATAMENTO LEGAL ANTERIOR À LEI Nº 12305/2010...35

3.3 TRATAMENTO LEGAL ANTERIOR A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988...36

3.4. A LEI Nº 12305/2010... ...37

3.4.1 Reuso, Reciclagem...39

3.4.2 Logística reversa...40

3.4.3 Os catadores de resíduos sólidos...40

3.4.4 Gestão de resíduos...41

3.4.5 Disposição final: do lixão ao aterro sanitário...43

4 A EFICÁCIA DA LEI 12305/2010 EM BARBALHA-CE...47

4.1 PRODUÇÃO DE RESÍDUOS NO MUNICÍPIO...47

4.2 A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS...49

4.2.1 A logística reversa...51

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4.2.3 A realidade da disposição final...53 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...55

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1 INTRODUÇÃO

O meio ambiente tem enfrentado muitos obstáculos para se manter sustentável. A maioria dos problemas são fruto das condutas humana na sociedade motivado pelo elevado crescimento populacional presente em todo território brasileiro.

Esse crescimento contribui para o surgimento de diversos problemas: sociais, econômicos, urbanos e sobretudo ambientais. É fruto das constantes transformações que o mundo tem sofrido nos últimos séculos. Sobretudo com o surgimento da Revolução Industrial no século XVIII.

Nesse interim, o grande aglomerado de pessoas em um só lugar - devido as grandes migrações de pessoas para os centros industriais a procura de trabalho - deu início a diversos problemas sanitários: com o surgimento de doenças de difícil tratamento pela fata de saneamento básico; e estético: com a mudança na paisagem daquele ambiente fabril e, por fim, desencadeou vários problemas ambientais, com a disposição irregular dos produtos inservíveis fabril/industrial e com a disposição dos resíduos domésticos daquelas pessoas, em qualquer lugar e sem nenhum controle.

A presente pesquisa tem como tema o descarte dos resíduos sólidos (RS) na cidade de Barbalha e os preceitos da sustentabilidade. Desse modo, faz-se necessário elencar algumas características desta urbe.

O município de Barbalha está situada na região do Cariri Cearense, diretamente beneficiada pela encosta úmida da Chapada do Araripe, um oásis em meio à depressão sertaneja semiárida, com relevante riqueza natural protegida por uma série de Unidades de Conservação, sejam elas Federais (FLONA Araripe, APA Chapada do Araripe), Estadual (Parque Estadual do Riacho do Meio), e Particular (RPPN Arajara Park); Que protegem entre outros atributos, características naturais presentes no município como a biodiversidade, paisagens exuberantes, solos ricos, etc. Assim, cabe à população e aos representantes em forma de cooperação, zelar pela preservação dessas áreas naturais.

Diante do exposto, o objetivo geral desta monografia é analisar a eficácia da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei nº12.305 de 02 de agosto de 2010, no plano de sua aplicabilidade no município de Barbalha.

A pesquisa está dividida em três capítulos, estruturados de maneira que possam fomentar as discussões sobre a relevância de pesquisar a eficácia da lei supramencionada no

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plano de sua aplicabilidade, e a relação direta dela com proteção do meio ambiente, para a manutenção da vida na biota, utilizando como parâmetro a sustentabilidade.

No primeiro capítulo é conceituado o meio ambiente e suas dimensões, abordando suas abrangências com as divisões do meio ambiente no seu aspecto natural, artificial, cultural e do trabalho. É elencado os princípios aplicáveis no direito ambiental, conceituando e contextualizando no direito brasileiro. No mesmo capítulo será apresentado o município, trazendo uma abordagem histórica, evidenciando seus aspectos físicos, socioeconômicos e a posteriori, demonstrando suas características naturais.

No segundo capítulo é feito uma análise da PNRS, apresentado as conceituações feita pela lei em relação a reciclagem, a logística reversa, ao reuso e a gestão de resíduos. Demostrado como deve ser feita a disposição dos resíduos sólidos da forma legalmente correta e, por fim, feito a diferenciação do que é aterro sanitário e aterro controlado.

No terceiro e último capítulo, é feito uma análise de como o município de Barbalha realiza o manejo de seus RS e rejeitos domésticos; as medidas empregadas pela administração pública e pela população para atuar em cooperação, ou separadamente, no que tange aos resíduos domésticos; e a existência de práticas sustentável em relação a disposição dos seus resíduos sólidos, com uso das diretrizes para a promoção do equilíbrio ecológico, dispostos na lei supramencionada, a fim de garantir um ambiente saudável para as presentes e futuras gerações.

A realização da presente pesquisa se justifica, a priori, por contribuir para conscientização da administração pública a promover um ambiente equilibrado e livre de contaminação para seus munícipes, e promover uma conscientização da população barbalhense na diminuição da produção de RS, para que seja diminuída a quantidade de lixo que são dispostos nos lixões. Faz-se imprescindível conscientizar a população e fomentar a diminuição da produção dos RS, tendo como princípio base a solidariedade intergeracional.

Importante frisar o uso de técnicas metodológicas utilizadas para fundamentar este trabalho, entre as quais, análise bibliográfica (leis federais, estaduais e municipais, decretos, artigos, livros e revistas eletrônicas) e documental (Carta da Terra, sites governamentais e particulares, páginas de jornais online, sites da prefeitura e câmara municipal de Barbalha) com intuito de verificar a presença das diretrizes adotadas pela cidade no manejo dos RS, bem como para discutir a essência dos princípios ambientais aplicados e aplicáveis na prática.

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Utilizou-se também de técnicas de pesquisa de campo, entre as quais visitas e sua documentação por anotações e fotografias, ao lixão da cidade para compreender como é feita a disposição dos RS, quais os resíduos lá dispostos, se há catadores de resíduos sólidos, e a dimensão da contaminação do espaço escolhido pela administração para o lixão, bem como para verificar a quantidade de lixo diária que é disposto naquele lixão. Após a coleta dos dados foi feito uma análise tendo como parâmetro a PNRS, a fim de qualificar a pesquisa.

Esta pesquisa é de cunho qualitativo, pois ao demonstrar como se efetiva uma norma no plano de sua aplicação prática, buscando parâmetros indicadores da eficácia, estamos diante de uma qualificadora. E com a posterior análise das informações colhidas, foi mostrado resultados positivos e negativos na disposição dos resíduos sólidos da cidade em tela.

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2 MARCO TEÓRICO CONCEITUAL

Neste capítulo, pretende-se apresentar os conceitos mais relevantes para a compreensão desta pesquisa, indicando ao leitor as referências bibliográficas que mais influenciaram na construção do raciocínio do autor. Não se pretende excluir conceitos e linhas de pensamento divergentes, mas apenas apresentar ao leitor o arcabouço teórico que dá sustentação a este trabalho.

