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A universidade como bairro: uma nova versão do Campus UniRitter / Fapa baseada nos padrões de Christopher Alexander.

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XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis

XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 19 a 23 de outubro de 2015

A universidade como bairro: uma nova versão do Campus UniRitter /

Fapa baseada nos padrões de Christopher Alexander.

Vanessa Guerini Scopel

Mestranda do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, mestrado associado UniRitter/Mackenzie.

Va_scopel@yahoo.com.br Juliana Costa Motta

Mestranda do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, mestrado associado UniRitter/Mackenzie.

Juliana@mottaviegas.com.br Virginia Purper

Mestranda do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, mestrado associado UniRitter/Mackenzie.

Virginipurper@yahoo.com.br

Resumo: O presente artigo apresenta soluções urbanísticas diferenciadas para o Campus

universitário Uniritter/Fapa - Porto Alegre-RS, com a intenção de, a partir da prática do projeto, compreender as teorias propostas por Christopher Alexander. Como ideia principal, considera-se a universidade como bairro, de forma a permitir que nela se possa encontrar todas as facilidades e vivências que se tem em um bairro da cidade tradicional. A partir deste conceito, estabelece-se um sistema de conexões espaciais e de mobilidade que incentivariam o público a utilizar todos os pontos da universidade, permitindo relações funcionais e vivenciais entre os usuários e o campus. Através de uma pesquisa bibliográfica, iconográfica e da prática do projeto, que visa propor uma reorganização do campus, pretende-se refletir sobre essas novas soluções de desenho urbano, e verificar como podem colaborar na transformação da relação das pessoas com o espaço construído. De acordo com um dos principais patterns de Alexander que se refere à participação do usuário, o objetivo do estudo é demonstrar e analisar os aspectos funcionais e formais das intervenções urbanísticas adotadas na nova versão proposta, segundo os princípios e padrões enfatizados por Alexander em seus livros The Oregon Experiment e The Pattern

Language. Em suma, objetiva-se verificar e descrever quais são as novas ações e direções de

projeto urbano de acordo com os princípios de Alexander, a fim de demonstrar que as teorias são melhor compreendidas de fato, a partir da prática do projeto.

1 Introdução

É indiscutível a relevância das estratégias de projeto pensadas e documentadas pelo arquiteto Christopher Alexander. Em especial, duas de suas obras literárias chamam atenção, o livro The Oregon Experiment pelo fato de documentar uma experiência de projeto, e o distinto livro The Pattern Language, que pressupõe a prática de projetos a partir da utilização de padrões específicos que se interligam, formando uma teia de diretrizes.

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Acredita-se que, as teorias de projeto são de fato melhor compreendidas a partir da prática do mesmo. Desta forma, apresenta-se neste artigo o desenvolvimento de uma série de diretrizes projetuais, relacionando suas etapas evolutivas às teorias descritas por Christopher em seus livros. O sítio selecionado para a aplicação da teoria através da prática de projeto é o Campus universitário Uniritter/Fapa, que se localiza na cidade de Porto Alegre - RS.

A partir do lançamento de propostas e ideias para a reorganização do campus, tendo como base uma pesquisa bibliográfica e iconográfica, objetiva-se demonstrar novos aspectos funcionais, formais e vivenciais os quais o Campus Uniritter/Fapa poderia desenvolver e proporcionar aos seus usuários, de acordo com os princípios e padrões elencados e descritos por Alexander em seus livros.

Evidencia-se neste processo o princípio de participação, que refere-se à colaboração do usuário nas etapas de projeto, pois segundo Christopher, somente os usuários são capazes de evidenciar as reais necessidades de intervenções e deficiências do local. Desta forma, não apenas como arquitetos, mas também como usuários do Campus, a proposta inicial foi lançada a partir desta diretriz.

