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A DOUTRINA DO

PACTO

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Sumário 1ª Parte

Introdução 3

Ligados a Deus pelo pacto da criação 5

Deus estabelece alianças 8

Os mandados de Deus 11

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A DOUTRINA DO PACTO

Introdução

Todos nós precisamos conhecer a Deus através de Jesus Cristo, no evangelho. Mas, afinal de contas, o que é o evangelho?

Nos dias atuais, ouvimos discursos religiosos que na verdade estão bem distantes do ensino da Palavra de Deus.

Existimos para glorificar ao Senhor fazendo discípulos maduros e reprodutivos (Mt 28.18-20).

É discípulo quem compreende a revelação da Bíblia sobre a pessoa e obra de Jesus Cristo e é unido ao Redentor por fé. O seguidor de Jesus, a partir do conhecimento das boas novas, está capacitado a compartilhar o evangelho.

Estas lições são baseadas na formulação doutrinária do sínodo de Dort na Holanda, realizado no século XVII, a fim de escrever um documento sobre a doutrina da salvação. Eles produziram um material profundamente bíblico e, ao mesmo tempo, compreensível, fácil de memorizar e explicar. Aqueles irmãos responderam a um falso ensino que ganhava espaço, uma tentativa de estabelecer o homem como centro do processo de salvação (Arminianismo).

Hoje, muito do que se proclama como “mensagem de salvação” possui uma ênfase semelhante.

O Cristianismo sofre nova ameaça de corrupção de sua mensagem central. Por isso o estudo da Doutrina do Pacto é atual e necessário.

As boas notícias (evangelho) da Escritura sobre a salvação são simples:

1. Deus criou tudo perfeito, mas o homem decaiu de seu estado de santidade e comunhão original;

2. Deus escolheu dentre a massa de pecadores alguns para serem salvos; 3. Cristo morreu por estes eleitos,

4. Que são chamados pelo Espírito Santo através do evangelho e, infalivelmente,

5. Serão glorificados.

Cada afirmação começa com Deus, o Criador Soberano relacionando-se com os seres humanos a partir dos pactos da criação e da redenção. Deus é quem sempre toma a iniciativa de salvar; o homem é o beneficiário de uma poderosa e eficaz obra de redenção.

O que é Teologia do Pacto

A teologia do pacto é o evangelho apresentado no contexto do plano eterno de Deus de comunhão com o Seu povo, e seu desenvolvimento histórico nos pactos das obras (ou da criação) e da graça (bem como nos vários estágios progressivos do pacto da graça).

A teologia do pacto explica o significado da morte de Cristo à luz da plenitude do ensino bíblico sobre os pactos divinos, fortalece nosso entendimento da natureza e uso dos sacramentos, e provê a explicação mais completa possível dos fundamentos de nossa segurança.

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1. Expiação [o significado da morte de Cristo];

2. Segurança [a base de nossa confiança de comunhão com Deus e o desfrutar de Suas promessas];

3. Os sacramentos [sinais e selos das promessas pactuais de Deus – o que eles são e como eles operam];

4. A continuidade da história da redenção [o plano unificado de salvação de Deus].

A teologia do pacto é uma abordagem do entendimento das Escrituras que explica biblicamente a unidade da revelação bíblica.

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Ligados a Deus pelo pacto da criação

Deus é o Criador

Deus criou o universo

O primeiro fato ensinado pelas Escrituras é: tudo foi criado por Deus. Compreender Deus como Criador equivale a reconhecer que ele possui “direito” sobre sua obra. Ele é quem determina quem somos qual a nossa finalidade e como funcionamos.

Criacionismo e não evolucionismo

A criação tem sido contestada especialmente a partir do século dezenove, quando foi publicada a obra de Charles Darwin, A origem das espécies (1859). Darwin argumentou que todos os seres vivos evoluíram de acordo com um mecanismo que ele denominou seleção natural.