2.1 MEIO AMBIENTE: CONCEITO E DIMENSÕES

O conceito de meio ambiente tem gerado divergência doutrinária bastante relevante, pois o termo meio ambiente resta, para muitos, redundante. O que se entende é que a palavra “ambiente” engloba a palavra meio. “Ambiente” significa globo onde se vive os seres humanos, “meio” por sua vez nesse contexto, significa local onde vive os seres vivos, assim “meio” já está integrada nesse globo. Feito essas considerações, para dar ênfase ao um significado novo, mais complexo do que entendia com os termos separados, escolheu utilizar o termo “meio ambiente”. (SILVA, 2010, p.20).

Com o passar do tempo e com o avanço tecnológico e científico, buscou-se a consolidação do conceito de meio ambiente. Entretanto este conceito ainda provoca entendimentos divergentes entre os doutrinadores. Conforme Fabio Roberto Krzysczak, o meio ambiente se apresenta de duas formas:

Em sentido lato, significa lugar, recinto ou sítio dos seres vivos e das coisas. Em sentido estrito, representa a combinação de todas as coisas e fatores externos ao indivíduo ou população de indivíduos, constituídos por seres bióticos e abióticos e suas relações e inter-relações. (KRZYSCZAK, 2016).

Ainda no período pré-constitucional, a lei 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), em seu artigo 3º, inciso I, conceituou meio ambiente de forma ampla, como sendo “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Nessa mesma ideia o doutrinador José Afonso da Silva também conceitua o meio ambiente como sendo “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o

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desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”. Interpretando o texto legal, expõe Fabio Roberto Krzysczak que a legislação pátria não atribuiu expressamente um sentido social ao meio ambiente, mas tendo apresentado um sentido holístico ao termo, expressa a ideia de que os recursos naturais estão integrados como um sistema harmônico interdependente. (KRZYSCZAK, 2016).

Vencidas as tentativas de consolidação conceitual do termo “meio ambiente”, pode-se abstrair o quanto ele é abrangente e como se torna complexo formular um entendimento uno que conceitue o meio ambiente, pois os fatores socioculturais de cada nação, contribuem para a diversidade de conceituações existentes.

Nessa seara, ainda é possível demonstrar a abrangência do termo “meio ambiente” quanto ao seu aspecto natural, artificial, cultural e do trabalho. Entretanto, insta salientar que não é um desmembramento do “conceito” de meio ambiente, pois se assim o fosse, provocaria uma confusão no seu significado real, tendo em vista que o meio ambiente é uno, integrado. Dessa forma é o entendimento do Krzysczak, (2016), quando explica que é necessária essa classificação para evidenciar tamanha abrangência do termo. Senão vejamos:

Quando se fala em classificação do meio ambiente, na verdade não se quer estabelecer divisões separatistas ou estanques do meio ambiente, até porque, se assim fosse, estaríamos restringindo a sua abrangência. Mas para que a sociedade tenha consciência desta abrangência é que se faz tal classificação, ou seja, não estamos pretendendo fazer uma conceituação e divisão do conceito de meio ambiente. Ao contrário, apenas almejamos dizer que as percepções de meio ambiente podem se processar sob os diversos ângulos que o meio admite existir. (KRZYSCZAK, 2016).

Assim, é clara a necessidade de se fazer a classificação do meio ambiente em quatro dimensões, e divergir do censo comum que dá um sentido estrito ao meio ambiente como sendo apenas aquele lugar que reúne os recursos naturais.

De acordo com Pessanha e Rangel, (2017), o meio ambiente no seu aspecto natural, abrange todos os recursos vivos existente na biota, ou seja, a fauna, a flora, a atmosfera, o solo, os recursos hídricos. Assim, verifica-se uma ligação direta com o meio natural. Na mesma ideia está o legislador pré-constitucional quando no art. 3º, inciso V da Lei nº 6.938/81 elenca que “recursos ambientais: [compreende] a atmosfera, as águas interiores, superficiais e

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subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”.(BRASIL, 1981, grifo nosso).

O constituinte também elencou essa característica natural do ambiente e a necessária proteção. Em seu art. 225, caput, senão vejamos:

CF/88, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988).

Assim, é de fácil verificação o meio ambiente natural, pois ele engloba tudo que é essencial para a vida e sobrevida na terra, partindo de uma gota d’agua ao ar respirável, reunindo todos os recursos naturais.

Prosseguindo, o meio ambiente artificial compreende todas as edificações e transformações externas dos espaços sociais, a fim de encontrar uma adequada sociabilidade do ambiente onde o homem integra e interagem com os recursos naturais. A título de exemplo tem-se as igrejas, praças, construções arquitetônicas, entre outras. Nestem-se esteio, o ambiente artificial não se restringe a espaços urbanos apenas, são também todas as mudanças feitas nos espaços rurais a fim de adequá-lo ao usufruto do homem. (SIRVINSKAS, 2015, p. 759).

A problemática apresentada nos espaços artificiais é a enorme aglomeração de casas, edifícios e outras construções arquitetônicas, bem como o crescimento desordenado das cidades, apagando os traços naturais do ambiente onde se instalam. Ademais, fomenta uma necessidade de regulamentação urbanística para frear as causas das desordenadas modificações. (Sirvinskas, 2015, p. 759). Causas estas que se exemplificam como: a escassez dos recursos naturais, o desmatamento (para as áreas rurais), e a poluição do espaço natural, causado pelo descarte dos materiais inservíveis (lixo).

Por sua vez, o meio ambiente Cultural é aquele que demonstra a identidade construída pelas ações do homem no seu espaço natural, ou seja, aquilo que lhe caracteriza no seu espaço são os valores agregados às coisas no sentido artístico, paisagístico ecológico e científico, podendo ser material ou imaterial.

De acordo com Sirvinskas (2015, p. 735), o meio ambiente cultural é um dos desdobramentos do meio ambiente protegido e pela Constituição Federal em vigor. Consoante

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o artigo 216 da Carta Maior, o patrimônio cultural de um povo, as obras, as artes e tudo aquilo que faz referência a identidade de diferentes grupos que formam a sociedade brasileira, é o que se tem como meio ambiente cultural. (BRASIL, 1988).

CF/88, Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I — As formas de expressão;

II — Os modos de criar, fazer e viver;

III — as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV — As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V — Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico (BRASIL, 1988).

Entretanto, em todo esse material não há uma divisão valorativa entre eles, basta que tenha nexo vinculante entre o feito e a identidade do povo que o representa, ou seja, guarda relação direta com a identidade, com a memória e os costumes de diferentes povos. (FIORILLO, 2011, p. 408).

