Física Moderna II
Aula 16
Profa. Márcia de Almeida Rizzutto
Oscar Sala – sala 220
rizzutto@if.usp.br
Universidade de São Paulo
Instituto de Física
2º Semestre de 2015
Monitor: Gabriel M. de Souza Santos
Sala 309 – Ala Central
Plantão de Dúvidas: Sala 202, Ala Central – Segunda-feira, 18h às 19h.
gabriel.marinello.santos@usp.br
Página do curso:
Modelo de elétrons livres em um metal
Vimos que quando consideramos um poço 3D )(limites da rede cristalina) a densidade de estados (número de estados)pode ser escrito como:
Ocupação dos estados (distribuição de Fermi):
kT
E
e
e
e
E
f
E kT E E kT F F
,
com
1
1
1
1
)
(
/ ( )/Então a ocupação dos estados de energia do gás de
e
–, fica:1
)
2
(
π
4
)
(
)
(
)
(
( )/ 2 / 1 3 2 / 3
EE kT Fe
dE
E
h
m
V
dE
E
g
E
f
E
n
Normalização: seT
= 0 K estados populados só atéE
F
f(E) = 1
, seE < E
F e
f(E) = 0
, seE > E
F.
1/2 3 2 / 32
π
2
)
(
E
h
V
m
E
g
1/2 3 2 / 32
π
4
)
(
E
h
V
m
E
g
No caso de 2 elétronsEste assunto esta no capitulo 10.3 Tipler
3 3 / 2 2 2 / 3 3 2 / 3 0 2 / 1 3 2 / 3 0
8π
3
2
)
0
(
)
2
(
π
4
3
2
)
2
(
π
4
)
(
V
N
m
h
E
E
h
m
V
dE
E
h
m
V
dE
E
n
N
F F E EF F Expressão define a energia de Fermi (E
F) emT
= 0 K 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E g (E) E1/2 X =1
)
2
(
π
4
)
(
)
(
)
(
( )/ 2 / 1 3 2 / 3
EE kT Fe
dE
E
h
m
V
dE
E
g
E
f
dE
E
n
Física Moderna 2 Aula 16
dE
E
n
(
)
F FE
E
E
E
E
g
,
0
),
(
3 / 2 2 3 / 2 2
8π
3
2
8π
3
2
)
0
(
m
h
V
N
m
h
E
F com
= N/V
.EF aumenta lentamente com já que os estados estão ocupados . Aumentar N/V equivale aumentar o no de estados de
energia a serem ocupados
1
1
)
E
(
F E -E FD
kTe
f
FE
E
e
EkT-EF
1
2 1 ) E ( FD fVemos então que, à medida que mais partículas são adicionadas ao sistema,
E
F cresce. Se a temperatura estiver ligeiramente acima de 0 K,E
F deixa de ser a energia do último estado ocupado e é definida como a energia em quen
(E
) = ½; à medida queT
aumenta,E
F diminui. Para temperaturas suficientemente altas,E
F ~ 0, implicando que todos os estados, aprobabilidade de ocupação inicia em ~1/2 e cai como Boltzmann. Mas nesse caso extremo, somem os efeitos quânticos.
(0)
)
2
(
π
4
5
2
)
2
(
π
4
)
(
3 5/2 2 / 3 0 2 / 3 3 2 / 3 0 F E EE
h
m
V
dE
E
h
m
V
EdE
E
n
E
F F
F FE
NE
E
h
m
V
N
5
3
)
2
(
π
4
3
2
3/2 3 2 / 3
MasA energia total do sistema, em
T
= 0 K, é:Notem que, mesmo em
T
= 0 K, o último férmion adicionado, aquele com energiaE
F, tem velocidade dada por:m
E
E
m
F F F2
F2
1
2
v
v
No caso de 1
e
- de condução em um metaltípico (
E
F ~ 5 eV) a velocidade de Fermi é da ordem de 106 m/s (a 0 K!). A temperatura de Fermi é definida como:T
F= E
F/k
. FE
5
3
E
Física Moderna 2 Aula 16 k ev K K ev x K J k / 10 . 6 . 8 / 10 . 2 , 6 10 . 38 , 1 / 10 . 38 , 1 5 18 23 23 dE E h m V E n 3 1/2 2 / 3 ) 2 ( π 4 ) ( A energia total do sistema é:
E
N
PV
NkT
nRT
que nos remete à conhecida expressão da lei dos gases ideais.Nós vimos que as distribuições quânticas se reduzem à clássica quando
é muito grande. Podemos escrever as funções de distribuição como:kT kT kT
e
e
e
e
e
e
f
ε ε ε1
1
1
)
ε
(
com o sinal de cima valendo para férmions e o de baixo para bósons.
