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Editorial. Para contatos e números anteriores:

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Academic year: 2021

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Editorial

Para contatos e números anteriores:

Com capa de Law Tissot, esse número do Reboco chega cantando pneu pela contra. Logo abaixo do editorial e contatos podemos encontrar uma ilustração do mestre Alexandre Mendes, mostrando que mesmo no momento de se levantar e ir a luta ainda existe uma parcela da população que, apesar de ser oprimida e abandonada na atual situação, ainda está presa pelas correntes do sistema. Vamos romper as grades dessa prisão, minha gente. Na página seguinte temos escritos de alguns bons amigos. Vale a pena dar aquela conferida. Depois vem a primeira entrevista desta edição. A banda Sakhet manda o recado de forma direta e vigorosa, como seu som. A página quatro se preenche com mais escritos de amigos, além de uma dica cinematográfica do irmão Winter Bastos. Na sequência temos outras entrevistas. Dessa vez o papo é com a zineira e escritora Giselle de Andrade e com o super Wender Zanon. O grande Murilouco manda mais um delírio daqueles e Solano Gualda fecha os trabalhos mostrando com quantos riscos se faz um desenho.

Ufa... É isso.

Boa leitura e boa viagem.

fsb1975@yahoo.com.br

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REBOCO CAÍDO#19 Pag 2

Coisas da gente

Por Renata Machado Setti

Eles dizem que o país corre para frente, só que o que chamam de desenvolvimento eco-nômico é indiferente, o reflexo da realidade doente, pus da enfermidade de tanta gente. O alimento mastigado que colocam na nossa boca é indigente, nós mesmos o produzimos de forma incompetente, toda vez que ignora-mos nosso “ente”. Infelizmente ainda quere-mos dizer que soquere-mos inocentes.

Por Renata Guadagnin Não tenho conseguido dormir há muitas coisas em mim noites e ruas escuras os barulhos das bombas os cavalos emudecidos de uma cegueira estúpida o mundo em pulsão vejo da janela as grades

Reflexão I

Por Ivan Silva

Lucy é uma criança de seis anos. Ela gosta de assistir TV e de se espelhar na nova bo-neca Molly. TV qualquer um sabe o que é, não sabe? Bom, mais adiante explico. Molly é uma boneca sapeca, moderna, que tem voz e até musiquinha. Deram até mais vida a essa danada, pondo nela um mecanismo: o de beber o que está em estado líquido e fazer xixi. Lucy adora isso, na cabeça dela ela quer muito a boneca. O pai e a mãe de Lucy… ah, eles a amam! Compram tudo o que ela diz que quer. Agora mesmo, por exemplo, saíram para comprar essa Molly, é mole? Deixaram Lucy sozinha… Querem dar a ela tudo o que não tiveram um dia. Se Lucy corre perigo com a ausência dos dois? Não sei, “melhor só do que em má compa-nhia”, mas seu pai e sua mãe esfriam o san-gue dizendo que a TV é uma ótima babá. E mais, para eles Lucy e Molly são uma só! Ambas adoram TV!

de todos os lados imundos da podre realidade

ratos, porões, esgotos e patrões o sofrimento frio, individual os barulhos de massa a ruptura quente dos padrões

Inútil Contemporâneo

Por Cleber Araújo

Escrevia, mas não lia Ouvia e não entendia

Apaixonava-se, mas não sofria Cantava, sem poesia

Não precisava, mas consumia Pagava e sempre devia Caminhava, pra onde ia? Existia, mas não vivia.

Vazio na alma Por Ivan Silva

A mídia na borda da mente acomodada excreta: merda, baldes e baldes de desejos voltados ao consumismo. Caganeira até sair do ar a emissora sentada no trono. Demente cabeça de tampa erguida que entopida disso e mais alimentada dá em si descarga. E na risada renova toda a porcaria. No dia seguinte, há de comprar a cobaia involuntária que ontem ria tudo aquilo que achar necessário sem perceber o vazio na alma?

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Porque rock é rock mesmo

Por Fabio da Silva Barbosa

Formada em Niterói, Rio de Janeiro, a banda Sakhet conta com Jana Lemos (baixo e vocal), Carlos Outor (guitarra) e Pedro Hertman (bateria). O som é um rock que fala por si só (não adianta tentar explicar, é uma daquelas coisas que beiram o indizível) e pode ser conferido no www.reverbnation.com/sakhet. Tanto o vocal quanto o instrumental se completam em perfeita fúria e energia. Então aumenta o som e curta a quebradeira.