Por fim, tem-se o meio ambiente laboral, que está associado ao ambiente onde se desenvolvem as atividades profissionais, tudo aquilo que contribui para um ambiente agradável, somado com fatores protetivos ao homem (SIRVINSKAS, 2015, p. 127-128). Desta feita, “todos têm direito a um meio ambiente do trabalho que proteja à saúde, tendo como base a salubridade e a ausência de agentes comprometedores da integridade físico-psíquica dos trabalhadores” (FIORILLO, 2012, p. 77). No meio ambiente laboral, os indivíduos estão diretamente lançados aos agentes patogênicos dos locais insalubres, muitas vezes causado pela própria função, como são os mineradores que, diuturnamente, estão em contato com minerais causadores de mutações celular (LEFFA e ANDRADE, 2009), bem como os profissionais da saúde que também convivem com todo tipo de microrganismos causadores de doenças no seu ambiente de trabalho (CUSTÓDIO et al, 2012).

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CF/88, Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

[...]

VIII — colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. (BRASIL, 1988).

E acrescenta mais uma garantia de um ambiente livre de danos ao trabalhador no seu ambiente laboral. Conforme o exposto no art. 7º, inciso XXIII, da Constituição Cidadã, busca-se dirimir os riscos prebusca-sentes no debusca-senvolvimento do trabalho, tanto urbano, quanto rural por intermédio de normas de saúde, higiene e segurança (BRASIL, 1988). O direito regulador do meio ambiente do trabalho deve promover um lugar digno para a realização das atividades profissionais ou não, e que as pessoas ali presentes não sofram nenhum prejuízo na sua saúde.

2.2 DIREITO AMBIENTAL: PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

Os princípios são formas basilares de cada ciência. Caracterizando-as como autônomas ou não, são assim ciências autônomas aquelas que possuem princípios específicos e exclusivos que demonstrem sua autonomia científica. Princípio, como explica Édis Milaré, (2015, p. 257) “é aquilo que vem primeiro[...] designando início, começo, ponto de partida”. Assim, os princípios são formas enraizadas de comandos que servem para embasar proposições futuras.

Existem princípios que, por sua abrangência e generalidade fundamentam várias ciências afins. Desse modo, pode parecer que um ou outro princípio esteja mal aplicado, mas em se tratando de normatização ambiental, é sabido que há aplicação tanto dos princípios específicos como também princípios gerais positivados. (MILARÉ, 2015).

Nessa mesma ideia está Rebeca Ferreira Brasil:

Assim, para que o Direito Ambiental tenha aplicabilidade e efetividade, é de capital importância que, além da ciência das leis e das demais legislações ambientais, sejam do senso comum seus princípios fundamentais, pois são estes as normas de valor genérico que orientarão sua compreensão, aplicação e integração ao sistema jurídico como um todo, estando tais princípios positivados ou não. (BRASIL, 2018).

Portanto, verifica-se que a principiologia, na formação básica de uma norma, contribui para sua solidez no ordenamento jurídico pátrio e, em segundo plano, reforça a compreensão e

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efetividade na aplicação daquela norma. De outro modo, harmoniza a temática geradora da norma e dá sentido ao comando normativo sistêmico.

2.2.1. Desenvolvimento Sustentável

O crescimento tecnológico e científico é uma característica bastante expressiva nos países em desenvolvimento. Abster-se de ciência e tecnologia é renunciar o desenvolvimento. Mas para que o desenvolvimento aconteça de modo dinâmico, é necessário que se utilize nuanças básicas de controle ambiental e combate a escassez dos recursos naturais, pois, se assim não acontecer, será quebrada a cadeia desenvolvimentista das sociedades e, consequentemente, as chances de prosperidade das gerações atuais, bem como das futuras. Entende Antunes (2015), que esse desenvolvimento deve sempre acontecer sistematizado, para que não destrua a prosperidade das gerações futuras.

Por outro lado, essa sede por desenvolvimento das sociedades atuais, contribui para a maior parte dos problemas ambientais que hoje estão em evidência. Assim, corrobora o entendimento de Viveiros, E.P et al. (2015), quando reforça que “a tecnologia tem sido utilizada de forma destrutiva para a natureza, colocando em risco a sobrevivência da espécie humana no planeta”. Percebe-se, portanto, que não há controle ambiental eficaz, e a educação ambiental hoje utilizada nas instituições educacionais, não gera o abalo esperado na diminuição dos problemas ambientais.

O princípio em tela encontra suas vertentes na Carta Maior vigente, em seu artigo 170, caput e inciso VI.

CF/88, Art. 170. “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: IV - Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; ” (BRASIL, 1988).

O constituinte buscou garantir a sadia qualidade de vida dos povos presentes e vindouros, pois eles também têm o direito de viver com qualidade e se desenvolverem. Pois, conforme Rodrigues (2016), “é inata do ser humano a ideia de desenvolver-se, aumentar-se e expandir-se, seja no aspecto social, econômico, filosófico ou moral”.

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Desta feita, verifica-se que há uma preocupação do legislador constituinte em garantir o ambiente como um todo, sobretudo nas quatro dimensões presentadas supra, e o princípio apresentado se faz constar em todo texto que se refere ao meio ambiente de uso comum, bem como em outro que se obrigou a positivar o direito do desenvolvimento ambiental.

Conforme preceitua a jurista Meirilane Santana Nascimento, é necessário a união dos três pilares da sustentabilidade, a fim de garantir um equilíbrio entre o ser humano e a mãe natureza, senão vejamos:

Para um efetivo desenvolvimento sustentável devemos ver o mundo de forma holística, do todo às partes, devendo analisar os fatores ambientais, biológicos, econômicos, físicos e culturais. Só uma visão agregada permitirá a busca eficaz de uma sociedade sustentável. Para isso, devemos ver a sociedade pelos três pilares: crescimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental. Estes devem ser entendidos conjuntamente, para chegarmos num ponto de equilíbrio harmônico entre o homem e a natureza. (NASCIMENTO, 2009).

Nesse contexto, pode-se afirmar que desenvolvimento sustentável é a evolução das práticas costumeiras ou a criação de novas condutas de crescimento coordenado, utilizando parâmetros que preserve o meio onde se vive, para que não promova a escassez dos recursos naturais. Não é vedado o desenvolvimento, mas sim as práticas ou ideias que contribuam com a degradação do meio ambiente de uso comum. Esse desenvolvimento sustentável é firmado no tripé social, ambiental e econômico (Sirvinskas 2017). Desta feita, não há como evoluir um dos pilares e involuir outro, pois existe um nexo entre eles, tal é a característica do tripé.

O conceito legal do princípio supra enunciado, apesar de não vir nominado, está expressamente designado na lei nº 6.938/81 (lei da PNMA) em seu art. 2º:

PNMA, art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. (BRASIL, 1981).

Dando continuidade, no seu art. 4º inciso I, “A Política Nacional do Meio Ambiente visará à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico”. Na declaração do RIO/92, no seu princípio n° 4, "Para se alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada

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isoladamente em relação a ele". (BRASIL, 1992).