A distribuição de Boltzmann é obtida fazendo o denominador igual a 1, o que é equivalente a
1
ε
kTe
e
Vamos tentar uma aproximação um pouco melhor e fazer uma expansão binomial (para
x
<< 1):
21
1
1
x
x
x
Nesse caso a distribuição fica:
kT kTe
e
e
e
f
ε ε1
)
ε
(
A partir desse resultado, seguindo um caminho um pouco trabalhoso, pode-se mostrar que a lei dos gases pode ser escrita como:
7
5/2
32
1
V
N
NkT
PV
No caso da energia média, por partícula, do sistema, temos:
5/2
32
1
2
3
V
N
kT
N
E
Substituindo o valor do comprimento de onda térmico:
3/2
3 2 / 5π
2
2
1
1
2
3
mkT
h
V
N
kT
N
E
+ → férmions
– → bósons
Daí pode-se perceber que a energia média de um
gás de férmions
é um pouco superior à de um gás ideal, enquanto à de um gás de bósons é um pouco menor. Valor do termo de correção é boa indicação danecessidade, ou não, de se usar as distribuições quânticas. Se o termo de correção << 1 a distribuição de Boltzmann (e os resultados
decorrentes dela) são OK.
Física Moderna 2 Aula 16
A energia total do sistema nos gás de Fermi a qualquer temperatura:
Sommerfield obteve na temperatura ambiente =2/4
Podemos agora estimar a contribuição do gás de elétrons para o calor específico molar:
Em T=0 vimos que a energia média do elétron é dada por:
e a energia total é:
Em uma temperatura T apenas os e- que estão próximos ao nível Fermi
poderão ser excitados por colisões com os íons da rede, que possuem uma energia kT. A fração dos e- que podem ser excitados é da ordem de kT/EF, e a cada colisão faz a energia destes e- aumentar de um valor kT.
kT
E
kT
N
NE
dE
e
E
h
m
V
EdE
E
n
E
F F kT
5
3
1
1
)
2
(
π
8
)
(
0 E -E 2 / 3 3 2 / 1 3 0 FVimos que a função distribuição n(E) para elétrons é descrita pela figura ao lado. E o no exato de e- depende
da temperatura (forma da curva) que muda com T.
Constante >1 F
E
5
3
E
F NE E 5 3 FNC0376 - Fisica Moderna 2
Aula 19 9
A contribuição dos elétrons para o calor específico molar:
Se voltarmos na tabela de temperaturas de Fermi vemos que TF~ 104 K,
portanto para T=300K a contribuição dos elétrons livres do metal para o Cv do material é:
Cv ~ 10-2R (que é o valor medido experimentalmente). Esse valor é muito
menor que a contribuição 3R que vem das energias de oscilação dos átomos nos materiais não condutores que forma a rede, ou dos íons dos materiais condutores da rede do sólido.
F A V
E
T
k
N
dT
dE
C
2
2 F FkT
E
F VT
T
R
C
2
Exercício Calcular a contribuição eletrônica ao calor específico molar do ( T=293K)
• A) cobre TF=8.12x104K • B) prata TF=6.36x104K R x R cV 0.018 10 12 . 8 293 4 2 4 2
R
x
R
c
V0
.
023
10
36
.
6
293
4
2
4 2
Vemos que a contribuição eletrônica para o calor específico molar não é muito
diferente para estes condutores, mas é muito pequeno comparado com 3R
kT E kT N NE E F F 5 3 2 4
6
10
10
300
2
R
R
C
V
Condução elétrica em metais
Elétrons livres no metal gás de
e
-.Movimento aleatório dentro do poço. Caminho livre médio:
.E
externo aplicado aceleração entre colisões velocidade de arrasto:v
d.v
v
v
v
m
eE
a
t
a
t
m
eE
a
colis
d
colis
Se tivermos
n
e
- de condução por unidade de volume, e adensidade de corrente for
j
, temos:E
m
ne
j
m
eE
ne
j
v
v
v
2 d
Lei de Ohm:j =
E
-1 2ne
m
v
Notem que materiais que obedecem a lei de Ohm, nem a resistividade nem a condutividade dependem de
E
.11
Condução elétrica em metais
F 77 , 0 77 , 0 5 3 v v
Caso do fio de Cu, com 4 mm2 e 10 A (
Cu = 9 g/cm3,
M
Cu = 63,5 g/mol), determine a velocidade média e de arrasto dos elétrons neste fio:3 28 3 22 23 Cu A Cu
8
,
5
10
elétrons/c
m
8
,
5
.
10
/
5
,
63
10
6
9
m
e
M
N
n
m
E
E
m
F F F2
F2
1
2
v
v
m/s
10
1,2
10
57
,
1
77
,
0
6
6
v
Fv
m
E
m
E
E
E
m
5
3
5
2
.