Novas tecnologias, modismos, massificação... e no meio disso três seres se unem para fazer o bom e velho rock. Como é isso?

Exatamente. Nossa intenção é resgatar o velho espírito de rebeldia e contracultura do rock n roll, caminhando justamente contra a maré. Inovar voltando ao antigo. Tanta coisa inventada e cada vez mais fica-se distante da verdadeira ideologia de libertação do estilo. E a temática, as letras... Qual é a fonte?

A fonte das letras são nossos pensamentos, nossa perspectiva da realidade, dos eventos do mundo, das pessoas. São críticas, mas são também uma ode as coisas boas da vida. Vocês possuem outros projetos ou a sakhet é filha única desse poderoso trio?

Projeto de Doom metal onde todos participamos com o Rodrigo Freire. Tenho outros em andamento. Em breve terei novidades. O Carlos é do Imperador Belial e do Embalsamado. Falando nisso: O que é Sakhet?

Sakhet é uma deusa da mitologia egípcia ordenada por Rá para punir a humanidade. Ela foi tão feroz em sua missão que ele teve de embebedá-la com vinho para que ela parasse. Existe verdade?

A verdade é um ponto de vista. E o futuro?

Estamos lançando um 7" em vinil esse mês, “A caminho do inferno”, com 3 novos sons furiosos. Temos previsão de alguns outros lançamentos futuramente. Enquanto is-so, seguimos tocando por aí, espalhando nossa mensagem. Tocaremos dia 10 de novembro aqui no Rio de Janeiro, ao lado de grandes bandas do cenário carioca (UnhaliGäst, Atomic Roar e Velho). Será um prazer enorme participar dessa reunião de amigos.

Algo ou alguém que deveria ser cagado do mundo e por qual motivo?

Falsos moralistas que gostam de ditar regras na vida dos outros, não contribuem em na-da, atrapalham a cena com inveja e covardia ou insistem em unir o cristianismo ao rock.

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REBOCO CAÍDO #19

Conclusão

Por Diego EL Khouri

Enfim... cheguei à conclusão. Esse verso "na terra da rua do mangue eu vi meu giras-sol" é meu mesmo. Tanta coisa escrita que o próprio autor se perde...

Essa Noite

Por Diego EL Khouri

Fui no mercado comprar cigarro e um verso não saiu de minha cabeça um só momento e ainda permancece obssessivamente ron-dando em meus pensamentos todo segun-do: "na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol...". Quem é o autor? Alguém poderia me dizer? Infelizmente não lembro... mas fixou em minha cabeça de um jeito ex-tremamente obssessivo... "na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol..."

Gripe

Por Monotelha

Vomitando flores e vodka dança planeta terra vela do barco quebrada Rádio chiado balé ruído meninos e meninas esterco na sala de espera é um cavalo chamado tempo Coração dolorido

esperando carinho solidão e chá Vírus e olhos

descanso do trabalho uma gripe me ama

Uma boa opção de filme nacional

Por Winter Bastos/Colaboração: Tânia R

Passaram-se décadas, mas os pro-blemas econômicos das grandes metrópo-les brasileiras não mudaram tanto assim. “O Homem que virou Suco”, de 1979, é o filme mais conhecido do diretor João Ba-tista de Andrade, que também assina o ro-teiro. O longametragem colorido, com 95 min, conta a história de Deraldo (muito bem interpretado por José Dumont), poeta po-pular do Nordeste, chegado a São Paulo, sobrevivendo apenas de suas poesias em folhetos. Problemas financeiros, pressão dos vizinhos, exigência de documentos, tudo atrapalha o nordestino a se dedicar com exclusividade ao cordel. A vida se tor-na ainda mais difícil quando ele é confun-dido com um operário de multinacional que – durante a cerimônia em que lhe conferiri-am o título de “operário símbolo” – matou o patrão a facadas.

A obra mostra os problemas pelos quais passa o retirante nordestino através de cenas às vezes líricas, outras dramáti-cas; mas também há passagens cômicas bastante interessantes.

