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COMPOSIÇÃO CENTESIMAL, COMPOSTOS FENÓLICOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE SEMENTE DE CHIA BRASILEIRA E MEXICANA

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Academic year: 2021

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COMPOSIÇÃO CENTESIMAL, COMPOSTOS FENÓLICOS E

ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE SEMENTE DE CHIA

BRASILEIRA E MEXICANA

M. Dick, A.C.F. Batista, A.O. Rios, S.H. Flôres

Instituto de Ciência e Tecnologia dos Alimentos (ICTA) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Av. Bento Gonçalves, 9500 – CEP: 91501-970 – Porto Alegre – RS – Brasil, Telefone: (51) 33089789 – e-mail: simone.flores@ufrgs.br

RESUMO – Recentemente as sementes de chia têm ganhado importância em muitos países, devido aos seus atributos nutricionais. Neste estudo, as sementes de chia cultivadas em duas regiões diferentes, México e Brasil, foram comparadas e avaliadas quando a sua composição química, compostos fenólicos totais e atividade antioxidante, pelo método ABTS. As sementes apresentaram elevado conteúdo de proteína (19% a 21%), lipídeos (32% a 33%) e fibras dietéticas totais (40% a 36%), valores respectivos a chia mexicana e brasileira (base seca). Em relação aos compostos fenólicos totais, as sementes mexicana e brasileira não variaram significativamente, apresentando valores de 4,79 e 4,89 mg EAG/g, respectivamente. Contudo, a semente brasileira apresentou maior atividade antioxidante (255,88 µM de trolox/g) do que a semente mexicana (84,51 µM de trolox/g).

ABSTRACT – Recently chia seeds have gained importance in many countries, due to their nutritional attributes. In this study, chia seeds grown in two different regions, Mexico and Brazil, were compared and evaluated for its chemical composition, phenolic compounds and antioxidant activity, by ABTS method. The seeds showed high content of protein (19% and 21%), lipids (32% and 33%) and total dietary fiber (40% and 36%), respective values for Mexican and Brazilian chia seeds (wet basis). Regarding the total phenolic compounds, the Mexican and Brazilian seeds did not vary significantly, with values of 4.79 and 4.89 mg GAE/g, respectively. However, the Brazilian seed showed higher antioxidant activity (255.88 µM of Trolox/g) than the Mexican seed (84.51 µM of Trolox/g).

PALAVRAS-CHAVE: chia, Salvia hispanica, compostos fenólicos, atividade antioxidante.

KEYWORDS: chia, Salvia hispanica, phenolic compounds, antioxidant activity.

1. INTRODUÇÃO

A chia (Salvia hispanica L.) é uma herbácea pertencente a família Lamiaceae, a qual é nativa da região do sul do México e do norte da Guatemala. Nestas regiões, a chia foi cultivada durante milhares de anos, juntamente com o milho, o amaranto e o feijão, sendo um importante alimento para as civilizações pré-Colombianas das Américas, incluindo as populações Maias e Astecas (AYERZA & COATES, 2005). O cultivo da chia foi drasticamente afetado após a colonização espanhola devido a conflitos culturais (MARTÍNEZ-CRUZ & PAREDES-LÓPEZ, 2014). O interesse nesta semente foi revisto depois que pesquisas destacaram os elevados conteúdos de proteína, óleo, fibras, compostos fenólicos, vitaminas e minerais, e em particular, a elevada proporção de ácido graxo α-linolênico

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(omega-3), considerada a maior proporção encontrada em fonte vegetal (REYES-CAUDILLO et al., 2008; VÁZQUEZ-OVANDO et al., 2009). O uso da chia pode ser na forma de semente, farinha, mucilagem ou óleo (MARINELI et al., 2014), mas devido as características mencionadas anteriormente, as sementes têm sido utilizadas como matéria-prima na elaboração de alimentos funcionais. Algumas das principais aplicações das sementes incluem o seu uso como suplemento nutricional e como ingrediente em barras de cereais, biscoitos, massas, pães, lanches, e iogurte, entre outros (MUÑOZ et al., 2013).

Do ponto de vista nutricional é importante que o perfil nutricional da semente de chia não varie significativamente no mercado de venda, visto que os benefícios obtidos pelo seu consumo dependem da sua composição. Desta forma, o objetivo deste estudo foi determinar e comparar a composição centesimal das sementes de chia procedentes de duas regiões distintas, tais sendo o México (local de origem da planta) e o Brasil (local de cultivo recente), assim como quantificar os seus conteúdos de compostos fenólicos totais e de atividade antioxidante, pelo método ABTS.

2. MATERIAL E MÉTODOS

As sementes de chia (Salvia hispanica L.) utilizadas neste estudo são procedentes de dois locais de produção: Acatic (estado de Jalisco, México) e Independência (estado do Rio Grande do Sul, Brasil), as quais foram adquiridas juntamente a empresa Chiablanca, S.C. de R.L., México, e a empresa Pazze Indústria de Alimentos Ltda, Brasil, respectivamente. As sementes foram embaladas a vácuo e mantidas a -18 °C até o momento das análises. Todos os reagentes químicos utilizados foram de grau analítico.