Foi considerada como ideia principal a universidade como bairro, com a intenção de proporcionar aos usuários todas as facilidades e vivências encontradas em um bairro da cidade tradicional. Para tal proposta, os patterns de Alexander foram consultados e na medida em que foram sendo aplicados formou-se uma teia de conexões espaciais que gerou uma proposta de reformulação com princípios mais humanistas, que poderiam propiciar ao público relações ambientais e pessoais, entre os usuários e o campus, além de um melhor aproveitamento da área existente.

2 O arquiteto

Christopher Alexander nasceu em Viena, na Áustria, no ano de 1936 mas foi criado na Inglaterra. Possui Mestrado em Matemática e um grau de Bacharel em Arquitetura pela Universidade de Cambridge. É PhD em Arquitetura pela Universidade de Harvard.

Alexander projetou e construiu mais de duas centenas de edifícios em cinco continentes, muitos destes edifícios lançaram as premissas de uma nova forma de arquitetura, que parece distante no futuro, mas tem raízes em tradições antigas. A maioria dos seus projetos teve como base uma ideia humanista da arquitetura, com o intuito principal de atingir uma arquitetura de estar e permanecer. É bastante conhecido por suas obras seminais sobre o assunto, dentre elas The Oregon Experiment (1975) e The Pattern

Language (1977).

Ele foi o fundador do Centro de Estrutura Ambiental em 1967, e continua a ser presidente dessa empresa atualmente. Alexander foi eleito membro da Academia Americana de Artes e Ciências em 1996 e tem sido o destinatário de inúmeros prêmios e honrarias arquitetônicas, incluindo a medalha de ouro para a pesquisa do Instituto

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Americano de Arquitetos, concedido em 1970 e, mais recentemente, em 2009, Vincent Prêmio do edifício do Museu Nacional Scully.

Em 2000, fundou PatternLanguage.com, onde é Presidente do Conselho. Ele tem sido um consultor para as cidades, estados e os governos nacionais em todos os continentes, aconselhando as empresas, agências governamentais, arquitetos e planejadores em todo o mundo. Atualmente é professor Emérito de Arquitetura da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

2.1 Seus livros

Dentre os livros do arquiteto Christopher Alexander, dois deles se destacam para a proposta do trabalho em questão. O primeiro, lançado no ano de 1975, tem como nome The

Oregon Experiment. Este livro refere-se a um projeto de planejamento de 1970, onde foi

estabelecido um novo processo de planejamento para o Campus da Universidade de Oregon. Neste experimento Alexander expõe que a ideia principal foi a participação dos usuários no processo de projeto. Dessa maneira, o arquiteto apareceu como tradutor e mediador das aspirações individuais e coletivas para o Campus da Universidade.

Além deste ponto chave, o arquiteto propôs uma gramática de padrões que foram elaborados e testados conjuntamente com os usuários, professores, estudantes e empregados da universidade e também delineou seis princípios fundamentais que nortearam o processo de planejamento do Campus. Os princípios apresentados foram: ordem orgânica, participação, crescimento em pequenas doses, prática da linguagem, diagnose e coordenação.

O segundo livro, e mais conhecido, lançado no ano de 1977, se chama The Pattern

Language. O objetivo do livro foi desenvolver uma linguagem de padrões para poder

fornecer um vocabulário não técnico dos princípios da arquitetura e design e permitir que aqueles que trabalham, estudam ou vivem em edifícios pudessem se comunicar eficazmente com os planejadores.

A publicação é constituída de 253 elementos que possibilitam a elaboração de projetos com a participação de usuários. Define cada um desses 253 parâmetros e sua aplicabilidade prática em projetos urbanísticos e de edificações. Dentre estes elementos, nomeados pelo arquiteto de “padrões”, existem parâmetros referenciais de projeto desde a escala da cidade — considerando-se sua inserção regional — até as áreas de uso comum em comunidades e componentes de edificações.

3 O local

O Campus Uniritter/Fapa, local escolhido para a remodelação através da aplicação dos princípios e padrões do arquiteto Christopher Alexander, localiza-se na porção oeste da capital do Estado do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, no Bairro Morro Santana. O Campus existe há quatro décadas e pertenceu a Faculdade Porto-Alegrense. Atualmente passou a

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pertencer a Uniritter, que oferece no local diversos cursos de Graduação a Pós-Graduação. O Campus conta com seis edifícios principais, dentre eles os blocos de salas de aulas, biblioteca e setor administrativo.

