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Direito Penal Parte VIII Teoria do Delito Item 10 Culpabilidade

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Direito Penal

Parte VIII – Teoria do Delito

Item 10 – Culpabilidade

(2)

1.

Noções Introdutórias

Sobre Culpabilidade

(3)

Noções Introdutórias sobre Culpabilidade

A culpabilidade é o que requisito que se incorpora ao injusto penal para

completar o conteúdo do crime.

Crime é fato típico, antijurídico e culpável, que autoriza a aplicação de uma pena com a presença dos requisitos da punibilidade.

Enquanto o injusto penal é categoria impessoal do fato, que se fundamenta

em sua oposição ao direito, a culpabilidade é a possibilidade de se atribuir e

responsabilizar a pessoa por esse fato.

A culpabilidade tempo por conteúdo as condições necessárias para que se possa

(4)

Noções Introdutórias sobre Culpabilidade

A culpabilidade possui duas concepções essenciais ao direito penal:

1) Princípio da culpabilidade: impede a responsabilidade penal objetiva;

2) Requisito do delito: não basta a prática de fato típico sem a existência de causas de justificação. É necessário poder se responsabilizar o sujeito por seu comportamento.

(5)

Culpabilidade é um requisito

do delito?

(6)

Noções Introdutórias sobre Culpabilidade

Apesar de a culpabilidade estar diretamente ligada à reprovação da conduta

individual e à responsabilização individual, não deixa de ser requisito do crime.

Fundamenta e limita e pena aplicável.

O fato, apesar de típico e antijurídico, deve ser também culpável: atribuível ao sujeito

(7)

2.

Evolução Histórica

Do Conceito de Culpabilidade

(8)

Evolução Histórica da Culpabilidade

Conceito puramente psicológico de culpabilidade

No período causal-naturalista, a culpabilidade era o requisito autônomo do delito no

qual se concentravam os elementos subjetivos: imputabilidade, dolo e culpa.

Cisão entre os elementos objetivos (injusto penal) e subjetivos (culpabilidade).

□ O juízo sobre o valor jurídico ou moral da ação depende da imputabilidade do agente e da imputação do resultado, quando o resultado foi previsto (dolo) ou poderia sê-lo (culpa) (Franz von Liszt).

Sustenta-se no juízo de reprovação por elementos puramente subjetivos:Capacidade de responder (imputabilidade);

Previsão do resultado lesivo (dolo ou culpa).

Reveste-se de caráter meramente formal, pois se limita a observar os vínculos

(9)

Evolução Histórica da Culpabilidade

Conceito psicológico-normativo de culpabilidade

□ Derivado da concepção neokantiana e atribuído à Reinhard Frank.

Deixa de ser simples vínculo psicológico e passa a ser o juízo de valor negativo da

conduta ilícita.

Torna-se censura ou reprovabilidade do crime.

Tal juízo de censura agrega-se aos elementos subjetivos já existentes, o que torna a

culpabilidade formada por:

Imputabilidade (aptidão normal);

Dolo ou culpa (relação psíquica concreta do autor com o fato);

Reprovação (normalidade das circunstâncias em que o autor atua).

Se uma pessoa imputável realiza um fato antijurídico, consciente ou podendo estar

(10)

Evolução Histórica da Culpabilidade

Conceito psicológico-normativo de culpabilidade

Tem o mérito de valorizar o homem, pois individualiza a imputação e limita o poder

punitivo do Estado por meio de considerações sobre as circunstâncias individuais do sujeito.

Reconhece a possibilidade de o sujeito agir conforme o direito, no caso concreto, a partir

de circunstâncias do caso particular.

Poder de atuar: se o autor se encontrar numa situação psíquica que exclui sua imputação, não possui imputabilidade; se faltou dolo ou culpa na conduta, falta a forma de culpabilidade necessária à reprovação; há circunstâncias especiais pelas quais não se pode reprovar o comportamento de alguém, pois não se poderia exigir outra conduta dele, ou seja, causas especiais de exclusão de culpabilidade (Edmund

(11)

Evolução Histórica da Culpabilidade

Conceito normativo de culpabilidade

□ Desenvolvido por Hans Welzel.

