Universidade Federal do Pará
Instituto de Ciências Exatas e Naturais
Colegiado do Curso de Licenciatura em Física
Modalidade a Distância
Métodos da Física Teórica I
(Notas de Aula)
Tópico 4
8
Equações Diferenciais
Uma equação é definida como equação diferencial, quando a mesma é formada por operadores diferenciais, que relacionam variáveis dependentes (variável que depende de outra variável) e
inde-pendentes (variável que não depende de outra variável ).
As equações abaixo são exemplos de equações diferenciais com classificação de variáveis depen-dentes e independepen-dentes. 1. d 2y dx2 + x 2dy dx = 0 y → vari´avel dependente x → vari´avel independente 2. d 5x dt5 + 4 dx4 dt4 + 2 = cos t x → vari´avel dependente t → vari´avel independente 3. ∂v ∂s + ∂v ∂t = v v → vari´avel dependente s, t → vari´aveis independentes 4. ∂Ψ ∂x + ∂Ψ ∂y + ∂Ψ ∂z − kΨ = 0 Ψ → vari´avel dependente x, y, z → vari´aveis independentes
8.1 Definições
8.1.1 Ordem de uma Equação Diferencial
1. ordem 2 ↓ d2y dx2 + xy = 0 =⇒ Equação Diferencial de 2 a Ordem 2. ordem 1 ↓ dv dt − F m = 0 =⇒ Equação Diferencial de 1 a Ordem 3. ordem 5 ↓ d5z dy5 − 3 dz4 dy4 − z dz dy = y
2 =⇒ Equação Diferencial de 5a Ordem
8.1.2 Equação diferencial Ordinária
Equação diferencial que envolve derivadas de uma ou mais variáveis dependentes em relação a uma variável independente é chamada de equação diferencial ordinária.
1. dy dx − xy = 0 2. dz ds − z dz ds + 7 = cos z
8.1.3 Equação Diferencial Parcial
Equações diferenciais que envolvem derivadas parciais de uma ou mais variáveis dependentes em relação a mais de uma variável independente são definidas como equações diferencias parciais.
1. ∂ 2Ψ ∂x2 + ∂2Ψ ∂y2 + ∂2Ψ ∂z2 − k 2Ψ = 0 2. ∂u ∂x + ∂v ∂y = 0
8.1.4 Equação Diferencial Linear
Uma equação diferencial é linear se:ii. na equação não figuram produtos entre a variável dependente e suas derivadas. 1. d 4y dx4 + x 2d3y dx3 + x 3dy dx = xe x
→ Equaç. Diferen. Linear
2. d 2y dx2 + 5 dy dx 2 + 6y = 0 3. ydy dx = x
→ Equaç. Diferen. Não-Linear
8.1.5 Solução de uma Equação Diferencial
Seja uma equação diferencial ordinária de n−ésima ordemF (x, y, y′′, ..., yn) = 01 (8.1) então
i. A função f(x, y, c1, c2, ..., cn) = 0 ou y = y (x, y, c1, c2, ..., cn) , onde c1, c2, ..., cn são constantes
arbitrárias, é denominada uma solução geral de F .
ii. Atribuindo-se os valores particulares a uma ou mais das n constantes arbitrárias da solução
geral, teremos uma solução particular de F .
iii. Toda solução que não pode ser obtida da solução geral, por meio dos valores particulares
atribuídos às constantes, é denominada solução singular.
Exemplo 8.1
1. y = C1e2x+ C2xe2x+ C3x2e2x é uma solução geral da equação y′′′− 6y′′− 8y = 0.
2. y = senx−cosx, é uma solução particular da equação y′′+ y = 0
3. y = a, é uma solução singular da equação (y′)2+ y2 = a2, uma vez que ela não pode ser obtida
da solução geral y = sen(x + c).
1y′′= d2y dx2
8.1.6 Condições Iniciais ou Valor Inicial
Definimos como condições iniciais quando se conhece a função e suas derivadas em algum ponto do domínio da função solução. A quantidade de condições iniciais equivale à ordem da equação.
Exemplo 8.2
y′′+ 4y = 0
y (0) = 0
y′(0) = 1 =⇒ Condições Iniciais
8.2 Equação Diferencial de Primeira Ordem
A forma padrão de uma equação diferencial de primeira ordem de uma função y(x) é: dy dx = y ′ = f (x, y) (8.2) ou na forma M (x, y) dx + N (x, y)dy = 0 (8.3) onde f (x, y) = −M(x, y)N(x, y)
8.2.1 Classificação
Algumas equações diferenciais de primeira ordem são classificadas como:
Equação Diferencial Exata Separável Linear de Bernoulli Homogênea (8.4)
8.2.2 Equação Diferencial Exata
A equação diferencial da formaM (x, y) dx + N (x, y)dy = 0 (8.5) é exata se, e somente se, for verificado que
∂M (x, y) ∂y = ∂N (x, y) ∂x (8.6) Exemplo 8.3 A equação diferencial 3x2ydx +y + x3dy = 0
é exata, devido a condição (8.6) ∂ (3x2y) ∂y = 3x 2 ∂(y + x3) ∂x = 3x 2
8.2.3 Equação Diferencial Separável
A equação diferencial do tipoF (x)G(y)dx + f (x)g(y)dy = 0 (8.7) é uma equação diferencial separável, porque está na forma
F (x) f (x)dx + g(y) G(y)dy = 0 (8.8) ou M (x, y) dx + N (x, y)dy = 0 (8.9) onde M (x, y) = F (x) f(x) e N (x, y) = g(y) G(y) (8.10) logo a equação (8.9) também será uma equação diiferencial exata, caso
∂M (x, y) ∂y = ∂N (x, y) ∂x (8.11) Exemplo 8.4 A equação xy2dx − x2y2dy = 0 é separável, devido a mesma poder ficar na forma
1
xdx − dy = 0 após ser dividida por x2y2.