Figura 1: Localização do Campus Figura 2: Vista Aérea do Campus

Disponível em Google Earth Disponível em <jcrs.uol.com.br> Acesso em 20 de Junho de 2015

4 A proposta

A ideia inicial para propor uma remodelação do campus universitário surgiu a partir de um dos principais padrões no que se refere a universidades, que Alexander elencou em seu livro A Linguagem dos Padrões. O padrão 43 – Universidade como feira pública, trata da importância de uma sociedade devotada ao processo de aprendizagem e diz que a universidade, sendo como uma feira pública, precisa de uma estrutura física que dê suporte a sua estrutura social. Diante desse pressuposto, foi feita uma relação direta onde foi constatado que a diversidade de uma feira pública está presente também em um bairro. Para permitir o acesso à variedade, oportunidade e propiciar o contato entre usuários, serviços e o Campus, a universidade deveria ser tratada como um bairro, portanto este é o conceito que norteia o novo desenho urbanístico aqui apresentado para o Campus Uniritter/Fapa, Porto Alegre – RS.

Após esta definição conceitual foi necessário compreender cada um dos seis princípios exemplificados por Alexander no livro, The Oregon Experiment (1975) e refletir sua possibilidade de aplicação na proposta de intervenção para o local, o campus universitário Uniritter/Fapa. A continuidade da formulação da proposta se deu a partir da reflexão do princípio da ordem orgânica, que estabelece que deve haver equilíbrio entre as necessidades das partes e as demandas de um todo, formulando um plano que reconheça as individualidades de cada local, como sendo único.

O princípio da participação considera de extrema importância a colaboração dos usuários nas etapas de projeto, indica que apenas os usuários de uma comunidade podem planejá-la corretamente de forma que todo o plano atenda às suas reais necessidades. No

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livro The Oregon Experiment, Christopher relata que inicialmente os usuários foram convidados a desenharem, lançarem ideias do que imaginavam para o novo projeto do campus de Oregon, e que posteriormente os desenhos foram entregues aos profissionais para avaliar as intenções sugeridas e dar sequência ao projeto.

Desta forma, como arquitetas e também usuárias do Campus, considerando o conceito de ter a universidade vista como um bairro, o primeiro croqui de intervenção urbanística foi lançado com base no princípio da participação. Posteriormente, nas etapas de desenvolvimento do projeto, os desenhos foram complementados a partir dos patterns encontrados no livro “The Pattern Language”.

Figura 3: Evolução a proposta / Etapa 1 Figura 4: Evolução da proposta / Etapa 2

Fonte: As autoras Fonte: As autoras

Crescimento em pequenas doses é o terceiro princípio definido por Christopher e refere-se a ideia de que os edifícios do campus deveriam se adaptar as mudanças de usos e usuários gradativamente, sem que destruíssem edificações inteiras. Crescer em pequenas doses permite projetos com custos mais baixos e impactos menores, objetivando atender as necessidades reais e imediatas.

O quarto princípio exposto se refere a prática da linguagem e se baseia na ideia de definir parâmetros de projeto que facilitem a interlocução entre todos os participantes do desenvolvimento do projeto, usuários e profissionais envolvidos no processo. Este princípio, que define padrões, dá inicio ao processo do próximo livro de Christopher, The Pattern Language, publicado em 1977.

Diagnose é o princípio criado para diagnosticar o local de intervenção de forma a localizar áreas positivas, que possuem características a ser mantidas, e áreas negativas, que necessitam de melhorias. É um termômetro para que os profissionais possam se direcionar as reais necessidades de intervenção. Desta forma, para a evolução das propostas de intervenção no Campus Fapa, realizou-se um diagnóstico do local, de acordo com o princípio descrito por Christopher.