Em 1980, o filme levou o Troféu Candango (melhor ator) do Festival de Brasília. Foi vencedor do Grande Prêmio do Festival de Moscou, um dos mais impor-tantes do mundo, em 1981. No mesmo ano ganhou três troféus Kikito no Festival de Gramado: melhor roteiro, ator (José Dumont) e ator coadjuvante (Denoy de Oli-veira). José Dumont foi premiado ainda, em 1983, no Festival de Huelva, na Espanha, por sua atuação neste marco do cinema brasileiro.

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Pag 5 #19 Letras marginais

Por Fabio da Silva Barbosa

O zine Desconexões Neurais é um trabalho que já se diferencia pelas capas e segue trazendo surpresas a cada página. Como se dá o processo de criação?

A produção das Desconexões busca ser o mais livre possível. Procuro não me deter em um modelo e estou sempre procurando novos exemplos a fim de estimular a criatividade. Geralmente a produção dos poemas vai acontecendo de forma espontânea, com o tempo, sendo registrada em um caderninho que levo sempre comigo. Já a produção e a montagem do zine é feita quase toda em um único dia. Para que aconteça, procuro ter à mão folhas, tesoura, cola, canetas diversas, recortes de revistas, os poemas impressos, meus e dos amigos, os desenhos para interior e capa, geralmente presenteados por amigos, a mente livre e a partir daí a coisa vai acontecendo por si só. Acredito que o processo de criação sempre se beneficia com o exercício da liberdade.

E o livro? Gostei bastante de ler sua obra. Fale um pouco sobre esse clássico antológico do delírio.

Ah, fico feliz. O livro foi a realização de um grande sonho. Sonho que se tornou

Giselle de Andrade é escritora e zineira, produz o zine Desconexões Neurais e lançou o livro Antologia ao Delírio, pela Coisa Edições. Com um trabalho sólido, ao mesmo tempo que fluído, essa guerreira das letras cedeu um pouco de seu tempo para falar sobre sua produção independente e livre.

possível com a descoberta dos Fanzines e das Publicações Independentes e com o inestimável apoio da Coisa Edições. Sou acadêmica do curso de Licenciatura em Letras na Ufrgs e quando busquei o curso minha real intenção, porém inicialmente oculta, era esta: Tornar-me escritora, ser publicada e reconhecida por isso. E destaco o oculta porque ao chegar na academia me deparei com todas as imposições e repressões, sempre reproduzidas e reforçadas sobre quem expressa esse tipo de sonho. Uma grande lástima, na verdade, quando se pensa que o papel do professor é justamente incentivar a leitura, a escrita, a comunicação. Então acredito que foi a cultura extra-acadêmica, do Faça Você Mesmo, que me mostrou e ensinou que tudo pode ser possível quando se luta pela liberdade. Quais suas principais influências? Penso que somos influenciados por tudo que nos rodeia, por nossas experiências, nossos afetos, desafetos, inquietações. Mas pensando em influências literárias propriamente, sempre destaco o Velho Bukowski, com quem identifiquei e tenho desenvolvido minha escrita, e o Fernando Pessoa, de quem as mil faces sempre estimulam minha criatividade a cada linha. O que tá rolando de novidade e que a galera não pode deixar de ler?

Tenho visto e recebido publicações muito legais. Sempre é bom quando chega mais um correio, não é?

Mas vou destacar os trabalhos do Gazy Andraus, de quem recebi zines com ilustrações poéticas fantásticas, e da Coisa

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Pag 6 REBOCO CAÍDO #19

Edições, que além da Antologia ao Delírio já está produzindo seu décimo título, sempre se dedicando a publicar e incentivar o pessoal, dando aquele empurrãozinho que geralmente falta para que coisas maravilhosas escapem do conforto e segurança das gavetas. O que está por vir?

Ah, o próximo projeto das Desconexões. Além dos zines, que começarão a ter publicação mensal, acontecerá a publicação de mais uma Edição Especial (a primeira foi o livro artesanal 20 Poemas de Amor sobre um Céu Azul), que deverá ser lançada em Outubro, e desta vez será formada por poemas de alunos da disciplina eletiva de Poesia Brasileira, ministrada pelo professor Paulo Seben, do curso de Letras da Ufrgs. Esta edição se chamará Grandes Paródias da Poesia Brasileira. Aguardem!