8.2.4 Equação Diferencial Linear
Uma equação é diferencial linear quando a mesma pode ser escrita na forma dy dx + P (x)y = Q(x) (8.12) Exemplo 8.5 y′− (senx) y = ex dy dx + (x − e x) y = 0
Equaç. Dif. Lineares
8.2.5 Equação Diferencial Bernoulli
Uma equação diferencial de Bernoulli é uma equação da forma
y′+ P (x)y = Q(x)yn (8.13) onde n é um número real. Quando n = 0 ou 1,a equação de Bernoulli reduz-se a uma equação diferencial linear. Exemplo 8.6 y′ −y x = − y2 x Equação de Bernoulli
8.2.6 Equação Diferencial Homogênea
Uma equação diferencial da formady dx = y
′ = f (x, y) (8.14)
é homogenea se
f (tx, ty) = f (x, y) (8.15) para qualquer número real t.
Exemplo 8.7 y′ = y + x x y′ = ty + tx tx = t t (y + x) x y′ = y + x x Equaç. Homogênea
8.2.7 Soluções das Equações Diferenciais de Primeira Ordem
Para cada tipo de equação diferencial de primeira ordem está associado um método de solução.
8.2.8 Equação Diferencial Separável
F (x)G(y)dx + f (x)g(y)dy = 0 Solução da Equação F (x) f (x)dx + g(y) G(y)dy = C (8.16) onde C é uma constante arbitrária.
8.2.9 Equação Diferencial Exata
M (x, y) dx + N (x, y)dy = 0 onde ∂M (x, y) ∂y = ∂N(x, y) ∂x Solução da Equação M∂x + N − ∂ ∂y M ∂x dy = C (8.17) onde C é uma constante arbitrária.
8.2.10 Equação Diferencial Linear
dy dx + P (x)y = Q(x) Solução da Equação yeP dx= QeP dxdx + C (8.18) onde C é uma constante arbitrária.8.2.11 Equação de Bernoulli
y′+ P (x)y = Q(x)yn Solução da Equação ve(1−n)P dx= (1 − n) Qe(1−n)P dxdx + C (8.19) onde v = y1−n (8.20)sendo que para n = 1,a solução será
ln y =
8.2.12 Equação Diferencial Homogênea
dy dx = f(x, y) Solução da Equação ln x = dv f (v) − v (8.22) onde v = y/x (8.23)sendo que para f(v) = v a solução será
y = Cx (8.24)
onde C é uma constante arbitrária.
8.2.13 Aplicações Físicas
1. Lançamento Vertical para CimaUm corpo de massa m que se afasta do solo com velocidade v, a partir de uma altura y0 com
velocidade inicial v0. m y0 v mg y x ou dv dt = −g dy dt = −gt − v0 Equaç. Diferenciais (8.25) y(t) = −12gt2 + v0t + y0 =⇒ Solução (8.26)
2. Resistência do Ar Proporcional à Velocidade
Movimento vertical de um corpo de massa m, próximo à superfície da terra, sujeito a duas forças: gravitacional (FG) e resistência do ar(FR) .
m FG FR y x FG− FR= ma mdv dt = mg − kv dv dt + k mv − g = 0 =⇒ Equação Diferencial (8.27) v(t) = mg k 1 − e−mkt =⇒ Solução (8.28) 3. Circuito RC Série
Circuito formado por um resistor R em série com um Capacitor C e uma fonte de tensão contínua V, que gera uma corrente I, associada a uma carga total Q.
dQ dt + 1 RCQ = V R =⇒ Equaç. Diferencial (8.29) Q(t) = CV 1 − e−t/RC =⇒ Solução (8.30) ou em função da corrente I dI dt + 1 RCI = 0 =⇒ Equaç. Diferencial (8.31) I(t) = V Re −t/RC =⇒ Solução (8.32)
4. Taxa de Decaimento Radioativo dN
dt = −kN =⇒ Equaç. Diferencial (8.33) N(t) = N0e−k(t−t0) =⇒ Solução (8.34)
5. Taxa de Resfriamento dT
dt = k(A − T ) =⇒ Equaç. Diferencial (8.35) T (t) = T0
8.3 Equação Diferencial de Ordem Superior
Seja a equação diferencial ordinária de ordem n a0(x) dny dxn + a1(x) dn−1y dxn−1 + ... + an−1(x) dy dx + an(x)y = b(x) (8.37) onde a0(x) = 0, então: se b(x) = 0 =⇒ Equação Homogênea b(x) = 0 =⇒ Equação Não-Homogênea (8.38)
A solução geral para a equação (8.37) é composta de uma solução particular (yp) mais a solução da
equação homogênea (yh). Porém, nem sempre isso é possivel (conforme veremos mais adiante), nesse
caso, utiliza-se um método avançado de solução por meio de séries infinitas (Método de Frobenius).
8.3.1 Soluções Linearmente Dependente (LD) e Linearmente
Indepen-dente (LI)
Seja a combinação linear
C1f1(x) + C2f2(x) + ... + Cnfn(x) = 0 (8.39)
Se existe pelo menos uma constante Ci = 0 da combinação formada pela equação (8.39), então o
conjunto de funções {f1(x), f2(x), ..., fn(x)} é linearmente dependente no domínio a < x < b.