Desse modo, o desenvolvimento sustentável visa, a priori, garantir a vida na terra, em um sentido holístico, a existência duradoura dos recursos naturais, da fauna, da flora, de recursos renováveis e não renováveis, e consequentemente, do homem que os destrói. Promove o uso controlado daqueles recursos naturais, pela sociedade que caminha em busca de evolução e desenvolvimento, a fim de garantir para seus sucessores, a mesma chance de crescimento coordenado, como forma digna de vida para a humanidade. (NASCIMENTO, 2009).

Esse princípio, por estar diretamente relacionado com os interesses econômico da sociedade de consumo, desenvolve papel importante na tentativa de barra o uso desordenado dos recursos naturais comuns. É com esse princípio que a legislação ambiental se entrelaça para intervir na conduta irracional da sociedade capitalista. Esse capitalismo tem custado caro para o meio ambiente, pois este é o principal afetado na cadeia produtiva da tal sociedade. O mesmo capitalismo também prega o consumo desenfreado, sem olhar para o futuro da nação. (NASCIMENTO, 2009).

2.2.2. Solidariedade Intergeracional

A solidariedade intergeracional previne escassez dos recursos renováveis e não renováveis para usufruto das gerações vindouras, promovendo o uso sustentável em todas as esferas, fomentando a solidariedade entre as gerações para a manutenção da vida na biota. Conforme entendimento corroborado por Kölling, Massaú e Daros (2016), este princípio encontra sua base na constituição federal vigente, como o princípio da dignidade humana expressamente elencado no artigo 1º, inciso III da Carta Maior.

A solidez do princípio em questão, está compreendida na relação do homem com o espaço em que vive, na sua procura pelo bem-estar por meio do regular usufruto dos recursos presentes naquele espaço, de modo que garanta a manutenção da biodiversidade. Tudo isso é tido como o núcleo do princípio da solidariedade intergeracional. É sabido que numa sociedade moderna não há mais aquela valoração Duckheimiana do homem pelo que ele é, pelo seu papel na sociedade, mas sim pelo trabalho, desse modo, “diante da anomia, como dissolução dos laços sociais, em que a divisão do trabalho não resulta em uma solidariedade positiva, não se forma uma unidade do corpo social”, Kölling, Massaú e Daros (2016). Isso tem gerado a necessidade

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de garantia dos recursos que são comuns (sociais) e não individuais. Assim é o entendimento de Kölling, Massaú e Daros (2016).

Na sociedade moderna, os vínculos sociais constituem-se na divisão do trabalho, por conseguinte a complementaridade das funções decorrentes da divisão do trabalho proporciona uma coesão fundamentada na diferença entre os indivíduos, já não mais na igualdade. Com isso, os indivíduos se encontram autônomos perante os demais e, por consequência, adquirem uma consciência individual. (KÖLLING, MASSAÚ E DAROS, 2016).

Nessa nova forma de mundo, chamado por muitos de neocostitucional, tal princípio tem a maior importância, pois busca explicar e solucionar os acontecimentos e problemas, causados muitas vezes pelas atitudes individualistas da contemporaneidade, da mesma forma que faz a doutrina neoconstitucionalista. Assim, sua aplicabilidade não se vincula a qualquer norma positivada comum, mas está relacionado a um posicionamento acerca das ciências humanas. (BARROSO, 2010).

Feitas tais considerações, a solidariedade intergeracional é responsável pelo compromisso entre as gerações e com o meio ambiente em todos os seus desdobramentos, pois se obrigou a promover de forma específica, a garantia expressa, de forma geral, na Constituição Federal.

2.2.3. Prevenção e Precaução

Todas as transformações feitas no meio ambiente devem ser observadas à luz do princípio da prevenção e da precaução, pois sempre existem riscos de danos quando se utiliza o meio ambiente natural para a construção do meio ambiente artificial, e, geralmente esses danos são irreversíveis. Assim, prevenir é sempre melhor que tentar corrigir o dano. A legislação brasileira nessa seara tem positivado o princípio em tela desde antes da constituição de 1988, na lei que instituiu a PNMA, qual seja, a lei nº 6938/ 81, no seu art. 2º e 9º, que demonstram a importância em observar tais princípios e a exigência de um licenciamento ambiental, nesta ordem. (PIÑEIRO, 2014).

Desse modo, o principio hora em comento está diretamente relacionado com a hipótese da existência de riscos inerentes aos fatores que modificam o meio ambiente. Para evidenciar essa ligação e exemplificar a eficácia dos princípios em tela, tem-se o julgado do Tribunal de Justiça do Mato Grosso - TJ-MT:

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AGRAVO DE INSTRUMENTO - IMPLANTAÇÃO DE PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA (PCH) - DISPENSA DE PRÉVIO EIA/RIMA - IMPOSSIBILIDADE - SUSPENSÃO DE TODA E QUALQUER ATIVIDADE - APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO - FUNDADO RECEIO DE DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO AO MEIO AMBIENTE. Imperativa é a suspensão de toda e qualquer obra destinada à implantação de pequena central hidrelétrica (PCH) até a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e consequente Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). A Constituição da República Federativa do Brasil consagra o princípio da prevenção, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. Há, portanto, a exigência de observância de todos os passos previstos no ordenamento jurídico, mormente o do comando Constitucional (art. 225, § 1º, IV) e o da Legislação Infraconstitucional, com destaque para a Lei nº 6.938/81 (arts. 9º, III e IV; 10, cabeça), o Decreto nº 99.274/90 e as Resoluções do CONAMA, notadamente as de nº 1/86 e 237/97. Recurso provido. (AI 124683/2011, DR. ELINALDO VELOSO GOMES, QUARTA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 14/08/2012, Publicado no DJE 30/08/2012)

(TJ-MT - AI: 00006630520118110026 124683/2011, Relator: DR. ELINALDO VELOSO GOMES, Data de Julgamento: 14/08/2012, QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 30/08/2012).

O agravo de instrumento supracitado demonstra a aplicabilidade do princípio da prevenção e da precaução quando da fundada existência de risco irreversível ao meio ambiente. Neste, há necessidade de comprovação, com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), da não existência de qualquer impacto ambiental que a atividade possa vir a causar.

Prevenção e a precaução possuem conceitos diferentes no direito ambiental, ambos visam prevenir riscos futuros ao meio ambiente, mas vejamos suas peculiaridades em separados.

O princípio da prevenção se apresenta como uma análise dos possíveis perigos ambientais, essa prevenção se relaciona como o perigo concreto, aquele aferido por meio de conhecimento cientifico pré-constituídos. Dessa forma, todas as atividades potencialmente poluidoras devem passar por um detalhado Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e, posteriormente, à prolação do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), para que seja concedida a licença de implantação e funcionamento. Pois com eles se tem, de forma detalhada as possíveis causas impactantes ao meio ambiente. (CARVALHO, 2014).

