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de 1988), bem como a mulher dele recebeu tal renda relativa a 1988;

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PN: 759.94

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Acordam no Tribunal da Relação de Évora

1. Ermelinda Alves da Silva, residente na Rua Teófilo Braga, nº 20 em Faro, propôs embargos de terceiro contra Joaquim Custódio, residente na Estrada do Aeroporto, Faro.

2.Alegou, em síntese:

a) o arrendamento que se discutiu na acção de despejo em que foi autor, como senhorio, o embargado, e réu, como inquilino, Manuel Caetano Querido, foi contratado entre ela e o pai do A., em 1962, tendo ficado acordado que o local se destinava à habitação da Ermelinda;

b) Manuel Caetano Querido apenas tinha figurado como inquilino por a embargante não desejar ficar no arrendamento nessa qualidade por temor à reacção do marido que cumpria pena de prisão por prática de crime de violação de uma das filhas,

c) foi sempre a embargante que pagou as rendas e foi sempre ela quem habitou a casa;

d) Manuel Caetano, seu patrão à data do arrendamento, nunca habitou a casa; e) o embargado, filho do anterior senhorio, sucedeu a este na posição do pai e recebeu rendas da embargante relativas ao arrendamento (Outubro e Dezembro de 1988), bem como a mulher dele recebeu tal renda relativa a 1988;

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2 f) só em Janeiro de 1988 o embargado recusou receber a renda, pelo que Ermelinda depositou na CGD.

3. Contestou o embargado invocando:

a) a embargante teve conhecimento do despejo em Janeiro de 1989 e não em Abril do mesmo ano; ora, os embargos deram entrada em juízo só em 89.04.03; b) nunca foi arrendatária, pois que tal qualidade teve-a sempre Manuel Caetano Querido em cujo nome o arrendamento foi celebrado e em nome de quem sempre as rendas foram pagas.

4. Elaborada especificação e questionário na fase da condensação, seguiu-se a audiência na qual não foi dada resposta ao quesito 1º - "O arrendamento referido no artº 2º da petição de despejo foi feito à embargante e para esta residir no prédio?". Por via disso, interposta apelação da sentença que julgou procedentes os embargos, foi nesta relação anulado o julgamento dada a essencialidade de que se revestia a resposta, insuprível, atenta a circunstância da sentença recorrida ter chegado "à conclusão de que a embargante actuou como se arrendatária fosse... há 27 anos ocup[ando] o prédio dos autos, praticando os actos integradores do direito que se arroga - a relação locatícia -”muito embora tenha ficado "explicado que ela não era locatária" (transcreveu-se): as rendas foram recebidas pelos senhorios... em nome do arrendatário do prédio que era Manuel Caetano Querido. Na verdade, "[era] diametralmente oposta a solução no caso de o arrendamento ter sido celebrado sendo inquilina a embargante ou não o sendo: desde logo, foi com base na relação locativa que os embargos foram deduzidos; depois, caso não [fosse] arrendatária, não se vislumbra[ria] a que título ocupa[va] a embargante o imóvel". Ora, "a

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3 pergunta formulada no quesito 1º assumia [assim] particular importância, pois nele [era] perguntado de modo directo e claro, se o arrendamento que nos autos se discute foi 'feito à embargante e para residir no prédio'... [não tendo sido] o mesmo considerado como não sendo susceptível de resposta até porque não se afigura como tal".

5. Reenviada a discussão da causa para a 1ª instância, "aberta a audiência os ilustres mandatários das partes declararam admitir por acordo toda a matéria constante das respostas aos quesitos a fls. 46 vs., prescindindo das testemunhas" e proferiu o juiz o despacho que se transcreve de seguida: "Face à posição assumida pelas partes nos termos do artº 511/1 CPC, julga-se fixada a matéria de facto como foi respondida e no tocante ao quesito 1º não se responde por ser matéria conclusiva como, aliás, aponta o douto acórdão da Relação de Évora".

6. Produzidas as alegações de direito, foi lavrada a sentença recorrida que manteve inteiramente o dispositivo de início: "não se tendo alterado a matéria de facto aprovada na decisão de fls. 49 e ss., razões não vemos para alterar a decisão de direito então proferida e sua fundamentação, pelo que a damos por inteiramente reproduzida, custas inclusivé".

7. Desta decisão interpôs a presente apelação o embargado, recebido o recurso na espécie e fixado o efeito da lei, nada obstando ao conhecimento, corridos os vistos.