Caso contrário, se C1 = C2 = ... = Cn= 0, então o conjunto de funções {f1(x), f2(x), ..., fn(x)} é
linearmente independente no domínio a < x < b.
8.3.2 Wronskiano
Seja as funções f1(x), f2(x), ..., fn(x) onde cada uma possui derivadas, pelo menos até a ordem
(n − 1) , o determinante W (f1, f2, .., fn) = f1(x) f2(x) ... fn(x) f′ 1(x) f2′(x) ... fn′(x) ... ... ... ... f1n−1(x) f2n−1(x) ... fnn−1(x) (8.40)
é definido como o Wronskiano das funções f1(x), f2(x), ..., fn(x).
Um modo de verificar se o conjunto de soluções {f1(x), f2(x), ..., fn(x)} são L.I. ou L.D. é calcular
o Wronskiano.
Se o Wronskiano das soluções {f1(x), f2(x), ..., fn(x)} for nulo, essas soluções são L.D., caso
Considerando a equação diferencial linear homogênea a0(x) dny dxn + a1(x) dn−1y dxn−1 + ... + an−1(x) dy dx + an(x)y = 0 (8.41) então para que
y(x) = C1f1(x) + C2f2(x) + ... + Cnfn(x) (8.42)
seja solução da equação (8.41), terá que ser sempre linearmente independente.
8.3.3 Equações Diferenciais com Coeficientes Constantes
A equação diferencial homogênea com coeficientes constantes éa0 dny dxn + a1 dn−1y dxn−1 + ... + an−1 dy dx + any = 0 (8.43) onde a0, a1, ..., an são constantes reais.
8.3.4 Soluções das Equações Diferenciais com Coeficiente Constantes
Considerando a função exponencialy(x) = eλx (8.44)
e substituindo na equação (8.43), teremos
a0λneλx+ a1λn−1eλx+ ... + an−1λeλx+ aneλx = 0
eλxa0λn+ a1λn−1+ ... + an−1λ + an= 0
como eλx = 0, então
a0λn+ a1λn−1+ ... + an−1λ + an = 0 (8.45)
A equação acima é chamada de equação característica. Trata-se de um polinômio de grau n que, consequentemente, possui n raizes.
Logo, a equação (8.45) possui n soluções que se dividem em três casos, conforme a natureza de λ.
λ =
Raizes reais e distintas Raizes reais e iguais Raizes complexas
8.4 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Homogênea
com Coeficientes Constantes
Considerando a equação (8.43) com n = 2 d2y dx2 + a1 dy dx + a0y = 0 (8.46) e substituindo por y(x) = eλx teremos λ2+ a1λ + a0 = 0 (8.47)
8.4.1 Raizes Reais e Distintas (λ
1e λ
2)
Duas soluções linearmente independentes são eλ1x e eλ2x, e a solução geral será
y(x) = C1eλ1x+ C2eλ2x (8.48)
onde C1 e C2 são constantes que dependem das condições iniciais (condições de contorno).
Obs.
Quando λ1 = −λ2, a solução 8.48 pode ser reescrita como
y(x) = k1cosh(λ1x) + k2 Senh (λ2x) (8.49)
onde k1 e k2 são constantes arbitrárias.
8.4.2 Raizes Reais e Iguais (λ
1= λ
2)
Duas soluções linearmente independentes eλ1x e xeλ1x , e a solução geral será
y(x) = C1eλ1x+ C2xeλ2x (8.50)
8.4.3 Raizes Complexas (λ
1= a + ib e λ
2= a − ib)
Duas soluções linearmente independentes são e(a+ib) e e(a−ib), e a solução geral complexa é
y(x) = C1e(a+ib)x+ C2e(a−ib)x, a, b ∈ R (8.51)
ou equivalente
y(x) = D1eaxcos(bx) + D2eaxsen (bx) (8.52)
8.5 Souções das Equações Diferenciais por meio de Série de
Potência
8.5.1 Série
Conjunto de elementos arrumados numa certa ordem.
8.5.2 Série Numérica
Série cujo os elementos são números:
Uma série numérica é representada por:
{an}n=nn=nf0 (8.53)
onde
an → Elementos da Série (podem ser funções de n)
n → Índice da Série (no inteiro)
Obs. A forma explícita de an é chamada Lei de Formação da Série.
Exemplo 8.8 1.
{n}n=7n=1 = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
onde an= n é lei de formação da série.
2. 1
n22n=5n=1 = 1, 4, 9, 16, 25
3. 1
(−1)n−1n2n=6n=1 = 1, −2, 3, −4, 5, −6
8.5.3 Série de Potências
Quando os elementos de uma série são potências variáveis {anxn}n=nn=nf0 = {bn}
n=nf
n=n0 (8.54)
onde an e bn também possuem uma lei de formação. Neste caso estamos considerando apenas uma
variável, x porém, uma série pode ter mais de uma variável. Exemplo 8.9
1.
{nxn}n=4n=1 = x, 2x
2, 3x3, 4x4
8.5.4 Soma de uma Série
Soma dos elementos da sérienf
n=n0
an = an0+ an0+1+ an0+2+ ... + anf → Soma da Série Numérica
nf n=n0 anxn= an0x n0+ a n0+1xn0+1+ ... + anfx
nf → Soma da Série de Potências
(8.55) Exemplo 8.10 1. 7 n=1 n = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28 2. 4 n=1 nxn= x + 2x2+ 3x3+ 4x4
8.5.5 Série de Taylor
Seja uma função f(x) de tal modo que a mesma possa ser representada por uma série em torno de um ponto x = x0 dada por
f(x) = ∞ n=0 1 n! dnf (x) dxn x=x0 (x − x0)n= f (x0) + (x − x0) df(x) dx x=x0 + 1 2(x − x0) 2 d2f (x) dx2 x=x0 + ... (8.56) Exemplo 8.11
Cálculo da série de Taylor da função f (x) = ex em torno de x 0 = 0.