Produção e resistência Por Fabio da Silva Barbosa

Wender Zanon é um da-queles caras que estão

sempre fazendo, pro-duzindo, criando, atuando em

diver-sas frentes. En-tão vamos na andança, tro-cando ideias e vendo qual é. Comecemos falando sobre o Change your Life. Como foi a construção desse som furioso e em que pé estão as coisas? A banda começou por pilha do Guilherme (do funzine Outono ou nada e que atualmen-te toca na Ornitorrincos e na xarmox). Ele que escolheu cada cabeça, chamou, marcou ensaio e fez os primeiros sons. A banda tro-cou de formação algumas vezes. Da original restou o Insekto e eu. O Insekto no início to-cava baixo e eu sempre fiquei gritando desafi-nadamente. Hoje a banda conta com o Jonas (dpsmkr) no baixo e o Anão na Bateria, além do Insekto e eu. O “massa” dessas trocas é que o cara percebe uma evolução, algum a-prendizado em cada uma, tipo, a banda co-meçou tocando um fastcore, powerviolence e hoje, de forma natural, através das nossas influências, do que escutamos, a banda tá

mais pesada, mais consistente, saca? Diria que hoje até arriscamos uns metal algumas vezes. Saca? Uma evolução natural, diria. Hehe Estamos gravando um material novo pra marcar essa “nova” fase da banda. Essa parada deve sair até a metade de 2014. O foda é que a gente é enrolado pra caramba e cada um mora em uma cidade diferente. Uma hora o cara tá com vontade e tempo pra ensaiar, outra hora o cara tá desempre-gado, outra hora o cara tá sem grana, outra hora o cara tá viajando e por aí vai. Mas a gente mantem um ritmo até. Hehe. Quem quiser ouvir o nosso som: www.change yourlife.bandcamp.com

Observei que a cena no RS é bem ativa (pelo menos nos poucos lugares em que passei até agora - Porto Alegre e arredores). Como se dá a manutenção desse circuito? Acho que existem pessoas que não deixam de produzir e não deixam essa chama apa-gar. Esse circuito acontece através destas pessoas que possuem uma pilha imensa, sabe? Acho que é por isso que essa tal ce-na pode parecer bem ativa. Saca? Sempre vai ter em algum canto uma ovelha negra, ehehe, alguém que tá insatisfeito com a vida e que vai tentar mudar o ambiente em que vive. Alguém que não vai calar. Sempre vai ter alguém fazendo um zine, montando uma banda, pintando um quadro, grafitando

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uma parede ou produzindo algo. (Ao menos é isso que espero). O cara sempre passa por essa fase de descobertas e por essa “pilha” de produzir e expor pro mundo seus sentimen-tos. Há urgência em estar vivo, diria o Dead Fish. Enfim, voltando a pergunta... acho que a manutenção desse circuito se monta através disso. Das necessidades, das vontades, an-gustias e do prazer que é estar envolvido com isso. Quando vou organizar um show, penso em quem eu quero que esteja perto. Podem chamar de panela, mas não vou chamar uma banda ou um artista, fanzineiro, ou sei lá o que, que eu não concordo com a postura pra participar de um evento com meus amigos, saca? Pode parecer meio arrogante, mas eu penso nisso. Conheço muita gente que viven-cia o underground de diversas formas, mas em todos sinto a gana de participar disso. Acho que é através dessa gana que conse-guimos movimentar o que está ao nosso al-cance. Tá envolvido no bagulho quem quer e quem tá não mede esforços pra fazer algo. E os fanzines?

Cara, também, mas por muitas vezes sou mais um fascinado sobre o bagulho, sabe? Tipo, eu devo ter feito uns cinco ou seis fanzines na minha vida, a maioria não teve nem duas edições. Quando conheci o fanzine, teve algo que chamou muito a minha atenção. Tenho estudado muito sobre os processos pelo qual o fanzine circula. Virou meu objeto de estudo na faculdade, fiz meu tcc sobre isso e tô pen-sando em ir em frente, quem sabe com um mestrado. Quero lançar até o final do ano esse meu tcc em formato fanzine. Ele tá pronto, só faltam algumas correções, hehe. O título desse trabalho é: “Fanzines: Uma rede social off-line”. Não adianta falar tanto sobre e não fazer um também, né? Então entrei numa pilha tre-menda com fanzines e tenho rabiscado algu-mas ideias. Minha companheira também tá muito na pilha de produzir, trocar e conhecer coisas novas através dos fanzines. Daí duas

cabeças pensando, pensam melhor que uma. Estamos organizando a primeira edição do zine “Sujeira do Umbigo”. (Al-guém sabe se já existiu alguma publicação com este nome?). Vai ser um fanzine volta-do as nossas angustias e emoções com o mundo que nos cerca. Vai ter um lance de “fanzine pessoal”, mas também vamos mesclar com entrevistas.