O princípio da precaução, por seu turno, se caracteriza pela proteção do meio ambiente de riscos em abstrato, ou seja, possível risco não comprovada sua real existência, mas que possivelmente haverá com base nas evidências próprias das ações utilizadas. Nesse esteio,

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entende-se que o princípio da precaução pode ser considerado um princípio autônomo, pois sem a clara evidência da incerteza do dano, ainda pode ser aplicado. Aqui faz necessário a chamada “ética do cuidado” fundada na duvidosa existência do dano, para a proteção do bem de uso comum. (PIÑEIRO, 2014).

Este princípio foi contemplado no princípio 15 da Conferência das Nações Unidas realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992: vulgarmente conhecida como ECO/92,

ECO92, PRIN.15 - Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. (BRASIL, 1992).

Feito tais esclarecimentos, vale salutar, em suma, que a diferença consiste basicamente em prevenir o dano, sendo que a prevenção cuida do perigo claro, concreto, previsível, enquanto a precaução vai além do auferível, pois cuida do risco subjetivo, em abstrato, aqueles que não se podem identificar no primeiro plano. (MIRALÉ, 2015 p.263). O que possuem em comum é a tutela do meio ambiente, garantindo a existência e o “dinamismo funcional evolutivo” (ARONSON, et al., 2011) dessas em prol das futuras gerações. De acordo com Édis Milaré (2015), “ambos são basilares em Direito Ambiental, concernindo à prioridade que deve ser dada às medidas que evitem o nascimento de agressões ao ambiente”, assim pode-se citar como medida o licenciamento ambiental”.

2.2.4. Poluidor pagador e Consumidor pagado

Os antigos acontecimentos históricos do mundo têm influenciado as nações de forma incisiva. Como é o caso da Revolução Industrial por volta do século XVIII, que marcou “[...] a transição da manufatura para a indústria mecânica, gerando o aumento da produção e a ascensão de novas tecnologias, alterou o modo de vida no planeta.” (POTT e ESTRELA, 2017), a pesar de seus valores positivos específicos, como na medicina, quando conseguiram a cura para doenças tidas como incuráveis, contribuiu negativamente para a degradação ambiental, pois o crescente fluxo de pessoas migrando dos seus lugares para os grandes centros industriais em busca de trabalho, sem nenhum controle sanitário, causaram o acúmulo de materiais inservíveis, bem como surgimento vários tipos de doenças. (POTT e ESTRELA, 2017).

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Nesse interim, aumentou-se as contaminações do solo, água ar, pois as indústrias não visavam outra coisa senão crescer, produzir e auferir lucros, nesse contexto a comunidade científica, a população, seus representantes e de todo o mundo começaram a traçar metas para a compensação dos danos causados pelo surgimento da indústria. (POTT e ESTRELA, 2017).

No Brasil, motivado pelo crescente corrente ambientalista que eclodia no mundo todo, viu-se a necessidade de proteção aos recursos naturais. A Lei Federal nº 6938/81, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, como já mencionado supra, explica claramente o conceito do Poluidor-Pagador como “a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados”. (BRASIL, 1981, art. 4º, VII).

Mais tarde, em 1988, o Constituinte elencou a responsabilidade pelo dano causado, em seu artigo 225, no § 2º, “Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”. E ainda acrescenta que “as condutas lesivas ao meio ambiente se sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. Deixando claro que quem polui deve pagar pelo dano cometido ao meio ambiente. (BRASIL, 1988).

Desse modo, o princípio do poluidor pagador visa a compensação pela poluição causada, ou seja, se poluiu deve arcar com as consequências da poluição. De outro modo, visa a internalização dos custos pela recuperação dos danos causado pelo poluidor ao meio ambiente, ou seja, atribuir o custo a atividade potencialmente poluidora. É importante salientar que não se trata de uma sanção punitiva, pois a atividade que gera a poluição é lícita, apenas suas consequências é que traz fatores negativos ao meio ambiente. Também não estamos diante de uma permissão para que se possa poluir, mas sim, como já explanado, direcionar os custos do problema para quem o tenha causado e desviar da sociedade a responsabilidade pelo dano que não cometeu. (CAMARGO E CAMARGO, 2011).

Nas palavras de Karla Karolina Harada Souza:

Essa internalização dos custos das medidas de prevenção e controle de poluição até dos danos que não puderem ser evitados ou mitigados, vinculando o empreendedor ao pagamento destes gastos e passivos, também terá uma dimensão inibitória, haja vista que induzirá uma utilização mais racional dos recursos ambientais (escassos ou abundantes, renováveis ou não-renováveis). (SOUZA, 2014).

Outrossim, para o consumidor pagador, apesar da semelhança com o princípio supracitado, tem suas particularidades. O usuário pagador deve pagar pelo usufruto do bem de

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uso comum. Conforme Édis Milaré (2015), “o pagamento não tem qualquer conotação penal, a menos que o uso adquirido por direito assuma a figura de abuso”, é um pagamento estipulado pelo poder público competente. Dessa forma, o princípio do usuário pagador garante o uso das fontes renováveis, de forma regular, estipulando para aquela matéria um preço pela exploração daquele bem de forma sustentável e não abusiva. Assim é o entendimento de Victor Nunes Carvalho:

O princípio do usuário-pagador decorre do próprio princípio do poluidor-pagador em sua acepção preventiva, pois o pagamento pela utilização de recursos ambientais objetiva colocar em evidência a ideia de que os recursos naturais são de titularidade difusa, e por isso devem ter promovidos o seu uso racional e adequado, evitando-se desperdícios por parte dos usuários individuais. Com isso, visa o princípio a intimidar a utilização predatória dos recursos naturais, já que aqueles que demandam recursos ambientais terão dispêndio financeiro pelo consumo e uso, desestimulando-se a degradação da qualidade ambiental. (CARVALHO, 2014).

Como explica Carvalho (2014), a semelhança entre os dois princípios em analise, é a característica preventiva de ambos, o pagamento feito pelo indivíduo que se utiliza do recurso, tem conotação protetiva e qualitativa, ou seja, além de proteger a existência duradoura dos recursos naturais, ainda dá a qualidade de um bem difuso (comum do povo), freando o uso individualizado com o emprego de um valor monetário àquele que faz uso dos elementos da natureza de forma exacerbada.

2.2.5. Protetor recebedor

O princípio do protetor recebedor consiste no benefício oneroso ou não, que é oferecido pelo Estado, para aqueles indivíduos que contribuem para o uso sustentável, munido das nuanças do desenvolvimento sustentável. Ou seja, visa garantir o uso sustentável dos bens naturais e difusos da sociedade, (RIBEIRO 2013). Não significa que o Estado está dando um prêmio para que seja cumprida a legislação, mas sim fomentando as condutas preservacionistas na sociedade, pois aqueles indivíduos que recebem o incentivo poderiam agir de outra forma, mas escolheram preservar. (ALTMANN, 2016).

