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UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO ANÁLISE DESCRITIVA DOS HÁBITOS DE AMAMENTAÇÃO E SUCÇÃO NÃO-NUTRITIVA EM CRIANÇAS DE 0 A 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE UNIFLOR

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UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO

PATRÍCIA GIZELI BRASSALLI DE MELO

ANÁLISE DESCRITIVA DOS HÁBITOS DE

AMAMENTAÇÃO E SUCÇÃO NÃO-NUTRITIVA EM

CRIANÇAS DE 0 A 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE

UNIFLOR

BAURU

2011

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PATRÍCIA GIZELI BRASSALLI DE MELO

ANÁLISE DESCRITIVA DOS HÁBITOS DE

AMAMENTAÇÃO E SUCÇÃO NÃO-NUTRITIVA EM

CRIANÇAS DE 0 A 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE

UNIFLOR

Dis ser tação ap r ese nt ad a à Pr ó - r eito r ia d e Pesq u isa e Pó s- gr ad u ação , co mo p ar te d o s r equ isito s p ar a o b tenção d o títu lo d e M estr e em Od o nto lo gia, ár ea d e c o nc entr aç ão : B io lo gia Or al, so b a o r ie ntação d a Pro fª. Dra. Sar a Nad er M ar ta.

BAURU

2011

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PATRÍCIA GIZELI BRASSALLI DE MELO

ANÁLISE DESCRITIVA DOS HÁBITOS DE

AMAMENTAÇÃO E SUCÇÃO NÃO-NUTRITIVA EM

CRIANÇAS DE 0 A 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE

UNIFLOR

Dissertação apresentada à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de concentração: Biologia Oral, sob a orientação da Pro fª. Dr a. Sar a Nad er M ar ta.

Banc a exam in ad o ra:

- - - -- - - -- - - --- - -- -- -- - - -- - - --- - -- -- -- - - -- - - --- - Pr o fa. Dra. M ar ia Lí gia Ger d u llo Pin

Dir eto r a d e Dep ar tamento na Secr etar ia d a Saú d e - Bau ru

- - - -- - - -- - - --- - -- -- -- - - -- - - --- - -- -- -- - - -- - - --- - Pr o fa. Dra. Sand r a d e Olive ira Sae s

Univer sid ad e Sa gr ad o Co ração

- - - -- - - -- - - --- - -- -- -- - - -- - - --- - -- -- -- - - -- - - --- - Pr o fa. Dr a. Sara Nad er M ar ta Univer sid ad e Sa gr ad o Co ração

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DED ICATÓ RIA

A “ Deus” p o r ter m e d ad o fo rças p ar a co nt inu ar . . .

Ao meu ine sq u ecível p ai “ La é rcio ” ( in m emo riam) , qu e m esmo não estand o mais p r esente, ten ho certeza q u e e stá m u ito feliz co m essa co nq u ista. . .

A m inha q u er id a mãe “ Lo urdes” , q u e não m ed iu es fo r ço s p ar a a co ncr et izaçã o d esse so nho . E xem p lo d e o timismo , co ragem e d eter minação . . .

A m in ha am ad a f ilha “ Ma ria Fern a nda” , qu e d esd e p eq u enina ( 4 m eses) aco mp anho u -m e ao lo ngo d essa jo r nad a. . .

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AG RAD EC IME NTOS

A m inha ir m ã “ Débo ra ” , p o r ser semp r e o m eu p o rto segu r o no trab alho . . .

A m in ha ir m ã “ J a queline” , q u e tanto me aju d ou nas at ivid ad es acad êmicas. . .

A m eu mar id o “ Pa ulo Henrique” , q u e m esmo co ntrar ia nd o a su a vo ntad e, p assou a co m p r eend er e ace itar meu s id ea is. . . Ao s meu s p rim o s “ Irâ n io e Ro sa Ma ria” , po r ter - no s aco lhid o ao lo ngo d esse s d ois a no s d e cur so . .. .

Ao meu amigo “ Da vid” , q u e mu ito me aju d ou na p ar te d e in fo rm átic a. . .

A m inha o r ie ntad o ra, pr o fa. Dr a. “ Sa ra Na der Ma rt a” , qu e pou co a p ou co tor no u -se p ed r a angu lar d es sa cam inhad a. . .

E à to do s aqu eles , cu jo s “ no mes” n ão fo r am citad o s, m as q u e tamb ém co ntr ib u ír am p ar a ess a co nq u ist a, m eu m u ito ob r igad a!

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EPÍG RA F E

“ PARA DEUS N ADA É IM POSS ÍV EL”

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RESUMO

A Odontologia tem estudado a amamentação e o desenvolvimento do sistema estomatognático, salientando a sua importância na prevenção de uma série de patologias e alterações da face e da oclusão. Vários estudos têm mostrado uma associação entre a instalação de hábitos deletérios e o desenvolvimento de maloclusões em crianças, relacionados com a falta de amamentação. O objetivo desse estudo foi verificar a existência de uma relação causal entre amamentação natural e a presença de hábitos de sucção não-nutritivos em crianças de 0 a 12 anos da cidade de Uniflor. Foram aplicados questionários a 150 mães de crianças de 0 a 12 anos residentes no município. A análise descritiva mostrou que 90,3% das crianças foram amamentadas no peito, sendo 49% por período superior a 6 meses. Entre as principais causas do desmame estavam motivos particulares da mãe (32,2%), rejeição do bebê ao leite materno (29%) e falta de leite (20,8%). 85,9% das crianças fizeram uso da mamadeira sendo 73% associada à amamentação natural. A mamadeira foi deixada por 56,8% das crianças na idade de 3 a 5 anos. A chupeta foi usada por 53,2% das crianças e a sucção digital foi evidenciada em 10,4% das crianças. O abandono da chupeta ocorreu na faixa etária menor ou igual a 3 anos (61,8%) e da sucção digital em 60% nos menores de 2 anos. O teste do qui-quadrado apontou diferença estatisticamente significativa entre as crianças amamentadas ao peito e as não amamentadas para o uso de chupeta (p=0,00000057) e para sucção digital e amamentação essa diferença não foi significativa 0,1(p= 0900912). 79,3% das mães relataram desconhecimento sobre a importância do aleitamento natural no desenvolvimento facial das crianças. Para o grau de escolaridade das mães verificou-se 40% com ensino médio e 32,7% abaixo do ensino fundamental. Concluiu-se que: os hábitos de sucção não-nutritivos estiveram presentes em uma grande parcela da amostra estudada; o uso da chupeta foi menos freqüente nas crianças amamentadas ao peito; a falta de informação das mães apontou para a necessidade de implantação e implementação de programas específicos, com ações preventivas e educativas para toda à comunidade, de modo à garantir a promoção e prevenção em saúde.

Palavras-chave: Hábitos deletérios; Amamentação natural; Hábitos de sucção nutritivos e não-nutritivos.

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ABSTRACT

Odontology has studied the breast-feeding and the development of the stomatognathic system, emphasizing its importance in the prevention of a great deal of pathologies and alterations of the face and the occlusion. Several studies have shown an association between the installation of deleterious habits and the development of bad occlusions in children, related to the lack of breast-feeding. The objective of this study was to verify the existence of a causal relation between natural feeding and the presence of non-nutritious suction habits in children from 0 to 12 years old in the city of Uniflor. Questionnaires were applied to 150 mothers of children from 0 to 12 years old residents in the county. The descriptive analysis showed that 90,3% of the children were breastfed, being 49% for a period longer than 6 months. Among the main causes of weaning were the mother’s personal reasons (32,2%), the baby’s rejection to the mother’s milk (29%) and the lack of milk (20,8%).85,9% of the children made use of the baby bottle being 73% associated to the natural feeding. The baby bottle was left by 56,8% of the children at the age of 3 to 5 years old. The pacifier was used by 53,2% of the children and the digital suction was evidenced in 10,4% of the children. The abandon of the pacifier occurred at the age group of 3 or less years old (61,8%) and the digital suction in 60% in children younger than 2 years old. The Chi-square test pointed out difference statistically significant between breastfed and non-breastfed children to the use of pacifier (p=0,00000057) and to the digital suction and breast-feeding this difference was not significant 0,1(p=900912). 79,3% of the mothers reported unawareness about the importance of the natural suckling in the facial development of children. To the level of education of the mothers it was verified 40% with high school and 32,7% under elementary school. It’s concluded that: the non-nutritious suction habits were present in a great part of the studied sample; the use of pacifier was less frequent in breastfed children; the lack of information of the mothers pointed out to the need of implantation and implementation of specific programs, with preventive and educative actions for all the community, in order to guarantee the promotion and prevention in health.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – CAUSAS DOS DESMAMES REFERIDAS PELAS MÃES...27