Na atualidade, os cristãos têm sido pressionados a aceitar como fato as hipóteses evolucionistas e considerar os relatos de Gênesis 1 a 3 como um mito de valor puramente literário. A história bíblica da criação, dizem, possui preciosas lições teológicas, mas não é válida dos pontos de vista histórico e científico. Essa perspectiva ganhou tanto terreno na cultura moderna que é tida como certa nos livros didáticos e na maior parte dos ambientes acadêmicos. Para alguns cristãos, parece constrangedor assumir que “no princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Há quem pense que é possível ser cristão enquanto se nega a doutrina da criação. Nem todos os cientistas abraçam o evolucionismo. Aquilo que é relatado como “fato” pelos evolucionistas é hoje bombardeado por inúmeras evidências contrárias. Há estudioso – não necessariamente cristãos – que defendem algum tipo de criacionismo. O fato é que todo o alicerce da teologia e santidade prática encontra-se nos primeiros três capítulos da Bíblia. Negá-los sempre produzirá consequências devastadoras.

Criação e adoração

Reconhecer Deus como Criador não é uma opção e sim um importante fundamento para a adoração (Gn 1.1; Is 42.5; Hb 11.3; Ap 4.11).

Criação e a ordem espiritual e moral

Quando deixa de glorificar devidamente a Deus como Criador, o homem passa a cultuar ídolos. O resultado dessa idolatria é sempre corrupção espiritual e moral. Em Romanos 1.18-32, o apóstolo Paulo fornece uma vívida descrição de como isso acontece.

Não há outra opção: Ou o homem reconhece a Deus como Criador e lhe dá glória por isso, ou adora a outros deuses e torna-se pervertido em sua religião e moralidade.

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A ordem e a harmonia da criação

Os fatos descritos em Gênesis permitem-nos concordar com as seguintes afirmações:

 O cosmo não é o “produto de eventos fortuitos ou forças naturais que se associam por acidente ou coincidência”. Tudo foi criado de acordo com um plano.

 O cosmo possui ordem; os relacionamentos entre os seus diversos componentes foram designados e estabelecidos por Deus. Cada elemento ou aspecto constituinte do universo tem sua função distintiva determinada pelo Criador. Tais funções podem ser consideradas como leis vinculadas a cada coisa existente.

 Cada função estava em harmonia com as demais. “Deus organizou o cosmos que ele criou e o fez refletir sua pessoa como um Deus de ordem”.

 Este “cosmos é o reino; especificamente, o reino cósmico”. Existe para expressar a glória do Rei Criador.

Tais considerações nos levam a adorar a Deus, como sugeriu o apóstolo Paulo em Rom. 11.36.

As ordenanças de Deus: O sábado, o casamento e o trabalho. Família e trabalho provêm de Deus

No sexto dia da criação, Deus criou o homem e a mulher e instituiu o casamento. Além disso, ao receber de Deus a incumbência de “dominar” sobre a criação, o homem foi agraciado com o trabalho.

A família (e, consequentemente, as relações humanas), bem como o trabalho são esferas da existência muito espirituais. Deus mesmo criou e se importa com tais coisas.

O descanso provém de Deus

No sétimo dia Deus concedeu ao homem a dádiva do descanso.

O Senhor, de acordo com a Bíblia, é incansável (Is 40.28). No entanto, Gênesis relata que ele fez questão de “descansar” com o objetivo de firmar o sábado como espaço para as bênçãos do descanso e comunhão com o Criador (santificação). Na criação, Deus estabeleceu o ritmo da vida: trabalho e descanso, atividade e pausa, desgaste e restauração de forças.

O sábado estabelece um “padrão estrutural” para toda a criação de Deus: seis dias de atividade seguidos por um dia de descanso, celebração e culto.

A grande mensagem por trás do sábado é esta: o homem não deve ser “cativo da criação”; ele não foi criado para trabalhar ininterruptamente, mas para gozar da exis-tência na comunhão com Deus. Por isso, a guarda do sábado foi incluída na lei moral como dever de todas as criaturas (Êx 20.8-11).

CRIAÇ ÃO CRIAÇ ÃO LINHA DO TEMPO CRISTO CRIS2ª VI TO NDA DE 2ª VINDA DE

ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO

Gálatas 4.4

No Antigo Testamento o descanso no último dia da semana, tinha um caráter antecipatório.

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O judeu iniciava a semana ansiando pelo repouso que estava por vir.

