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POTENCIAL INDUSTRIAL E ENERGÉTICO DO FOLHELHO PIROBETUMINOSO FORMAÇÃO CODÓ, BACIA DO PARNAÍBA.

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POTENCIAL INDUSTRIAL E ENERGÉTICO DO FOLHELHO PIROBETUMINOSO

FORMAÇÃO CODÓ, BACIA DO PARNAÍBA.

Reis, D.E S1 (UFPA), Caputo, M.V² (UFPA) 1

darllyreis@gmail.com

² Caputo@ufpa.br RESUMO

A Formação Codó, com uma extensão de aproximadamente 170.000 Km² (Fernandez, & Piazza, 1978), do Neo-Aptiano, registra a deposição a partir de um corpo de águas rasas estabelecido no interior da Bacia do Parnaíba, no norte e centro do Estado do Maranhão. A invasão marinha resultou dos estágios iniciais da abertura do Oceano Atlântico Central.

Os depósitos desta formação, na região de Codó (leste do estado do Maranhão), são constituídos de folhelhos cinzas, folhelhos betuminosos negros, calcários e evaporitos lateralmente contínuos. Os folhelhos betuminosos e evaporitos foram formados em um ambiente de baixa energia, lacustre, com estratificação da água, o que causou a estagnação do ambiente, tornando-o anóxico. Os evaporitos indicam um ambiente de lago hipersalino, desenvolvido em um clima árido/semi-árido (Paz & Rossetti, 2006). A presença de fósseis marinhos em folhelhos comuns, tais como dinoflagelados, briozoários e foraminíferos indica ocorrências de incursões marinhas em um ambiente lagunar.

Vale informar que os termos xisto betuminoso é incorreto, pois xisto é uma rocha metamorfica, e como tal não teria mais material betuminoso extraível. A matéria orgânica em xistos se apresenta sob a forma de carbono fixo, na forma de grafite. A confusão no nome surgiu no passado porque o folhelho apresenta uma fissilidade que aparentemente se assemelha à xistosidade comum nos xistos.

Na Formação Codó o pacote de folhelho negro atinge até 10m de espessura, na parte central do primitivo lago e apresenta elevado teor de querogênio. Para que a utilização do folhelho betuminoso na produção de óleo e gás seja realizada pela indústria, é necessário que todos os gastos com a mineração, transporte, refinação, reconstituição ambiental e apoio administrativo de todo o processo industrial do folhelho sejam cobertos e ainda propiciem uma margem adequada de lucro.

Na literatura especializada americana é usado o valor mínimo de 42 litros de óleo por tonelada de folhelho (8,4% de matéria orgânica, contida na rocha), como limite inferior para a produção econômica (Caputo, 2006). Segundo trabalho recente de Antonioli (2001) em três poços, 9-PAG-6-MA, 9-PIF-18-MA e 9-PCR-3-MA, os folhelhos da Formação Codó apresentam teores de carbono orgânico total (COT) variando entre 0,052 (profundidade de 38,5m), e 29% (profundidade de 22,35m).

A utilização do folhelho betuminoso na indústria pode ter diversas aplicações, além da produção de óleo, gás e enxofre, também produção de energia elétrica, energia térmica para indústrias de cimento, cerâmica e oleira, insumos agrícolas e pavimentação de estradas. O folhelho também serve de matéria prima para olarias e cerâmicas. As diversas aplicações industriais do folhelho betuminoso poderiam abrir caminho para o surgimento de várias indústrias na região, que utilizariam mão de obra local, melhorando as condições de vida da população. SUMMARY

The Late Aptian Codó Formation, with an extent of approximately 170.000 Km², records the deposition of sediments in a body of shallow waters established inside the Parnaíba Basin, in northern and central part of the State of Maranhão. The sea transgression resulted from the initial stage of the opening of the Central Atlantic Ocean.