Separa-se a valoração (juízo de reprovação sobre o comportamento) do objeto de

valoração (dolo e culpa), deslocados para a tipicidade.

Mantém o juízo de reprovação pessoal quando o autor pratica o injusto penal apesar de ter podido se comportar conforme a norma.

□ Conteúdo da culpabilidade:

1) Capacidade de imputação (imputabilidade);2) Potencial consciência da ilicitude do fato;3) Inexigibilidade de conduta diversa.

(12)

Evolução História da Culpabilidade

Responsabilidade

□ Desenvolvido por Claus Roxin.

Culpabilidade + necessidade preventiva da pena.Injusto penal + responsabilidade.

(13)

3.

Elementos

Da Culpabilidade

(14)

Elementos da Culpabilidade

Para se dizer que o injusto penal é culpável, deve-se comprovar a

existência dos elementos da culpabilidade.

O juízo de reprovação do fato depende dos seguintes fatores:

Capacidade do agente responder criminalmente por sua conduta (imputabilidade);

Possibilidade de saber que sua conduta é proibida (potencial conhecimento da ilicitude);

Viabilidade de se exigir comportamento diferente do injusto penal (exigibilidade de conduta diversa).

(15)

Imputabilidade

Elemento primordial da culpabilidade.

É a capacidade de alguém ser responsabilizado por um ato ilícito.

Imputável é aquele que pode responder pelo injusto praticado e, se for condenado, receberá uma pena.

“Estará presente a imputabilidade [...] toda vez que o agente apresentar condições de

normalidade e maturidade psíquicas mínimas para que possa ser considerado como um sujeito capaz de ser motivado pelos mandados e proibições normativos.” (Cezar Roberto

Bitencourt).

(16)

Imputabilidade

O CP adotou o critério biopsicológico para aferição da culpabilidade, que

exige duas condições:

1) idade mínima;

2) ausência de problemas mentais.

Não é suficiente ter um ou outro, sendo necessários ambos os requisitos.

Idade mínima

18 anos completos (art. 228 da CRFB, art. 27 do CP e art. 104 do ECA).

□ Abaixo dessa idade, o sujeito que pratica o injusto é submetido à lei especial. □ A responsabilidade penal tem início no dia do aniversário do sujeito.

(17)

Imputabilidade

Saúde mental

Além da idade mínima, exige-se a plena faculdade mental do sujeito.

Não pode existir nenhum tipo de problema mental que comprometa a capacidade de

autodeterminação conforme o direito.

O CP define a imputabilidade por saúde mental a contrario sensu.

Art. 26. “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental

incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”.

(18)

Imputabilidade

Saúde mental

Semi-imputabilidade

O sujeito, apesar de ser portador de transtorno mental, possui, no momento do fato,

capacidade reduzida de compreensão.

Art. 26, parágrafo único. “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,

em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”.

Responde por crime, mas, como o juízo de culpabilidade é menor, a pena deve ser diminuída.

Art. 98. “Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o

condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos.”.

(19)

Imputabilidade

Saúde mental

Doença mental e desenvolvimento mental incompleto

▪ Não cabe ao jurista determinar quem é ou não imputável. Quando houver dúvidas, é necessário exame elaborado por profissionais habilitados, como psicólogos e psiquiatras.

(20)

Imputabilidade

Inimputabilidade

Inimputável é quem que não possui capacidade de responder criminalmente por seus atos.

São inimputáveis:

1) os menores de 18 anos (critério biológico);

2) os que, por transtorno mental, não possuem condições de compreender a ilicitude do

fato ou de se comportar conforme a norma (critério psicológico).

A eles, o juiz não aplica pena, e sim medida de segurança.

Art. 97. “Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se,

todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.”.

Art. 96. “As medidas de segurança são:

I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado;

(21)

Imputabilidade

Superveniência de doença mental

Art. 41. “O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de

custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado.”.

Sujeito era imputável no momento do crime, porém, após a sentença condenatória,

(22)

Potencial Conhecimento da Ilicitude

Estudaremos o tema com maiores detalhes no estudo da Teoria do Erro.

Faremos, aqui, pequenas considerações.