2.1 Composição centesimal

As sementes de chia mexicana e brasileira foram moídas em um liquidificador e posteriormente avaliadas quanto a sua composição química segundo metodologias da AOAC (1995). O teor de proteína foi obtido pelo método Kjeldahl (fator de correção 6,25). O teor de lipídeos foi determinado utilizando-se um extrator Soxhlet. O teor de cinzas foi obtido por incineração em mufla a 550 °C. O teor de umidade foi determinado em estufa a 105 °C, até peso constante. As fibras dietéticas total, insolúvel e solúvel foram determinadas pelo método enzimático-gravimétrico. O teor de carboidratos foi calculado por diferença. Os resultados foram expressos em g. 100g-1 de b.s.

2.2 Avaliação dos compostos fenólicos totais e atividade antioxidante

Os extratos para determinação dos compostos fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS) foram preparados com 5 gramas de semente e 20 mL de metanol 80% HCl 1%, durante 48 h de extração segundo RAGAEE et al. (2006) com modificações. Os compostos fenólicos totais dos extratos de semente de chia foram determinados de acordo com o método Folin-Ciocalteu’s (SWAIN & HILLS, 1959), com algumas modificações. Alíquotas de 20 μL da amostra ou 20 μL do controle foram combinadas com 1,58 mL de água e 100 μL de reagente de Folin-Ciocateau 1N. Após 3 minutos de reação, 300 μL de carbonato de sódio 20% foi adicionado e a mistura, a qual foi incubada por 2 horas a temperatura ambiente. A absorbância foi lida a 734 nm em espectrofotômetro. Uma curva padrão foi construída com soluções aquosas de concentração de ácido gálico conhecidas (0,05 – 0,75 mg/mL). Os resultados foram expressos em mg equivalentes de ácido gálico (EAG)/g.

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A atividade antioxidante foi mensurada através da metodologia baseada na captura do radical ABTS (2,2´-azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)) (RUFINO et al., 2010). O radical ABTS●+ foi produzido pela reação das soluções estoque de 7 mM de ABTS com a de 145 mM de persulfato de potássio, e repouso da mistura no escuro durante 12-16 h antes da sua utilização. O radical ABTS●+ foi diluído em etanol até uma absorbância de 0,70 ± 0,02 a 734 nm. Após a adição de 30 μL de extrato ou padrão Trolox (6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcroman-2-ácido carboxílico) (substância usada de referência) a 3 mL do radical ABTS●+ diluído, as absorbâncias foram medidas depois 6 min de reação. Uma curva padrão foi construída com soluções etanólicas de concentração conhecida de Trolox e os resultados foram expressos como μM trolox/g.

2.3 Análise estatística

Os resultados foram avaliados por meio da Análise de Variância (ANOVA) e do teste de comparação de médias Tukey, ao nível de 5% de significância (p < 0,05), usando o programa Statistica 8.0, e correspondem à média de três repetições (n = 3) ± desvio padrão.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta os resultados da análise de composição centesimal das amostras.

Tabela 1 – Composição centesimal das sementes de chia em g.100 g-1 (b.s.)

Componente Chia mexicana Chia brasileira

Umidade 6,31 ± 0,04b 7,44 ± 0,02a

Proteína 19,88 ± 0,44a 21,00 ± 0,70a

Fibra dietética total 41,65 ± 0,61a 39,25 ± 0,30b

Fibra dietética insolúvel 40,15 ± 0,03a 36,60 ± 1,54a

Fibra dietética solúvel (por diferença) 1,50 ± 0,65a 2,65 ± 1,84a

Lipídeos 32,67 ± 0,67a 33,42 ± 0,53a

Cinzas 4,80 ± 0,36a 4,90 ± 0,06a

Carboidratos (por diferença)* 0,99 1,44

Médias de três repetições ± desvio padrão. Letras distintas na linha diferem significativamente (p < 0,05). *Cálculo: subtração dos conteúdos de cinza, lipídeo, fibra dietética total e proteína de 100% de b.s.

As amostras não diferiram significativamente quanto ao teor de proteínas, lipídeos, cinzas, fibras insolúveis e solúveis, diferindo quanto ao conteúdo de umidade e fibras totais. As sementes mexicana e brasileira apresentam uma importante fonte nutricional de proteína e óleo, e estes resultados são semelhantes aos encontrados em sementes de chia avaliadas em outros estudos, segundo a revisão de Muñoz et al. (2013). Apesar da semente de chia não ser cultivada comercialmente como uma fonte de proteína, o teor de proteínas é mais elevado do que culturas tradicionais como trigo, milho, arroz e aveia (AYERZA & COATES, 2005). Autores que avaliaram a perfil do óleo de chia alegam que o mesmo é predominantemente composto por ácidos graxos poli-insaturados, os quais estão associados a benefícios à saúde (MARINELI et al., 2014).

