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Brazilian Journal of Animal and Environmental Research

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Enterobactérias e estafilococos em moscas capturadas em feira-livre no

município de Teixeira de Freitas-BA

Enterobacteria and staphylococci in flies captured in street market in the

municipality of Teixeira de Freitas, Bahia, Brazil

Recebimento dos originais: 02/03/2019 Aceitação para publicação: 30/04/2019

Marcones Pires Guerra

Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus X, Teixeira de Freitas-BA

Instituição: Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Endereço: Av. Kaikan, s/n – Universitário, Teixeira de Freitas-BA, CEP: 45.992-294 E-mail: slipmarcones_16@yahoo.com.br

Vivian Moura de Oliveira

Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus X, Teixeira de Freitas-BA

Instituição: Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Endereço: Av. Kaikan, s/n – Universitário, Teixeira de Freitas-BA, CEP: 45.992-294 E-mail: vivian-moura@live.com

Marcelo Silva Madureira

Professor Adjunto da área de Entomologia do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus X, Teixeira de Freitas-BA

Instituição: Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Endereço: Av. Kaikan, s/n – Universitário, Teixeira de Freitas-BA, CEP: 45.992-294 E-mail: mmadureira@uneb.br

Jorge Luiz Fortuna

Professor Adjunto da área de Microbiologia do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus X, Teixeira de Freitas-BA

Instituição: Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Endereço: Av. Kaikan, s/n – Universitário, Teixeira de Freitas-BA, CEP: 45.992-294 E-mail: jfortuna@uneb.br

RESUMO

Moscas podem atuar como vetores mecânicos de bactérias patogênicas que representam riscos de contaminação de alimentos. Depósitos de lixo a céu aberto, plantas de processamento de resíduos de matadouros, locais de aglomeração de animais e até mesmo feiras-livres, devido a exposição de alimentos ao ar livre, estão entre os que mais contribuem para proliferação de moscas. Esta pesquisa teve como objetivo identificar dípteros coletados em uma feira-livre do município de Teixeira de Freitas-BA e identificar microrganismos da família Enterobacteriaceae e do gênero Staphylococcus presentes nos dípteros. Foram realizadas coletas na principal feira-livre do município. No total de 28 colônias identificadas, 11 (39,3%) foram identificadas como Staphylococcus saprophyticus, 11 (39,3%) Staphylococcus epidermidis e seis (21,4%) Staphylococcus Coagulase Negativa (SCN). De outras 26 colônias analisadas, nove (34,6%) cepas foram identificadas como Citrobacter freundii,

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seis (23,1%) Klebsiella spp., duas (7,7%) Hafnia alvei, duas (7,7%) Enterobacter aerogenes, duas (7,7%) Shigella sonnei, duas (7,7%) Providencia alcalifaciens, uma (3,8%) Escherichia coli, uma (3,8%) Yersinia enterocolitica e uma (3,8%) indefinida. Foram capturados 25 espécimes de moscas, 13 (52%) identificadas como Musca domestica; 11 (44%) pertencentes à família Stratiomyidae; e uma (4%) da família Calliphoridae. Este estudo demonstrou a necessidade de estratégias que diminuam a quantidade de lixo gerado, bem como a melhoria nas condições sanitárias da produção, do processamento e do armazenamento dos alimentos, com a finalidade de reduzir a quantidade de insetos que veiculam microrganismos patogênicos.

Palavras-chave: Feira-livre. Microrganismos. Muscidae. ABSTRACT

Flies can act as mechanical vectors of pathogenic bacteria, which may represent risks of food contamination. Open-pit garbage deposits, slaughterhouses waste processing plants, agglomeration sites of animals, and even street markets are among those places that contribute most to the proliferation of flies because of the exposure of food outdoor. In this context, this research aimed at identifying Diptera collected in a street market of Teixeira de Freitas city, and to identify microorganisms of the family Enterobacteriaceae and of the genus Staphylococcus present in these Diptera. Samples were collected at the main street market of the municipality. Among the total of 28 identified microbial colonies, eleven (39.3%) were identified as Staphylococcus saprophyticus, eleven (39.3%) as Staphylococcus epidermidis, six (21.4%) as coagulase-negative Staphylococcus (SCN). Another 26 colonies were also analyzed, showing nine (34.6%) strains identified as