Nesse sentido, o sábado antecipava “o dia da restauração consumada na redenção”. No Novo Testamento o cristão tem seus olhos mantidos tanto na criação quanto na redenção realizada por Jesus Cristo e espera pela sua volta. “A criação dá origem a um povo de Deus. A redenção cria de novo um povo para Deus. Em cada caso, o Sábado desempenha papel vital”.

Por esta razão, o cristão percebe a história de maneira diferente. Não só olha para frente rumo a uma redenção que ainda vem. Não espera meramente por um descanso sabático futuro.

O cristão olha para trás, rumo a uma redenção já completamente cumprida e firma-se confiantemente sobre a base daquilo que o passado já trouxe.

Portanto, é apropriado que a nova aliança altere radicalmente a perspectiva sabática. O crente comum em Cristo não segue o modelo sabático do povo da velha aliança. Não trabalham primeiro seis dias, olhando com esperança em direção ao descanso. Ao contrário, começa a semana regozijando-se no descanso já cumprido pelo evento cósmico da ressurreição de Cristo. E então entra alegremente nos seis dias de trabalho, confiante no sucesso por meio da vitória que Cristo já alcançou. Embora o dia em que a celebração deva ser observada tenha sido mudado do dia sétimo para o primeiro dia da semana, o cristão é obrigado a lembrar-se do dia de Sábado para santificá-lo.

Estas três dimensões da vida humana – andar com Deus, relacionar-se com outros seres humanos e dominar a natureza – apontam para ordenanças divinas necessárias para a manutenção do reino cósmico: os mandados espiritual, social e cultural.

Tudo muito bom

Observe que, de acordo com a Bíblia, toda a obra do Criador foi sem defeito. Deus criou todas as coisas excelentes, sem nenhum tipo de maldade ou imperfeição. Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia (Gn 1.31).

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Deus estabelece alianças

Quando um homem e uma mulher se casam, é comum eles usarem anéis simbolizando sua união. Tais anéis são chamados de alianças, por que selam um acordo ou pacto. A relação de Deus com o homem também se dá por meio de alianças.

O Deus das alianças

Como podemos entender a relação de Deus com sua criação, especialmente essas ordenanças do sábado, casamento e trabalho? Nas primeiras páginas do livro de Gênesis, Deus estabeleceu uma aliança (*).

É comum entendermos aliança como um acordo, normalmente um contrato firmado

entre duas ou mais pessoas ou instituições (pacto de paridade). Na Antiguidade,

porém, a ideia de aliança não pressupunha, necessariamente, um acordo entre iguais. Um rei soberano estabelecia alianças com as nações conquistadas (pacto de suserano).

Nas alianças divinas Deus pactua como soberano, ou seja, como parte superior e o homem submetem-se como criatura, servo e filho.

As alianças divinas são sempre deste último tipo. As alianças são constituídas de três elementos:

1. Um relacionamento (ligação ou vínculo) entre as partes. 2. Privilégios (promessas e benefícios).

3. Responsabilidades (estipulações ou mandados pactuais).

Deus comprometeu-se com a criação ordenando-a, mantendo-a e concedendo-lhe promessas.

Ao mesmo tempo, criou agentes pessoais livres e responsáveis com os quais manteve comunhão.

É possível falar de aliança no singular, referindo-se ao trato divino com tudo o que existe.

O mais adequado, porém, é perceber que a Escritura refere-se mais detalhadamente a duas alianças que se complementam, ou seja, da criação e da redenção.

A aliança da criação

Ao criar, Deus estabeleceu uma ligação de amor e cuidado com tudo o que fez. Deus revelou-se como Rei Criador por meio de um vínculo ou fator de unificação denominado aliança da criação, pacto da criação ou pacto do domínio.

Deus, pelos seus comandos verbais, exercitando seu poder soberano, trouxe à existência aquilo sobre o qual estaria sempre reinando. Ele criou seu reino e estabeleceu um vínculo de bondade, amor, vida e poder entre si e este reino. Este vínculo é conhecido como aliança com a criação, ou como “Pacto de Domínio”.