Figura 2 – TEMPO DE USO DO ALEITAMENTO ARTIFICIAL...29

Figura 3 – TEMPO DE USO DA CHUPETA...31

Figura 4 – PRESENÇA DE HÁBITOS DELETÉRIOS (CHUPETA E DEDO)...34

Figura 5 – NÍVEL DE INFORMAÇÃO DAS MÃES SOBRE AMAMENTAÇÃO NATURAL NO DESENVOLVIMENTO FACIAL...38

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LISTA DETABELAS

Tabela 1 – IDADE, GÊNERO, TIPO E PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO... 26

Tabela 2 – USO DO ALEITAMENTO ARTIFICIAL (MAMADEIRA)...28

Tabela 3 – HÁBITO DE SUCÇÃO NÃO- NUTRITIVA (CHUPETA)...30

Tabela 4 – FREQUÊNCIA ATUAL DA SUCÇÃO DE CHUPETA...32

Tabela 5 – HÁBITO DE SUCÇÃO NÃO-NUTRITIVA (SUCÇÃO DIGITAL)...33

Tabela 6 – HÁBITO DE SUCÇÃO NÃO- NUTRITIVA E TEMPO DE ALEITAMENTO NATURAL ...35

Tabela 7 – TESTE DO QUIQUADRADO PARA AS VARIÁVEIS USO DE CHUPETA E AMAMENTAÇÃO NATURAL ...36

Tabela 8 – TESTE DO QUIQUADRADO PARA AS VARIÁVEIS SUCÇÃO DIGITAL E AMAMENTAÇÃO NATURAL...37

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ... 15

2.1 AMAMENTAÇÃO NATURAL E SUCÇÃO... 15

2.2 HÁBITOS DELETÉRIOS ... 16

2.3 SUCÇÃO DIGITAL E CHUPETA ... 17

2.4 ALEITAMENTO ARTIFICIAL ... 19 3 JUSTIFICATIVA... 22 4 OBJETIVOS ... 23 4.1 OBJETIVO GERAL ... 23 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 23 5 MATERIAL E MÉTODOS ... 24 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ... 24 5.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ... 24 5.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ... 24 5.4 SALVAGUARDAS ÉTICA ... 24 5.5 CASUÍSTICA E METODOLOGIA ... 24 6 RESULTADOS ... 26 7 DISCUSSÃO ... 40 8 CONCLUSÃO ... 46 REFERÊNCIAS ... 47

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 54

ANEXO B - CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA... 55

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade o leite materno tem sido a principal fonte disponível de nutrientes para os lactentes. Entretanto, a partir do século XX e principalmente após a II Guerra Mundial, o aleitamento artificial adquiriu uma importância significativamente maior (BRESOLIN et al., 1984; ISSLER, 1989). Diversos fatores contribuíram para esse fato. A industrialização e o aperfeiçoamento das técnicas de esterilização do leite de vaca propiciaram a produção em larga escala de leites em pó. As indústrias produtoras desses leites, assessoradas por intensa e agressiva publicidade procuraram fazer com que o leite em pó fosse caracterizado como um substituto satisfatório para o leite materno devido à sua praticidade, condições adequadas de higiene e suprimento completo de todas as necessidades nutricionais do lactente. As propagandas enfatizavam que a maioria dos leites em pó eram enriquecidos com variadas vitaminas, o que os tornavam superiores ao leite materno. Além disso, a entrada da mulher no mercado de trabalho limitava a possibilidade de amamentação por seis meses (FIGUEIREDO, 1995; NOVAES, 1989).

Nas últimas décadas houve uma retomada da valorização do aleitamento materno. Diversos estudos comprovam seus benefícios. Atualmente, o leite materno é preconizado como alimento exclusivo nos primeiros meses de vida da criança pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundação das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), e Ministério da Saúde (FIGUEIREDO, 1995; UNICEF, 1993; OMS; UNICEF, 1980).

Apesar das abundantes evidências científicas Janke (1993) e Wagner et al. (2000) da superioridade do leite materno sobre outros tipos de leite, ainda é baixo o número de mulheres que amamentam seus filhos de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (2001) e do Ministério da Saúde (2002), que estabelecem o aleitamento materno de forma exclusiva até os 6 meses de vida e complementar até 24 meses ou mais.

A amamentação é um ato de amor, além de ser um verdadeiro exercício para o bebê, pois favorece a sua saúde mental e psíquica constituindo-se em um estímulo paratípico essencial para o desenvolvimento do terço médio e inferior da face (HERINGER et al., 2005).

O aleitamento materno exclusivo é considerado indispensável nos primeiros seis meses de vida da criança, tanto para o seu desenvolvimento físico como emocional (WALTER et al., 1996), previne a instalação de hábitos viciosos (RAMOS-JORGE et al., 2000; ROBLES et al., 1999) e promove o crescimento e desenvolvimento normal das

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estruturas da face (FORTE, 2000; PALUMBO, 1999). Segundo a World Health Organization (2001), nem administração de chás, água e sucos é recomendada antes dos seis meses.

O leite materno possui características bioquímicas ideais para o crescimento e desenvolvimento da criança, e substâncias que conferem melhor digestibilidade. Estudos mostram que o leite da mãe possui um efeito protetor contra a mortalidade infantil, prevenindo infecções gastrointestinais, dermatite atópica, alergia alimentar, além do efeito contra a obesidade (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001).

O benefício da prática da amamentação também se estende à mulher diminuindo a probabilidade de desenvolvimento de câncer de mama, ajudando na involução do útero, na depressão pós-parto, é prático, econômico, além de ser muito gratificante (ALMEIDA, 1992).

Os músculos envolvidos na ordenha do peito materno são: pterigóide lateral, pterigóideo medial, masseter, temporal, digástrico, gênio-hióideo e milo-hiódeo. A dinâmica muscular é completamente diferente no aleitamento materno e no aleitamento artificial. O leite materno é obtido por ordenha e são necessários quatro movimentos mandibulares para a saída do leite: abertura, protrusão, fechamento e retrusão (CARVALHO, 1997; PRAETZEL, 1998).

Os movimentos de abaixamento, protusão, retrusão, e levantamento da mandíbula, permite que ocorra o desenvolvimento e tonificação dos músculos mastigatórios, ligamentos articulares e ATM, prevenindo muito precocemente o risco de disfunção têmporo-mandibular (DTM), dificuldade de fonação, hipofunção dos músculos, respiração bucal, maloclusões, deglutição atípica, patologias do sistema respiratório e hábitos deletérios (QUELUZ; GIMENEZ, 1999).

As inserções musculares dos masseteres e pterigóideos mediais, juntamente com o ângulo mandibular vão se diferenciando e se normalizando às custas da função. Primeiramente, para realizar de forma eficaz o movimento ântero-posterior da mandíbula durante a amamentação, os músculos mandibulares encontram-se dispostos horizontalmente. Através do desenvolvimento, o ângulo modela-se e os músculos se verticalizam para, posteriormente, executar de forma adequada o ato mastigatório (GUEDES-PINTO, 2003).

O crescimento ósseo-mandibular é propiciado pelos exercícios de rebaixamento, ântero-posteriorização e elevação concomitante da mandíbula durante a sucção, os quais modificarão a relação maxilo-mandibular para uma posição mésio-cêntrica. Com esse crescimento, ocorre uma ampliação do espaço bucal e melhor arranjo dos germes dentários dentro do osso alveolar, contribuindo para a acomodação e livre movimentação da língua

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dentro da cavidade bucal, que anteriormente se encontrava alargada (GUEDES-PINTO, 2003).

Além de ser um excelente exercício muscular, a amamentação é um excelente exercício respiratório, pois o bebê sincroniza a respiração com a atividade muscular favorecendo, assim, o desenvolvimento do terço médio da face. O número de sucções durante a mamada pode variar de 5 a 30 por minuto, mas a cada duas ou três sucções a criança inspira, deglute e expira (AROUCA et al., 2006; CAMARGO, 1998).

Dessa forma, a análise dos hábitos de amamentação e dos hábitos de sucção não- nutritiva podem trazer subsídios para implementar as políticas de saúde com o intuito de otimizar as ações de prevenção em saúde.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 AMAMENTAÇÃO NATURAL E SUCÇÃO

O aleitamento materno, além de alimentar, tem a função de satisfazer a necessidade de sucção que o bebê apresenta, devido ao esforço dos músculos exercidos durante a mamada (ZUANON, 2000).