Nessa mesma ideia, Ribeiro assevera que:

O Princípio Protetor-Recebedor postula que aquele agente público ou privado que protege um bem natural em benefício da comunidade deve receber uma

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compensação financeira como incentivo pelo serviço de proteção ambiental prestado. O Princípio Protetor-Recebedor incentiva economicamente quem protege uma área, deixando de utilizar seus recursos, estimulando assim a preservação. (RIBEIRO, 2013).

Raissa Pimentel Silva (2015) expõe que o princípio do protetor recebedor, “[...]objetiva implementar ferramentas de estímulo para a preservação do meio ambiente, seja a partir da concessão de remunerações financeiras diretas, benesses fiscais ou, ainda, favorecimentos de ordem não monetária”.Nesse interim, o viés compensatório do princípio fomenta a participação da sociedade na proteção direta dos recursos ambientais.

Conforme Silva (2015), o princípio do protetor foi incorporado ao ordenamento jurídico pátrio com a Lei n° 12.305/2010, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), quando, em seu art. 6°, inciso II, aduziu serem princípios da PNRS o poluidor-pagador e o protetor-recebedor. Assim, ganhou força no Estado brasileiro e ampliou a sua aplicabilidade, fundamentando políticas púbicas e favorecendo o desenvolvimento em conjunto com a preservação ambiental. Dessa maneira, conforme Bobbio “[...] o Estado não mais resigna-se a mero coadjuvante, apenas punindo e protegendo, torna-se protagonista, incentivando e promovendo as condutas socialmente desejáveis”.

Feitas tais considerações, vale ressaltar que o princípio do protetor recebedor surgiu com a ideia de que é menos oneroso não poluir do que tratar a poluição. Por outro lado, o Estado encontrou uma maneira de almejar a eficácia da normatização ambiental, bonificando o indivíduo que não polui. A gratificação dada pelo não pode vincular um viés comercial as atitudes conservacionistas, pois é sabido que o dever de preservar o meio ambiente é da coletividade, ou seja, da sociedade em geral e do poder público, independentemente de bônus, ou qualquer outro incentivo econômico.

Por fim, resumindo o que foi apresentado sobre o princípio supra elencado e demais princípios anteriores, é importante apresentar o preambulo da carta da terra.

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns

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para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações (A Carta da Terra, 2002).

A Carta da Terra foi produzida por especialistas no assunto, em 2002, com o objetivo de dar um conceito novo e mais amplo ao desenvolvimento sustentável e serve para também, justificar o sentido subjetivo da normatização ambiental em seu princípio maior, a garantia da vida no planeta.

2.3. O MUNICÍPIO DE BARBALHA

2.3.1. Histórico

A região do cariri foi habitada pelos índios “Kariris”, no período pré-colonial. Com a chegada os portugueses no interior do brasil século XVII, vieram diversas mudanças nos hábitos dos índios que usavam a terra para sua subsistência. Os integrantes das caravanas portuguesas eram religiosos e militares, e quando estavam em solo “brasileiro”, agruparam os indígenas em aldeias ou em missões, a fim de organizá-los nos seus espaços e os catequisarem. Com esse contato dos portugueses com os nativos, surgiu a notícia de que naquela região indígena havia muito ouro, desencadeando naquele lugar, um enorme fluxo de famílias oriundas de Portugal, com o desejo de encontrar o valioso metal, a fim de “ [...] aumentar o seu patrimônio material, além de aumentar o seu prestigio pessoal com a corte portuguesa”. (BRASIL, 2010).

O município de Barbalha nasceu em terras particulares, na intenção de se tornar um povoado rico e próspero, assim aconteceu, pois, as pessoas que se instalaram nas terras detinham grande força laboral. As terras eram pertencentes ao capitão Francisco Magalhães Barreto e Sá, casado com D. Maria Polucena de Abreu Lima, natural de Sergipe. Com a licença do visitador Manuel Antônio da Rocha, em 5 de março de 1778, Francisco Magalhães, construiu uma capela para cultos a Santo Antônio, dando-lhe o patrimônio de meia légua de terras e gados, em obediência a Dom Diogo de Jesus Jardim, Bispo de Pernambuco, datada de 6 de junho de 1778. Recebeu a benção da primeira estatua de Santo Antônio da capela pelo padre André da Silva Brandão aos 23 de dezembro de 1790, conforme consta nos registros da Paróquia São José-Missão Velha (MV), da qual era Vigário. Francisco Magalhães Barreto e Sá, então “o consagrado fundador de Barbalha, descendia de Men de Sá, 3º Governador-Geral do Brasil, e era filho de alferes Antônio Pinheiro de Magalhães, falecido a 16 de setembro de 1751, em

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Milagres, em cuja capela foi sepultado, e de Inês de Sá Souto Maior. ” (IBGE, BIBLIOTECA, 2015).

A prosperidade econômica das terras, mais tarde denominada Barbalha, aconteceu por conta do grande aglomerado de gente que foi se instalando em redor da capela de Santo Antônio, eram famílias que vinha para sul cearense em busca de metais preciosos ditos existentes nas encostas do rio salgado. Mais tarde, o povoado foi elevado a freguesia pela Lei Provincial número 130, de 30 de agosto de 1838, tendo como primeiro vigário o Pe. Pedro José de Castro e Silva. (IBGE, BIBLIOTECA, 2015).

A cidade teve o nome originário de sobrenome de moradora que oferecia hospitalidade aos tropeiros de gado que traziam a boiada de Pernambuco para passar o período de seca. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a denominação original da

cidade era Freguesia do Santo Antônio de Barbalha. Em 1838 adotou-se o nome Barbalha,

firmado posteriormente por Corruptela de Barbalho. (IBGE, BIBLIOTECA, 2015). O município foi criado pela lei 374 no ano de 1846 e passou por várias mudanças na sua divisão, que será abordada posteriormente, para então se tornar uma cidade com cultura e costumes próprios.

Conforme informações encontradas no plano plurianual da cidade Ainda no seu início, Barbalha, passou por momentos de aflição. Por volta do ano de 1926, Lampião passou por Barbalha em direção ao Juazeiro do Norte, junto com seu bando. Naquela ocasião a cidade foi saqueada por centenas de jagunços, que juntaram o dinheiro que encontraram e atearam fogo. Fato este que posteriormente causou um impacto enorme na evolução da pequena cidade. (BARBALHA, 2018).

Outro instante em que a cidade foi impedida de crescer, foi quando desviaram a ferrovia que tinha destino as “terras cariris” (como ficou conhecida, pelo fato de antigamente as terras serem povoada por índios Kariris), era a Rede de Viação Cearense (RCV) que prometia prosperidade para aquele lugar, só em 1950 foi que a ferrovia chegou na cidade, e 11 anos depois, a eletricidade em 1961, desde então a cidade começou a crescer novamente. (BARBALHA, 2018).