Citrobacter freundii, six (23.1%) were Klebsiella spp., two (7.7, 2%) were identified as Hafnia alvei,

two (7.7, 2%) were Enterobacter aerogenes, two (7.7, 2%) were Shigella sonnei, two (7.7, 2%) were

Providencia alcalifaciens, one (3.8%) was Escherichia coli, one (3.8%) was Yersinia enterocolitica

and finally one colony (3.8%) was not identified. Were captured 26 flies specimens, 13 (52%) were identified as Musca domestica; 11 (44%) Stratiomyidae family; and one (4%) family Calliphoridae. This study demonstrated the need for strategies that could reduce the amount of waste generated, as well as the improvement in the sanitary conditions of production, processing, and storage of food, aiming at reducing the amount of insects that could spread pathogenic microorganisms.

Keywords: Street market. Microorganisms. Muscidae. 1 INTRODUÇÃO

Alguns artrópodes urbanos representam riscos na dispersão de patógenos tanto para homens quanto para outros animais sendo responsáveis pela contaminação dos alimentos.

Os depósitos de lixo a céu aberto, as plantas de processamento de resíduos de matadouros e os locais de aglomeração de animais estão entre os que mais contribuem para a proliferação de moscas (BRASIL, 2000). Conforme Schuller (2004), moscas contaminadas veiculam o agente infecioso até o seu possível hospedeiro, atuando assim como um vetor mecânico. Para corroborar seus estudos, esta mesma autora compara sua pesquisa com outros trabalhos executados da área (IMBIRIBA, 1979; FURLANETTO et al., 1984), que descreveram e caracterizaram patógenos encontrados em campo e que alguns desses trabalhos relacionam o aumento e/ou diminuição da diversidade de patologias com a existência ou não de artrópodes (dípteros) conhecidos como contaminantes ou vetores, entrando em

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contato com alimentos que podem ser ingeridos sem a devida higienização, especialmente em ambientes domiciliares.

Insetos da ordem Díptera podem transportar microrganismos causadores de doenças, que podem ser transmitidos no ato da alimentação e defecação desses insetos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2001), mais de 60% das doenças de origem alimentar são causadas por alimentos contaminados por microrganismos que se desenvolvem durante os processos produtivos de alimentos.

A frequência com que as moscas se encontram em quase todos os ambientes ocupados pelo homem, determina o quão grande é seu índice sinantrópico, quanto mais alto for esse índice, quantitativamente serão agravadas as condições de saúde desse local, potencializando a disseminação de agentes patogênicos e parasitários, corroborando assim, com os estudos de Ribeiro et al. (2011) que relataram sobre o grau de sinantropismo e agente vetor de patógenos e parasitas de moscas.

Mesmo não sendo animais de “agrado social”, são seres de grande importância médico-sanitária, tal como estudo feito por Almeida (2013) entre outros, que associam sua presença a vetores de microrganismos infecciosos.

Dias et al. (2012) afirmam que a qualidade ambiental pode ser avaliada pela presença de diversas espécies de moscas, tornando-as um importante indicador biológico. somando-se a isso, muitos alimentos tornam-se potencialmente perigosos ao consumidor somente quando os princípios de sanitização e higiene são violados, pois, para Greenberg (1971), os dípteros podem ser vetores de vários microrganismos patogênicos, como: enterovírus, enterobactérias, cistos de protozoários e ovos de helmintos.

A partir disso, propõe-se a realização do levantamento de dípteros para avaliar a abundância destes com a quantidade de microrganismos encontrados, levando em consideração a relevância do tema para a saúde, já que estes insetos apresentam grande diversidade e capacidade de se reproduzirem em curto período.

De acordo com o descrito, esta pesquisa teve como objetivo geral identificar microrganismos presentes em dípteros coletados em feira livre do município de Teixeira de Freitas-BA e como objetivos específicos: (1) identificar os dípteros capturados; e (2) identificar os microrganismos da família Enterobacteriaceae e do gênero Staphylococcus presentes nos dípteros capturados.

2 METODOLOGIA

As coletas das moscas foram realizadas na feira-livre localizada no bairro São Pedro, no município de Teixeira de Freitas, Bahia. Esta feira-livre ocorre sempre aos sábados no horário das 07:00 h às 13:00 h.