O sistema neuromuscular se desenvolve mais precocemente na boca, sendo a sucção a primeira atividade muscular coordenada da criança. É um reflexo e dele depende a manutenção da vida, através da alimentação, sendo a lactação a fase de vida que se utiliza mais músculos para ingerir alimentos (GRABER, 1972).

No aleitamento, o ponto de sucção é o ponto localizado na junção do palato duro com o palato mole. A língua recebe o leite materno em concha, e com rápidos movimentos vibratórios, encaminha-o para o palato, onde é excitada a deglutição. A tonicidade e a postura correta da língua são adquiridas através desses movimentos (CARVALHO, 1997; PRAETZEL, 1998).

A sucção é um fenômeno diretamente ligado a deglutição, sendo também percebida antes do nascimento podendo ser provocada pela introdução do dedo na boca e percebida como atividade agradável nos primeiros 3 meses. Segundo Correa (2001), a partir da 29ª semana de vida intra-uterina, por meio de registros de ultrassonografia já se pode observar a sucção, embora ela só esteja, perfeitamente, madura na 32ª semana.

Para Modesto e Azevedo (1997), a sucção é um ato fisiológico e necessário, e como tal precisa ser respeitado. Ele é tão inerente ao feto que, mesmo alimentado através da placenta, succiona instintiva e energicamente a língua, o lábio e o dedo, de modo que, ao nascer, esta função está plenamente desenvolvida (BARNET, 1978).

Fisicamente, esta necessidade primária é confirmada por aspectos anatômicos próprios da cavidade bucal do bebê. Guedes-Pinto et al. (1987) afirmaram que a boca é o órgão mais apto a funcionar desde o nascimento e que a criança vive o mundo por ela.

Raubenheiner et al. (1987) descreveram a presença do chamado “apoio para sucção” na porção média do lábio superior do bebê, que tem por função aumentar de volume a adaptar-se ao seio materno quando estimulado à sucção. Já Rinaldi (1988) citou que as papilas gustativas ocupam quase toda a boca do bebê, enquanto no adulto ficam restritas ao dorso da língua e define a fase oral como época do desenvolvimento psicológico, em que a boca

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concentra as funções de nutrição e percepção mais importantes do primeiro ano de vida infantil.

A maioria dos bebês começa a etapa de coordenação entre a boca, as mãos e olhos, a partir do 5º mês de vida, sendo a boca o meio utilizado para descobrir e investigar tudo que aparece (GELLIN, 1978).

2.2 HÁBITOS DELETÉRIOS

Os hábitos bucais deletérios são definidos como padrões de contração muscular aprendidos de natureza complexa e de caráter inconsciente, que podem atuar como fatores deformadores do crescimento e desenvolvimento ósseo, posições dentárias, no processo respiratório e na fala, sendo dessa forma, um fator etiológico em potencial das más-oclusões (MOYERS, 1991).

Segundo Lino (1995), os hábitos orais deletérios podem ser divididos em: sucção não-nutritiva (sucção de chupeta, sucção digital); hábitos de morder (objetos, onicofagia e bruxismo) e hábitos funcionais (respiração bucal, deglutição atípica e alterações de fala).

Moyers (1991), cita que a quantidade de danos produzidas pelos hábitos de sucção sobre a oclusão depende da Tríade de Graber: frequência, duração e intensidade, além de fatores genéticos e hereditários.

Existem três teoria que buscam explicar a etiologia dos hábitos de sucção não- nutritiva. A primeira descreve que a instalação desses está relacionada à necessidade de sucção durante o período de amamentação (MASSLER,1983; SERRA-NEGRA, 1997). A segunda atribui a distúrbios emocionais, a uma regressão e fixação na fase oral do desenvolvimento, na qual a sucção é um hábito normal, conforme a teoria psicanalista de Freud (GOUNCH, 1991) e a terceira associada a repetição de um comportamento aprendido (TOMITA, 2000).

Além disso, os hábitos podem ser classificados em não-compulsivos, quando são de fácil adoção e abandono nos padrões de comportamento da criança durante o seu amadurecimento, ou compulsivos, quando está fixado na personalidade, a ponto de a criança recorrer à sua prática quando sua segurança está ameaçada (ZUANON, 2000).

As maiores conseqüências em relação à oclusão são: mordida aberta, vestibularização dos incisivos centrais superiores, lábios hipotônicos, predisposição à respiração bucal,

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estreitamento maxilar, abóbada palatina mais profunda, assoalho nasal mais estreito, sobressaliência e sobremordida aumentadas, retrusão mandibular predispondo a disto-oclusão (Classe II de Angle). A sucção e mordidas de lábios vêm em seguida, e geralmente é encontrada em crianças cujos pais repreendem severamente os hábitos de “chupar dedo e chupeta”, mas não têm consciência do motivo que leva a criança a realizá-los (LINO, 1995; SERRA-NEGRA et al., 1997).

2.3 SUCÇÃO DIGITAL E CHUPETA

Os hábitos de sucção não-nutritiva são extremamente comuns na infância e dentre eles destacam-se a sucção de dedo e chupeta (CAVASSANI, 2003; FAYYAT, 2000; FELÍCIO, 2004; SERRA-NEGRA et al., 1997).

O hábito de sucção de chupeta, seguido do de sucção digital, são os mais frequentemente associados à má oclusão (PILLON, 2001; SIQUEIRA, 2003; TOMITA, 2000). O início do hábito de sucção de chupeta, na maioria das vezes, ocorre logo após o nascimento, porque a família tem costume de dar a chupeta ao bebê logo após o nascimento. Já o hábito de sucção digital inicia-se, na maioria dos casos, nos primeiros meses de vida, sendo mais observado quando a criança está com fome ou sem motivo aparente (COLETTI; BARTHOLOMEU, 1998).

A chupeta é considerada um hábito de sucção não-nutritiva, que surge como uma necessidade de sucção, quando esta não é satisfeita pela alimentação natural ou artificial (MEDEIROS, 1992).

As chupetas e bicos são largamente utilizados em vários países, constituindo importante hábito cultural em nosso meio. As chupetas são geralmente usadas para acalmar o bebê e não fornecem alimentação; seu uso pode levar à menor freqüência de amamentar. Com isto, a estimulação do peito e a retirada da mama podem ficar diminuídas, levando à menor produção de leite, cuja conseqüência é levar ao desmame precoce (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2001; WOODRIDGE, 1996).

Segundo estudos de Leite e Tollendal (2000), o hábito pode ser visto sob diferentes prismas, mediante as comunidades, branca, negra e indígena:

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* sociocultural: mostrando que o hábito de sucção de chupeta vem, nitidamente, da comunidade branca, e que os demais grupos populacionais parecem aderir a este “vício cultural”, incorporando-o como outros hábitos, a seus costumes primários.

* antropológico: o vício exerce papel substituto e saciador de necessidades básicas (nutricionais/emocionais), liberando a mãe para outras atividades, o que não se observa na comunidade indígena, na qual o papel da mãe é soberano.

* psicológico: a perpetuação do hábito de sucção é fruto de uma alteração comportamental, reflexo do deficiente desenvolvimento da fase oral, tornando-se compensatório em períodos de stress.

A criança que não recebe aleitamento natural tem a tendência de sugar o dedo, para exercitar sua musculatura, pois sua fome vai ser saciada por meio de outros artifícios nutricionais, porém a sua necessidade neural de sucção não. Nesse momento o hábito se instala. A sucção digital pode ser decorrente de problemas ambientais, tais como carência afetiva, ansiedade, ciúmes, podendo ser prejudicial à criança (CAVASSANI et al., 2003).

Quando se comparam os hábitos, a sucção digital é vista como potencial mais prejudicial do que a sucção de chupeta, visto que o dedo exerce maior pressão sobre a cavidade bucal, além de estar o tempo todo disponível, levando à maior dificuldade para sua remoção (CAMARGO et al., 1998).

Em decorrência da força mecânica exercida pelo bico ou pelo dedo atuando sobre as bases ósseas e dentes, estes hábitos podem interferir no padrão de crescimento e desenvolvimento craniofacial, podendo levar ao desenvolvimento de má oclusão e de alterações nas funções estomatognáticas (respiração, mastigação, deglutição e fala), (CAVASSANI, 2003; EMMERICH, 2004; TOMITA, 2000).

Os hábitos de sucção sem fins nutricionais (sucção digital e chupeta), são utilizados por muitos indivíduos como um mecanismo para aliviar suas tensões e obter uma sensação de prazer. Estes ocorrem com maior freqüência em crianças de pouca idade e, à medida que eles crescem, os hábitos tornam-se menos prevalentes (TOSTES, 1998).