8. Concluiu:

a) com a procedência da acção de despejo nº 602/88 - 1ª secção - 1º Juízo do Tribunal da Comarca de Faro, foi resolvido o arrendamento do prédio urbano,

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4 sito na Rua Teófilo de Braga, 18/20, São Pedro - Faro, inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o artº 415 e descrito na CRP de Faro sob o nº 0196/31 09 88;

b) esse prédio urbano foi arrendado a Manuel Caetano Querido e não à ora apelada;

c) os recibos da renda do prédio foram passados em nome de Manuel Caetano Querido;

d) a apelada nunca foi arrendatária desse prédio, nem como tal reconhecida pelo apelante;

e) a sentença recorrida violou o disposto no artº 668 CPC;

f) deve ser revogada e substituída por outra que julgue improcedentes os embargos de terceiro deduzidos pela apelada.

9. Concluiu a apelada:

a) deve declarar-se nulo por simulado o contrato de arrendamento celebrado entre o pai do apelante e Manuel Caetano Querido;

b) e, correlativamente, deve ser declarado válido o subjacente contrato de arrendamento dissimulado, celebrado entre o pai do apelante e a apelada;

c) a sentença recorrida fez boa aplicação da lei, devendo por isso negar-se provimento ao recurso.

10. Como vemos as partes não levantam congruentemente a questão da nulidade da decisão final seja por crítica directa, seja por decorrência do cometimento de nulidade adentro da fase de decisão sobre matéria de facto.

Aliás o apelante faz jus, sem fundamentação séria, à nulidade da sentença, invocando genericamente o disposto no artº 668 CPC. Todavia, cremos que foi

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5 cometida nulida insuprível e que é do conhecimento oficioso. Já a decisão anterior, proferida neste processo e nesta Relação, admitiu que as nulidades do artº 201/1 CPC que possam inscrever-se no campo da aplicação do artº 712 do mesmo diploma importam oficiosidade do conhecimento no momento da apreciação do recurso: continuaremos nesta senda. É nulidade do artº 201/1 CPC toda a prática de um acto que a lei não admita e que possa ter influência no exame e decisão da causa. Ora, a lei não admite que as partes transijam sobre factos controvertidos. Quando no despacho lavrado na fase da discussão da causa, em audiência, se aceitou que A. e R. deixassem de produzir prova para que aceitassem a matéria de facto assente durante a sessão de julgamento anulada pelo acórdão 93.02.04, fez-se apelo ao disposto no artº 511/1 CPC. Porém, esta disposição legal só tem aplicação na fase da condensação, findos os articulados. É uma directiva tendente a fixar previamente quais os factos controvertidos e quais os que não são com vista à definição do objecto da discussão probatória. Perante estes, as partes só podem transigir sobre o pedido ou objecto da causa […], mas este está configurado na concretude das razões de facto alegadas por ambas que a lei não autoriza sejam mexidas (a causa de pedir não é manifestamente o objecto da causa ou o pedido) e a transacção é cientificamente um meio de auto composição do litígio: "o resultado obtido pelas partes mediante a sua composição coincide substancialmente, sobre o ponto de vista prático e político-legislativo, com o que se consegue mediante a composição judicial" - Betti, sg. Alberto Reis, citando Dirito Processuale, p. 521". Donde, foi praticado acto que a lei não admite e que por ter tido lugar na fase da decisão sobre matéria de facto se inscreve no campo de aplicação do artº 712/2 CPC. É portanto nulidade do conhecimento oficioso no momento da apreciação do recurso pelo Tribunal da Relação. Vício de não se estar sequer em presença de respostas válidas sobre matéria de facto controvertida, um mais em relação a

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6 respostas deficientes, obscuras ou contraditórias, e que por isso cabe também numa boa interpretação do preceito.

11. Poderá porém ser-nos objectado que a hermenêutica do acórdão 93.02.04 impõe o entendimento da repetição do julgamento apenas para ser respondido ao quesito 1º que aquela decisão verificou não ter tido resposta. Daí que a transacção sobre a matéria de facto controvertida não tenha adquirido relevância, visto não ter incidido senão sobre material posto a salvo. Ainda assim a sentença surge inquinada porque o acórdão que mandou responder ao quesito, tendo considerado válido, isto é respondível (contrariamente ao que diz a decisão recorrida que, na mesma fase processual, declarou conter ele matéria conclusiva e por isso não ser válido), transitou em primeiro lugar. Segue-se a aplicação da regra do artº 675/2 CPC com a consequente oficiosidade de conhecimento do caso julgado. Logo, tem de ter-se por inválida e por esta razão a sentença recorrida: acto cometido após preterição de decisão com força obrigatória. (Anote-se que a leitura do acórdão desta Relação feita pelo aludido despacho quanto ao entendimento a dar ao quesito é contraditória nos seus próprios termos: se a decisão que anulou o julgamento tivesse considerado que o quesito era irrespondível não poderia ter como consequência lógica mandar repetir o julgamento justamente para que fosse respondido).

12. Atento o exposto e pelas razões indicadas decidem dar provimento ao recurso, anulando a decisão tomada quanto à matéria de facto e irrespondibilidade do quesito 1º (que se acentua, não conter matéria conclusiva); na sequência, também a sentença recorrida.

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