(*) Há estudiosos que negam haver uma aliança na criação. Eles dizem que a primeira aliança divino-humana foi firmada somente a partir de Noé. Em uma nota de rodapé da Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional (2003, p. 1488) afirma-se Lição-02

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“não haver na Bíblia registro de uma aliança com Adão”. A nota comenta Oséias 6.7, traduzido como “na cidade de Adão, eles quebraram a minha aliança”. A versão revista e atualizada de João Ferreira de Almeida traz “mas eles transgrediram a aliança, como Adão”. O profeta Oséias está dizendo que Israel, assim como Adão, quebrou uma aliança. Robertson (2002, p. 21-29) demonstra com abundante documentação que a aliança da criação é confirmada por Jeremias 33.20,21,25,26 e Oséias 6.7. Van Groningen (obra citada, p. 89-90) argumenta contra a tradução proposta pela BENVI e demonstra que (1) é sólida a base para a leitura dos textos de Jeremias e Oséias como confirmação da aliança com Adão; (2) a terminologia da aliança com Noé (a palavra traduzida como “estabelecerei” é qûm, manter algo que já existe e não iniciar algo novo) denota continuação e não início de aliança; (3) o tratamento de Deus para com Adão contém todos os elementos de uma aliança. A BEG (1999, p. 13), na nota de Gn 3.1-24, fala sobre o teste-prova como sendo “administrado sob uma aliança de obras”. O BCW, a CFW e o CMW referem-se à relação de Deus com Adão como um pacto de obras. Nestes estudos, aliança da criação e aliança ou pacto das obras são expressões sinônimas.

O homem, imagem e semelhança de Deus.

Até que ponto nos conhecemos? Quem somos nós afinal? Essas são dúvidas que há muitos anos acompanham filósofos e que pairam sobre o coração de muitas pessoas.

O primeiro aspecto a considerar sobre a aliança da criação é a formação do homem conforme a “imagem e semelhança” divinas. Quem somos nós? Seres criados a imagem e semelhança do Criador (Gên. 1.26-27).

Esta “imagem e semelhança” diferenciam o ser humano de todas as outras criaturas, a começar pelas capacidades intelectuais e morais.

Deus é Espírito, a alma humana é um espírito.

Os atributos essenciais do espírito são a razão, a consciência e a vontade. Um espírito é um agente racional, moral e, portanto, também um agente livre.

Assim, ao criar o homem segundo a sua imagem, Deus o dotou com aqueles atributos que pertencem à sua própria natureza como espírito. O homem é, por isso, distinto de todos os demais habitantes deste mundo, e está colocado incomensuravelmente acima deles.

Quatro realidades estão envolvidas nessa declaração do homem como imagem de Deus:

1. Deus é um ser pessoal. A expressão “façamos”, em Gênesis 1.26, denota que Deus possui autoconsciência. “Ser uma pessoa é ser como Deus, conhecer o bem. É ter uma consciência, um senso de privilégio e responsabilidade”.

2. Deus é um ser espiritual. Assim sendo, homem e mulher são personalidades espirituais. Apesar de serem constituídos de matéria, possuem capacidade para comunicar-se e relacionar-se com Deus que é Espírito.

3. Homem e mulher foram criados com o potencial de conhecer, amar, confiar, desejar, querer e obedecer. Podiam ainda recusar-se a obedecer, pois Deus os fez “livres no seu exercício destas capacidades”.

4. Deus executa sua vontade e propósitos, e alcança suas metas. Do mesmo modo, os seres humanos podem “dar expressão à sua personalidade, espiritualidade e virtudes”.

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O primeiro homem foi criado perfeito, em plena retidão, adaptado e capacitado para as finalidades para as quais ele havia sido feito.

Na imagem moral de Deus, ou retidão original, inclui-se a perfeita harmonia e a devida subordinação de tudo o que constituía o homem. Sua razão estava sujeita a Deus; sua vontade estava sujeita à razão; seus afetos e apetites, à sua vontade; o corpo era o órgão obediente da alma. Não havia rebelião da parte sensível de sua natureza contra a parte racional, nem havia desproporção entre elas que tivesse de ser controlada ou equilibrada pelos dons ou influências externas.

A inteireza da constituição do primeiro homem garantia plena harmonia entre sua vida interior e as condições externas, existentes no jardim do Éden. Isso indica que Adão jamais se sentia inadequado, incompleto, infeliz, frustrado ou angustiado. Com esta expressão (imagem de Deus) se denota a integridade de que Adão foi dotado, quando era possuído de reto entendimento, tinha as afeições ajustadas à razão, todos os sentidos afinados em reta disposição e, mercê de tão exímios dotes, verdadeiramente refletia a excelência de seu Artífice.

