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DESIGUALDADE ECONÔMICA E DESIGUALDADE SOCIAL: UM ELO QUE NÃO SE DESPRENDE

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DESIGUALDADE SOCIAL: UM ELO QUE NÃO SE

DESPRENDE

Renan Silva Dutra (UFOP)

renandutrasilva@hotmail.com

Gesaina Martins (UFOP)

gmgesamartins@gmail.com

Nathalia Carneiro Ramalho (UFOP)

nathaliaramalho_op@hotmail.com

Paula Silva Dutra (UFOP)

spauladutra@gmail.com

Daniel dos Santos Almeida (UFOP)

danielalmeida.tab@gmail.com

A desigualdade social, considerando o status de um determinado grupo ou círculo social de acordo com seu acesso à educação, direitos e liberdade, é um grande determinante dos níveis de desigualdade econômica. Tendo isso em vista, o presente trabalho apresenta os pontos de vista de vários autores relacionados à área e analisa a evolução dos níveis de desigualdade ao longo do tempo e os programas e políticas criados, analisando a temática e sugerindo ações a serem tomadas. Conclui-se que o nível de desigualdade é realmente alarmante, porém, se houver mobilização da população e esforço de todas as partes, o Brasil é um país com grande potencial para amenizar tal situação.

Palavras-chave: Desigualdade econômica, desigualdade social, educação, conscientização

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1. Introdução

A desigualdade econômica e a desigualdade social são dois fatores ainda muito fortes na nação brasileira. Muitos passos já foram dados levando em conta tais questões através da criação de políticas e programas, porém o país, apesar de ser relativamente rico, possui ainda uma divergência muito grande de renda entre sua população e uma grande discrepância social, se encontrando ainda num patamar não desejado. Por isso, tal temática necessita especial atenção para que, assim, novos programas e políticas sejam criados através da cobrança da população e da conscientização de todas as partes envolvidas.

Quando se trata de desigualdade, todas as pessoas do país têm seus papéis como cidadãos para que possam agir juntos em busca de uma solução. Porém, para que algo seja feito, é importante adquirir conhecimento sobre o assunto para saber qual caminho seguir e evitar ações erradas ou precipitadas.

Portanto, este artigo apresentará uma discussão sobre a desigualdade econômica e a desigualdade social no Brasil por meio da apresentação de ideias de outros autores e também da comparação com alguns elementos de desigualdade vistos em outros países. Ademais, será feita uma análise de como um tipo de desigualdade leva a outro, ou seja, todas as relações de causa e efeito e possíveis soluções para tal problema.

2. Referencial teórico

2.1 A desigualdade econômica no Brasil

2.1.1 Desigualdade e caracterização de pobreza no Brasil

No Brasil, país com uma das maiores taxas de desigualdade da América, estão presentes relevantes contrastes sociais e econômicos associados a altos índices de pobreza. Porém, Barros et al. (2000) discorrem que o país não é caracterizado como pobre no cenário mundial por conta de seu nível de renda per capta, pois cerca de 40% dos países do mundo se encontram com tal renda inferior à brasileira.

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3 Verifica-se nas regiões sul-sudeste uma maior polarização particular devida a concentração de uma parte maior da atividade industrial da nação, e nas regiões norte-nordeste por serem marcadas por um atraso no decurso de desenvolvimento econômico brasileiro. (ARAÚJO et al., 2009).

2.1.2 Mudanças ao longo do tempo

A estrutura de renda da economia brasileira passou por diversas mudanças, muitas delas associadas ao Plano Collor e ao Plano Real. O Plano Collor diminuiu o percentual de ricos em aproximadamente 33% por meio de reformas administrativas rigorosas e do congelamento dos meios de pagamento. Já no Plano Real, o imposto inflacionário e a volatilidade da inflação foram diminuídos, sendo aspectos fundamentais para a atenuação da pobreza e da desigualdade de renda no país. (NERI et al., 2002)

Entre 2001 e 2004, a desigualdade de renda brasileira mensurada pelo coeficiente de Gini caiu 4%, indo de 0,593 para 0,569, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA (2006), logo após caindo para 0,5661 em 2005. Essa foi uma queda considerável, visto que entre os 75 países para os quais existem informações pertinentes à evolução de tal desigualdade no decorrer da década de 1990, abaixo de ¼ mostrou taxas de redução maiores que a brasileira. Tais desigualdades então não são concebíveis e necessitam de soluções através de ações do governo para satisfazer aos grupos sociais que sofrem de maior carência. (ARAÚJO et al., 2009). Considerando a queda de 1998, com índice 0,5984, para 0,5661 em 2005, a maior parte da redução de tal índice no período (66,0%) está correlacionada ao rendimento de todos os trabalhos. Tem-se que 23,7% da queda do índice foram referentes aos rendimentos totais que compreendem todas as transferências do governo. (HOFFMAN, 2007)