Solução Seja a série de taylor para f(x) = ex
ex = ∞ n=0 1 n! dnex dxn x=0 xn= a0+ a1+ ... + an+ ...
desenvolvendo o lado esquerdo de 8.57 e comparando com o lado direito n = 0 → a0 = 0!1e0x0 = 1 n = 1 → a1 = 1!1 dex dx x=0 x1 = x ... ... n = n → an= n!1 dnex dxn x=0xn= 1 n![e x] x=0xn = xn n!
logo f(x) = ex = 1 + x +x 2 2 + x3 3! + ...
8.5.6 Critérios de Convergência
Teste da RazãoSeja uma série numérica "
n an ou de potência" n anxn=" n bn, então lim n→∞ an+1 an = L ou lim n→∞ bn+1 bn = L. (8.57) Se L < 1 → Série Converge L > 1 → Série Diverge
L = 1 → Nada se pode afirmar sobre a convergência
(8.58)
Obs. O teste da razão pode não ser aplicado a determinados tipos de série, nesse caso existem outros tipo de testes mais precisos.
Exemplo 8.12
Aplique o teste da razão para a série exponencial
ex = ∞ n=0 xn n! Solução Usando a equação 8.57 lim n→∞ bn+1 bn = lim n→∞ xn+1 (n+1)! xn n! = x lim n→∞ n! (n + 1)! = x lim n→∞ 1 n + 1 = x.0 = 0 Série Converge
8.5.7 Ponto Ordinário e Ponto Singular
Seja uma equação diferencial de segunda ordem tal que:y′′+ P (x)y′ + Q(x)y = 0 (8.59)
Se P (x) e Q(x) são polinômios e existe um ponto x0 tal que
P (x0) = Q(x0) = Finito (8.60)
então x = x0 é chamado ponto ordinário. Caso contrário
P (x) = Q(x) = Diverge quando x → x0 (8.61)
o ponto x = x0 é chamado ponto singular.
8.5.8 Ponto Singular Regular e Irregular
Se lim x→x0{(x − x0)P (x)} = L1 (8.62) e lim x→x0{(x − x0 )2Q(x)} = L2 (8.63)Se L1 e L2 forem finitos, então x0 é um ponto singular regular. Caso contrário, se pelo menos um
dos limites (L1 ou L2) divergirem então x0 é um ponto singular irregular.
8.5.9 Métodos de Séries para Equações Diferenciais
Seja a equação diferencial de 2a ordemM(x)d
2y
dx2 + N (x)
dy
dx + O(x)y = 0 (8.64) Nosso objetivo é obter pelo menos uma solução na forma de série de potência, tal que
y(x) =
∞
n
an(x − x0)n (8.65)
onde x0 é o ponto em torno do qual se quer achar solução para equação (8.64).
Para simplificar a equação (8.64) faz-se a seguinte normalização d2y dx2 + P (x) dy dx + Q(x)y = 0 (8.66) onde P (x) = N (x) M (x) e Q(x) = O(x) M (x) (8.67)
Teorema 8.1
A equação diferencial (8.66) tem duas soluções diferentes, linearmente independente (LI), na forma da equação y(x) = ∞ n an(x − x0)n (8.68)
desde que x0 seja um ponto ordinário. Ou seja, se x0 for um ponto ordinário da equação (8.66),
por meio do método de séries é possível encontrar as duas soluções LI em torno de x0 que formam
a solução geral da equação diferencial. O que diferencia as duas soluções são os termos an.
Exemplo 8.13
Calcular os pontos ordinário e singular das equações abaixo a) d2y dx2 + x dy dx + (x 2+ 5)y = 0 b) d2y dx2 + 1 x dy dx + (x 24x + 5)y = 0 Solução
a) Pela equação (8.66) temos que
P (x) = x e Q(x) = x2+ 5
são polinômios e não tem ponto singular, logo todos os pontos são ordinários. b)
P (x) = 1
x e Q(x) = x
2
− 4x + 5
como existe uma singularidade para x = 0 em P (x), então x = 0 é um ponto singular, apesar de ser finito em Q(x).
Exemplo 8.14
Calcular a solução, via série, da equação
d2y dx2 + x dy dx + x2+ 5y = 0 Solução
Conforme visto no exemplo 8.13 (a), a equação tem somente pontos ordinários, logo é válida a soluçã para qualquer valor de x0 tais como
escolhendo a solução em torno de x0 = 0, teremos y(x) = ∞ n=0 anxn
como solução considerada e que será substituida na equação diferencial, logo dy dx = ∞ n=1 nanxn−1
onde o primeiro termo do somatório mudou para n = 1,devido em n = 0 o valor ser nulo → 0.a0x0−1 = 0. Assim como para segunda derivada o primeiro termo do somatório será n = 2.