The deposits of this formation, in the area of Codó (east of the State of Maranhão), consist of gray shales, black bituminous shales, limestones and evaporites. Bituminous shales and evaporites were formed in a low energy lacustrine environment, with water stratification, what caused the stagnation of the environment, turning it anoxic. The presence of evaporites indicates a hypersaline lake milieu, developed in an arid/semi-arid climate. The presence of some marine fossils in the section, such as dinoflagellates, bryozoans and foraminifers indicates the occurrence of some marine incursions into a lagoonal environment.

It is worth to inform that the terms bituminous schist are incorrect, because schist is a metamorphic rock, and as such it would not have bituminous content. The carbonaceous matter in schists is fixed carbon, in the lead form. The confusion in the name appeared in the past because the bituminous shale presents a fissility that resembles to the common schiststosity in schists.

In the Codó Formation the body of black anoxic shale reaches up to 10m of thickness, in the central part of the primitive lake and it presents high kerogen tenor. For the use of the bituminous shale in the oil and gas

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production be accomplished by the industry, it is necessary that all the expenses with the mining, transport, refining, environmental rebuilding and administrative support of the whole industrial process of the shale be covered and still propitiate an appropriate margin of profit.

In the American literature, it is used a minimum value of 42 liters of oil by ton of shale (8,4% of organic matter, contained in the rock), as a lower limit for economical production (Caputo, 2006). According to recent work made by Antonioli (2001) in three wells, 9-PAG-6-MA, 9-PIF-18-MA and 9-PCR-3-MA, Codó shales present tenors of total organic carbon (COT) varying among 0,052 (depth of 38,5m), and 29% (depth of 22,35m). Surface samples collected in the town of Codó (Mine Centrinho) presents tenors with more than 11 %. The use of the bituminous shale in the industry can have several applications, besides the oil, gas and sulfur production, also electric power production, thermal energy for cement industries, ceramic and pottery factories, agricultural inputs and paving of highways. The shale also serves of raw matter for brickwork and ceramic factories. Several industrial applications of the bituminous shale could make way for the appearance of several new industries in the area that would use local workers, improving the conditions of life of the population. Palavras Chave: Formação Codó, Folhelho Betuminoso, Neo-Aptiano.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho gerado a partir de estudo de amostras de campo e de pesquisa bibliográfica, onde foram examinados carbono orgânico total (COT) na UERG por René Rodrigues e Pirólise pelo método rock-eval no CENPES (Petrobras), visa principalmente fazer uma avaliação preliminar do potencial energético e industrial do folhelho pirobetuminoso presente em superfície na Formação Codó. Depósitos Aptianos correspondentes à Formação Codó têm despertado interesse econômico na extração de calcário, gesso e possível potencial gerador de hidrocarbonetos. É sabido que em subsuperfície alguns níveis de folhelho Codó apresentam teor elevado de matéria orgânica (MO), porém nada se sabia sobre o teor de MO em superfície que é de onde se pode minerar folhelhos economicamente para produção de derivados do petróleo.

Esta unidade também marca o principal registro de uma transgressão marinha que indica a abertura inicial do oceano Atlântico Central. A formação tem sido datada como Neoaptiana, sendo em muitos trabalhos correlacionada a um evento anóxico de caráter global, ocorrido no Eocretáce; no entanto será discutido neste trabalho a partir de dados palinoestratigráficos (Pedrão, 1995) uma outra interpretação para a idade da anoxia registrada nesta unidade.

2. CONTEXTO HISTÓRICO

Existem vários estudos enfocando a Formação Codó (Lima e Leite, 1978; Fernandes e Della Piazza, 1978; Aranha et al.,1994; Rodrigues et al.,1994), porém estudos sistemáticos só foram realizados mais recentemente em seus aspectos sedimentológicos, estratigráficos e geoquímicos, visando-se à caracterização de ambientes e reconstrução das condições paleogeográficas de deposição (Pedrão, 1995; Paz, 2000, Rossetti et al., 2001 e Rossetti, 2005). Este é o primeiro trabalho trata das possibilidades do potencial gerador de hidrocarbonetos da Formação Codó em superfície.