2.1.3 Estudos sobre desigualdade e desenvolvimento

Há uma grande quantidade estudos sobre a evolução da desigualdade de renda no Brasil, de diversos autores como Barros et al. (2007), Soares (2007) e Hoffmann (2006). Porém, não

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4 existe um acordo sobre quais particularidades formadoras da renda são as mais responsáveis por sua redução. Portanto, as hipóteses mais eminentes recaem sobre o mercado de trabalho e sobre os programas oficiais de transferências de renda. (ARAÚJO et al., 2009). Schwartzman (2005,2006), entretanto, observou um impacto limitado tanto na diminuição da pobreza como da desigualdade no Brasil evidenciados pelas políticas de transferência de renda. Tal decorrência acontece tanto pelo pequeno volume dos recursos transferidos para cada família, quanto pela focalização ruim dos gastos, isto é, por impasses de gestão do programa.

Outro aspecto apontado são os danos causados pelas altas taxas de inflação. É comum se apontar que o aumento do nível de preços e o imposto inflacionário atinge os pobres com mais força. Tal efeito desigual é gerado do acesso diferenciado a ativos financeiros indexados entre ricos e pobres. Destarte, aqueles mais abastados podem se resguardar à medida que a inflação se eleva, ao contrário dos mais pobres da sociedade. Desse modo, a inflação ocasionaria o aumento da desigualdade de renda, sendo esta mais uma boa razão para sua manutenção em baixos níveis. (RODRIGUES, 2010)

2.2 A desigualdade social no Brasil

De acordo com Geoff Payne (2000), pode-se definir como desigualdade social:

“ … uma distinção ampla na sociedade entre duas ou mais categorias logicamente relacionadas, que são sancionadas como substancialmente diferentes uma da outra em termos materiais e culturais". Desse modo, entende-se por desigualdade social sendo uma condição de acesso desigual aos recursos, sejam eles materiais ou simbólicos (SANTOS, 2010).

Ao longo do tempo o Brasil iniciou a prática de medidas para combater as desigualdades sociais, como por exemplo o salário mínimo e carteira assinada para os trabalhadores, cotas raciais em universidades, cotas raciais e de deficientes em empregos públicos, bolsa família, entre outros.

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5 Embora tenha sido reduzida nos últimos anos, conforme aponta os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2015) divulgados no site do IBGE, a desigualdade social ainda afeta grande parte dos brasileiros.

2.2.1 Desigualdade social em grupos de indivíduos

Desigualdade social entre Negros e Brancos

Segundo Heringer (2002), a escolaridade da população brasileira é baixa no geral, sendo a média do país 5,7 anos de estudo, o que equivale à conclusão da 5a série do ensino básico apenas. Outra característica importante segundo o mesmo autor é a diferença em termos de anos de estudo entre negros e brancos, tendo os brancos em média dois anos de estudo a mais do que os negros. Além disso, a proporção de negros entre aqueles sem instrução ou com menos de um ano de estudo continua a ser, em média, mais do dobro da proporção de brancos nesta faixa.

Algumas políticas contra o racismo adotadas pelo governo são a adoção das cotas e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.

Mesmo com a implementação desses programas, não foi possível identificar grandes benefícios dos mesmos, o que demonstra que o governo não é comprometido com a causa como deveria.

Desigualdade social entre Homens e Mulheres

De acordo com os dados dos Censos Demográficos do IBGE, em 1950, apenas 13,6% das mulheres eram as que trabalhavam. Porém, os dados dos censos mostram o crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho no período entre 1950 e 2010. A participação do homem passou de 80,8% para 67,1%, ao mesmo em tempo que a participação feminina saltou de 13,6% para 49,9%.