Todas essas qualificações indicam que Deus deu ao homem e sua mulher um status singular. Eles foram colocados sobre todo o restante da criação e desfrutavam de comunhão ímpar com o Criador. Tinham acesso à árvore da vida (Gên. 2.9) e estavam prontos a responder responsavelmente como vice-gerentes do cosmos e representantes de toda a raça humana (Sal. 8.3-6).

É por isso que a aliança da criação é também chamada de pacto das obras. Adão foi constituído como representante ou cabeça federal de todos os seres humanos. Sua atuação na aliança traria consequências, boas ou más, tanto para o cosmo, quanto para a humanidade. Deus, criando macho e fêmea humanos à sua imagem, os designou para serem seus vices gerentes e executarem mandatos específicos. (Gên. 1.27, 2.7; Sal. 8.5; Ecl. 12.7; Mat. 10.28; Cl 3.10; Rom. 2.14-15; Gên. 3.6).

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Os Mandados de Deus.

O mandado espiritual ou da comunhão

Quem nos completa?

A experiência ensina que o homem nunca vive satisfeito. Ganha dinheiro e quer ganhar sempre mais dinheiro. O dinheiro não o completa.

Recebe elogios e suspira por novos elogios. Os elogios não o completam.

Procura festas e quer sempre mais festas. As festas não o completam.

Procura esporte e quer sempre mais esporte. O esporte não o completa.

Procura música e continua querendo sempre mais música. A música não o completa

Conhece gente e continua desejando conhecer mais gente Ninguém o completa inteiramente.

Ninguém, exceto Deus.

O homem só encontra o verdadeiro sentido da vida, quando se volta para o Criador, aquele que o fez a sua imagem e semelhança.

Fomos criados para a comunhão com Deus

A aliança da criação foi administrada para Adão dar glória ao Criador por meio do culto (sugerido pela instituição do sábado), do amor conjugal (possibilitado pela instituição do casamento) e da subjugação da natureza (tornada possível pelo

tra-balho).

Estas três dimensões da vida humana – andar com Deus, relacionar-se com outros seres humanos e dominar a natureza – apontam para ordenanças divinas necessárias para a manutenção do reino cósmico: os mandados espiritual, social e cultural (Jo 4.23-24).

Adorar significa reconhecer a singularidade de Deus e demonstrar amor sincero a ele. Adorar significa entregar-se a Deus em uma relação profunda que satisfaz e aprofunda a comunhão. Adorar significa dispor-se para servi-lo espontânea e alegremente, com tudo o que somos e temos. Adorar significa descansar nele, alegrar-se nele, encontrar nele o mais completo prazer e contentamento (Sl 84.2). Essa intimidade com Deus estava prefigurada na instituição do sábado, no fato de Deus conversar diretamente com Adão e no desfrute humano da vida mediante o acesso à árvore da vida. Ao manter esta prioridade, tudo iria bem em todas as

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Deus veio caminhar no jardim com o homem e a mulher. Deus se fez imediata, direta, pessoal e intimamente disponível. Deus estabeleceu o sétimo dia como um dia de descanso, no qual ele e a humanidade não iriam dirigir a atenção para os desafios do cosmos, e sim, cada um para o outro. Deveria ser um tempo determinado a cada período de sete dias para o exercício do vínculo de vida/amor que os unia. Deus ordenou que esse tempo deveria ser separado semanalmente para o exercício dos relacionamentos amorosos e comunhão íntima, pelos quais o vínculo de vida e amor poderia ser sustentado e enriquecido. A comunhão deveria ser exercida no andar com Deus diariamente, conversar intimamente com ele e expressar amor, honra, devoção e louvor enquanto se fosse enfrentando os desafios e privilégios de cada dia. A cada sétimo dia, esta comunhão deveria ser expressa da maneira mais completa e rica possível.