3. A FORMAÇÃO CODÓ

A Formação Codó, de idade cretácea inferior estende-se por mais de 170.000 km2 nas partes centro e norte do estado do Maranhão (bacias do Parnaíba e São Luís). Com extensos afloramentos na parte sul (Codó, Barra do Corda, Grajaú, Imperatriz) essa formação mergulha em direção norte, atingindo profundidades maiores que 1.500m a oeste de São Luís. Nessa mesma direção, a espessura é aumentada para até 180m (Fig.1). A Formação Codó sobrepõe discordantemente as rochas sedimentares antigas do embasamento na parte nordeste da bacia, onde o embasamento foi exposto (Arco Ferrer).

Definida por Campbell et al. (1949) a Formação Codó foi intensamente estudada, entre os anos de 1979 a 1982 pela PETROMISA, uma subsidiária da PETROBRAS. Esta formação inclue folhelhos negros e betuminosos, com intercalações carbonáticas e anidritas; arenitos brancos e esverdeados. São depósitos altamente fossilíferos e considerados como depositados durante o Aptiano-Albiano. Foi subdividida em três unidades em trabalhos de subsuperfície (Rezende e Pamplona, 1974), a subdivisão foi seguida por outros geólogos.

A unidade inferior consiste de um conglomerado basal seguidos por grãos negros e esverdeados, camadas de folhelhos betuminosos laminados, com delgadas intercalações de argilitos sobrepostos por camadas de gipsita,

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apresenta uma espessura de 15 a 30m na zona dos afloramentos e aumenta até 100m nas partes mais fundas da bacia.

A seção mediana é composta de um conglomerado polimítico sobreposto por folhelhos ostracoidais na base, gastrópodes e lamelibrânquios no topo. A unidade superior é composta por calcário, arenito cinza micácio, intercalados por siltitos com remanescentes de plantas, ostracodes e gastrópodes. Na superfície, as partes inferior e média se adelgaçam em direção a oeste e a sul da bacia Lima et al, (1978).

São mencionados por Mesner e wooldridge (1962) os seguintes fósseis encontrados: Anomia sp. , Arca sp. , Corbula sp. e Turritella sp. e esporomorfos por Lima et al, (1978): ostracodes Cypridea sp. , Darwinlulidae sp. , e Paraschileridade Sp de água doce. Gastrópodes marinhos Turritella sp., Nerinea sp.

Em base do conteúdo fossilífero, Lima et al., (1991) datou a formação Codó entre o fim do Aptiano e fim do Albiano. A unidade correlaciona-se com as formações Barro Duro e Arpoador do rifte de Barreirinhas e com a Formação Santana da Bacia de Araripe com base em esporomorfos. A Bacia de Araripe encontra-se a mais de 400km a leste da extremidade oriental da Formação Codó. Ela também correlaciona-se com a Formação Riachuelo do rífteamento marginal da Bacia Sergipe-Alagoas, locada na costa leste.

A parte inferior da formação Codó foi depositada em ambiente lagunal de águas rasas. Uma estreita conexão com o mar terminou com uma regressão, a qual causou a precipitação de camadas de evaporitos. A parte média registra uma nova transgressão terminando com o ambiente lagunal e lacustre de água salgada ricos em ostracodes. A parte superior da seção pode ter sido depositada em lobos deltaicos em um ambiente lacustre (Fig.2). Admite-se que os sedimentos da Formação Codó foram depositados em um ambiente marinho restrito, interdigitado às margens da bacia por sedimentos litorâneos e deltaicos da Formação Grajaú. Estas unidades são concordantes com a Formação Itapecuru. A presença dos primeiros sedimentos marinhos ao longo da região leste da costa sul americana indica que o oceano proto-atlântico foi se desenvolvendo entre América do sul e África antes do fim do Aptiano.