3
5
6
5
3
2
1
F F F 2
v
v
m/s
10
8
,
1
C
m
10
6
,
1
10
5
,
8
A/m
)
10
4
10
(
4 3 -19 28 2 6 d
ne
j
v
velocidade de arrasto:
v
d.
m/s
10
8
,
1
C
m
10
6
,
1
10
5
,
8
A/m
)
10
4
10
(
4 3 -19 28 2 6 d
ne
j
v
Voltando ao modelo de condutividade elétrica, podemos definir a mobilidade:
v
v
m
e
E
d
e assim, podemos escrever a condutividade como:
ne
De forma mais abrangente, devemos definir a condutividade como:p p n
n
pq
nq
onden
ep
designam os portadores de carga negativa e positiva, respectivamente. Portadores de carga positivos (transição de elétrons da banda de valência para a banda de condução deixando buracos vazios na banda de valência)v
v
v
m
eE
a
t
a
colis d13
Elétrons livres em um metal – final
Analisamos os
e
- como férmions em uma caixa 3D (poço infinito). Sabemos,no entanto, que
e
- são capazes de deixar o metal (foto-elétrico, emissãotermiônica( processo de emissão de elétrons de um filamento aquecido) , etc.), portanto o poço tem uma profundidade finita.
Sabendo que a ocupação dos estados deve obedecer a uma distribuição de Fermi e que os metais possuem um valor característico de função trabalho (W) e que os
e
- de energia mais alta precisam receber esta quantidade de energia(W) para serem arrancados. Qual a profundidade do poço?
Se o poço tem profundidade
V
0, ose
- de energia mais altatêm
E
F. Esses precisam deW
para serem arrancados. Assim:V
0 =E
F +W
. Com esse modelo podemosentender fenômenos como o potencial de contato entre metais e a emissão
termiônica, efeito fotoelétrico
Física Moderna 2 Aula 16
Logo se temos a profundidade do poço e a função trabalho
podemos determinar a energia de Fermi pois: V
0= E
F+ W.
Para a Ag W=4,7eV
E
F=5,5eV de tal modo que V
o=10,2 eV. Para
a maioria dos metais V
oestá entre 5 e 15eV
Agora vamos trabalhar mais com sólidos
E ai poderemos compreender melhor porque alguns
materiais são condutores e outros não...
15
Moléculas
Moléculas é uma coleção de 2 ou mais núcleos e seus elétrons associados, com todas as ligações complexas unidas pelas forças
A aplicação da mecânica quântica permitiu à física molecular explicar a estrutura das moléculas e dos detalhes dos seus espectros. Explica porque 2 átomos de H se
juntam e formam uma molécula e porque 3 átomos de H não formam uma molécula
Física Moderna 2 Aula 16
2 pontos de vista:
•conjunto de núcleos e
e
-;•e associação de átomos. Abordagem correta:
•combinação linear das duas, pois os átomos perdem algumas de suas características, mas mantém muitas outras.
•Os
e
- externos mudam muito, mas os internos nada.•Forças interatômicas são eletromagnéticas e os
e
- externos dominam osprocessos.
Os tipos mais importantes de ligação molecular são: covalente, iônica, dipolo-dipolo (Van der Waals) e ligações metálicas.
Quando dois átomos se combinam de tal modo que um ou mais e- são divididos pelos
átomos
Quando dois átomos se
combinam de tal modo que um ou mais e- são transferidos de um
Ligações iônicas
Quando dois átomos se combinam de tal modo que um ou mais e- são
transferidos de um para outro átomo
Este é o tipo mais forte de ligação e está presente na maioria dos sais Vejamos o KCl: Para a molécula de KCl ser estável temos que ter:
E(KCl) < E(K) + E(Cl) quando os átomos de K e Cl estão em repouso e muito distantes um do outro.
K (Z=19) 1s2,2s2,2p6,3s2,3p6,4s1
Cl(Z=17) 1s2,2s2,2p6,3s2,3p5
Todos os tipos de ligação molecular se devem ao fato da energia total da
molécula ser menor do que a soma das energia dos átomos que a compõem
A remoção do elétron deixa o íon positivo Falta um e- para completar a camada, quando recebe um e- fica íon negativo
17
KCl
Energia necessária para formar KCl a partir de K+ e Cl- é: 4,34-3,62=0,72eV Física Moderna 2 Aula 162 Ion Excl 2
)
(
E
E
r
ke
r
U
EIon → energia necessária para formar KCl a partir K+ e Cl- é:
4,34-3,62 = 0,72eV
EExcl → energia de repulsão devida ao princípio de exclusão: EExcl = Ar–n com A e n constantes para cada molécula.
r0 = 0,27 nm
A energia potencial total U da molécula KCl:
Potencial eletrostático Energia de repulsão (princípio de exclusão) Energia de ionização total