“ O Brasil, com índice de 0,498 (quanto mais perto do 1, melhor), é o 81º em um ranking de 108 países para o indicador, que usa dados de 2006. O levantamento mostra que apesar de as brasileiras apresentarem maior esperança de vida ao nascer (75,8 anos, contra 68,4 dos homens), maior taxa

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6 de alfabetização (89,9% das mulheres com mais de 15 anos estavam alfabetizadas em 2006, contra 89,4% dos homens), e maior taxa bruta de frequência à escola (89,4% das mulheres para 85,1% dos homens), o rendimento feminino, no Brasil é, em média, 56% do rendimento masculino. Isso significa que se os homens recebem R$ 1.000, as mulheres ganham apenas R$ 560.” (PNUD 2009)

Outra grande dificuldade enfrentada pela mulher no mundo do trabalho é preconceito relacionado diretamente ao gênero feminino e à cor negra, origem, idade, orientação sexual, estado civil, gravidez, doença e deficiência. Sem contar com os inúmeros casos de assédio, tanto moral como sexual. (ANDRADE,2016)

Alguns estudos costumam apontar que essas diferenças entre homens e mulheres se dão pela diferença de acesso de estudo entre eles, mas segundo dados do IBGE, pode-se constatar a sua verdadeira causa:

“Nesse contexto, fica evidente que as diferenças de rendimento entre homens e mulheres não se explicam pela diferença de escolaridade. A desigualdade de rendimento entre homens e mulheres no caso brasileiro é resultado, em grande medida, de uma inserção, no mercado de trabalho, diferenciada por sexo, com uma maior presença feminina em ocupações precárias, de baixa qualificação, pouco formalizadas e predominantemente no setor de serviços como, por exemplo, o trabalho doméstico. (IBGE, 2014, p. 119)

2.3 As relações entre a desigualdade econômica e a desigualdade social

Conforme dados do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), no relatório de IDH de 2015, o Brasil encontra-se na 75ª colocação do ranking global, o que o coloca entre os países com maior desigualdade social. Se essa desigualdade está relacionada à origem familiar, logo se caracteriza uma desigualdade de oportunidades.

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7 Segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF, 2016) a Gender Gap Index (uma das medidas utilizadas para mensurar as diferenças entre gêneros nos diferentes países), o Brasil, que em 2008 ocupava a 74ª posição, hoje ocupa a 79ª, com nota 0,687. No ranking, a nota zero representa completa igualdade enquanto a nota 1 total desigualdade. Logo, pode-se dizer que o Brasil está entre os países que trata de forma diferenciada mulheres e homens.

O número de mulheres no mercado de trabalho ainda é baixo tendo em vista a pretensão de diminuir cada vez mais a desigualdade.

2.3.2 Influência da educação na economia

Segundo o relatório sobre a distribuição da renda e riqueza da população brasileira divulgado pelo site do Ministério da Fazenda em 2016, o índice de Gini caiu de 0,545 em 2004 para 0,490 em 2014. Lembrando que o índice varia de zero a 1, quanto mais perto do zero, menos concentrada é a distribuição da renda.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam um alto índice de evasão das escolas. Em 2010 a taxa de analfabetismo no Brasil era de 9%, o que equivale a dizer que aproximadamente 18 milhões de pessoas sequer sabem ler ou escrever. E essa alta taxa de evasão tem relação direta com a renda das famílias, como mostra um documento de estatística da educação básica no Brasil disponível no portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP): 81% das crianças de 5 a 6 anos que frequentam a pré-escola pertencem a famílias com renda per capita familiar superior a 2 salários mínimos, contrapondo apenas 37% daquelas pertencentes a famílias pobres; 97% das crianças de 7 a 14 anos de famílias com renda familiar superior a 2 salários mínimos per capita frequentam o primeiro grau, em contrapartida apenas 75% das crianças de famílias pobres, apesar da crescente universalização; 80% dos jovens de 15 a 17 anos pertencentes a famílias com renda per capita superior a 2 salários mínimo frequentam a escola, enquanto apenas cerca de 40% daqueles de famílias pobres permanecem estudando e 39,8% dos jovens de 15 a 17 anos das famílias pobres apenas trabalham. Essas estatísticas demonstram claramente uma relação entre a desigualdade de renda e os indicadores de educação no Brasil

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8 Para Ferreira (2011), as causas da evasão escolar se elencam da seguinte forma:

Escola: não atrativa, autoritária, professores despreparados, insuficiente, ausência de motivação, etc.; Aluno: desinteressado, indisciplinado, com problema de saúde, gravidez, etc.; Pais/responsáveis: não cumprimento do pátrio poder, desinteresse em relação ao destino dos filhos, etc. Social: trabalho com incompatibilidade de horário para os estudos, agressão entre os alunos, violência em relação a gangues, etc. (FERREIRA, 2011 p.02).