A culpabilidade se estrutura sobre a motivação normativa do sujeito

responsável por um fato ilícito.

Somente pode se motivar quem conhece a proibição que recai sobre o seu

comportamento.

Não basta que o sujeito tenha a capacidade de responder pelo fato ilícito, é

necessário que ele tenha consciência de que seu comportamento é proibido.

Circunstâncias fáticas e pessoais podem impedir seu alcance pelo agente.

□ Ex.: o pescador criado em comunidades tradicionais isoladas que por séculos pescaram determinado tipo de peixe, que há um ano atrás teve sua pesca proibida em razão do risco de extinção.

(23)

Potencial Conhecimento da Ilicitude

Estudaremos o tema com maiores detalhes no estudo da Teoria do Erro.

Faremos, aqui, pequenas considerações.

A culpabilidade se estrutura sobre a motivação normativa do sujeito

responsável por um fato ilícito.

Somente pode se motivar quem conhece a proibição que recai sobre o seu

comportamento.

Não basta que o sujeito tenha a capacidade de responder pelo fato ilícito, é

necessário que ele tenha consciência de que seu comportamento é proibido.

Circunstâncias fáticas e pessoais podem impedir seu alcance pelo agente.

□ Ex.: o pescador criado em comunidades tradicionais isoladas que por séculos pescaram determinado tipo de peixe, que há um ano atrás teve sua pesca proibida em razão do risco de extinção.

(24)

Conhecer a ilicitude do fato

Conhecer a lei

(Não se exige de ninguém conhecer o art. 121,

mas se pode exigir a consciência de que

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Exigibilidade de Conduta Diversa

Requisito mais genérico da culpabilidade, de onde emanam diversas causas

de exculpação.

□ Praticamente todas as excludentes de culpabilidade podem ser fundamentadas na inviabilidade de exigir do sujeito comportamento conforme a norma, de acordo com as

circunstâncias do caso.

Em condições excepcionais, as condições concretas retiram a obrigação do

sujeito de agir conforme a regra jurídica determina, de forma que o

comportamento contrário ao ordenamento pode ser desculpável.

A exigibilidade de conduta diversa, elemento da culpabilidade, tem como fundamento

concreto a normalidade das circunstâncias do fato, sem a qual se pode excluir ou reduzir a obrigatoriedade do comportamento conforme o direito, diante da impossibilidade de reprovação da conduta.

(26)

Exigibilidade de Conduta Diversa

“É devido o reconhecimento da inexigibilidade de conduta diversa, como causa

supralegal de exclusão de culpabilidade, se o agente estava sujeito a

constrangimento insuperável. Não é exigível conduta diversa ao oficial de justiça

flagrado portando arma de fogo, durante o exercício de sua função, em local de

extrema periculosidade, havendo provas de que, tempos atrás, recebeu, por ordem

do Juiz de Direito da Comarca, a referida arma, em razão dos riscos a que vive

submetido, existindo inclusive acordo verbal entre o Juízo e o Comando da Polícia

locais para que os oficiais de justiça da região não fossem abordados quando do

cumprimento de suas funções.” (TJ/MG, APR 10582130006544001, Rel. Des.

(27)

4.

Tópicos Especiais

Sobre Culpabilidade

(28)

Índios:

Inimputabilidade ou Ausência

de Potencial consciência da

(29)

A Questão do Índio

O índio é pessoa capaz, com desenvolvimento mental igual a quem não é

indígena.

Diferenças culturais, entretanto, podem prejudicar a capacidade de compreensão da ilicitude de seu comportamento.

Estatuto do Índio (Lei nº. 6.001/1973):

Art. 56. “No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada e

na sua aplicação o Juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola.

Parágrafo único. As penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, em regime especial de semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência aos índios mais próximos da habitação do condenado.”.

Art. 57. “Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições

próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.”.

(30)

A Questão da Embriaguez

Art. 28. “Não excluem a imputabilidade penal:

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

§1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

§2º. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”.

(31)

A Questão da Embriaguez

A lei dispensa tratamento cauteloso à embriaguez do agente.

Embriaguez abrange não só o uso de álcool, como também qualquer droga, lícita ou ilícita, que possa provocar alterações de ordem psíquica.