d2y dx2 = ∞ n=2 n (n − 1) anxn−2
Portanto substituindo na equação diferencial teremos
∞ n=2 n (n − 1) anxn−2+ x ∞ n=1 nanxn−1+ x2+ 5 ∞ n=0 anxn= 0 ou ainda ∞ n=2 n (n − 1) anxn−2+ ∞ n=1 nanxn+ ∞ n=0 anxn+2+ 5 ∞ n=0 anxn= 0
Notemos que x não tem o mesmo expoente, faremos então uma mudança nos índices
∞ n=2 n (n − 1) anxn−2 = ∞ n=0 (n + 2) (n + 1) an+2xn (n → n + 2) ∞ n=0 anxn+2 = ∞ n=2 an−2xn (n → n − 2) e voltando à equação diferencial com os termos reescritos
∞ n=0 (n + 2) (n + 1) an+2xn+ ∞ n=1 nanxn+ ∞ n=2 an−2xn+ 5 ∞ n=0 anxn= 0
expandindo os termos das séries de "∞ n=0 e "∞ n=1 até "∞ n=2 2a2+ 6a3x + ∞ n=2 (n + 2) (n + 1) an+2xn+ a1x + ∞ n=2 nanxn+ ∞ n=2 an−2xn+ 5a0+ 5a1x + 5 ∞ n=2 anxn= 0 simplificando (5a0+ 2a2) A + (5a1+ 6a3) x B + ∞ n=2 [(n + 2) (n + 1) an+2+ (n + 5) an+ an−2] C xn = 0
A + Bx +
∞
n=2
cxn = 0 para ser válida a igualdade é necessário que
A = B = C = 0 que tem como resultado
5a0+ 2a2 = 0 5a1+ 6a3 = 0 (n + 2) (n + 1) an+2+ (n + 5) an+ an−2 = 0
Resolvendo as duas primeiros equações em função de a0 e a1
a2 = − 5 2a0 e a3 = − 5 6a1 assim como an+2 = − (n + 5) an+ an−2 (n + 2) . (n + 1) n ≥ 2 que resulta nos termos a4, a5,...
n = 2 a4 = 33 24a0 n = 3 a5 = 17 72a1 Portanto, voltando a solução
y(x) = ∞ n=0 anxn= a0+ a1x + a2x + a3x3+ a4x4+ a5x5+ ... e substituindo os coeficientes y(x) = a0+ a1x − 5 2a0x 2 − 56a1x3+ 33 24a0x 4+ 17 72a1x 5+ ... y(x) = a0 1 − −52x2+ 33 24x 4+ ... y1(x) + a1 x − 56x3+17 72x 5+ ... y2(x)
y(x) = a0y1(x) + a1y2(x) → Solução Geral
8.5.10 Método de Frobenius
O método de Frobenius é uma técnica de resolução de equações diferenciais via série que é aplicado a equações com um ponto singular regular.
Portanto, um resumo dos tipos de solução por meio das séries, é
Solução via Série
Pontos Ordinários (método da Série)
Pontos Singulares
Ponto Singular Regular (método de Frobenius)) Ponto Singular Irregular (s/ solução via série) Se x0 é um ponto singular regular da equação diferencial
d2y
dx2 + P (x)
dy
dx + Q(x)y = 0 (8.69) então existe pelo menos uma solução na forma
y(x) = |x − x0|r ∞
n=0
an(x − x0)n (8.70)
em torno do ponto x0, onde r é um parâmetro a ser determinado.
Teorema 8.2
Se x0 é um ponto singular regular da equação diferencial (8.69) e r1 e r2 são raizes da equação
indicial associada a x0, com R (r1) ≥ R (r2), as soluções da equação diferencial são:
1. Se r1− r2 = N, onde N é um número natural, as soluções LI serão
y1(x) = |x − x0|r1 ∞ n=0 an(x − x0)n (8.71) e y2(x) = |x − x0|r2 ∞ n=0 bn(x − x0)n (8.72) 2. Se r1− r2 = N, N = 0, as soluções LI serão y1(x) = |x − x0|r1 ∞ n=0 an(x − x0)n (8.73) e y2(x) = Cy1(x) ln |x − x0| + |x − x0|r1 ∞ n=0 bn(x − x0)n (8.74)
3. Se r1 = r2, as soluções LI serão y1(x) = |x − x0|r1 ∞ n=0 an(x − x0)n (8.75) e y2(x) = y1(x) ln |x − x0| + |x − x0|r1+1 ∞ n=0 bn(x − x0)n (8.76) Exemplo 8.14
Calcular a solução geral, pelo método de Frobenius, da equação
x2d2y dx2 + x 2 dy dx + 2x 2y = 0 Solução
Considerando a equação diferencial na forma da equação (8.69) d2y dx2 + 1 2x dy dx+ 2y = 0
Usando o método de Frobenius em torno de um ponto singular regular x0 = 0, de tal modo que
pelas equações (8.62) e (8.63) lim x→0 x 1 2x = 1 2 lim x→0(x 22) = 0 valores finitos
com solução do tipo
y(x) = xr ∞ n=0 anxn = ∞ n=0 anxn+r com a0 = 0
e suas respectivas derivadas
dy dx = ∞ n=0 (n + r) anxn+r−1 e d2y dx2 = ∞ n=0 (n + r) (n + r − 1) anxn+r−2
que substituindo na equação diferencial inicial
∞
ou ∞ n=0 (n + r) (n + r − 1) anxn+r+ 1 2 ∞ n=0 (n + r) anxn+r+ 2 ∞ n=0 anxn+r+2 = 0
fazendo n → n − 2 no terceiro termo
∞ n=0 anxn+r+2= ∞ n=2 an−2xn+r portanto ∞ n=0 (n + r) (n + r − 1) anxn+r+ 1 2 ∞ n=0 (n + r) anxn+r+ 2 ∞ n=2 an−2xn+r = 0
Porém analizando a equação acima, percebe-se que todos os termos tem mesma potência (n + r) na variável x e índices n diferentes nos somatórios. Logo, desenvolvendo as duas primeiras séries até o termo n = 2, teremos r (r − 1) + r2a0xr+ r (r + 1) +r + 1 2 a1xn+r+ + "∞ n=2 (n + r) (n + r − 1) +12(n + r) an+ 2an−2 xn+r = 0
esta equação é válida somente quando os coeficientes do polinômio forem nulos, ou seja, r (r − 1) + r2a0 = 0 r (r + 1) + r + 1 2 a1 = 0 (n + r) (n + r − 1) + 12(n + r) an+ 2an−2 = 0, n ≥ 2
considerando a primeira equação em que a0 = 0
r (r − 1) + r 2 = 0 r = r1 = 1/2 r2 = 0
enquanto que na segunda, para os dois valores de r a1 = 0 e na terceira, an = − 2an−2 (n + r) n + r − 12 , n = 2, 3, ... .