Acemoglu (2002) sugere que as mudanças técnicas, ocorridas desde o início da década de 1970, favorecem mais os trabalhadores escolarizados, devido à substituição de trabalhadores com baixa escolaridade por trabalhadores com alta qualificação. Neste cenário, à medida que trabalhadores com maior capital humano passaram a participar do mercado de trabalho, houve uma inevitável relação de simultaneidade entre desigualdade e crescimento econômico (AGHION et al., 2006). Esta simultaneidade torna inconsistente as estimativas dos parâmetros que não corrigem tal endogeneidade, por exemplo, pelo método de variáveis instrumentais.

3. Metodologia

O presente artigo tem como metodologia a análise de pontos de vista de outros autores e a discussão do tema através da comparação de tais ideologias e interpretação e julgamento dos dados pertinentes ao tópico. Tal debate leva em conta a evolução ao longo dos anos no que se diz respeito aos índices de diminuição da desigualdade econômica ou social e propostas de melhorias para o enunciado.

4. Propostas de melhoria e discussão do assunto

A desigualdade econômica é gerada principalmente na desigualdade social, pois ela limita o acesso das pessoas à educação, saúde, liberdade de expressão, moradia de qualidade, transporte, lazer, serviços e bens sociais. Tais particularidades deveriam ser direito de todo e

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9 qualquer cidadão. Porém, não é o que acontece na realidade, havendo assim a distinção de grupos, classes e círculos sociais.

Em tempos passados, negros, mulheres e pobres não tinham vez. Não tinham direito de dar suas opiniões, eram privados do estudo ou muitas vezes de frequentar o mesmo lugar que seus grupos distintos. Com o passar do tempo, a situação mudou bastante, porém, agora ela se mantém num nível lento e ainda necessita de muita atenção.

Hoje, há muitas campanhas contra o racismo, se tornando este crime passível de punição. Entretanto, tal quadro ainda acontece, muitas vezes de forma indireta ou fugindo das ações legais cabíveis. Os negros, mesmo aqueles mais sucedidos, pagam ainda hoje as consequências dessa herança cultural grotesca que se estabeleceu em tempos passados, então, governos tentam amenizar ou extinguir tal situação os inserindo em ambientes onde não estão muito presentes. Nas universidades, por exemplo, criaram-se cotas para que pessoas deste grupo racial possam mostrar a sua presença e mudar as ideias e concepções daqueles que ainda possuem a mente limitada quanto a outros seres humanos que merecem as mesmas oportunidades e o mesmo nível de tratamento.

Muitas vezes as cotas criadas para os negros, em quaisquer ambientes que sejam, são vistas como uma forma de discriminação, dizendo assim que estes não possuem capacidade de estar ali por méritos próprios. No entanto, esta é uma questão que tem que ser vista de forma macro, pois elementos do passado ainda contribuem negativamente na vida de tal grupo, mesmo aqueles que já possuem elevado grau de escolaridade e condições de ocupar posições altas em empresas e outros lugares. Todavia, muitas vezes não o conseguem por causa desta lastimável herança cultural. Por isso as cotas são importantes e devem existir até que tal situação seja balanceada.

Não se pode negar que a maior parte da população pobre se encontra neste grupo racial, o que pode ser comprovado através de estatísticas e estudos. Tal fato afeta também as condições psicológicas de muitas pessoas deste círculo, que muitas vezes preferem não tomar lugares que são seus por direito. Então, por mais que estes ocupem a vaga de alguma pessoa de outro grupo racial que aparentemente estaria mais apta para estar ali de acordo com o critério de

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10 avaliação, isso é uma questão de reparar danos que já foram causados e desenvolver capacidades e habilidades de pessoas que foram limitadas por elementos de caráter inestimável. A presença dos negros faz com que outras pessoas conheçam suas realidades mais proximamente e eliminem os preconceitos inexplicáveis.

Outro caso que deve ser observado é o acesso à educação. Muitas pessoas da sociedade, por algum motivo, não tem acesso a escolas ou um ensino de qualidade. Inúmeras vezes isso se deve ao fato de falta de incentivos, falta de investimentos, questões familiares e financeiras, dentre outros aspectos. Em vista disso, aumenta-se a desigualdade social e, consequentemente, o nível de marginalidade e criminalização.

Existem alguns programas com o intuito de apaziguar os efeitos da desigualdade, porém estes não são desenvolvidos da melhor forma possível, sendo passíveis de falhas e atendendo pessoas que não necessitam de tais. Eles são necessários, porém exigem uma melhor gestão. Algo que também ocorre nos dias de hoje é a exigência do nível de escolaridade em várias empresas. Algumas multinacionais, por exemplo, querem tornar zero o número de funcionários que não possuem ensino médio. Tal mudança de política acontece gradualmente, começando das novas contratações. Este cenário tem de se tornar conhecido por todos para que sirva como incentivo para que as pessoas busquem por educação, ao invés de se tornar um cenário que aumente a desigualdade econômica no país.