De acordo com o CP, a embriaguez deve ser analisada da seguinte

maneira:

1) se o agente, ao praticar o crime, estava embriagado por vontade própria (dolosamente), por descuido próprio (culposamente) ou por motivos alheios a sua vontade (caso fortuito ou força maior);

2) se a embriaguez foi causada por motivos alheios à vontade do agente, deve verificar-se verificar-se ele tinha ou não consciência sobre o fato ilícito (pode haver redução ou exclusão da

culpabilidade);

3) se a embriaguez era culposa ou dolosa, o agente responde pelo crime, independente do

(32)

A Questão da Embriaguez

Quando o agente, por vontade própria ou descuido, colocar-se em estado de

embriaguez e em seguida praticar o crime, responderá pelo ilícito.

Actio libera in causa: ação livre de causa.

▪ Estado psíquico que facilita a ação proibida, provocado pela ingestão da substância (“coragem líquida”).

“Pressupõe capacidade de culpabilidade na ação precedente, em que o autor se coloca em

estado de incapacidade de culpabilidade, com intenção de realizar (dolo) ou sendo previsível a possibilidade de realizar (culpa) fato típico posterior determinado [...] A actio libera in causa consiste na autoincapacitação temporária com o propósito de praticar crime determinado ou em situação de previsibilidade de praticar crime determinado (ação anterior), realmente praticado no estado subsequente de incapacitação temporária (ação posterior)” (Juarez Cirino dos Santos).

(33)

Actio libera in causa:

Responsabilidade penal

(34)

A Questão da Embriaguez

Quando o agente, por vontade própria ou descuido, colocar-se em estado de

embriaguez e em seguida praticar o crime, responderá pelo ilícito.

Actio libera in causa: ação livre de causa.

Predomina a teoria que fundamenta a punibilidade na capacidade anterior do

agente, e não na capacidade posterior: o que vale é a culpabilidade no momento em que há a ingestão da substância.

O elemento subjetivo é o dolo como consciência e vontade de praticar o crime e a

escolha pela alteração psíquica provocada pela substância como meio de desinibição, ou

a culpa, quando há previsibilidade do comportamento ilícito em estado de embriaguez. ▪ A imputação do resultado não se conecta com a conduta durante a

embriaguez, senão com o fato de o agente se embriagar.

O fato de o agente se embriagar é interpretada como causação dolosa ou

(35)

A Questão da Embriaguez

Caso fortuito ou força maior

Exclui a imputabilidade se a embriaguez for completa.

Ex. de força maior: o agente ser forçado a beber ou a dependência química.

Art. 45 da Lei nº. 11.343/2006. “É isento de pena o agente que, em razão da

dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”.

Ex. de caso fortuito: agente que cai dentro de um tonel de bebida alcoólica ou ignora

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Coação Moral Irresistível

Quando alguém pratica um crime mediante coação moral de outrem, desde

que diminuta sua capacidade de resistência, não há crime por ausência de

culpabilidade.

□ Ex.: A ameaça atirar na cabeça do filho de B se ele não estuprar C.

Ações sem o mínimo de liberdade não possuem juízo de reprovação suficiente

para serem culpáveis.

Coação moral irresistível: elimina a possibilidade de resistir a grave ameaça

utilizada para obrigar a vítima a fazer ou deixar de fazer algo.

Art. 22. “Se o fato é cometido sob coação irresistível [...] só é punível o autor da

(37)

Coação Moral Irresistível

A jurisprudência costuma reconhecer a coação moral irresistível como

excludente de culpabilidade fundada na inexigibilidade de conduta diversa.

□ Não se pode exigir comportamento diferente de quem atua sob constrangimento ilegal. Não tem ele liberdade para agir licitamente, embora saiba que seu comportamento podia provocar danos.

“...a situação da acusada foi peculiar [...] juntou aos autos provas de que recebia constates

ameaças de seu companheiro, portanto, convenço-me de que agiu sob ameaças concretas, quer a si própria, quer a pessoas de sua família, tais como filha e mãe, portanto, era inexigível que tomasse conduta diversa da que tomou; a exclusão da culpabilidade é medida que se impõe.” (TJ/RS, AC 70047674148, Rel. Des. Sylvio Neto, DJ 19/11/2012).