Consideremos cada valor de r. De início para r = 1/2, temos an = − 2an−2 n n + 1 2 , n = 2, 3, ... .
expandindo alguns valores de n
a2 = − 2a0 2 2 + 1 2 = −2a50 a3 = 2a1 337 = 0 a4 = − 2a2 492 = 2a0 45 a5 = 0 a6 = 4a0 1755 ... e para r = 0 an = − 2an−2 n n − 12 , n = 2, 3, ... . a2 = − 2a0 3 a3 = 0 a4 = 2a0 21 a5 = 0 a6 = − 4a0 693 ... Portanto as duas soluções para cada valor de r serão
y1(x) = xr1 ∞ n=0 anxn= a0x1/2 1 − 2x 2 5 + 2x4 45 − 4x6 1755 + ... e ∞ 2x2 2x4 4x6
onde a0 de y1(x) é diferente do a0 de y2(x), pelo fato de terem sido obtidos do valor de cada r.
Portando a solução geral será
y(x) = y1(x) + y2(x) ou y(x) = C1x1/2 1 −2x 2 5 + 2x4 45 − 4x6 1755 + ... + C2 1 − 2x 2 3 + 2x4 21 − 4x6 693 + ...
onde C1 e C2 dependem das condições de contorno do problema. Note que nesse caso, duas soluções
L.I. foram obtidas. Exemplo 8.15
Calcular a solução geral, pelo método de Frobenius, da equação do oscilador harmônico
d2y
dx2 + w 2y = 0
onde w é uma constante (frequência de oscilação)
Solução Considerando a solução y(x) = ∞ n=0 anxn+r
e substituindo na equação diferencial
∞ n=0 an(n + r) (n + r − 1) xn+r−2+ w2 ∞ n=0 anxn+r = 0
fazendo-se a seguinte substituição no segundo somatório n → n − 2
∞ n=0 an(n + r) (n + r − 1) xn+r−2+ w2 ∞ n=2 an−2xn+r−2 = 0 e expandindo o primeiro termo até n = 2
a0r (r − 1) xr−2+ a1r (r + 1) xr−1+ ∞ n=2 an(n + r) (n + r − 1) xn+r−2+ w2 ∞ n=2 an−2xn+r−2 = 0 a0r (r − 1) xr−2+ a1r (r + 1) xr−1+ ∞ n=2 an(n + r) (n + r − 1) + w2an−2 xn+r−2 = 0 igualando a zero os coeficientes dos polinômios
a0r (r − 1) = 0
a1r (r + 1) = 0
como na primeira equação a0 = 0, teremos r = 0 e r = 1. Quando r = 0 o coeficiente a1 será
arbitrário, enquanto que r = 1 implica a1 = 0, logo pela terceira equação
a3 = a5 = a7 = ... = 0
e para cada valor de r
an = −w2 an−2 n(n − 1) para r = 0 bn= −w2 bn−2 n(n + 1) para r = 1 para n = 2, 4, ... a2 = − w2 2 a0 a4 = w4 4!a0 ... a2m= (−1)m w2m (2m)!a0 (m = 0, 1, 2...) e b2 = − w2 3!b0 b4 = w4 5!b0 ... b2m= (−1)m w2m (2m + 1)!b0 e as duas soluções serão
y1(x) = ∞ n=0 anxn+r = a0 3 1 − (wx) 2 2! + (wx)4 4! − ... 4 = a0cos(wx) e y2(x) = ∞ n=0 bnxn+r = b0 w 3 (wx) −(wx) 3 3! + (wx)5 5! − ... 4 = b0 w sen(wx) com soulção geral
y(x) = a0cos(wx) +
b0
w sen(wx) onde a0 e b0 são constantes definidas pelas condições de contorno.
8.6 Exercícios
1) Em cada uma das equações abaixo, determine se x0 = 0 é um ponto ordinário, singular regular
ou singular irregular.
a) xy′′+ (x − x3)y′+ (senx)y = 0 c) x (x + 1) y′′+ 2y′+ 3xy = 0
b) xy′′+ x2y′+ (ex− 1) y = 0 d) x2(1 − x2) y′′+ 2xy′ − 2y = 0
2) Ache duas soluções em série de Frobenius linearmente independente (com x > 0) para cada uma das equações diferenciais abaixo.
a) 2xy′′+ 3y′− y = 0
b) 2xy′′ −2y′− y = 0
3) A equação diferencial
x2y′′+ xy′ + x2y = 0
é definida como função de Bessel de ordem zero (a0 = 1) que tem como solução
y(x) = J0(x) Mostre que J0(x) = 1 − x2 4 + x4 64− x6 2304 + ... = ∞ n=0 (−1)n 22n(n!)2x 2n
8.7 Método de Separação de Variáveis
O método de separação de variáveis é uma técnica usada para separar uma equação diferencial parcial em outras equações independentes e resolve-las para cada variável da equação original.