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Os espécimes foram capturados utilizando armadilhas de garrafas PET (polietileno tereftalato) de dois litros, construídas artesanalmente, adaptando-se a metodologia descrita por D’Almeida e Fraga (2007) e Carvalho (2013). Foram utilizados pedaços macerados manualmente de fígado bovino fresco como isca no interior da armadilha. Anteriormente foi realizado um pré-teste utilizando sardinha, carne moída e fígado bovino como isca, sendo este último, o que apresentou melhor resultado.

A garrafa situada no exterior da armadilha foi recoberta pintando-a com tinta preta acrílica e a garrafa do interior da armadilha foi mantida transparente. Antes do uso, as armadilhas foram mergulhadas durante cinco minutos em solução de hipoclorito de sódio 2% e depois lavadas em água corrente e secadas naturalmente.

Foram utilizadas três armadilhas distribuídas em pontos estratégicos com espaçamento de aproximadamente 3,0 m entre elas, a uma altura média de 1,70 m do solo, essas médias correspondem a altura e a distância aproximada de cada barraca localizada na feira livre. Todas as armadilhas foram colocadas próximas às barracas que comercializavam pescado pois eram as que mais continham moscas ao seu redor.

As moscas ao entrarem pela parte inferior da armadilha pousaram sobre a isca. Algumas conseguiam sair da armadilha, mas outras seguiam a direção da luz, que vinha do topo (gargalo) da garrafa (armadilha), ficando presas na armadilha (Figura 1).

Figura 1. Armadilha para captura de dípteros. (A) armadilha desmontada. (B) armadilha montada. (C) Esquema de como a moscas foram capturadas. Fonte: Carvalho (2013).

As armadilhas ficaram expostas, para captura das moscas, das 08:00 h às 12:00 h a cada dia de funcionamento da feira, nos seguintes dias: 12/07; 05/08 e 22/11 de 2017 (Figura 2).

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Figura 2. Armadilhas (círculo vermelho) nos locais para captura de moscas.

Após o horário de exposição as armadilhas foram removidas e encaminhadas para o Laboratório de Microbiologia, da Universidade do Estado da Bahia, Campus X, no município de Teixeira de Freitas-BA, onde foram imediatamente colocadas no freezer.

As armadilhas com moscas foram colocadas no freezer para incapacitá-las. Após esse tempo as armadilhas retiradas do freezer foram abertas próximas ao bico de Bunsen. As moscas contidas nas armadilhas foram colocadas em placas já identificadas e esterilizadas para evitar contaminação. Para passar as moscas para os tubos contendo 10,0 mL do Caldo Infusão Coração-Cérebro (Brain Heart

Infusion – BHI), utilizou-se uma pinça. Para cada tubo foram colocadas três moscas de porte médio

e para as de porte pequeno cinco moscas. Em seguida os tubos foram incubados em estufa microbiológica a 37ºC/24 h.

Após incubação dos tubos contendo Caldo BHI, utilizando-se alça bacteriológica, estriou-se por esgotamento, para placas de Petri contendo Ágar MacConkey (AMC), para identificação de enterobactérias e Ágar Manitol Salgado (AMS), para identificação de estafilococos. Em seguida as placas foram incubadas em estufa a 37ºC/24 h.

Após a inoculação das placas, as moscas foram transferidas, com o auxílio de uma pinça, para um frasco contendo solução álcool 70%, para posterior identificação, e levadas para o Laboratório de Zoologia do Campus X da UNEB.

Passado o tempo estabelecido as placas de AMC e AMS foram retiradas da estufa e as colônias repicadas para tubos contendo Ágar Nutriente (AN) inclinado. Duas colônias, de cada placa, foram escolhidas e transferidas para o AN que em seguida foi incubado em estufa a 37ºC/24 h.

As colônias retiradas das placas de AMC, que foram transferidas para tubos com AN, foram identificadas de acordo com as armadilhas. A partir do crescimento bacteriano nos tubos de AN estes foram transferidos para os respectivos meios de cultura para a realização dos testes bioquímicos de Indol, Vermelho de Metila, Voges-Proskauer e Citrato (IMViC), para a identificação de espécies da

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família Enterobacteriaceae e testes bioquímicos de Manitol, Catalase, Coagulase e Novobiocina, para a identificação de bactérias do gênero Staphylococcus.