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Figura.1-Mapa de Isópacas da Formação Codó. Fonte: B. Téc. Petrobrás, 1978

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Figura.2-Formação Codó-Correlação, Divisão estratigráfica, Ambientes e Sistemas Deposicionais. Fonte: B. Téc. Petrobrás, 1978

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4. METODOLOGIA

A metodologia empregada neste estudo baseou-se na integração de vários campos da estratigrafia (bioestratigrafia, litoestratigrafia, geoquímica orgânica, etc.), já publicados por diversos autores em trabalhos sobre a Formação Codó. Além de ter sido realizada análise de carbono orgânico total (COT) e enxofre (S) de amostras coletadas em minas e poços (já citados) para que assim pudesse ser realizada comparação com dados já existentes de subsuperfície e superfície sobre a Formação Codó. Isso ajudou a obter um melhor conhecimento a respeito do possível potencial gerador de hidrocarbonetos desta formação em jazidas superficiais. Foi dada maior atenção as análises de COT e S, devido ao caráter do trabalho. Para as análises foram coletadas amostras de afloramentos de uma pedreira chamada Centrinho, pertencente a empresa Cimento Nassau na proximidade da cidade de Codó-Maranhão e também de poços perfurados por esta mesma empresa, nas pedreiras Riacho dos Porcos, São Pedro e mina CDC, os quais aqui serão denominados de poços A, A’, B e C, além destes poços também foram realizadas análises em amostras de dois poços perfurados pela CPRM durante o projeto Zeólitas, na Bacia do Parnaíba. No entanto os melhores resultados foram obtidos nas amostras coletadas nas minas CDC e Centrinho. Existem várias camadas de folhelho nesta formação sem valor econômico, pois apesar de possuírem cor cinza escura apresentam baixo teor de matéria orgânica. Então é necessário que seja bem posicionado estratigraficamente o folhelho betuminoso na formação em questão.

5. RESULTADOS

5.1- Carbono Orgânico Total (COT)

O conteúdo de Carbono Orgânico Total (COT) é uma medida da quantidade de querogênio que foi preservada e incorporada ao sedimento durante a sedimentação. Através desta análise de COT determina-se o teor de carbono orgânico existente na rocha.

A matéria orgânica inclui significativas quantidades de outros elementos, principalmente Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio e Enxofre. A proporção destes elementos não é constante e depende da fonte, estágios de preservação e maturação da matéria orgânica. Como os valores de COT dos sedimentos são dados referentes às porcentagens relativas, faz-se necessário observar que eles são dependentes também do suprimento de materiais siliciclásticos e não apenas do material orgânico biogênico. A medida de concentração relativa da matéria orgânica nos sedimentos é de fundamental importância para a geologia, em particular a geologia de petróleo. Vale ressaltar que é necessário um mínimo de 1% de matéria orgânica para que uma rocha seja classificada como potencialmente geradora de petróleo, condensado e gás em quantidades comerciais comparáveis ao petróleo extraído em poços, portanto ficando dependente da análise de COT da amostra. Entretanto no caso da exploração comercial do folhelho pirobetuminoso é necessário uma concentração de querogênio muito maior, cerca de 8% de MO para cobrir os custos de mineração, transporte, retortagem, reconstituição ambiental da área minerada, apoio administrativo e ainda apresentar uma margem de lucro.

Como pode ser observado na (tab. 1) os teores de Carbono Orgânico Total (COT) variam entre 0,44 % (prof. de 23m, Riacho dos Porcos, poço A) e 11,70% (superfície, mina Centrinho amostra 01-B da seção superior do afloramento). Verifica-se que os teores de COT apresentam-se heterogêneos ao longo de todas as análises realizadas. Os mais elevados teores de MO observados foram nas minas Centrinho e CDC, sendo que a primeira foi em superfície e a segunda em subsuperfície.

5.2- Enxofre Total (S).

A exemplo dos teores de COT, a determinação dos Teores de Enxofre Total nas rochas por si só não fornece informações detalhadas. Trata-se de um parâmetro em conjunto com outros dados geoquímicos.