A Tabela 2 mostra os resultados das análises de compostos fenólicos e ABTS encontrados nas sementes mexicana e brasileira. Em relação ao teor de fenólicos totais, as amostras não apresentaram diferenças significativas. Os resultados deste estudo são superiores aos encontrados em estudos anteriores para semente de chia. Reyes-Caudillo et al. (2008) encontraram valores entre 0,88 e 0,92 mg

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EAG/g, enquanto que Martínez-Cruz e Paredes-López (2014) encontraram 1,64 mg EAG/g, ambos estudos para semente de chia procedente do México. Marineli et al. (2014) encontraram o valor de 0,94 mg EAG/g para chia procedente do Chile. Entretanto, as técnicas utilizadas nos diferentes experimentos podem variar, o que pode interferir nos resultados.

Tabela 2 – Compostos fenólicos totais e ABTS das sementes de chia Amostra Compostos fenólicos

totaisa ABTS

b

Chia mexicana 4,79 ± 0,01a 84,51 ± 6,38b

Chia brasileira 4,89 ± 0,04a 255,88 ± 16,94a

Letras distintas na coluna diferem significativamente (p < 0,05). a (mg EAG/g de semente); b (µM de trolox/g de semente).

A análise de ABTS revelou que a chia brasileira apresentou maior atividade antioxidante do que a chia mexicana. Ambos valores de ABTS foram menores aos encontrados no estudo de Vázquez-Ovando et al. (2009) (488,8 µM de trolox/g) para uma fração rica em fibra de chia. A atividade antioxidante das sementes de chia se deve, principalmente, aos ácidos clorogênico e cafeico, assim como a presença de outros compostos fenólicos (VÁZQUEZ-OVANDO et al., 2009). Apesar das diferenças, ambas apresentaram apreciável atividade de captura do radical, sendo superior a encontrada em farinha de trigo, farinha integral de cevada e de sorgo (8,3, 14,9 e 51,7 µM de trolox/g, respectivamente) (RAGAEE et al., 2006). A diferença na atividade antioxidante pode ser devido a composição química das sementes ou a pequenas diferenças nos percursos bioquímicos de reação.

4. CONCLUSÕES

Em relação ao perfil nutricional, as sementes procedentes do México e do Brasil variam muito pouco, variando apenas o conteúdo de umidade e fibras dietéticas totais. As sementes de chia mexicana e brasileira não variam significativamente quanto ao conteúdo de compostos fenólicos, já em relação a atividade antioxidante pelo método ABTS, a chia brasileira apresentou maior atividade antioxidante. Os resultados sugerem que as sementes de chia são ricas em compostos fenólicos, os quais tiveram influência na acentuada atividade antioxidante apresentada pelas sementes.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMIST – AOAC. Official Methods of Analysis of AOAC

International, 16th ed., Washington, D.C, 1995.

AYERZA, R., & COATES, W. Chia: Rediscovering a forgotten crop of the Aztecs. Tucson: The University of Arizona Press, 2005.

MARINELI, R. S.; MORAES, E. A.; LENQUISTE, S. A.; GODOY, A. T.; EBERLIN, M. N.; MARÓSTICA JR, M. R. Chemical characterization and antioxidant potential of Chilean chia seeds and oil (Salvia hispanica L.). LWT

- Food Sci. Technol., v. 59, p. 1304–1310, 2014.

MARTÍNEZ-CRUZ, O.; PAREDES-LÓPEZ, O. Phytochemical profile and nutraceutical potential of chia seeds (Salvia hispanica L.) by ultra high performance liquid chromatography. J. Cromatog. A, v. 1346, p. 43-58, 2014. MUÑOZ, L. A.; COBOS, A.; DIAZ, O.; AGUILERA, J. M. Chia seed (Salvia hispanica): an ancient grain and a new functional food. Food Rev. Int., v. 29, n. 4, p. 394-408, 2013.

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RAGAEE, S.; ABDEL-AAL, E. M.; NOAMAN, M. Antioxidant activity and nutrient composition of selected cereals for food use. Food Chem., v. 98, p. 32-38, 2006.

REYES-CAUDILLO, E.; TECANTE, A.; VALDIVIA-LÓPEZ, M. A. Dietary fibre content and antioxidant activity of phenolic compounds present in Mexican chia (Salvia hispanica L.) seeds. Food Chem., v. 107, p. 656-663, 2008.

RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F.; MANCINI-FILHO, J. Bioactive compounds and antioxidant capacities of 18 non-traditional tropical fruits from Brazil. Food

Chem., v. 121, p. 996–1002, 2010.

SWAIN, T; HILLIS, W. E. The phenolic constituents of Prumus domestica I – The quantitative analysis of phenolic constituints. J. Sci. Food Agric., v. 10, n. 1, p.63-68, 1959.

VÁZQUEZ-OVANDO, A.; ROSADO-RUBIO, G.; CHEL-GUERRERO, L.; BETANCUR-ANCONA, D. Physicochemical properties of a fibrous fraction from chia (Salvia hispanica L.). LWT - Food Sci. Technol., v. 42, p. 168–173, 2009.

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