Parece-nos, contudo, que não há dolo quando o crime é praticado mediante

(38)

Obediência Hierárquica

Art. 22. “Se o fato é cometido [...] em estrita obediência a ordem, não

manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor [...] da

ordem.”.

Para a doutrina majoritária, configura-se excludente de culpabilidade

com fundamento na inexigibilidade de conduta diversa.

Porém, em nosso entendimento, perfilhando aquele que defendida o

saudoso professor Nasser Netto, a essência da excludente é o

desconhecimento da ilicitude.

O somatório da aparente legalidade da ordem e da relação de superioridade hierárquica induz o subordinado a acreditar na licitude da ordem.

(39)

Obediência Hierárquica

A ilicitude da ordem retira a obrigação de seu cumprimento.

Ex.: se um Cabo ordena ao soldado que torture o preso e ele assim o faz, ambos

responderão pelo crime.

A ilicitude da ordem depende ocorre:

1) quando é proferia por quem não possui atribuição legal para emitir a ordem (ex.: diretor do presídio ordenando ao agente penitenciário a soltura de pessoa presa por ordem judicial);

2) o conteúdo da ordem é contrária ao ordenamento (ex.: delegado ordenando ao investigador de polícia que invada domicílio sem ordem judicial ou hipótese de flagrante delito, para colher material de investigação).

(40)

Emoção e Paixão

Art. 28. “Não excluem a imputabilidade penal:

I - a emoção ou a paixão.”

Pela disposição do CP, a emoção e a paixão não retiram a capacidade do sujeito

responder pelo ato ilícito.

Entendemos, todavia, que há situações em que a emoção e a paixão podem

excluir a culpabilidade, seja pela inimputabilidade (no caso em que forem

(41)

Paixão patológica:

Inimputabilidade?

(42)

Pai que, tomado pela raiva,

agride o estuprador de sua

filha:

Inexigibilidade de conduta

diversa?

(43)

Coculpabilidade

Criada na França, por Jean Paul Marat, em 1780.

“Os indivíduos marginalizados do grupo social, aos quais não se realizam as

garantias mínimas dos seus direitos fundamentais, não podem ser obrigados a

respeitar a lei em razão disso, ou seja, o Estado somente terá o direito de punir as

pessoas que violam suas leis depois de haver cumprido com todas as obrigações para

com todos os membros da sociedade.” (Maria Zanatello).

O sujeito que mais recebeu oportunidades de desenvolvimento pessoal tem maior

responsabilidade de agir conforme a norma se comparado àquele que se

encontra em situação de vulnerabilidade.

Se o maior juízo de reprovabilidade pode aumentar a pena, o menor juízo deve

(44)

Coculpabilidade

Quanto maior a negligência estatal com o cidadão, menor a parcela de

culpabilidade pelo ilícito.

A redução pode chegar à exclusão da culpabilidade.

“Descabia a teoria da coculpabilidade, ou da vulnerabilidade, uma vez que a

desfavorável situação econômica em que supostamente se encontraria a ré não tem o

condão de afastar a ilicitude da conduta ou a culpabilidade da mesma.” (STF,

(45)

Responsabilidade penal da

pessoa jurídica?

(46)

Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica

A maioria esmagadora da doutrina entende pela impossibilidade de

responsabilização penal da PJ.

Societas delinquere non potest.

Os principais argumentos são:

1) todo crime provém de uma ação humana;

2) o crime pressupõe dolo ou culpa, que só são possíveis quando o agente possui

consciência e vontade, institutos exclusivos da pessoa humana;

3) a falta de consciência impede a verificação do potencial conhecimento da ilicitude do

fato;

4) a aplicação de pena à pessoa jurídica não atende aos fins de prevenção geral e

especial;

5) violação ao princípio da pessoalidade da pena, pois a sanção a PJ acaba por atingir

(47)

Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica

Art. 225, §3º. “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente

sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e

administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”.

Dupla imputação da PJ e PF?

“O art. 225, §3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da

pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação.” (STF, RE 548.181, Rel. Min. Rosa Weber, DJ 30/10/2014).

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