A maioria dos hábitos é superada até o 3◦ e 4◦ ano de vida (BISHARA, 2001; MOYERS, 1991; SASSOUNI; FORREST, 1971). Mas existem, ainda, algumas crianças que permanecem com eles, e estas podem ser divididas em dois grupos: as que querem e as que não querem parar com o hábito (PROFFIT; FILDS, 1995).

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Quando os hábitos ocorrem quando a criança está na fase de dentadura decídua, estes têm pouco ou nenhum efeito em longo prazo, porém, quando persistem durante a fase da dentadura mista, podem atuar como deformadores do crescimento e desenvolvimento ósseo, posicionamento dentário, no processo respiratório, na fala e, consequentemente, podem provocar uma má-oclusão (KURAMAE et al., 2001; WARREN, 2002).

Segundo Moyers (1991), após a complementação da dentadura decídua, a criança não deve mais apresentar hábitos de sucção, uma vez que nessa idade o instinto de sucção deve ser substituído pelo de morder e pegar. O prolongamento da fase oral não é fisiológico e hábitos perpetuados além dessa fase se tornam deletérios. O hábito de sucção deletério contribui como fator etiológico em potencial na deterioração da oclusão (QUELUZ, 1999; SILVA, 2003).

Quando os hábitos orais são retirados até por volta de 3 anos de idade, há maior probabilidade de correção espontânea das possíveis má oclusões decorrentes destes hábitos (FELÍCIO, 2004; GONZÁLEZ, 2000; GRABER, 1972; TOMITA, 2000). De um modo geral, até esta idade, os hábitos orais costumam afetar somente a zona anterior da oclusão e depois de retirado o estímulo, as estruturas orais seguem seu desenvolvimento normal (GONZÁLEZ, 2000).

Quando o hábito de sucção não-nutritiva persiste depois desta idade, costuma produzir deformações na oclusão dentária (FAYYAT, 2000; GONZÁLEZ, 2000; TOMITA, 2000), sendo mais frequentes a mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior (JORGE et al., 2000; SERRA-NEGRA, 1997).

Em geral, quanto mais precoce ocorrer a retirada do hábito, menor a possibilidade de surgirem alterações oromiofuncionais (SOUZA, 2003).

2.4 ALEITAMENTO ARTIFICIAL

A falta de aleitamento natural pode contribuir para a instalação de hábitos de sucção não-nutritiva (PAUNIO et al., 1993). Isso ocorre porque no primeiro ano de vida a boca é a região mais sensibilizada do corpo e a sucção é uma resposta natural da própria espécie, tendo como função básica a alimentação, visando à ingestão do leite materno. Respeitando-se a livre demanda, ou seja, a criança podendo mamar sempre que desejar, não se faz necessário o uso

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de outros artifícios substitutos para a maturação neurofisiológica do sistema estomatognático (COSTA et al., 1993; DEGANO, 1993).

O tempo de amamentação e a introdução precoce de alimentação artificial (antes dos seis meses de vida) são frequentemente associados à instalação de hábitos de sucção não- nutritiva (FELICÍO, 2004; NEIVA, 2003; SILVA, 2003).

O desmame precoce é fator importante, uma vez que a amamentação é fundamental para o desenvolvimento motor-oral, na oclusão e na respiração. Nos primeiros meses de vida, a estimulação adequada dessa prática e o correto padrão de sucção são a base para prevenção de alterações no que se refere ao desenvolvimento do sistema motor-oral, por meio dos movimentos realizados pelos órgãos fonoarticulatórios (OFAS – lábios, língua, mandíbula, maxila, musculatura oral e arcadas dentárias) durante a sucção (NEIVA et al., 2003).

O uso precoce – antes dos seis meses – da mamadeira na rotina alimentar da criança está associado ao retorno das mães ao mercado de trabalho, deixando os bebês com cuidadores ou em creches, dificultando a amamentação natural nesse período. O uso da alimentação artificial faz o bebê posicionar a língua incorretamente na arcada inferior tendo como conseqüência, a hipotonicidade da língua, além de atresia maxilar (CARRASCOZA et al., 2006).

No emprego da mamadeira, o leite da mamadeira é extraído por pressão negativa e para que isso ocorra a mandíbula realiza apenas dois movimentos: abertura e fechamento. O efeito da ausência dos movimentos de protrusão e retrusão é a manutenção do retrognatismo fisiológico, pois a mandíbula perde o estímulo de crescimento (CARVALHO et al., 2002).

De acordo com Vinha (2002), o bebê succiona o líquido da mamadeira por pressão negativa, da mesma maneira que um indivíduo adulto usa o canudo plástico. O bebê extrai certa quantidade de líquido e empurra o bico da mamadeira contra o palato com a parte posterior da língua a fim de interromper o fluxo de leite. Para compensar a pressão negativa criada dentro da mamadeira, a qual impede a saída do leite, o bebê afrouxa os lábios, permitindo que o ar entre na mamadeira. Neste mecanismo, os movimentos da língua não são os fisiológicos e a musculatura facial é utilizada de forma incorreta, podendo prejudicar o desenvolvimento e o desempenho do aparelho estomatognático, além de haver uma maior chance da criança se tornar um respirador bucal.

A mamadeira também, difere do peito em três pontos: o comprimento do bico, o fluxo de leite e a área que contorna o bico (CARVALHO, 1995). O bico da mamadeira e a área que o circunda são diferentes do seio materno, não promovendo vedamento labial adequado. O

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aumento do orifício do bico da mamadeira, facilita a mamada, pois aumenta o volume do leite e reduz o exercício muscular, podendo contribuir para a instalação da deglutição atípica, porque para que a criança não se afogue a língua trabalha como uma válvula, não realizando os movimentos ondulatórios normais.

Durante a aleitamento natural além da fome física, a necessidade neural de sucção é saciada, uma vez que a criança leva cerca de 20 minutos para se alimentar. Este tempo é substancialmente reduzido para 2 ou 3 minutos, com o uso da mamadeira, principalmente quando o leite flui por um orifício generoso, saciando apenas a sua fome fisiológica, podendo levá-la adquirir outros hábitos de sucção para a satisfação neural da sucção.

Crianças com menor tempo de aleitamento materno desenvolvem, com maior freqüência, hábitos bucais deletérios, possuindo um risco relativo sete vezes superiores com relação àquelas aleitadas no seio por um período de, no mínimo, seis meses (SERRA-NEGRA et al., 1997).

Carvalho (1996) acrescentou que a criança que suga o peito da mãe mantém os lábios fechados, posiciona a língua corretamente, desenvolve funções bucais adequadas e estabelece o padrão normal e favorável da respiração, ao contrário do que ocorre com o uso da mamadeira.

Além disso, é importante lembrar que "O bico artificial faz apenas o contato com a mucosa dos lábios do bebê. Falta o calor dado pelo seio e corpo materno durante o ato da amamentação. Dessa forma, a fisiologia da lactação não é imitada" (GRABER).

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3 JUSTIFICATIVA

Durante anos, vários estudos e pesquisas têm sido realizadas referentes aos hábitos orais deletérios da infância e suas possíveis consequências no equilíbrio do sistema estomatognático (MORESCA, 1994; SONCINI, 2000). As prováveis alterações miofuncionais que ocorrem numa criança diante de um ou mais hábitos orais deletérios são determinados por vários aspectos, tais como frequência, intensidade, duração, objeto e ou órgão utilizado e a idade da mesma na época na qual se iniciou (o) ou (os) hábitos (BITAR, 2004; MORESCA, 1994).

As possíveis causas dos hábitos orais podem ser fisiológicas, emocionais ou de aprendizado condicionado, devendo ser buscado na lactência ou na primeira infância (HANSON; BARRET, 1998).

A forma de aleitamento infantil tem uma forte influência na instalação de hábitos orais deletérios. No primeiro livro de Odontopediatria publicado, Jórdon (1926), abordou a importância do aleitamento materno no desenvolvimento do sistema estomatognático, descrevendo a possibilidade de instalação de futuras maloclusões em crianças não aleitadas no seio.

Baseado na importância do assunto, o estudo teve como objetivo traçar o perfil epidemiológico da cidade de Uniflor-Pr, de modo avaliar a existência de relação causal entre amamentação natural e a presença de hábitos sucção não-nutritiva nas crianças deste município, servindo como subsídio para a implementação de políticas de saúde do município.

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4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Verificar a presença e duração do aleitamento materno ou artificial (mamadeira), e a ocorrência de hábitos de sucção não-nutritiva (sucção de chupeta e digital) em crianças de 0-12 anos no município de Uniflor.