O mandado social

Na sociedade moderna, o casamento é desvalorizado. As pessoas se casam com o pensamento de que, se não der certo, podem facilmente se separar. As palavras litúrgicas “na saúde ou na doença, na pobreza ou na riqueza” tornaram-se mera formalidade cerimonial. Na prática, quando surgem os primeiros grades desgastes, os casais tendem a separar-se. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apenas do Distrito Federal, no ano de 2005 foram realizados 4.222 divórcios, considerando apenas os processos “resolvidos” em primeira instância (IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estatísticas do Registro Civil 2005).

Por outro lado, há os que optam por não casar. Possuem a sua casa, seu emprego, uma vida na maioria das vezes estável, têm parceiros com os quais se mantêm sexualmente ativos, mas “cada um na sua” – nada de maiores responsabilidades. O casamento e o mandado social

A segunda incumbência da criação, decorrente da instituição do casamento, aponta para a construção de relacionamentos familiares e comunitários, possibilitando o surgimento e manutenção da sociedade. Por isso tal estipulação é denominado mandado social.

A expressão “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18) revela que o ser humano não foi criado para caminhar sozinho. Ele precisa de comunhão com Deus e com outros seres humanos. O homem é um ser social.

Além disso, no casamento Deus une homem e mulher em uma “fusão interpessoal”. Deus define as funções e papéis de cada gênero estabelecendo padrões sexuais e relacionais:

A ligação de homem e mulher, “macho e fêmea” (Gn 1.27) demonstra a contradição da ordem da criação produzida pelo homossexualismo (Rm 1.26-27).

A criação da mulher como “auxiliadora idônea” (Gn 2.18,20), lit., “auxiliadora correspondente” (Ibid., p. 75) define os papéis de liderança masculina amorosa e colaboração feminina respeitosa (Ef 5.33).

A fusão estabelecida pelo tornar-se “uma só carne” (Gn 2.24) denota a exclusividade e profundidade da relação conjugal, que é quebrada com o adultério e divórcio (Mt 5.31-32, 19.4-9).

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O casamento deve ser entre um homem e uma mulher; ao homem não é licito ter mais de uma mulher, nem à mulher mais de um marido, ao mesmo tempo (Gn 2.24; Mt 19.4-6; Rm 7.3).O matrimônio foi ordenado para o mútuo auxílio de marido e mulher, para a propagação da raça humana por uma sucessão legítima e da Igreja por uma semente santa, e para evitar-se a impureza (Gn 2.18, 9.1; Ml 2.15; 1Co 7.2,9). CFW, 24.1,2.

Na união matrimonial e na família são lançadas as bases para as inter-relações humanas mais amplas, tornando possível o desenvolvimento da sociedade (Gn 2.18; Mt 19.4-6).

O mandado cultural

Quando olhamos o mundo com tantos problemas e desigualdades uma pergunta surge: – O que podemos fazer para torná-lo melhor? Será que somos responsáveis pela criação, preservação e transformação da cultura e condições de vida na qual estamos inseridos?

Somos responsáveis pelo cuidado e transformação do mundo

A última responsabilidade de Adão era incumbência de sujeitar e dominar, cultivar e guardar, bem como dar nome à criação (Gn 1.26,28, 2.15, 19 e 20) denota capacidade para gerenciar a natureza, compreendê-la e utilizá-la com inteligência, ou seja, trabalhar para produzir tecnologias, cultura e civilização. Tal estipulação é denominado mandado cultural (Gn 2.15).

Isso não significa que o homem recebeu permissão para explorar os recursos naturais de forma ambiciosa e destrutiva. Ele não foi estabelecido como vice-regente, aquele que domina no lugar do Rei, e sim vice-gerente, aquele que

administra sob a direção do Rei: a terra pertence a Deus

(Lv 25.4,23; Sl 24.1).

Esta era a situação do homem e da mulher na aliança da criação: Eles tinham tudo de que necessitavam, eram completamente realizados em Deus e receberam incumbências importantíssimas, como vice-gerentes do reino cósmico do Criador. O homem e a mulher eram tudo que Deus pretendia que fossem. Eles tinham que ser o que tinham sido feitos para ser; tinham que fazer o que Deus os tinha feito para fazer. Eles não tinham nada a ganhar; já tinham todos os direitos, privilégios e bênçãos da família real de Deus. Foram feitos para serem filhos e filhas do Rei Soberano; deveriam cumprir suas tarefas reais para as quais foram equipados. Assim, não existia nada para o qual tornar-se merecedor. Existia tudo para eles manterem e conservarem.