Geralmente a avaliação dos resultados dos teores totais de enxofre é realizada em conjunto com os dados de COT, onde esta relação é geralmente positiva, fornecendo valiosos subsídios à interpretação dos tratos de sistema e ambiente deposicional em que a rocha foi formada. Por outro lado, a presença de enxofre traz problemas ambientais que devem ser considerados na atividade de uma indústria de beneficiamento do folhelho betuminoso. Como pode ser visto na (tab. 1) os teores de enxofre total obtidos para as amostras os poços e afloramentos apresentaram significativas variações desde 0,10% a 3,04%. No entanto a média dos teores é de 1,5%. Estes altos teores de enxofre podem estar correlacionados a presença de pequenos cristais de pirita nas amostras. Por outro lado, a presença de enxofre traz problemas ambientais que devem ser considerados na atividade de uma indústria de beneficiamento do folhelho betuminoso. Felizmente o processo de retortagem

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separa enxofre elementar que é então considerado um subproduto da industrialização do folhelho betuminoso que também é vendido.

5.3. Resíduo insolúvel (RI)

Este valor reflete a quantidade de carbonato contido na rocha, indicando a composição litológica da Formação Codó.

Nas minas Centrinho e CDC, onde foram registrados os maiores teores de carbono orgânico (ver tabela) as amostras apresentaram teores de RI em torno de 80%, demonstrando que são pouco carbonáticas. Nesta área a formação é dominada por folhelhos, com raras intercalações de gipsita, margas e carbonatos. Apesar das outras amostras apresentarem um teor de RI semelhante aos das amostras coletadas nas minas Centrinho e CDC, elas possuem um baixo valor de MO. Estas amostras correspondem a folhelhos intercalados por lentes de margas e calcilutitos.

Tabela 1- Teores de Matéria Orgânica, Enxofre e Resíduo Solúvel das amostras coletadas.

6- DISCUSSÃO

Apesar de terem sido analisadas poucas amostras de superfície foi possível fazer uma correlação dos dados obtidos com análises realizadas por outros pesquisadores na Formação Codó em subsuperfície. Apesar de terem sido realizados apenas alguns parâmetros geoquímicos foi permitido conhecer uma acentuada variação na concentração de MO durante as condições paleoambientais e deposição da Formação Codó.

É perfeitamente possível se inferir ambientes de sedimentação em rochas com altos teores de matéria orgânica, onde a ação combinada da produtividade e ambientes pobres em oxigênio na interface água-sedimento, propicia a preservação da matéria orgânica. Os organismos produtores primários (principalmente fitoplancton e bactérias) utilizam energia provinda da luz solar para que assim possam transformar o CO2 em açúcares e

oxigênio.

Diferentes sub-ambientes podem ser gerados sob condições dominantemente anóxicas, quando a taxa de entrada de matéria orgânica degradável excede a velocidade de difusão do oxigênio, podendo este ser esgotado na interface água-sedimento de corpos aquosos de circulação restrita.

A relação entre os teores de carbono total e teores de enxofre pode ser interpretada em termos da paleossalinidade do ambiente deposicional. Segundo Leventhal (1983) e Berner e Raiswell (1983) a existência de uma relação linear entre as quantidades de carbono orgânico e enxofre (na forma de sulfeto) em sedimentos depositados em ambientes marinhos óxicos (normais) ocorre devido ao fato da oxidação da matéria orgânica e a concomitância redução do sulfato (SO4). Isto induz a uma quantidade proporcional de sulfetos e de carbono

residual. Quando o COT é muito baixo isso pode indicar que pouquíssima ou nenhuma matéria orgânica está sendo preservada e assim sendo as condições não são anóxicas.