4.2 Objetivos Específicos

- Investigar as formas de aleitamento (natural ou artificial) recebidas pelas crianças e causas dos desmame;

- Co-relacionar a influência do tempo de aleitamento natural ou sua ausência com a instalação de hábitos orais deletérios;

- Avaliar o nível de informação das mães a respeito da importância do aleitamento natural no desenvolvimento facial das crianças;

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5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

No levantamento prévio de dados, verificou-se que existiam aproximadamente 300 crianças na faixa etária proposta nesse estudo. Mas em virtude da dificuldade acesso, mudança de endereço, e pela ausência da mãe no momento da entrevista, a amostra constituiu-se por 220 crianças e 150 mães. A pesquisa abrangeu a zona urbana e zona rural do município de Uniflor, cidade esta com aproximadamente 2.465 habitantes e situada no extremo norte do Paraná.

5.2 CRITÉRIO DE INCLUSÃO

* Mães de crianças de 0 a 12 anos de idade; * Residentes em Uniflor.

5.3 CRITÉRIO DE EXCLUSÃO

* Mães menores de idade;

* Não consentimento pelos responsáveis legais; * Falta de acesso a determinadas residências.

5.4 SALVAGUARDAS ÉTICAS

Esta pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Sagrado Coração-USC – Bauru, Estado de São Paulo sob o protocolo número CEP 047/10.

Os responsáveis pelas crianças receberam esclarecimentos e, ao optarem por participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. (Anexo A)

5.5 CASUÍSTICA E METODOLOGIA

A amostra contou com a participação de 220 crianças, sendo 104 meninos e 116 meninas, na faixa etária de 0 a 12 anos e da colaboração de 150 mães, que responderam um questionário estruturado, contendo dez questões (Apêndice A), sendo oito referentes a

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presença e duração do aleitamento materno ou artificial (mamadeira), duração e freqüência dos hábitos de sucção não-nutritiva (sucção de chupeta e dedo) de seus filhos e duas referentes ao nível de informação materna, relacionados à importância do aleitamento natural no desenvolvimento facial da criança e grau de escolaridade em relação ao tempo de amamentação natural .

Para maior fidedignidade de resultados, o questionário foi aplicado pela própria pesquisadora, através de visitas domiciliares aos finais de semana, pois nestes dias existia uma maior concentração de mães nas residências. O tempo estimado para concluir cada questionário foi de 5 minutos, mas em alguns casos ocorria o prolongamento da visita, em função de dúvidas das mães pertinentes as suas crianças, e também pela excelente receptividade da pesquisadora nas casas visitadas. O período da coleta de dado foi de aproximadamente 4 meses, compreendendo Junho a Outubro de 2010.

(26)

6 RESULTADOS

Para a análise dos resultados utilizou-se a ESTATÍSTICA DESCRITIVA – descrição da distribuição de ocorrência, envolvendo freqüência absoluta e relativa percentual e respectivos gráficos e a realização do teste do QUIQUADRADO, cujos resultados estão apresentados a seguir.

Tabela 1 – Idade, gênero, tipo e período de amamentação

Idade

(anos) Nº

Gênero Aleitamento natural Aleitamento natural e

idade desmame Ainda mamam % M F Sim % Não % < 3 meses % Até 6 meses % > 6 meses % < 1 13 6 7 13 (100) 0 3 (23,1) 1 (7,7) 1 (7,7) 8 (61,5) 1 24 9 15 23 (95,8) 1 (4,2) 5 (21,7) 7 (30,4) 2 (8,7) 9 (39,2) 2 13 5 8 10 (76,9) 3 (23,1) 2 (20) 1 (10) 7 (70) 0 3 18 10 8 17 (94,4) 1 (5,6) 8 (47,1) 2 (11,8) 7 (41,1) 0 4 13 9 4 12 (92,3) 1 (7,7) 3 (25) 4 (33,3) 5 (41,7) 0 5 19 10 9 16 (84,2) 3 (15,8) 1 (6,3) 0 15 (93,7) 0 6 20 6 14 18 (90) 2 (10) 3 (16,7) 5 (27,8) 10 (55,5) 0 7 17 9 8 17 (100) 0 7 (41,2) 3 (17,6) 7 (41,2) 0 8 17 9 8 16 (94,1) 1 (5,9) 8 (50) 1 (6,3) 7 (43,7) 0 9 17 9 8 13 (76,5) 4 (23,5) 5 (38,5) 0 8 (61,5) 0 10 24 10 14 21 (87,5) 3 (12,5) 5 (23,8) 2 (9,5) 14 (58,3) 0 11 12 9 3 12 (100) 0 1 (8,3) 2 (16,7) 9 (75) 0 12 13 3 10 12 (92,3) 1 (7,7) 4 (33,3) 2 (16,7) 6 (50) 0 Total 220 104 (47,3) 116 (52,7) 200 (90,9) 20 (9,1) 55 (27,5) 30 (15) 98 (49) 17 (8,5)

Pelos dados apresentados na Tabela 1 observou-se que a maioria das crianças (90,9%) foram amamentadas no peito e apenas (9,1%) não o foram. Com relação ao tempo de aleitamento natural, (27,5%) foram aleitadas por períodos inferiores a 3 meses, (15%) até 6 meses e (49%) por períodos superiores a 6 meses. Verificou-se ainda durante a pesquisa, que (8,5%) das crianças encontravam-se em fase de lactação.

(27)

Figura 1 – Causas dos desmames referidas pelas mães

Entre as causas apontadas para o desmame, observou-se que em 59 crianças (32,2%) ocorreram por motivos particulares da mãe como (morte, doença, conveniência, dores ao amamentar, nova gestação, entre outros), 53 (29%) em função da rejeição do bebê ao leite materno, 38 (20,8%) pela falta de leite materno, pelo retorno ao trabalho 29 (15,8%), e 4 (2,2%) preferência pela mamadeira em vez do peito (Figura 1).

32,2% 29% 20,8% 15,8% 2,2% Causas do desmame (n=183) Mãe Rejeição do bebê Falta de leite Trabalho Mamadeira

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Tabela 2 – Uso do aleitamento artificial (mamadeira) Idade

(anos)

Nº Uso mamadeira Associada peito % Após desmame % Mamadeira direto % Uso Atual

Sim % Não % Sim % Não %

< 1 13 11 (84,6) 2 (15,4) 11 (100) 0 0 11 (100) 0 1 24 22 (91,6) 2 (8,3) 19 (86,4) 2 (9,1) 1 (4,5) 20 (90,9) 2 (9,1) 2 13 13 (100) 0 8 (61,5) 2 (15,4) 3 (23,1) 13 (100) 0 3 18 18 (100) 0 13 (72,2) 4 (22,2) 1 (5,6) 15 (83,3) 3 (16,7) 4 13 12 (92,3) 1 (7,7) 10 (83,4) 1 (8,3) 1 (8,3) 12 (100) 0 5 19 17 (89,5) 2 (10,5) 9 (53) 5 (29,4) 3 (17,6) 9 (52,9) 8 (47,1) 6 20 19 (95) 1 (5) 10 (52,7) 7 (36,8) 2 (10,5) 10 (52,6) 9 (47,4) 7 17 16 (94,1) 1 (5,9) 14 (87,5) 2 (12,5) 0 9 (56,3) 7 (43,7) 8 17 12 (70,6) 5 (29,4) 9 (75) 2 (16,7) 1 (8,3) 2 (16,7) 10 (83,3) 9 17 15 (88,2) 2 (11,8) 8 (47) 3 (17,6) 4 (23,5) 4 (26,7) 11 (73,3) 10 24 19 (79,2) 5 (20,8) 11 (57,9) 5 (26,3) 3 (15,8) 1 (5,3) 18 (94,7) 11 12 8 (66,7) 4 (33,3) 5 (62,5) 3 (37,5) 0 1 (12,5) 7 (87,5) 12 13 7 (53,8) 6 (46,2) 4 (57,1) 2 (28,6) 1 (14,3) 1 (14,3) 6 (85,7) Total 220 189 (85,9) 31 (14,1) 131 (69,3) 38 (20,1) 20 (10,6) 108 (57,1) 81 (42,9)

Em relação ao aleitamento artificial, constatou-se que (85,9%) das crianças fizeram uso da mamadeira e (14,1%) não. Dos que fizeram uso, (69,3%) foi associado à amamentação

natural, (20,1%) após o desmame e (10,6%) passaram direto para mamadeira. O uso atual totalizou (57,1%) e (42,9%) deixaram de utilizá-la (Tabela 2).