As moscas que estavam conservadas em frascos com álcool 70%, foram levadas para o Laboratório de Zoologia para identificação. Com o auxílio de pinças entomológicas, foram retiradas dos recipientes e colocadas em placas de Petri previamente identificadas e colocadas em estufa de secagem por cinco minutos a 50ºC.

Passado o tempo da secagem, realizou-se a visualização utilizando uma lupa digital com aumento de 1.000X, onde cada uma das moscas foi fotografada separadamente.

Para a identificação das moscas, foi necessário o auxílio de chaves dicotômicas para dípteros propostas por Carvalho (2002); Leite e De Sá (2010) e Souza (2007).

De acordo com a visualização de cada um dos espécimes, por fotos ou diretamente na lupa, estes foram nomeados e numerados de acordo com a quantidade em cada armadilha e logo após utilizou-se as chaves para a sua identificação.

Para a verificação da diversidade das espécies de moscas existentes no local estudado, foram feitas analises de constância que demonstra a porcentagem de espécies presentes nas coletas, a partir da fórmula abaixo:

𝐂% = 𝒑

𝐏 𝐱 𝟏𝟎𝟎

Onde C% representa a constância em porcentagem; p é o número de coletas contendo a espécie estudada; e P o número total de coletas efetuadas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No total de 28 colônias analisadas e identificadas, 11 (39,3%) cepas foram identificadas como

Staphylococcus saprophyticus, 11 (39,3%) como Staphylococcus epidermidis e 6 (21,4%) como Staphylococcus Coagulase Negativa (SCN) (Tabela 1).

Tabela 1. Identificação das cepas de estafilicocos isoladas a partir de moscas coletadas de feira-livre.

Bactérias Quantidade %

Staphylococcus epidermidis 11 39,3%

Staphylococcus saprophyticus 11 39,3%

Staphylococcus Coagulase Negativa 6 21,4%

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Na primeira coleta, realizada no mês de julho, foram identificadas 28 cepas de bactérias do gênero Staphylococcus, nas quais dez (55,6%) eram da espécie Staphylococcus saprophyticus, quatro (22,2%) de Staphylococcus Coagulase Negativa e quatro (22,2%) Staphylococcus epidermidis. Na segunda coleta, realizada no mês de agosto, foram identificadas seis cepas, nas quais três (50%) eram da espécie S. epidermidis, duas (33,3%) Staphylococcus Coagulase Negativa e uma (16,7%) S.

saprophyticus. No trabalho de Lundgren et al. (2009) que avaliou a qualidade higiênico-sanitário em

carnes bovinas comercializada em feira-livre, foram encontradas, em todas as amostras (10),

Staphylococcus Coagulase Negativa, essa identificada a partir de pedaços de carnes coletadas. Lopes

(2016) identificou em seu trabalho com Dípteros de importância sanitária, SCN em moscas coletadas com iscas de peixe putrefata. Na terceira coleta, realizada no mês de novembro, foram identificadas quatro cepas de bactérias, nas quais todas (100%) eram S. epidermidis.

Em seu trabalho, para identificar microrganismos patogênicos presentes em moscas capturas em amostras de queijos, Cardozo et al. (2009) identificaram diversas bactérias, entre elas Escherichia

coli, Salmonella spp. e Staphylococcus spp. Em estudos para identificação de bactérias presentes em

estruturas de moscas, Bizani (1996) verificou que do total da população de moscas estudadas, 44,37% tinham enterobactérias e 22,23% Staphylococcus spp. Já Paraluppi et al. (1996), das 440 moscas coletas em feira livre no município de Manaus, 87,5% apresentaram cepas de Staphylococcus aureus. Das 26 colônias analisadas, nove (34,6%) cepas foram identificadas como Citrobater feundii, seis (23,1%) como Klebsiella spp., duas (7,7%) como Hafnia alvei, duas (7,7%) como Enterobacter

aerogenes, duas (7,7%) como Shigella sonnei, duas (7,7%) como Providencia alcalifaciens, uma

(3,8%) como Escherichia coli, uma (3,8%) como Yersinia enterocolitica e uma (3,8%) como indefinida (Tabela 2).