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Figura 5: Mapa de diagnóse Figura 6: Diagnóstico do Campus

Fonte: As autoras Fonte: As autoras

O último princípio exposto por Christopher em seu livro The Oregon Experiment é o que ele define como princípio da coordenação e refere-se a gestão do crescimento do local de intervenção. Segundo Alexander deve-se considerar o crescimento que virá a ocorrer nas próximas décadas, porém não por imposição. Precisa-se de uma gestão, admitindo-se o desenvolvimento pela própria comunidade.

A partir da compreensão destes princípios iniciais anteriormente mencionados que foram apresentados por Alexander no livro The Oregon Experiment, e levando-se em conta o princípio da participação, foi criada uma base de pensamento e logística e iniciado o desenvolvimento das primeiras proposições projetuais para a área de estudo. Para dar sequência as ideias para a melhoria e valorização do Campus, foram utilizados alguns dos padrões presentes no livro The Pattern Language. Na medida em que esses padrões foram adotados, servindo como diretrizes projetuais, uma teia foi sendo criada, conectando um padrão ao outro e dando sequência a evolução da proposta.

Dando seguimento a proposta de remodelação, foi adotado o padrão 95 – Edificação como um complexo (figura 7), onde Christopher diz que “uma edificação não pode ser humana a menos que seja um complexo de edificações menores ou partes menores que se manifesta por meio de seus próprios fatos sociais.” (ALEXANDER, 1977, p.469) Diante desta afirmação foi decidido manter todos os blocos significativos do Campus, retirando apenas os de menor proporção e que atualmente não têm uso, como um pequeno quiosque intitulado como área de convivência e duas construções de pequeno porte que servem como xerox e residência do caseiro.

Em seguida foram demarcados os acessos principais do Campus, sendo dois deles para veículos (um em cada extremidade) e outro acesso central, exclusivo para pedestres. Todos os acessos têm ligação direta com a Avenida Manoel Elias, sendo esta a única que conecta o Campus a outras vias da capital. Tendo como base o padrão 110 – Entrada principal (figura 8), onde Alexander expõe que a entrada principal é o passo individual mais importante durante o desenvolvimento do projeto, pois ali é onde se controla todo o arranjo

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da edificação, bem como o movimento de entrada e saída, a ideia foi demarcar os acessos não somente em planta, mas que sejam visualmente atrativos, pois conforme diz Alexander (1977, p.541) “uma pessoa que se aproxima de uma edificação precisa ver a entrada de uma maneira clara”.

Figura 7: Blocos mantidos e retirados Figura 8: Demarcação de acessos

Fonte: As autoras Fonte: As autoras

No livro The Pattern Language, o autor apresenta uma visão humanista quanto à arquitetura e os espaços. No padrão 114 – Hierarquia de espaços abertos (figura 9) ele ressalta a importância de os usuários terem acesso a um espaço aconchegante “onde possam proteger suas costas e se voltar para um espaço externo maior.” (ALEXANDER, 1977, p.558) Este espaço, segundo ele, deve ser voltado para uma paisagem ou qualquer outra coisa que seja mais parecida com uma vista. Considerando este padrão, foi proposto um espaço de convivência na extremidade norte da área, este espaço poderia contar com restaurantes. Este local foi escolhido para abrigar a nova edificação, pois apresenta um visual interessante e uma área de vegetação mais densa. Além deste espaço de convivência, foi locado também no campus uma residência universitária que serve como alojamento para estudantes, bem como lojas, farmácia e terminal bancário, tendo em vista a ideia de esta área oferecer os mesmo serviços (só que em menor proporção) que um bairro oferece.