(29)

Figura 2 – Tempo de uso do aleitamento artificial

A figura 2 ilustra o período de uso da mamadeira pelas crianças onde verificou-se, 17 (21%) deixou o hábito com idade inferior a 3 anos, 46 (56,8%) entre 3 a 5 anos e 18 (22,2%) acima de 5 anos. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

< 3 anos 3 a 5 anos > de 5 anos

21%

56,8%

22,2%

Crianças que deixaram de usar mamadeira (n=81)

< 3 anos 3 a 5 anos > de 5 anos

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Tabela 3 – Hábito de sucção não-nutritiva (chupeta)

Idade (anos)

Nº Uso chupeta Associada ao peito

%

Após desmame

%

Uso atual Chupeta no hospital

Sim % Não % Sim

% Não % Sim % Não % < 1 13 6 (46,2) 7 (53,8) 6 (100) 0 6 (100) 0 5 (38,5) 8 (61,5) 1 24 12 (50) 12 (50) 11 (91,7) 1 (8,3) 12 (100) 0 12 (50) 12 (50) 2 13 10 (76,9) 3 (23,1) 7 (70) 3 (30) 9 (90) 1 (10) 7 (53,8) 6 (46,2) 3 18 12 (66,7) 6 (33,3) 9 (75) 3 (25) 9 (75) 3 (25) 8 (44,4) 10 (55,6) 4 13 6 (46,2) 7 (53,8) 5 (83,3) 1 (16,7) 2 (33,3) 4 (66,7) 5 (38,5) 8 (61,5) 5 19 6 (31,6) 13 (68,4) 4 (66,7) 2 (33,3) 1 (16,7) 5 (83,3) 9 (47,4) 10 (52,6) 6 20 9 (45) 11 (55) 6 (66,7) 3 (33,3) 3 (33,3) 6 (66,7) 12 (60) 8 (40) 7 17 9 (52,9) 8 (47,1) 9 (100) 0 3 (33,3) 6 (66,7) 9 (52,9) 8 (47,1) 8 17 10 (58,8) 7 (41,2) 9 (90) 1 (10) 0 10 (100) 9 (52,9) 8 (47,1) 9 17 12 (70,6) 5 (29,4) 8 (66,7) 4 (33,3) 1 (8,3) 11 (91,7) 12 (70,6) 5 (29,4) 10 24 11 (45,8) 13 (54,2) 9 (81,8) 2 (18,2) 2 (18,2) 9 (81,8) 10 (41,7) 14 (58,3) 11 12 7 (58,3) 5 (41,7) 5 (71,4) 2 (28,6) 0 7 (100) 5 (41,7) 7 (58,3) 12 13 7 (53,8) 6 (46,2) 6 (85,7) 1 (14,3) 1 (14,3) 6 (85,7) 5 (38,5) 8 (61,5) Total 220 117 (53,2) 103 (46,8) 94 (80,3) 23 (19,7) 49 (41,9) 68 (58,1) 108 (49,1) 112 (50,9)

A Tabela 3 apresenta os resultados com relação ao hábito de sucção não-nutritiva (chupeta). Verificou-se que (53,2%) das crianças fizeram uso da chupeta e (46,8%) não. Dos que usaram, (80,3%) foi associada ao aleitamento natural e (19,7%) ocorreu após desmame. Relacionado ao uso atual da chupeta, verificou-se que o hábito de sucção, ainda persiste nas idades acima de quatro anos. Com relação a presença da chupeta entre os pertences da criança no hospital no momento do parto, (49,1%) das mães disseram ter levado e (50,9%) não.

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Figura 3 – Tempo de uso da chupeta

A Figura 3 ilustra os resultados obtidos em relação ao tempo de uso da chupeta, observou-se que 42 (61,8%) abandonaram o hábito com idade menor ou igual a três anos e 26 (38,2%) com idade acima de três anos.

0 10 20 30 40 50 < ou = 3 anos > 3 anos 61,8% 38,2% Crianças que deixaram de usar chupeta (n=68)

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Tabela 4 – Freqüência atual da sucção de chupeta Idade

(anos) Nº Constante % Dormir % Outros%

< 1 6 1 (16,7) 2 (33,3) 3(50) 1 12 7 (58,3) 5 (41,7) 0 2 9 7 (77,8) 2 (22,2) 0 3 9 4 (44,4) 4 (44,4) 1 (11,2) 4 2 1 (50) 1 (50) 0 5 1 0 1 (100) 0 6 3 2 (66,7) 1 (33,3) 0 7 3 1 (33,3) 2 (66,7) 0 8 0 0 0 0 9 1 0 0 1 (100) 10 2 1 (50) 1 (50) 0 11 0 0 0 0 12 1 0 0 1 (100) Total 49 24 (49) 19 (38,8) 6 (12,2)

Na Tabela 4 observa-se que com relação a frequência do hábito de sucção de chupeta, (49%) das crianças o faz constantemente, (38,8%) só para dormir, e outros (12,2%).

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Tabela 5 – Hábito de sucção não-nutritiva (sucção digital) Idade

(anos)

Nº Sucção de dedo Sucção atual Frequência atual % As Sim % Não % Sim

%

Não %

Noite Manhã Constante Vezes < 1 13 5 (38,5) 8 (61,5) 5 (100) 0 1 (20) - 1 (20) 3 (60) 1 24 2 (8,3) 22 (91,7) 2 (100) 0 1 (50) - 1 (50) 0 2 13 1 (7,7) 12 (92,3) 1 (100) 0 1 (100) 0 0 0 3 18 0 18 (100) 0 0 0 0 0 0 4 13 1 (7,7) 12 (92,3) 1 (100) 0 1 (100) 0 0 0 5 19 2 (10,5) 17 (89,5) 1 (50) 1 (50) 0 0 0 1 (100) 6 20 1 (5) 19 (95) 1 (100) 0 1 (100) 0 0 0 7 17 2 (11,8) 15 (88,2) 2 (100) 0 1 (50) 1 (50) 0 0 8 17 3 (17,6) 14 (82,4) 3 (100) 0 2 (66,7) 0 0 1 (33,3) 9 17 0 17 (100) 0 0 0 0 0 0 10 24 4 (16,7) 20 (83,3) 1 (25) 3 (75) 1 (100) 0 0 0 11 12 0 12 (100) 0 0 0 0 0 0 12 13 2 (15,4) 11 (84,6) 1 (50) 1 (50) 1 (100) 0 0 0 Total 220 23 (10,5) 197 (89,5) 18 (78,3) 5 (21,7) 10 (55,6) 1 (5,6) 2 (11,1) 5 (27,7)

A presença da sucção digital foi evidenciada em (10,5%) das crianças e em (89,5%) não apresentavam esse hábito. A sucção digital atual totalizou (78,3%), com maior frequência para o hábito noturno (55,6%) (Tabela 5).

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Figura 4 – Presença dos hábitos deletérios (chupeta e dedo)

Na avaliação da presença de hábitos orais deletérios (sucção de chupeta e digital), verificou-se que os mesmos estiveram presente em 140 (63,6%) crianças, sendo que 124 (56,4%) das crianças apresentaram um tipo de hábito deletério, 16 (7,2%) com ambos os hábitos presentes e 80 (36,4%) sem hábito algum (Figura 4).

0 20 40 60 80 100 120 140 Hábito presente Hábito ausente 63,6% 36,4% Presença da sucção de chupeta e digital (n=220)

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Tabela 6 - Hábitos de sucção não-nutritiva e tempo de aleitamento natural Hábitos Deletérios N Fase de Lactação Aleitamento natural < 3 meses Aleitamento natural até 6 meses Aleitamento natural > 6 meses Aleitamento natural ausente Chupeta 117 3 (2,6%) 50 (42,7%) 24 (20,5%) 27 (23,1%) 13 (11,1%) Dedo 23 3 (13%) 7 (30,4%) 3 (13%) 9 (39,2%) 1 (4,4%)

O uso de chupeta foi verificado em 3 crianças (2,6%) em fase de lactação, em 50 crianças (42,7%) que foram aleitadas naturalmente por período inferior a 3 meses, em 24 crianças (20,5%) aleitadas naturalmente por período de até 6 meses, em 27 crianças (23,1%) aleitadas naturalmente por período superior a 6 meses e também presente em 13 crianças (11,1%) que não receberam aleitamento natural (Tabela 6).

O hábito de sucção digital foi verificado em 3 crianças (13%) em fase de lactação, em 7 crianças (30,4%) que foram aleitadas naturalmente por período inferior a 3 meses, em 3 crianças (13%) aleitadas naturalmente por período de até 6 meses, em 9 crianças (39,2%) aleitadas naturalmente por período superior a 6 meses e também presente em 1 criança (4,4%) que não receberam aleitamento natural (Tabela 6).