Tabela 2. Identificação das enterobactérias isoladas a partir de moscas coletadas de feira-livre.

Bactérias Quantidade % Citrobacter feundii 9 34,6% Klebsiella spp. 6 23,1% Hafnia alvei 2 7,7% Enterobacter aerogenes 2 7,7% Shigella sonnei 2 7,7% Providencia alcalifaciens 2 7,7% Escherichia coli 1 3,8% Yersinia enterocolitica 1 3,8% Indefinido 1 3,8% TOTAL 26 100%

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Na primeira coleta, realizada no mês de julho, a predominância foi de seis cepas (33,3%) de

Citrobacter feundii, para Hafnia alvei, Klebsiella spp., Enterobacter aerogenes e Providencia alcalifaciens foram identificadas duas cepas (11,1%) cada uma e Shigella sonnei, E. coli, Yersina enterocolitica e Indefinido com uma cepa (5,5%) cada. Na segunda coleta, realizada no mês de

agosto, Citrobacter feundii e Klebsiella spp. foi de igual proporção, duas cepas (50%) cada. Na terceira coleta, realizada no mês de novembro, duas cepas (50%) para Kebsiella spp, uma (25%) para

Citrobacter feundii e uma (25%) para Shigella sonnei.

Segundo Siqueira (1995), pode-se diferenciar os coliformes em dois grupos, os totais, que é utilizado para avaliar as condições higiênicas, sendo que altas contagens significam contaminação pós-processamento, limpezas e santificações deficientes, tratamentos térmicos ineficientes ou multiplicação durante o processamento ou estocagem e os coliformes fecais, que é empregado como indicador de contaminação fecal, ou seja, condições higiênicos-sanitárias (NUNES et al., 2012; SILVA et al., 2007). Alguns sorotipos de E. coli responsáveis por gastroenterites em crianças e idosos, sendo a diarreia o principal sintoma (SCHULLER, 2000).

No presente trabalho, dentre as cepas encontradas, E. coli, Shigella sonnei e Yersina

enterocolitica estão entre as que apresentam maior potencial patogênico em humanos podendo causar,

reações indesejáveis, shigelose (disenteria bacilar), gastrenterite, linfadenite mesentérica, ileíte terminal e pseudoapendicite. As demais não apresentam provas suficientes sobre sua importância como agentes causadores de doenças de origem alimentar (FRANCO; LANDGRAF, 2005).

De 440 moscas coletas em feira livre, Paraluppi et al. (1996) não identificou nenhuma bactéria do gênero Shigella, por outro lado o mesmo autor identificou uma média de 50% de E. coli, 50% de

Providencia spp., 12,5% de Klebsiella spp. e 12,5% de Citrobacter spp., nas amostras que foram

coletadas.

Segundo Furlanetto e Mendes (2004), a presença de coliformes termotolerantes e, principalmente de E. coli evidencia informações sobre as condições higiênicas insatisfatórias, sendo considerado como indicativo da presença de enteropatógenos em ambientes ou produtos alimentícios. Ao todo foram capturados 25 espécimes de moscas durante as três coletas, sendo 13 (52%) identificadas como Musca domestica; 11 (44%) identificadas como pertencente à família Stratiomyidae; e apenas uma (4%) identificada na família Calliphoridae. Sabendo que as moscas têm potencial vetorização de microrganismos patogênicos, Schuller (2000) descreveu, em seu trabalho com moscas, que estas são importantes na transmissão de intoxicações e infecções alimentares, podendo conter cerca de 100 patógenos diferentes. Além disso, as mocas são consideravelmente vetores de algumas bactérias causadoras de infecções entéricas tais como Salmonella spp., Shigella spp.; e Escherichia coli.

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A primeira coleta, realizada no mês de julho, foi a que ocorreu maior número de moscas capturadas, 18 ao total, sendo 11 (61,1%) identificadas como pertencente à família Stratiomyidae e sete (38,9%) identificadas como Musca domestica (Figura 3). Fotedar et al. (1992) associaram M.

domestica como responsáveis vetores de Klebsiella spp.