Para dar acesso e direcionar as pessoas, não só para esta nova edificação, mas também para todos os blocos, foi definido um grande eixo central que se configura como o padrão 100 – Rua de pedestres (figura 10), pois a partir deste eixo o fluxo é distribuído pelas edificações e é um lugar “tanto para caminhar como para cruzar”. (ALEXANDER, 1977, p.490)

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Figura 9: Locação de convivência e residência Figura 10: Demarcação do eixo principal

Fonte: As autoras Fonte: As autoras

O alargamento deste eixo principal que liga o acesso de pedestres ao espaço de convivência não vem somente para demarcar este local, mas também para torná-lo um grande calçadão. A proposta é criar um espaço de permanência para os usuários do campus, com bancos, floreiras, vegetação, entre outros. Segundo o padrão 121 – Forma dos passeios (figura 11 e 12), Christopher ressalta a importância de uma rua não servir apenas para deslocamentos, ele indica que se faça um alargamento na rua de pedestres de modo que ela forme uma área agradável para permanecer e não apenas um lugar para passear.

Figura 11: Imagens referenciais para a proposta

Disponível em: <arqcidade.blogspot.com> Acesso em 02 de Junho de 2015

No padrão 99 – Edificação principal (figura 13), Alexander também destaca a importância de definir um bloco principal, pois “um complexo de edificações sem centro é como um homem sem cabeça”. (ALEXANDER, 1977, p. 486) Esta edificação, após definida, serve como referência para o Campus. O bloco do setor administrativo foi intitulado como principal, pois apresenta uma arquitetura diferenciada e está localizado no centro do

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Campus, possibilitando o fácil acesso a todos os outros blocos, além do que já é atualmente um ponto de referência.

Figura 12: Demarcação de passeios Figura13: Definição de edificação principal

Fonte: As autoras Fonte: As autoras

A partir do padrão 31 – Promenade (figura 14), que diz que “cada subcultura precisa de um centro para sua vida pública: um lugar onde você possa ver as pessoas e elas possam vê-lo” (ALEXANDER, 1977, p.170), foram definidos dois espaços para servir como pontos de encontro, realização de eventos para o Campus, para a comunidade e os moradores do bairro onde a área está inserida. Estes espaços se localizam próximos à edificação principal e podem ser facilmente acessados através da rua de pedestres.

Para o arquiteto é de extrema importância definir Áreas de Transporte Local – Padrão 11 (figura 15), pois segundo Alexander (1977, p.64) “os automóveis podem destruir o meio urbano de maneira drástica, pois aniquilam a forma de vida social”. Para isso áreas de trânsito local devem salvar-se dos danos causados por veículos motorizados. Para ele o ideal seria que houvesse áreas onde se utilizasse apenas o “não transporte”, como bicicleta, taxi e pedestrianismo. O arquiteto expõe que as bicicletas “ocupam menos espaço do que os automóveis e sempre deixam os passageiros em contato mais íntimo uns com os outros e também com o seu meio ambiente.” (ALEXANDER, 1977, 67) Diante disso foi definida para o campus uma ciclovia que adentra os blocos e circunda o complexo de edificações, possibilitando o acesso a todas as áreas e permitindo o contato entre os usuários e a natureza.

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Figura 14: Demarcação de promenades Figura 15: Demarcação de ciclovia

Fonte: As autoras Fonte: As autoras

Foi demarcada também a área de circulação de veículos, bem como delimitado seu acesso para que ficasse totalmente afastada do fluxo de pedestres. Para isso, esses setores foram localizados nos limites da esquerda e da direita do sítio. Segundo o padrão 52 - Rede Harmônica de vias de veículos (figura 16)

É necessário elaborar um arranjo de vias de pedestres e ruas de maneira que os dois fiquem separados, mas se encontrem frequentemente em locais que sejam reconhecidos como pontos focais. Em geral, isso exige duas redes, uma para via de veículos, e outra para via de pedestres. (ALEXANDER, 1977, p. 273)

O autor defende a ideia de diminuir o uso do automóvel, e a maioria dos padrões realmente desencorajam a dependência deste uso. Porém, ele mesmo admite que em determinados casos grandes áreas de estacionamento são infelizmente necessárias. Levando em consideração o Padrão 97 – Estacionamento Camuflado (figura17) que diz que sempre que houver necessidade “estas áreas de estacionamento devem ser implantadas logo no início do projeto, para ter certeza de que elas não destruirão totalmente a edificação.” (ALEXANDER, 1977, p.477) Tendo em vista essa premissa, os estacionamentos foram mantidos no local onde estão atualmente, porém foram reorganizados de uma maneira mais harmoniosa com canteiros que delimitam este espaço e fazem uma barreira de vegetação mais densa para que não fiquem destacados no campo. A ideia de mantê-los próximos a Avenida principal vem com o intuito de tratar o estacionamento como um prolongamento da via, de modo que a universidade como bairro inicie a partir desta delimitação para dentro.