Para mostrar esse método, escolhemos a seguinte equação
∇2Ψ + k2Ψ = 0 (8.77) que é muito comum nos mais variados sistemas físicos.
Dependendo do valor de k, a equação (8.77) pode assumir determinadas formas, de acordo com sua aplicação, tais como:
k2 = 0 → Equação de Laplace (Eletromagnetismo)
k2 = + cte → Equação de Helmholtz - Onda (Eletromagnetismo)
k2 = − cte → Equação Difusão (Termodinâmica)
k2 = cte x Energia Cinética → Equação Schrodinger - potencial nulo (Mec. Quântica)
8.7.1 Equação de Helmholtz em Coordenadas Cartesianas
Seja a equação de Helmholtz (equação de onda)∇2Ψ + k2Ψ = 0 (8.79) Considerando o laplaciano em coordenadas cartesianas, temos:
∂2Ψ ∂x2 + ∂2Ψ ∂y2 + ∂2Ψ ∂z2 + k 2Ψ = 0 (8.80)
Nosso objetivo é resolver a equação diferencial parcial (8.80) como um conjunto de equações diferenciais ordinárias. Para isso, faremos a seguinte separação de variáveis na solução Ψ
Ψx, y, z) = X(x)Y (y)Z(z) (8.81) que derivando em relação à x, y e z, independentemente
∂2Ψ ∂x2 = ∂2X ∂x2 Y Z = d2X dx2 Y Z ∂2Ψ ∂y2 = ∂2Y ∂y2 XZ = d2Y dy2 XZ ∂2Ψ ∂z2 = ∂2Z ∂z2XY = d2Z dz2XY (8.82) que substituindo em (8.80) Y Zd 2X dx2 + XZ d2Y dy2 + XY d2Z dz2 + k 2XY Z = 0 (8.83) dividindo por XY Z 1 X d2X dx2 + 1 Y d2Y dy2 + 1 Z d2Z dz2 + k 2 = 0 (8.84) e isolando a função X 1 X d2X dx2 = − 1 Y d2Y dy2 − 1 Z d2Z dz2 − k 2 (8.85)
Se analizarmos a equação (8.85), notaremos que a mesma sofre uma contradição, já que o resultado do lado esquerdo está em função somente da variável x, enquanto que o da direita em Y e Z. Para resolvermos este problema, admitiremos que os dois lados da equação são iguais a uma constante.
Com isso, igualando uma constante −l2 para os dois lados da equação (8.85)
1 X d2X dx2 = −l 2 (8.86) −Y1 d 2Y dy2 − 1 Z d2Z dz2 − k 2 = −l2 (8.87) onde o sinal da constante é completamente arbitrário, já que a mesma depende das condições de
A equação (8.86)
d2X
dx2 + Xl
2 = 0 (8.88)
é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com coeficientes constantes, conhecida como
equação do oscilador harmônico e que tem Xl(x) como solução.
Voltando a equação (8.87) e aplicando a mesma técnica de separação por constante, teremos 1 Y d2Y dy2 = l 2 − k2 −Z1d 2Z dz2 = −m 2 (8.89)
o que nos dara
d2Y dy2 + m 2Y = 0 (8.90) d2Z dz2 + n 2Z = 0 (8.91)
onde n2 = k2 − l2− m2 e cuja as soluções são Y
m(y) e Zn(z).
Portanto, a solução geral, substituindo as soluções Xl(x), Ym(y) e Zn(z) em (8.81)
Ψ(x, y, z) = Xl(x)Ym(y)Zn(z) (8.92)
8.7.2 Equação de Helmholtz em Coordenadas Cilíndrícas
Considerando Ψ(ρ, θ, ϕ), teremos que a equação de Helmholtz∇2Ψ(ρ, θ, ϕ) + k2Ψ(ρ, θ, ϕ) = 0 (8.93) que, substituindo o laplaciano em coordenadas cilíndricas
1 ρ ∂ ∂ρ ρ∂Ψ ∂ρ + 1 ρ2 ∂2Ψ ∂ϕ2 + ∂2Ψ ∂z2 + k 2Ψ = 0 (8.94)
admitindo uma solução com variáveis separáveis
Ψ(ρ, θ, ϕ) = P (ρ)Φ(ϕ)Z(z) (8.95) e substituindo em (8.93) 1 ρ ∂ ∂ρ ρ∂(P ΦZ) ∂ρ + 1 ρ2 ∂2(P ΦZ) ∂ϕ2 + ∂2(P ΦZ) ∂z2 + k 2(P ΦZ) = 0 (8.96)
dividindo toda equação por P ΦZ e isolando a variável z 1 1 P ρ d dρ(ρ dP dρ) + 1 Φρ2 d2Φ dϕ2 + k 2 = −Z1d 2Z dz2 (8.97)
admitindo −l2 como constante de separação
d2Z
dz2 − l
1 P ρ d dρ(ρ dP dρ) + 1 Φρ2 d2Φ dϕ2 + k 2 = −l2 (8.99) com solução Zl(z) para (8.98). Fazendo n2 = k2+ l2 em (8.99), teremos
ρ P d dρ(ρ dP dρ) + ρ 2n2 = −Φ1 d 2Φ dϕ2 (8.100)
de tal modo, que o lado direito da equação será d2Φ
dϕ2 − m
2Φ = 0 (8.101)
que tem como solução Φm(ϕ).