Isto posto, deve-se fazer que todos os indivíduos entendam a importância de se buscar por educação. Contudo, deve-se investir em professores bons e estimulados para que as aulas sejam boas e estes tenham preparação para ajudar a diminuir o nível de evasão através de participação ativa na sala de aula.

Em suma, observa-se que o ponto crucial para que haja mudanças é uma questão de conscientização. Deve-se investir naquelas pessoas que de alguma forma foram beneficiadas pela inclusão para que não se esqueçam de suas origens e, assim, difundam suas ideias nos meios que forem inseridas, propagando pensamentos revolucionários em ambientes de liderança. O maior problema fatual é a mudança de postura de pessoas que alcançam altos níveis na sociedade. Por isso, deve-se investir também em manter o bom psicológico das

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11 pessoas que alcançam patamares os quais não esperavam. Daí vem o papel de outras instituições, como a família e a igreja, pois estas devem servir de apoio e base para aqueles que estão nesse processo de mudança, através de um acompanhamento próximo e de difusão da importância de se preocupar com a sociedade como um todo.

Por meio da conscientização, há a necessidade de fazer com que as pessoas conheçam as pessoas às quais dão poderes de governar, além de criarem meios de fiscalizar, acompanhar e cobrar resultados satisfatórios para todos. Pessoas podem ter objetivos diferentes, porém, sempre há algum objetivo comum que faz com que pessoas idôneas abram mão de algumas particularidades em prol do conjunto. Cada um tem que abrir mão de algo para que todos atendam ao objetivo comum.

Outro caminho é aplicar técnicas de gestão para descobrir os problemas chaves de todos os outros. Como uma dessas técnicas pode-se citar a Árvore da Realidade Atual, a qual pega uma lista de efeitos indesejáveis, que são problemas que estão acontecendo, e os conecta através de uma rede que começa de baixo para cima. Tais efeitos indesejáveis, mesmo que estejam mais acima, podem se conectar novamente a efeitos que estão na base. Sendo assim, percebe-se no final qual é o principal problema que leva a todos os outros, pois muitas vezes um problema na sociedade se deriva de outro e tal relação não é percebida. Então, colocar em uma esfera visual os problemas se torna algo de grande importância.

5. Conclusão

Este artigo procurou analisar como os diversos tipos de desigualdade têm influência direta na economia, com estudos e estatísticas referentes à desigualdade econômica e desigualdade de gênero, raça e nível de instrução brasileiros, então apresentando a relação existente entre estes.

Verificou-se que as principais hipóteses sobre as particularidades formadoras de renda que são responsáveis por sua redução recaem sobre o mercado de trabalho e sobre os programas oficiais de transferência de renda, considerando também aspectos como a inflação. Identificou-se também, através do coeficiente de Gini e outros dados, que os níveis de

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12 desigualdade estão evoluindo com o passar dos anos, porém de forma lenta e gradativa. Assim sendo, as políticas de melhorias são fundamentais na continuação desta evolução, visto que buscam inserir os indivíduos que sofrem algum preconceito nos ambientes onde não são encontrados.

Infelizmente, apesar de muitas políticas e programas já terem sido criados, há de se criar meios de controlar quais pessoas têm acesso aos benefícios e meios de acompanhar que estes estejam sendo usados corretamente, pois uma política pública que não é fiscalizada acaba gerando adversidades e fraudes.

O país ainda tem muito que evoluir no quesito desigualdade, e uma das diversas formas é

ampliar a inserção dos indivíduos na educação. Há melhorias que podem mudar

significamente o tratamento interpessoal. A predominância da diversidade em todos os meios contribui para melhor execução de trabalhos, melhor convivência e traz à tona aspectos relevantes que não foram observados por um grupo homogêneo.

Espera-se que este estudo sirva como base de reflexão para outros estudos, programas e projetos e que estratificações sejam feitas para resolver cada um dos problemas de desigualdade existentes na sociedade da melhor maneira possível.

REFERÊNCIAS

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13 ANDRADE, Tânia. Mulheres no mercado de trabalho: onde nasce a desigualdade? Disponível

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14 HOFFMANN, R. Transferência de renda e a redução da desigualdade no Brasil e cinco regiões entre 1997

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Referências

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