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Tabela 7- Teste do quiquadrado para as variáveis uso de chupeta e amamentação natural --- AMAMENTAÇÃO --- CHUPETA 3 4 Total --- 1 117 0 117 2 83 20 103 Total 200 20 220 --- Quiquadrado = 24,9902912 Graus de lib. = 1 P = 0,00000057

A análise da relação entre o uso da chupeta e a amamentação natural foi realizada pelo teste do quiquadrado que apontou uma diferença estatisticamente significante (p=0,00000057) para as duas variáveis analisadas (Tabela 7).

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Tabela 8- Teste do quiquadrado para as variáveis sucção digital (dedo) e amamentação natural --- AMAMENTAÇÃO --- DEDO 5 6 Total --- 3 23 117 200 4 0 20 20 Total 23 197 220 --- Quiquadrado = 2,56852791 Graus de lib. = 1 P = 0,10900912

A análise da relação entre a sucção digital e a amamentação natural também foi realizada pelo teste do quiquadrado não apontou uma diferença estatisticamente significante (p=0,10900912) para as duas variáveis analisadas (Tabela 8).

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Figura 5 – Nível de informação das mães sobre amamentação natural no desenvolvimento facial

Com relação ao conhecimento sobre entrevistadas sobre a importância da amamentação natural para o desenvolvimento facial das crianças, constatou-se que 119 (79,3%) disseram não ter conhecimento e 31 (20,7%) disseram ter recebido algum tipo de informação (Figura 5). 0 50 100 150 Não Sim 79,3% 20,7%

Nível de informação das mães sobre amamentação natural no desenvolvimento facial (n=150)

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Figuras 6 – Escolaridade materna

A Figura 6 ilustra os resultados sobre o nível de escolaridade das mães. Verificou-se que das 150 mães entrevistadas, 60 (40%) concluíram o ensino médio e 14 (9,3%) não. Abaixo do nível fundamental encontrou-se 49 (32,7%) e com o ensino fundamental completo 13 (8,6%). O nível superior completo esteve presente em 7 (4,7%) das entrevistadas e 3 (2%) o tinham de forma incompleta. Ainda, 4 (2,7%) das mães eram analfabetas.

Foi realizado o teste de correlação para as variáveis escolaridade das mães e tempo de aleitamento natural que apontou correlação positiva entre ambas de 0,818982.

0 10 20 30 40 50 60 2,7% 32,7% 8,6% 9,3% 40% 2% 4,7%

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7 DISCUSSÃO

Baseado na importância do aleitamento materno e na frequência com que os hábitos deletérios ocorrem na infância, o inquérito epidemiológico foi realizado, no intuito de estabelecer uma relação causal entre aleitamento natural e a presença de hábitos de sucção não-nutritiva em crianças de 0 a 12 anos da cidade de Uniflor.

Embora a população estudada não seja uma amostra representativa em sua totalidade, os resultados encontrados, possibilitaram um diagnóstico rápido da prática de amamentação e da presença dos hábitos deletérios das crianças deste do município.

A amostra foi constituída por 104 meninos (47,3%) e 116 meninas (52,7%) encontrados aleatoriamente, sendo o aleitamento natural total verificado em 200 crianças (90,9%), como apresentado na Tabela 1. Esses valores corroboram os estudos de (CAVALCANTI et al., 2005 (83%); LEITE et al., 1999 (81%); PALUMBO et al., 1999 (86%); e (93,6%) de SOUSA, 2004). Além do percentual elevado de crianças aleitadas ao peito, 98 crianças (49%) o foram por um período superior a 6 meses, conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde (2001) e relação esta similar aos estudos de (SERRA-NEGRA et al., 1997) com (52,5%). Valores diferentes foram encontrados por Escobar et al. (2002) que verificou que apenas (7%) das crianças foram aleitadas por período superior a 6 meses.

Observou-se, a partir dos anos 50, o crescente incentivo ao desmame precoce na maioria dos países, causado principalmente pela industrialização do leite em pó, o que levou a um aumento mundial na taxa de mortalidade infantil. Esse fato fez com que o governo e entidades não governamentais, desencadeassem campanhas como a Semana Mundial da Amamentação, com o intuito de socializar as informações sobre os benefícios da amamentação, incentivando a aleitamento natural.

A Odontologia, por sua vez, tem estudado a amamentação natural e o desenvolvimento do sistema estomatognático, enfatizando a sua importância na prevenção de uma série de patologias e alterações da face. Diversos autores (CARVALHO, 1995; PRAETZEL, 1998;

(41)

SERRA-NEGRA, 1997) têm relacionado a falta de aleitamento natural com a instalação de hábitos de sucção não-nutritiva e consequentemente ao desenvolvimento de maloclusões. Dessa forma, há concordância entre os diversos estudos já publicados que o aleitamento materno auxilia no correto desenvolvimento das estruturas orofaciais (CHARCHUT et al., 2003), podendo ser considerado um fator preventivo para a instalação de hábitos de sucção (HOWARD et al., 2003).

Fisiologicamente a criança recém-nascida apresenta uma desproporção entre o crânio cefálico e a face. A mandíbula encontra-se retroposicionada em relação à maxila, com uma discrepância de 8 a12 mm, em situações de normalidade. O crescimento da porção cefálica se dá pela bagagem genética do indivíduo, porém a face sofre também influência dos fatores ambientais tais como a respiração, mastigação e deglutição (VAN DER LAAN, 1994).

Nesse estudo as mães foram argüidas sobre as causas que as levaram ao desmame precoce de seus filhos (Figura1). Foram alegados motivos particulares da mãe 59 (32,2%) como morte, doença, conveniência, dores ao amamentar, nova gestação, entre outros; rejeição do bebê ao leite materno 53 (29%); falta de leite materno 38 (20,8%); retorno ao trabalho 29 (15,8%) e preferência do bebê à mamadeira 4 (2,2%). No estudo conduzido por Volpine e Moura (2005) as causas do desmame encontradas foi principalmente por motivos de ordem educacional, como a falta ou redução do leite materno, retorno da mãe ao trabalho e a recusa da própria criança ao leite materno, motivos estes que também foram evidenciados na presente pesquisa. Ainda, Felício (2004), chamou atenção ao fato de que a associação entre tempo de amamentação e a introdução precoce da alimentação artificial, antes dos seis meses de vida, são frequentemente associados à instalação de hábitos de sucção não-nutritiva.

Quanto ao aleitamento artificial (Tabela 2), observou-se que 189 crianças (85,9%) fizeram uso da mamadeira conforme os resultados de (CAVALCANTI et al., 2005) com (88,7%). Em contrapartida, 31 crianças (14,1%) nunca lançaram mão desse recurso, de acordo com os estudos de Serra-Negra et al. (1997) com (13,6%), porém 131 crianças (69,3%) tiveram o uso da mamadeira associada à amamentação natural, resultados estes próximos aos descritos por (MENDES, 2008) com (72,7%). Em relação ao tempo de aleitamento artificial (Figura 2), verificou-se que 46 (56,8%) crianças deixaram de utilizar a mamadeira com mais de 3 anos, a exemplo dos (52,9%) descritos por (NERM et al., 2006).

(42)

A correlação entre a ausência de aleitamento natural e o aumento da incidência de hábitos de sucção não-nutritiva foi bem explorada no estudo de Serra-Negra et al. (1997), quando encontraram como resultados que a criança não alimentada no peito desenvolveu esses hábitos sete vezes mais que as que o foram. Ainda, segundo Serra-Negra et al. (1997), isso pode ser explicado pelo fato de que a sucção sacia não só as necessidades físicas (fome), mas também as psicológicas da criança. O bebê libera suas tensões por meio da sucção. Considerando que o tempo necessário para sugar a mamadeira é muito inferior ao que bebê leva para mamar no seio materno, tem-se que suas necessidades físicas são saciadas, mas as psicológicas não. Dentre os hábitos de sucção não- nutritiva destacam-se como os de maior incidência a chupeta e o dedo.

Para Tomita et al. (2000), a chupeta é um bem de consumo de preço reduzido, amplamente acessível à população. Sua utilização é estimulada pelos pais, frente ao choro infantil, desde as idades mais tenras. A chupeta pode ser descrita com os termos “pacifier” ou “conforter”. Parece decorrer daí a conotação de que a utilização da chupeta deva ser indicada como objeto de “pacificar” ou “confortar” a criança inquieta. De acordo com Modesto e Camargo (1998), a chupeta faz parte do enxoval de todo bebê, onde as diferentes marcas, formas, cores e desenhos têm despertado atração irresistível para a aquisição das mães.