Logo, a equação (8.100) será ρ d dρ(ρ dP dρ) + ρ2n2− m2P = 0 (8.102) ρ2d 2P dρ2 + ρ dP dρ + ρ2n2− m2P = 0 (8.103) a equação acima é definida como equação diferencial de Bessel que tem como solução
P (ρ) = AJν(ρ) + BNν(ρ) (8.104)
e que será estudada no próximo capítulo.
Com isso, a solução geral da equação (8.93) será
Ψ(ρ, θ, ϕ) = P (ρ)Φm(ϕ)Zl(z) (8.105)
8.7.3 Equação de Schrödinger - Coordenadas Esféricas
A equação de Schrödinger, para um potencial V−ℏ 2 2m∇ 2Ψ(r, θ, ϕ) + V Ψ(r, θ, ϕ) = 0 (8.106) −ℏ 2 2m∇ 2 Ψ + (V − E)Ψ = 0 (8.107) substituindo o Laplaciano em coordenadas esféricas
−ℏ 2 2m 1 r2 ∂ ∂r r2∂Ψ ∂r + 1 r2sin θ ∂ ∂θ sin θ∂ψ ∂θ + 1 r2sin2θ ∂2ψ ∂ϕ2 + (V − E)Ψ = 0 (8.108) Considerando uma solução que separam as partes radial R(r) e angular Y (θ, ϕ), teremos
que substituindo em (8.108) −ℏ 2 2m Y r2 ∂ ∂r r2∂R ∂r + R r2sin θ ∂ ∂θ sin θ∂Y ∂θ + R r2sin2θ ∂2Y ∂ϕ2 + (V − E)RY = 0 (8.110) e separando as variáveis 1 R d dr r2dR dr − 2mℏ2 r2(V − E) = −1 Y 1 sin θ ∂ ∂θ sin θ∂Y ∂θ + 1 sin2θ ∂2ψ ∂ϕ2 (8.111) Igualando ambos os lados à constante l (l + 1) (a justificativa dessa escolha é devido à quantização do momento angular). Portanto 1 R d dr r2dR dr −2mℏ2 r2(V − E) = l (l + 1) → Equação Radial (8.112) 1 Y 1 sin θ ∂ ∂θ sin θ∂Y ∂θ + 1 sin2θ ∂2ψ ∂ϕ2 = −l (l + 1) → Equação Angular (8.113) Podendo ainda a equação angular ser separada por uma outra solução
Y (θ, ϕ) = Θ(θ)Ψ(ϕ) (8.114) que gera duas outras equações por meio de uma nova constante de separação m2
1 Θ sin θ d dθ sin θdΘ dθ + l (l + 1) sin2θ = m2 (8.115) 1 Φ d2ψ dϕ2 = −m 2 (8.116)
8.8 Exercícios
1. Mostre que a equação de Helmholtz é separável em coordenadas cilíndricas se k2 for generalizado
para k2+ f (ρ) + (1/ρ2)g(ϕ) + h(z) 2. Verifique se a equação ∇2Ψ(r, θ, ϕ) + k2+ f (r) + 1 r2g(θ) + 1 r2sin2θh(ϕ) Ψ(r, θ, ϕ) = 0 é separável em coordenadas esféricas. Onde k2 é uma constante.
3. Resolva a equação de Helmholtz, pelo método de separação de variáveis, em coordenadas esféricas. Admita uma solução do tipo
sendo −m2 e −Q2 as constantes de separação.
4. Da equação de difusão do calor
∂T(r, t) ∂t = k∇
2T(r, t)
admita uma solução do tipo
T = Ψ(r, θ, ϕ)T (t) e mostre que a equação radial tem a forma padrão
r2d 2R dr2 + 2r dR dr + [α 2r2 − n(n + 1)]R = 0 ; n → inteiro
5. Da equação de Laplace em coordenadas esféricas, para um potencial V . Calcule as equações por separação de variáveis para r e θ. Admita uma simetria azimuthal no potencial e uma constante de separação igual a l(l + 1).
6. Da equação de Schrodinger HΨ(r, θ, ϕ) = EΨ(r, θ, ϕ), onde H é o Hamiltoniano em função do operador L2 H = − 2 2m 1 r ∂2 ∂r2(r) + 1 2m 1 r2L 2+ V (r)
mostre que as equações, radial e angular, são − 2 2m 1 r d2 dr2(r) + l(l + 1) 2 2m 1 r2 + V (r) R(r) = ER(r) e − ∂ ∂θ2 + 1 tan θ ∂ ∂θ + 1 sin2θ ∂2 ∂ϕ2 Ylm(θ, ϕ) = l(l + 1)Ylm(θ, ϕ) Dica
Admita a equação de autovalor, para o momento angular L2Ψ(r, θ, ϕ) = l(l + 1)2Ψ(r, θ, ϕ)
7. As coordenadas parabólicas (ξ, η, φ) de um ponto no espaço são definidas pelas relações x = 0ξη cos φ z = 1
2(ξ − η) y = 0ξη sin φ r = 1
2(ξ + η). Admitindo uma solução
com um potencial coulombiano
V (r) = − Ze
2
(4πε0)r
.
Mostre que a equação de Schrodinger pode ser substituida pelas equações d dξ ξdf1 dξ − 1 4λ 2 ξ + m 2 4ξ + ν1 f1 = 0 d dη ηdf2 dη − 1 4λ 2η + m2 4η + ν2 f2 = 0 onde λ2
= −2M E2 e ν1, ν2 são as constante de separação, dadas por
ν1+ ν2 = −
Ze2
4πε0
M 2