Na segunda coleta, no mês de agosto, houve a captura de cinco espécimes de moscas, sendo quatro (80%) identificadas como M. domestica e uma (20%) como Calliphoridae (Figura 4). Na terceira coleta, mês de novembro, foram capturadas apenas duas espécimes de moscas, todas identificadas como de M. domestica (Tabela 3).

Tabela 3. Dípteros muscóides coletados e identificados.

COLETAS MOSCAS QUANTIDADE

1ª Coleta Stratiomyidae 11

Musca domestica 7

2ª Coleta Musca domestica 4 Calliphoridae 1 3ª Coleta Musca domestica 2

TOTAL 25

Para Paraluppi et al. (1996) a alta densidade de moscas em feiras livres, associadas a condições sanitárias precárias, são motivos de preocupação para a saúde pública, já que todas as moscas coletadas apresentaram bactérias patogênicas.

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Figura 3. Visualização, utilizando lupa, para identificação das moscas capturadas na 1ª coleta. (A-B) Stratiomyidae. (C-D) Musca domestica.

Figura 4. Visualização, utilizando lupa, para identificação das moscas capturadas na 2ª coleta. (A-B) Musca domestica. (C-D) Calliphoridae.

A

B

C

D

Fotos: Marcones Pires Guerra

A

B

C

D

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Observou-se que as moscas da família Stratiomyidae tiveram maior abundância na primeira coleta, porém, não foram capturadas nas demais coletas. Garcia (2009) não conseguiu capturar moscas dessa família usando garrafa PET-2L, embora o meio atrativo usado fora isca de peixe, não obteve sucesso, mesmo esse tipo de isca, em geral, ter maior índice de captura (D’ALMEIDA; FRAGA, 2007).

Por outro lado, M. domestica foi mais abundante no total geral, pois esteve presente em todas as coletas, tendo em vista a primeira coleta com maior número de indivíduos. Para D’Almeida (1991) isto se justifica por terem maior índice de sinantropismo e as moscas serem mais abundante em certo período com temperaturas medias em torno de 25ºC (MENEZES, 2016).

A baixa incidência dos Calliphoridae e M. domestica na segunda e terceira coleta (Tabela 3) se deu possivelmente por conta do período chuvoso e frio, mas Monteiro et al. (2014) relatou, em seu trabalho para levantamento taxonômico e sazonalidade de Calliphoridae, Muscidae e Fanniidae, que a maioria dos indivíduos coletados fora no período de outono, comumente frio. Em trabalho de sazonalidade de insetos na caatinga nordestina, realizado por Vasconcelos et al. (2010), as moscas capturadas foram mais abundantes também em períodos mais frios.

Os dípteros da espécie Musca domestica foram consideradas constantes, pois apareceram nas três coletas realizadas (100%). Stratiomyidae e Calliphoridae foram consideradas acessórias cada uma, pois apareceram em uma (33,33%) das três coletas realizadas (Tabela 4), conforme descreve Dajoz (1978), que acima de 50% são consideradas constantes e 25 a 50% são acessórias.

Tabela 4. Análise de constância das moscas coletadas.

MOSCAS COLETAS C% 1ª 2ª 3ª Musca domestica X X X 100% Stratiomyidae X 33,33% Calliphoridae X 33,33% 4 CONCLUSÃO

Após a captura dos espécimes de moscas e a identificação das bactérias a partir de testes bioquímicos, conclui-se que há uma grande quantidade de microrganismos carreados por tais insetos. Os microrganismos precisam de condições favoráveis para se proliferar e disseminar suas toxinas. As moscas, nesse contexto, parecem fornecer tais condições, tendo em vista os resultados obtidos neste trabalho.

Portanto, este estudo demonstrou a necessidade de estratégias que diminuam a quantidade de lixo gerado, bem como, melhoria nas condições sanitárias da produção, do processamento e

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armazenamento dos alimentos, com a finalidade de reduzir a quantidade de insetos que veiculam microrganismos patogênicos.

AGRADECIMENTOS

A Vigilância Sanitária (VISA) do município de Teixeira de Freitas-BA pelo apoio logístico durante as coletas dos dípteros na feira-livre.

REFERÊNCIAS

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Referências

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