Criação e Salvação

É importante perceber que antes mesmo de falar em salvação, a Bíblia aponta para

a criação. Isso indica que “Deus não é apenas o Salvador de almas, é também o

Senhor da criação”.

A tendência de nossa cultura é enxergar a realidade dividida em duas partes. No “pavimento” superior ficam os “valores”, ou seja, as ideias e crenças individuais. No “pavimento inferior” ficam os “fatos”, ou seja, as coisas palpáveis da vida prática, tais como as ciências e o trabalho (esquema abaixo).

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Vida Privada “Valores” e “Crenças”

Vida Pública “Fatos”

Esquema da realidade de dois pavimentos: Deus é separado do trabalho.

O problema com esse ponto de vista é que ele separa Deus das coisas cotidianas. Por conseguintes, o Criador é separado das coisas relativas ao trabalho.

O senhorio de Deus não é restrito à “religião”. Deus governa sobre todas as áreas da vida.

Um modo de reconhecermos seu senhorio é interpretar todo aspecto da criação, levando em conta a verdade divina.

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A responsabilidade especial de Adão

O teste-prova da árvore do conhecimento do bem e do mal

Além das incumbências gerais explicadas anteriormente, Deus deu ao homem uma instrução especial. Adão honraria e demonstraria seu amor a Deus confirmando sua obediência total, sendo aprovado em um teste-prova, que consistia em não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Esse teste é chamado de pacto das obras (Gên. 2.16-17).

Qual o objetivo deste teste? A proibição acerca do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não decorria de algum tipo de propriedade maléfica de tal fruto, nem de uma arbitrariedade ou capricho divino. Podemos listar três razões para este teste.

O homem não é Deus

Primeiro: a proibição de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal tinha por objetivo demonstrar que o homem não é Deus. Ele não podia tudo. O Criador devia ser amado, honrado e servido. O homem era completamente feliz sub-metendo-se ao Senhor; nada mais era necessário à vida plena senão “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”.

Ergue-se uma árvore no meio do jardim como lembrança simbólica de que o homem não é Deus. Tudo lhe foi graciosamente dado; permanece, porém, uma exceção para lembrá-lo de que não deve confundir sua abundante bem-aventurança com o estado de Criador. Ele é criatura; Deus é Criador.

O homem deve crer na bondade divina

Segundo: o homem precisava confiar na bondade e Deus e submeter-se à sua palavra. Desde o início Deus deseja ensinar que a essência da vida consiste em caminhar com o Criador conhecendo e submetendo-se às suas palavras reveladas como base única de fé e prática.

O homem deve obedecer a Deus

Terceiro: Gênesis nos revela que não há possibilidade de vida com Deus sem total

obediência. A desobediência à palavra de Deus é pecado e o pecado gera a morte.

Por isso os fatos relatados nestes capítulos de Gênesis são considerados uma aliança de obras.

Trata-se, repetindo o conceito de Robertson (Ibid., p. 10), de “um pacto de vida e morte, soberanamente administrado”. Observe-se, nesse ponto, que Deus não exigiu de Adão algo impossível. Como vimos, o primeiro homem foi criado com total capacidade de obedecer ou desobedecer.

Se Adão obedecesse, seria mantida sua condição original. Por outro lado, a desobediência implicaria no distanciamento eterno do Criador, na morte não apenas física, mas também espiritual.

Esta era a situação do homem e da mulher na aliança da criação: Eles tinham tudo de que necessitavam, eram completamente realizados em Deus e, como vice-gerentes do reino cósmico do Criador, receberam incumbências importantes. A manutenção de tal condição, porém, dependia da aprovação no teste-prova (figura abaixo).

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Qual foi a providência de Deus para com o homem, no estado em que ele foi criado? A providência de Deus para com o homem, no estado em que ele foi criado,

consistiu em colocá-lo no Paraíso, designando-o para cultivá-lo, dando-lhe liberdade para comer do fruto da terra; pondo as criaturas sob o seu domínio; e ordenando o matrimônio para o seu auxílio; em conceder-lhe comunhão com Deus, instituindo o dia de descanso; entrando em um pacto de vida com ele, sob a condição de obediência pessoal, perfeita e perpétua, da qual a árvore da vida era um penhor; e proibindo-lhe comer da árvore da ciência do bem e do mal sob pena de morte (Gn 1.28, 2.15-16 e 18, 3.8; Êx 20.11; Gl 3.12). CMW, pergunta 20.