Ah! Recentemente, o Jamer Mello me convidou pra participar do Zinescópio (zinescopio.wordpress.com). A ideia é fa-zer da parada um coletivo. Pensamos em várias ações, mas o tempo e a preguiça tomaram conta da gente. Mas agora vol-tamos a batalhar pra que isso aconteça. Em breve vamos anunciar alguma novi-dade. Aguardem!!!

Sobre essa tendência de levar o fanzine para dentro do meio acadêmico, como você vê essa conexão entre mundos extremamente opostos?

Cara, são bem opostos, mas temos que nos infiltrar, saca? Um bagulho meio que cavalo de Tróia. Deve ser como levar arte de rua pro museu, eu acho. É mais um es-paço conquistado. Talvez as pessoas de lá não nos curtam tanto, hehe, mas vão ter que nos aguentar. Muitas vezes acho um saco ter que estudar algo velho ou que não representa esse mundo que a gente vive, mas é história.

Acho que a história do fanzine no Brasil é algo recente, mas daqui a pouco tá com-pletando 100 anos. De um tempo pra cá, essas publicações tem ganhando mais força novamente, pelo menos no Brasil. É preciso entender isso. Pow! Porque a arte pop foi parar no museu? Porque virou objeto de estudo? Porque o fanzine hoje é muito mais ligado a essa coisa de “artista”? Com esse meu trabalho, cheguei a conclusão de que a internet imita muito o fanzine. Porque analisam tanto a internet

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Pag 8 REBOCO CAÍDO#19

e não o fanzine? As redes sociais estavam aí no fanzine já, bem antes da internet che-gar. O fanzine deixou e vai deixar muita his-tória pra contar e pra pesquisar. O fanzine criou novos estilos e ainda pode criar. Acho interessantíssimo estudar isso. Linguagem, colagem, edição, linha editorial ou a falta de tudo isso. E levar pra um meio, que é tão “quadrado” como é o meio acadêmico, toda essa subversão que o fanzine proporciona. Quem sabe a gente não consegue subverter algo por lá também, né? E outra coisa, tem tanto assunto tosco no meio acadêmico, tanto assunto batido, porque não estudar algo novo e que diz muito mais sobre o universo que eu presencio?

Como tem andado o filme Rosas? O que as pessoas podem esperar?

Cara, o filme Rosas é um projeto do Ricardo Ghiorzi, da Fantoche Filmes. O bixo sempre foi envolvido com cinema. Há um bom tempo vem fazendo efeitos pra diversos fil-mes nacionais e agora ele resolveu começar a produzir o próprio material e me chamou pra ajudar em algumas coisas. No Rosas, que é um curta-metragem de terror, tô dando uma mão na parte de iluminação. Acho que é isso. Sou master pilhado em cinema tam-bém. Tanto que acabei o curso de jornalismo e emendei um curso de produção audiovisual.

Entre tantas atividades, como conseguir tempo para solucionar os problemas do cotidiano (comida, moradia, vestimenta, locomoção...)?

Bixo, na real eu acho que faço pouco ainda. Cada coisa tem seu tempo e tempo o cara sempre acaba tendo, de uma forma ou outra. O que fode é a cabeça do cara que fica em-polgada com tudo. Muitas vezes eu tô para-do sem fazer nada, mas com a cabeça a mil e dai não sei por onde começar. Hehe Sou desorganizado pra caramba. Enfim, mas eu trabalho, faço alguns freelas, estudo e faço

tudo o que vc perguntou antes. Acho que cada um tem as suas prioridades. Não quero ter que trabalhar pra pagar as mil prestações de um carro, saca? Tenho pedalado quase duas horas todo dia pra ir e voltar dos cur-sos e isso tá me fazendo muito bem. Talvez amanhã as coisas não vão ser assim, saca? Mas o amanhã tá muito longe. Quando se tem a oportunidade de viver um dia de cada vez, se vive um dia de cada vez.