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Figura 16: Demarcação de vias para veículos Figura 17: Estacionamentos

Fonte: As autoras Fonte: As autoras

Com o intuito de criar mais locais de convivência e aproveitar melhor o espaço do campus foram propostas áreas de encontro localizadas entre os blocos. Esses locais poderiam possibilitar uma vivência mais harmoniosa com o espaço além de conectar os edifícios. Segundo Alexander (1977), essas Áreas Externas Coletivas – Padrão 67 (figura 18) têm duas funções específicas: permitem que as pessoas se sintam confortáveis fora de suas edificações e de seus territórios privativos, e agem como local de encontro para as pessoas.

Como ponto final da proposta foi utilizado o padrão 59 – Passeios Tranquilos (figura 19) que salienta que “qualquer um que tem de trabalhar em um local barulhento, precisa ter a possibilidade de dar uma parada e se renovar com a paz de uma situação mais natural.” (Alexander, 1877, p. 303) Dessa maneira foi mantida grande parte da área verde existente no campus, contribuindo para que o local permaneça agradável e salubre.

Figura 18: Demarcação áreas de encontro Figura 19: Demonstração de áreas verdes

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5 Conclusão

A partir do estudo, reflexão, entendimento e aplicação das diretrizes e padrões expostos e defendidos por Christopher Alexander, pode-se notar a visão humanista do arquiteto. O autor pretende, com suas observações, proporcionar aos usuários, tanto das edificações quanto na escala da cidade, experiências vivenciais, através da promoção de locais que permitam a relação entre as pessoas, a urbe e o meio ambiente natural.

Remodelar o campus Uniritter/Fapa para que se torne ou represente uma espécie de “mini bairro”, é propor para a área de estudo serviços necessários para facilitar a convivência dos usuários e espaços que incentivem a permanência, o lazer e o encontro, ocupando de maneira ordenada e em pequenas doses, toda a infraestrutura que o sitio oferece. Segundo as próprias palavras de Alexander

(...) Podemos definir um padrão como qualquer princípio geral de planejamento, que afirma um problema claro que pode ocorrer várias vezes no meio ambiente, afirma a gama de contextos em que este problema irá ocorrer, e dá as características gerais exigidas por todos os edifícios ou planos que irá resolver este problema. (The

Experiment Oregon,1975, p. 101)

Desta forma, a partir da aplicação de uma gama de padrões e princípios compreendidos, tornou-se possível, durante a prática de projeto, encontrar diretrizes para solucionar questões urbanísticas na universidade e aplicá-las, fato que permitiu melhor entendimento das ideias propostas por Christopher em seus livros.

Notoriamente não pretende-se aqui esgotar o entendimento de todos os 243 padrões descritos por Christopher Alexander em seu livro The Pattern Language, (1977) e dos 6 princípios expostos no The Oregon Experiment (1975). Ao longo deste trabalho percebe-se que a partir da prática de projeto e da aplicação dos conceitos a uma área e realidade especifica compreende-se com mais clareza a teoria.

Referências

ALEXANDER, C.; SILVERSTEIN, M.; ANGEL, S.; ISHIKAWA, S.; ABRAMS, D. Urbanismo y Participación. El caso de la Universidad de Óregon – The Oregon Experiment. Barcelona: Gustavo Gili, 1978.

ALEXANDER, C. et al. Uma linguagem de padrões: a Pattern Language. Porto Alegre: Bookman, 2012. 1215p.

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