Criação

Homem

Mandado Espiritual

Sábado

Teste-prova

Deus Triúno

A história humana começa com o primeiro casal desfrutando de uma condição maravilhosa. O segundo capítulo de Gênesis finaliza de maneira quase poética. O leitor pode preparar-se, pois algo terrível está para acontecer.

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Conclusão da primeira parte

A partir daquilo que foi estudado pode ser afirmado o seguinte:

 Deus é Criador, autor de toda beleza, verdade e bondade. “Creio em Deus Pai, Todo-poderoso criador do céu e da terra” (Credo apostólico). Tudo o que existe de bom, belo, perfeito e verdadeiro provém do Senhor, que fez os céus e a terra. Você pode e deve louvá-lo pela criação.

 O homem foi criado perfeito. Deus fez o homem sem mácula, o que significa que as coisas ruins existentes na humanidade não provêm do Senhor, pois este é santo e não tem nenhum tipo de participação com o mal. Como veremos no próximo estudo, alguma coisa alterou aquele estado original, existente no Éden. Adore ao Senhor por que ele é Santo.

 O homem é valioso. Por ser criado segundo a imagem e semelhança de Deus, o homem possui valor e dignidade. A “imagem e semelhança” de Deus concedidas ao homem na criação demonstram a singularidade da ligação viva e amorosa do Senhor com a humanidade. Como diz um servo de Deus, os seres humanos podem funcionar, expressar-se e exercer influência singular, uma vez que foram trazidos para a família real (VAN GRONINGEN, obra citada, p. 85). Assim sendo, todo ser humano deve ser valorizado e respeitado, pois possui resquícios daquela imagem do Senhor, conferida na criação. Você é amado pelo Criador.

 Deus, desde os primórdios, decidiu relacionar-se com o homem através do pacto da criação, também chamado de pacto do domínio ou pacto das obras. Isso indica que Deus, por misericórdia, estabeleceu um meio de o homem desfrutar de sua comunhão e bênçãos. Deus é amor e livremente escolhe relacionar-se com suas criaturas. Louve ao Senhor por ter decidido

iniciar um relacionamento com você.

 A vida humana possui significado. Fomos criados para confirmar as ordenanças de Deus em todo o cosmos. Consagre-se a Deus para cumprir os

mandados da criação.

 É preciso caminhar com Deus, adorando-o e atentando para suas palavras. Dedique-se ao Senhor em louvor e gratidão e disponha-se a conhecer, amar e obedecer à Palavra de Deus.

A Fé Cristã não é fanatizadora ou obsoleta, mas fornece respostas para as questões humanas urgentes e fundamentais tais como a origem e propósito da existência, a constituição, sentido e ordem do cosmos, as bases da comunhão com Deus, família, trabalho, sexualidade, sociedade, vida e morte. Qualquer “versão” de religiosidade “cristã” que desconsidere a criação com todas as suas implicações espirituais, sociais e culturais fica muito aquém do ensino da Palavra de Deus.

“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento

anuncia as obras das suas mãos” (Sl 19.1).

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Pense e pratique

1. Com base no que estudamos o que podemos aprender sobre o caráter de Deus?

2. De acordo com aquilo que estudamos, existem evidências de que o Senhor se importa com sua criação? De que modo isso pode nos ajudar em nossa crença e prática diárias?

3. Qual o lugar do homem no plano criador de Deus?

Sugestão de leitura bíblica: Gn 3.1-24; Gn 4.1-26; Gn 6.1-22; Jz 2.6-23; Sl 14.1-7; Sl

32.1-11; Sl 50.1-23;

Sl 51.1-19; Sl 78.1-55; Sl 78.56-72; Sl 81.1-16; Sl 89.1-52; Sl 103.1-22; Pv 16.1-8; Is 1.10-20; Is 53.1-12; Is 59.1-21; Jr 7.1-28; Mt 19.16-22; Rm 3.9-23; Rm 7.7-25.

Referências

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