2.3.2. Aspecto físico

Barbalha está localizada no sul cearense, na Região Metropolitana do Cariri (RMC) que é composta por nove municípios: Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri. A RMC possui uma área total de

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5.456,01 Km2 (IBGE, 2010). O município possui área territorial de 569,5 km², faz limites com várias cidades da região metropolitana do cariri e com o estado do Pernambuco. Ao Norte com Missão Velha, Juazeiro do Norte e Crato; ao sul com Jardim-CE e Moreilândia –PE, a leste com Missão Velha e a oeste com o Crato. (IBGE, IPECE, 2017).

Mapa I – Região Metropolitana do Cariri

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do

Ceará (IPECE).

Possui relevo predominantemente de chapada (Chapada do Araripe) e clima tropical quente semiárido brando, tem solos Aluviais, Litólicos, Latossolo Vermelho-Amarelo e Podzólico Vermelho-Amarelo, vegetação predominante de Carrasco, Floresta Caducifólia Espinhosa, Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial, Floresta Subcaducifólia Xeromorfa e Floresta Subperenifólia Tropical Pluvio-Nebular, faz parte da bacia hidrográfica do salgado. (IBGE, IPECE, 2017).

Tem divisão político administrativa assim expressa: Barbalha criada no ano de 1846, Arajara no ano de 1904, Estrela no ano de 1991 e Caldas no ano de 2002 pela “lei municipal nº 1499, de 28-02-2002. ” (IBGE, IPECE. 2017).

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2.3.3. Aspecto socioeconômico

Segundo dados do IBGE, a cidade de Barbalha possui atividade geradora de emprego predominantemente fabril/industrial, com a fábrica de medicamentos (FARMACE) as indústrias de calçados (IBK, KINCAL) e da falida indústria de cimento (ITAPUI). Estas detêm a maior geração de emprego do município. As demais atividades e formas de empregos, são distribuídas nas áreas do comercio com as atividades mercantis, na administração pública direta e indireta, nos trabalhos informais, sobretudo da construção civil e na saúde, nos hospitais de médio porte da cidade, Hospital Maternidade são Vicente de Paulo – HMSVP, Hospital Santo Antônio – HSA e Hospital do Coração do Cariri – HCC. (IBGE, 2015).

Ainda dados do mesmo instituto, o município possui Índice de Desenvolvimento Municipal (IDM) auferido no ano de 2016, com valor 47,32, densidade demográfica de 97,14 hab./Km², a população em 2016 é 59.343 habitantes segundo estimativa do IBGE em 2015.

Verifica-se, portanto, que, a cidade em tela reúne todos os aspectos para a promoção de uma vida digna para seus munícipes, pois esta rodeada de recursos naturais que promove um clima agradável, a matéria prima de várias indústrias, possui fontes de aguas cristalinas que promove o ecoturismo e abastece os balneários existentes na cidade dentre os mais conhecidos tem-se o Balneário do Caldas e o Arajara Park situados nas encostas da Chapada do Araripe, IBGE, (2015).

Por fim, e como já apresentado supra, a cidade tem ainda as especialidades hospitalares Oncológica, Neurológica, Cardiológica e Nefrologia distribuídos entre os três hospitais da cidade: Hospital Maternidade são Vicente de Paulo – HMSVP, Hospital Santo Antônio – HSA e Hospital do Coração do Cariri – HCC. Especialidades essas que só encontrariam na capital, a pouco tempo atrás.

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3 RESÍDUOS SÓLIDOS

Com as mudanças dos espaços urbanos no mundo pós Revolução Industrial, intensificaram-se os problemas ambientais no globo, pois, naquele tempo, o uso dos recursos naturais era descontrolado, sem qualquer preocupação com a reposição dos mesmos para a prevenção da escassez. Aumentou também a produção de objetos de uso pessoal e o descarte deles, quando vencidas suas utilidades, contribuindo com o aumento da quantidade dos resíduos sólidos.

Nesse senário, surge a preocupação do legislador em promover o uso sustentável e gerir a quantidade exacerbada dos resíduos descartados. Assim, surgem o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a Política Nacional de Saneamento Básico e a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Neste capítulo, será abordada a importância das normas supramencionadas, sobretudo da PNRS que é o foco desta pesquisa.

3.1 CONCEITO

O consumo excessivo das comunidades capitalistas contemporâneas tem contribuído significativamente com o surgimento de problemas ambientais, pois a produção de resíduos sólidos nesta sociedade é bastante aumentada. Destarte, é entendimento de Édis Milaré (2015, p. 1198) quando assim expõe que “a produção diária de restos, rejeitos e descartes é crescente, em especial nesta sociedade de consumo incrementado, cuja ascensão podemos verificar a olhos vistos”. E ainda, essa produção de resíduos exponencialmente aumentada, intensificou-se com,

O descontrolado aumento populacional; concentrações urbanas sempre mais numerosas e maiores; a impensável variedade de atividades modernas com a correspondente demanda de insumos e descarte de resíduos; os excessos da sociedade de consumo e a intemperança consumista; o assédio de novas necessidades aos recursos públicos sempre insuficientes[...] (MILARÉ, 2015).

O êxodo naquela época era intenso e desordenado, as pessoas se aglomeravam nos centros industriais para trabalhar com a esperança de mudar de vida. Centros urbanos esses que muitas vezes não contavam com o mínimo de infraestrutura e planejamento capaz de atender às demandas de tantas pessoas, o que causou uma série de desequilíbrios, entre eles doenças que rapidamente se transformavam em epidemias. (POTT e ESTRELA, 2017).

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Atualmente, a produção exacerbada de produtos com vida útil curta, a mídia fomentando o hiperconsumo e o excessivo descarte dos produtos tem contribuído para a formação das montanhas de “lixo” nas cidades, desafiando a administração pública a dar o destino correto a esses resíduos. (Almeida, Bilyk e Sieben, 2018, p. 13-14).

Por outro lado, a educação dos indivíduos e da coletividade sobre a sustentabilidade do planeta ainda é mínima. Pois, mesmo após a Lei nº 12.305/2010, as cidades permanecem utilizando as técnicas antigas para se livrarem dos seus lixos, a queima ou o descarte do lixo em locais inapropriados, muitas vezes realizados pelo próprio poder público, como o caso dos lixões a céu aberto.

Feitas estas considerações, é importante conceituar os resíduos sólidos para, assim, melhorar a compreensão a seu respeito. A lei que regula a destinação correta e as diretrizes utilizadas no manejo dos resíduos sólidos, como já citada anteriormente, é a Lei nº 12.305/2010, a qual conceitua os resíduos sólidos como:

Art. 3o , XVI – [...] substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; (BRASIL, 2010).