Foi possível notar dois grupos de amostras, um com baixos teores de enxofre (≥ 0,5) podendo estar relacionado a ambientes de baixa salinidade, e outro grupo com teores mais elevados (0,5 e 3,04), podendo revelar um relação tipicamente salina ou marinha, sendo possível fazer uma correlação com dados obtidos por Antonioli, (2001) onde os dados de COT e S possibilitaram individualizar quatro intervalos geoquimicamente distintos em três poços estudados por esta autora (denominados informalmente como A,B,C e D, base para o topo da seção). Sendo que os resultados das análises realizadas neste trabalho indicam correlação com os intervalos A e C do trabalho citado, o primeiro corresponde a valores de COT menores que 1% (N2316

R-Código Profund Cadinho Cad. amost Descarb. Peso %C %S R.I

AM.C.MINA CDC 30m 36,998 37,242 37,152 0,251 10,60 2,97 61

NR-2316 R-148B 148m 36,731 36,982 36,905 0,252 1,92 0,63 69

NR-2316 R-197 197m 37,398 37,650 37,582 0,252 0,54 1,20 73

AM. 01-A Centrinho Superfície 37,193 37,446 37,379 0,252 8,32 2,58 74 AM.. 01-C Centrinho Superfície 38,151 38,403 38,370 0,252 9,47 3,04 87 AM. A TOPO MINA S. PEDRO A 22m 34,389 34,641 34,612 0,253 1,27 0,35 88 AM. BASE S.PEDRO A’ 38,5m 38,377 38,630 38,514 0,252 0,62 1,04 54 AM. D RIACHO DOS PORCOS 45m 39,463 39,718 39,640 0,251 0,44 0,10 71 AM. 01-B Centrinho Superfície 38,659 38,909 38,855 0,250 11,70 1,95 78

REPETIÇÃO --- 38,547 38,798 38,751 0,251 11,50 2,00 81

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148B, NR-2316 R-197, AM. A topo mina S. Pedro A, AM. A’ base S.Pedro e AM. D Riacho dos Porcos) e o segundo a valores de até 13,7% (minas Centrinho e CDC).

Em trabalho realizado por Rodrigues, (1995) sobre a geoquímica orgânica na Bacia do Parnaíba foi estudado o intervalo correspondente a Formação Codó (Aptiano/Albiano) no poço 1-CI-1-MA, sendo para isto utilizados os métodos de pirólise (Rock-Eval), teores de carbonato e carbono orgânico além daqueles derivados da matéria orgânica solúvel, os quais possibilitaram reconhecer cinco intervalos com características geoquímicas distintas, denominados informalmente 1,2,3,4 e 5 da base para o topo da seqüência cretácica (fig. 3 e 4) . Os resultados encontrados por este autor em folhelhos da Formação Codó refletem as modificações na concentração e composição da matéria orgânica oriundas das variações químicas e físicas ocorridas no meio deposicional. Segundo este autor a sedimentação Codó teve início num ambiente marinho raso predominantemente óxico, inadequado a preservação da matéria orgânica (intervalo 1).

A restrição do ambiente deposicional, num contexto semiárido com períodos secos e úmidos, causou um aumento de salinidade e, temporariamente nos períodos mais úmidos a estratificação da coluna d’água. O aumento de anoxia provocou a extinção de grande parte dos organismos bentônicos, dando origem aos ostracoiditos possibilitando uma maior preservação de matéria orgânica autóctone, principalmente algas, ricas em hidrogênio (intervalo 2).

O terceiro intervalo caracteriza uma nova inundação marinha e o momento de melhor estratificação da coluna d’água, devido ao aumento de profundidade do ambiente deposicional, o que possibilitou uma maior concentração de matéria orgânica rica em hidrogênio durante a deposição da Seqüência Cretácica. Os dados dos biomarcadores indicam uma forte contribuição de bactéria e algas marinhas (crisófitas e dinoflagelados) na composição da massa orgânica.

No intervalo quatro houve uma nova restrição do meio deposicional, aumento da taxa de evaporação, diminuição da profundidade e aumento da salinidade da água, com diminuição da preservação da matéria orgânica. Os dados dos biomarcadores e isótopos de estrôncio da anidrita do topo deste intervalo indicam um ambiente hipersalino.