Falando em problemas gerados por essa sociedade que nos cerca, presenciamos uma série de protestos englobando um número considerável de pessoas mostrando sua in-satisfação nas ruas. Como você analisaria? Que pergunta cabulosa! Tô há duas horas tentando desenvolver algo e não tá fluindo. Espero que todas as pessoas que foram para as ruas tenham sido motivadas através dessa insatisfação que você diz. Tenho minhas dúvidas, mas não vou me prender nisso também. Espero que isso tenha feito as pessoas pensarem. Muita gente foi pra rua pensando que era uma festa, chegou lá e viu a realidade. Não sei ainda no que isso vai mudar ou qual herança essa onda de manifestações vai deixar. Talvez daqui alguns anos mudem nossos governantes ou talvez a gente consiga derrubar todos eles de uma vez por todas. Não sei qual melhor caminho a seguir. Só que teve muita gente que só acordou agora, enquanto milhares de outras pessoas nunca estiveram dormindo, saca? Daí as pessoas foram pra rua com muita vontade e sem nenhum foco, sem nenhuma reclamação, sem nada, saca? Daí não dá! Algumas pessoas acordam com um grande vazio e permanecem nesse grande vazio. Ainda tem as pessoas que lutam de verdade. Sempre teve e sempre terá. Mas sempre vai ter também uns idiotas, que acabam sendo a maioria, que se apropriam do discurso, que aproveitam a situação, isso me dá nojo, bixo. Não sei como lidar e muito menos como

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Por Murilo Pereira Dias onde encontrar uma verdade humana real

assim como incompreender parte da vida feia e fedorenta

sem qualquer forma de educação

qualquer tipo de sanidade em padrões de comportamento adequação social

o ser em seu chingamento chora seu desprezo

chora o que não sabe o que sente... apenas chora...apenas chinga... quer a velocidade conforme seus desejos de merda

na verdade todos são assim...apenas produzem merda para sentirem prazer em eliminá-las... sentem-se numa hierarquia por estarem existindo numa ilusão sem sentido de certo ponto de vista... de outro não... são tantas razões que retiram as possibilidades de senti-do... como flutuar no cosmo... ou submerso no oceano,,, simplesmente perdido nos pensa-mentos... o ser se revela inútil ou totalmente despreparado... muito capaz e ambicioso... inteligente e empreendedor... tudo como um jogo de sorte ou azar,,, do destino que lança sua moeda sem saber para quem não importanto quando vai ser o dia da cara ou da coroa!!!

não importanto quem sabe mais,,, pois o que sabe não vão entender,,, não importando beleza, pois a vida não é bela... não importando a feiura pois não se vê aspectos ... ve-se correria... como formigas que fogem do fogo... vê-se fome... fome de vida... de alimento... de não precisar ser o minimo que é requisitado... não querem ser.... querem ser cada vez mais... o que querem ser... se não terão a vez... se já tiveram e não perceberam... se já fora a hora de parar... desisitr... se acomodar... o que será??? porque é tão incomum a verdade da verdade... se parecem ser a mesma coisa.... quando entre ela existe muita mentira que revela a verdade... e nos faz então entender... ou passar desapercebido como um caminho confuso que não conduz e consegue fazer parar... fazendo querer correr para continuar... para quem canta para que não pode ouvir... para quem tem que vigiar os que vigiam... para que tantos ques possam existir... para que não pare de ler... para repetir as palavras... para haver encanto... princesas... monstros... terror... uma hora vai ter que voltar para casa... para quem tem casa... uma hora vai pegar no sono... isso todos terão que fa-zer...!!!!!!!!

analisar tudo isso. Só quem vive, sente a revolta, saca?

E daqui pra frente, qual caminho você acredita que será seguido?

Nenhuma mudança acontece sem ação efetiva. O povo que “acordou” há pouco

tem que compreender isso. E quem luta e sempre lutou vai permanecer na luta. É hora de quem tem iPhone ir pra rua e registrar o que tá rolando, eheh, sabe? Não quer ir pra linha de frente, mas colabora de alguma forma. Ficar repetindo discursos e pintar a cara não vai adiantar.

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Referências

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