Na (Tabela 3), os resultados encontrados apontam a sucção de chupeta como sendo o hábito mais frequente na população estudada 117 (53,2%), corroborando com os achados da literatura (ALBUQUERQUE et al., 2010 com (61,6%); BITTENCOURT, 2002 com (55,6%) CAVALCANTI et al., 2005 (65,4%); DOLCI et al., 2001; FAYYAT, 2000; MENDES et al., 2008 (53,7%); SERRA-NEGRA et al., 1997; TOMITA et al., 2000). O teste do qui-quadrado (Tabelas 6 e 7) apontou diferença estatisticamente significativa entre as crianças amamentadas ao peito e as não amamentadas para o uso de chupeta (p=0,00000057), valores estes que vão ao encontro daqueles descritos por Serra-Negra et al. (1997). Ainda, pode-se observar que 94 (80,3%) crianças usaram a chupeta associada ao aleitamento natural; resultado esse em consonância com a afirmação de Coletti e Bartholomeu (1998) quando disseram que o uso da chupeta se dá logo após o nascimento.

Com relação à presença da chupeta entre os pertences da criança na maternidade (Tabela 3), observou-se que 112 respostas (50,9%) disseram não ter levado a chupeta para o hospital no momento do parto e 108 (49,1%) disseram que sim. Observa-se que esses resultados mostram um relativo equilíbrio entre as respostas diferentemente dos valores

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encontrados por Tomasi et al. (1994) onde a maioria das mães (80%) ofereceram chupeta para a criança ainda no hospital, por ocasião do nascimento.

Outro fator que deve ser analisado com relação ao hábito de sucção não-nutritiva é o tempo que esse permanece na vida da criança e a sua freqüência de uso. Com esse foco Vieira (2006) afirmou que o hábito de sucção é fisiológico em todas as crianças, do nascimento até cerca de 2 anos de idade. Porém, quando o hábito ultrapassa essa fase e prolonga-se a fase de mastigação e no período da dentadura mista torna-se nocivo e deve ser eliminado.

Nesse estudo, em relação ao tempo de uso da chupeta (Figura 3), verificou-se que 44 (61,8%) crianças a deixaram com idade menor ou igual a 3 anos e 26 (38,2%) com mais de 3 anos, com semelhança aos valores encontrados por (NERM et al., 2006), onde (63,2%) a utilizaram com idade menor ou igual a 36 meses e (36,8%) com mais de 36 meses. Observou-se também (Tabela 3) que houve diminuição do uso da mesma com o avançar da idade, principalmente após 3 anos. Forte (2000) e Lino (1995) a partir dos resultados de seus estudos chegaram a resultados concordantes e afirmaram que os hábitos de sucção não-nutritiva são mais prevalentes entre crianças menores, observando uma queda dos mesmos à medida que a criança cresce.

Com relação à frequência atual de sucção de chupeta (Tabela 4), verificou-se que 24 crianças (49%) ainda usam chupeta de maneira constante e 19 (38,8%) no período noturno, resultados estes, que se aproximam aos de Albuquerque et al., 2010 com (54,2%) para a freqüência constante e (45,8%) para o período noturno e Tomasi et al., 1994, com (48%) para a freqüência constante.

A sucção digital existente nos primeiros dias de vida, tem relação com problemas de alimentação. Se iniciados mais tarde, pode ser por motivos de liberação de tensões emocionais, com possibilidade de ter relação com a fome, a insegurança ou a forma de chamar atenção (MOYERS, 1987). A sucção digital (Tabela 5), foi encontrada em 23 (10,5%) crianças, frequência baixa quando comparados com a sucção de chupeta. Esses valores, aproximaram-se aos achados de (BITTENCOURT et al., 2002; CAVALCANTI et al., 2005 com 6,4%; PAUNIO et al., 1993; SERRA-NEGRA et al., 1997 com 10%). Entretanto, na análise da relação, entre hábito de sucção digital e tempo de amamentação natural (Tabela 6 e 8), verificou-se que não houve diferença significante, resultados estes diferem dos resultados dos estudos de Almeida et al., 2007, onde 76,2% das crianças que desmamaram precocemente não desenvolveram hábito de sucção digital.

(44)

Contrário ao que ocorreu com a sucção de chupeta, a frequência noturna para a sucção digital foi a mais evidente com 10 (55,6%) (Tabela 5), diferindo dos resultados encontrados por (ALBUQUERQUE et al., 2010, com 45,8% para a freqüência noturna). Ainda verificou-se que das crianças que abandonaram a sucção digital, 2 (40%) ocorreu com idade abaixo de 2 anos e 3 (60%) entre 2 e 5 anos, mas ainda presente em 8 crianças na faixa etária de 6 a 12 anos (Tabela 5). O período ideal para remoção do hábito, é bastante contraditório. Segundo Graber (1972), Salzmann (1943), a interrupção deste deve se dar até os 3 anos de idade; entre 3 e 4 anos de idade, de acordo com Geiser e Hirschfeld (1974), Jarabak (1959), Proffit e Fields (1995) ou até o 5◦ ano de vida, sob o ponto de vista de (CAMPBELL; PRINCE, 1984).

Contudo, sabe-se que a permanência do hábito por períodos prolongados, pode produzir um desequilíbrio das forças naturais que atuam na cavidade oral, interferindo no padrão de crescimento e desenvolvimento craniofacial e podendo levar ao desenvolvimento de alterações na oclusão e nas funções orais (SERRA-NEGRA et al., 1997; SOUZA, 2003).

No contexto geral, conforme mostra a (Figura 4), a presença de hábitos orais deletérios (sucção de chupeta e digital) esteve presente em 63,6% dos casos. Sendo estes resultados, inferiores aos descritos por Cavalcanti et al. (2005) com 73,6%. Verificou-se também que, 124 crianças (56,6%), apresentaram pelo menos um tipo de hábito deletério, valores estes, semelhantes aos descritos por (SERRA-NEGRA et al., 1997) com 75% .

Na análise do nível de informações das mães em relação importância do aleitamento natural no desenvolvimento facial da criança (Figura 5), observou-se 119 (79,3%) relataram não ter conhecimento algum sobre o tema abordado e 31 (20,7%) disseram ter alguma informação sobre o assunto. Esses resultados são superiores aos encontrados por Souza et al., 2006 onde (65%) da mães receberam orientação prévia e (35%) não; já nos estudos conduzidos por Volpine e Moura (2005), 41,8% disseram terem recebido informação e 58,2% não. O fato da maior parte das mães não ter recebido orientação sobre amamentação no pré-natal é um dado preocupante. Segundo Abrão et al. (1997), tal fato aponta falha no acompanhamento das mães pelos profissionais de saúde durante o pré-natal, assim como no pós-parto, períodos fundamentais para orientação sobre as técnicas corretas e os benefícios do aleitamento materno.

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Em relação ao nível de escolaridade das mães (Figura 6), verificou-se que das 150 mães entrevistadas, uma pequena porcentagem eram analfabetas 4 (2,7%); 49 (32,7%) estavam abaixo do ensino fundamental e 60 (40%) concluíram o ensino médio, resultados que diferem dos estudos de Escobar et al. (2002), onde 2,3% das mães eram analfabetas; 50,8% não concluíram o primeiro grau; 16,9% concluíram o primeiro grau; 10,2% apresentaram o segundo grau de maneira incompleta; 15,7% das mães com o segundo grau completo e 4% das mães concluíram o ensino superior. Houve correlação positiva entre o nível de escolaridade das mães e amamentação natural.

(46)

8 CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, a presente pesquisa permite concluir que:

- os hábitos de sucção não-nutritivos estiveram presentes em uma grande parcela da amostra estudada, apontando para a necessidade da realização de estudos longitudinais e de uma melhor integração profissional na comunidade.

- o uso da chupeta foi menos freqüente nas crianças aleitadas ao peito, demonstrando relação significativa entre tempo de amamentação e o hábito de sucção de chupeta.

- não houve relação significante entre o hábito de sucção digital e tempo de amamentação natural recebida pelas crianças.

- os indicadores epidemiológicos para o índice de amamentação natural foram bastante satisfatórios; houve coexistência das duas formas de aleitamento.

- as mães entrevistadas, em sua maioria, desconheciam a importância do aleitamento natural no desenvolvimento facial das crianças, sinalizando para a necessidade de implantação e implementação de programas específicos, com ações preventivas e educativas para toda à comunidade, de modo a garantir à promoção e prevenção em saúde.

- houve correlação positiva entre o nível de escolaridade das mães e amamentação natural.

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REFERÊNCIAS

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