Corrobora com o mesmo conceito Édis Milaré, (2015), o qual faz algumas observações quanto aos termos intrínsecos ao conceito do legislador, ou seja, “tudo que é descartado em decorrência das atividades sociais [...] é considerado resíduo sólido”. Ademais, explica que a lei traz um conceito amplo de resíduo sólido e não faz menção quanto às características naturais e originais do material descartado, muito menos faz menção ao esgotamento dessas funções do produto, apenas elenca que tudo que é descartado pela sociedade é tido como resíduo sólido. (MILARÉ, 2015).

Do conceito legislativo de resíduos sólidos podemos abstrair alguns subconceitos importantes. O primeiro é a destinação final, que compreende “[...]a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético[...]” dos resíduos em geral. Diferencia da disposição final, que é a “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando

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normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos”. (BRASIL, 2010).

Observa-se que a diferença básica está na reintrodução da matéria, substância ou do bem no uso da sociedade, ou seja, o aproveitamento das suas funções de forma secundária. Ou, de outro modo, a transformação da sua matéria original em outra, para torna-lo útil novamente. Enquanto que, na disposição final, observa-se o esgotamento das funções primárias e das outras possíveis funções, sobrando apenas o descarte total da matéria esgotada na forma de rejeitos nos aterros sanitários.

3.2. TRATAMENTO LEGAL ANTERIOR À LEI Nº 12305/2010

Em junho de 1992, acontece no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como ECO-92. De acordo com Pessini e Sganzerla, (2016), “Este megaevento reuniu 108 chefes de Estados, 187 representantes estrangeiros, 17 agências especializadas da ONU, 35 organizações intergovernamentais e igualmente um expressivo número de ONGs”. Esse marco no direito ambiental é importante para fomentar as questões que se referem também aos resíduos sólidos.

Mais tarde, no ano de 1993, no Estado do Rio Grande do Sul, foi aprovada e sancionada a Lei nº 9.921/1993, chamada de Política Estadual de Resíduos Sólidos, que regulamenta a questão dos resíduos sólidos no mencionado Estado. Esta foi a primeira lei específica a tratar de resíduos sólidos. Esta política de tratamento de resíduos prestou fundamentação para a PNRS, servindo como modelo para um gerenciamento efetivo.

Dando um salto até o ano de 2007, tem-se o surgimento da Lei nº 11.445/2007, que dispõe sobre as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Nesta lei também foi tratado de uma forma geral sobre resíduos sólidos e sua disposição. Assim tem-se no art. 3º, inciso I, alínea a, que compreende como saneamento básico,

Conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de: [...]

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo,

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tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. (BRASIL, 2007).

No art. 7º e incisos, do mesmo corpo normativo, a lei desde logo deixou expresso quais as atividades englobantes do manejo dos resíduos sólidos, senão vejamos:

Art. 7º Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos é composto pelas seguintes atividades: I - de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei;

II - de triagem para fins de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei; III - de varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana. (BRASIL, 2007).

Em síntese, o ordenamento jurídico brasileiro, antes do nascimento da PNRS, com a Lei nº12.305/ 2010, já era bastante abrangente mesmo com a generalidade dos dispositivos, as diretrizes englobavam uma grande parte da problemática instaurada pelos RS. Mas não o suficiente para sanar o problema como um todo.

3.3. TRATAMENTO LEGAL ANTERIOR A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.

Antes de adentrar no liame temporal da vigência da CF/1988, é importante mencionar que com a Portaria 73/1979 do Ministério do Interior, já era proibida a disposição final inadequada dos resíduos, a saber, nos lixões, que, naquela época, já eram frequentes e a contaminação ambiental era inevitável. Assim, foram traçadas metas para acabar com aquele senário. Destarte, pode-se perceber que os problemas causados pelos resíduos no Brasil são antigos.

Mais adiante, com o surgimento do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em 1982, pela Lei n º 6.938/81, foi incrementado o processo de proteção ambiental. O CONAMA é um órgão colegiado de caráter consultivo-deliberativo, responsável por assessorar a gestão ambiental no país, compondo o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Em linhas gerais, o CONAMA auxilia as políticas governamentais de caráter ambiental, podendo, inclusive, criar normas e traçar metas que favoreçam a preservação do meio ambiente.

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A legislação brasileira cuidou em regulamentar as práticas irregulares com esses resíduos, e com a Res. Conama 6 de 15/06/88, agrupava e ordenava os estabelecimentos industriais que seriam responsáveis em gerir seus resíduos. Mais tarde, foi revogada pela Res. Conama 313 de 29/10/02. Esta deu uma nova forma para as indústrias fazerem o manejo dos seus produtos inservíveis, deveriam elas quantificar e listar todos os seus rejeitos, para que pudessem ter um controle e dados para o Inventário Nacional dos Resíduos Industriais. (MILARÉ, 2015).

Mais adiante, a normatização ambiental, no tocante aos resíduos sólidos continuou crescente, com a Res. Conama 5 de 05/08/93, que cuidava em regulamentar os resíduos sólidos provenientes dos serviços de saúde, dos aeroportos das zonas portuárias e dos terminais ferroviários. Nesta, designando que “as empresas responsáveis por essas atividades deverão gerenciar, desde a geração até a disposição final, os seus resíduos”. (MILARÉ, 2015). As diretrizes instituídas por essa resolução foram melhoradas pela Res. Conama 358 de 29/04/05, daí então houveram várias Resoluções que tratavam sobre matérias afins.

Com o advento da Carta Maior de 1988, ou constituição Cidadã, pode-se perceber a preocupação do constituinte com o meio ambiente, no tocante a sua proteção. Elencou princípios específico, conceitos e parâmetros a ser seguidos. Tais princípios, já apresentados retro, abordam que é necessário controlar a disposição dos resíduos (sólidos) para que não degrade o meio ambiente.

A limpeza pública exerce papel fundamental na saúde dos indivíduos, quando feita corretamente em todas as suas etapas: coleta, transporte, disposição final ambientalmente adequada. Destarte, conforme o artigo 24, III, da CF/1988, é competência concorrente entre a União, Estados e Distrito Federal legislar sobre proteção e defesa da saúde. Assim, percebe-se que é um misto de responsabilidade quando se trata de resíduos sólidos e sua destinação. (MACHADO, 2005).

Para tanto deve cada ente federado cuidar dos resíduos sólidos, traçando métodos eficazes de combate a degradação ambiental. Através de planos estaduais, intermunicipais, municipais e intersetoriais, para a promoção de novas ideias de combate ao aumento do lixo e sua disposição final incorreta.

3.4. A LEI Nº 12.305/2010

Depois de muito tempo de gestação, enquanto os espaços urbanos passavam por diversas mudanças, motivada pelo avanço da sociedade na seara tecnológica, foi instituída a Política

Referências

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