O intervalo 5 é caracterizado pelo aumento na humidificação climática, isso é percebido pelo maior aporte de matéria orgânica derivada de vegetais superiores. O ambiente neste intervalo é predominantemente óxico, inadequado a preservação de matéria orgânica.

Assim é possível fazer uma correlação com este autor, apesar de ainda estarem em espera os resultados das análises de pirólise Rock-Eval deste trabalho, dados que serão publicados em trabalho futuro. Sendo que as informações sobre COT, Teor de RI (que é a quantidade de carbonato contido na rocha) podem ser enquadrados nos intervalos 2 e 3 de Rodrigues, (1995).

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Figura.4-FORMAÇÃO Codó-Evolução Paleoambiental e tipos de matéria orgânica poço 1-CI-1-MA. Fonte: Rodrigues, (1995).

Figura.3- Seqüência Cretácica, Formação Codó, Poço 1-CI-1-MA. Fonte: Rodrigues, (1995).

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7. CONCLUSÃO

A partir dos dados obtidos neste trabalho foi possível verificar que existem diferentes níveis de folhelhos betuminosos na Formação Codó, os quais apresentam teores de COT diferentes, sendo necessário um estudo mais completo sobre a localização estratigráfica na seção da Formação Codó do folhelho betuminoso, possível gerador de petróleo. Segundo este trabalho através de dados de campo e mesmo dados bibliográficos o folhelho que possue o teor mínimo exigido pelo mercado energético, encontra-se abaixo do nível de anidrita encontrado na formação (fig.3, intervalos 2 e 3) e como em campo não foi possível saber exatamente sua espessura esta foi inferida através de trabalhos bibliográficos como o de Rodrigues (1995) segundo o qual apresenta aproximadamente 22m de espessura, com teores que variam entre 2 e 28% de Matéria Orgânica. Este folhelho pode ser utilizado com uma margem de lucro. Tais seções se estendem desde níveis superficiais até níveis subsuperficiais.

A Bacia do Parnaíba encontra-se pouco evoluído termicamente, sem quaisquer possibilidades de gerar óleo ou gás convencionalmente. No entanto pode ser possível a utilização de folhelhos cretácicos pelo mercado a partir do método de craqueamento do querogênio contido nestas rochas, pelo método desenvolvido pela PETROBRAS chamado PETROSIX.

O folhelho Codó apresenta altos teores de enxofre que podem estar correlacionados à presença de pequenos cristais de pirita nas amostras. Por outro lado, a presença de enxofre traz problemas ambientais que devem ser considerados na atividade de uma indústria de beneficiamento do folhelho betuminoso. Felizmente o processo de retortagem separa enxofre elementar que é então considerado um subproduto da industrialização do folhelho betuminoso que também é vendido.

O Brasil possui a segunda maior reserva de xisto betuminoso (no caso, folhelho betuminoso da Formação Irati). Embora a primeira patente para o processamento de xisto tenha sido registrada em 1694, nunca se dedicou maior importância ao assunto, devido os preços baixos do petróleo. Entretanto, com o desenvolvimento de novas tecnologias e em face da possibilidade de escassez e o atual elevado preço do petróleo, o vasto potencial representado pelo xisto betuminoso poderá ser explorado. Esse fato poderá levar a busca de novas fontes desta matéria prima e a Formação Codó, deverá ser então mais estudada para que seu potencial seja melhor avaliado. 8. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Agência Nacional do Petróleo Capacitação de Recursos Humanos em Geologia do Petróleo da UFPA (conv. PRH-ANP/06); pelo apoio ao estudo através do Programa de bolsas a pesquisa na área de exploração do Petróleo e Gás; ao professor Rene Rodrigues que gentilmente se disponibilizou a analisar o COT (Carbono Orgânico Total) das amostras de folhelho e finalmente a Universidade Federal do Pará pelo apoio científico dado a esta pesquisa.

9. REFERÊNCIAS

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Referências

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