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Mirella Mendes Piuco 2 Rosandra Schlickmann Sachetti Hubbe 3

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Academic year: 2021

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REDE MUNICIPAL - TUBARÃO, SC 1

Mirella Mendes Piuco2 Rosandra Schlickmann Sachetti Hubbe 3

Resumo: Este trabalho objetivou compreender quais olhares podem ser observados nas atitudes

das crianças do pré-escolar (4 e 5 anos e 11 meses) em relação à organização do espaço e do ambiente da sala e que significações podem ser relacionadas entre o espaço e o ambiente e as reações das crianças. Destaca-se que o ambiente e o espaço são fundamentais para o desenvolvimento, principalmente na educação infantil, que deve garantir os direitos das crianças, por isso, torna-se fundamental observar atentamente como a criança se sente acolhida nele. Nesse sentido, este projeto tem como foco principal o olhar da criança do pré-escolar para este espaço. Segundo os estudos, detectamos que, muitas vezes, ele não é organizado para elas, deixando de lado o interesse e as interações que o espaço e o ambiente podem proporcionar. Pretendemos, portanto, dar voz e vez para a criança, identificar como ela gostaria que fosse o espaço da sala e qual o olhar sobre o mesmo, tendo sempre como foco o ser criança. O método de abordagem desta pesquisa caracteriza-se como dialético, pois descreve e reflete acerca da realidade pesquisada. É uma pesquisa exploratória, visto que busca maior familiaridade com o tema pesquisado. A proposta planejada para a coleta de dados define esta como estudo de caso. Quanto à análise dos dados, a pesquisa é qualitativa, visto que coleta e observa as reações das crianças na interação com o espaço e ambiente da sala de educação infantil. Com a pesquisa, foi possível identificar que o espaço e o ambiente têm um significado diferente para cada criança. Algumas preferem a sala ao parque, umas amam a instituição, outras nem tanto. As crianças depositam um grande sentido no espaço, passando, assim, a ser um ambiente de sentimentos, aprendizagens e conhecimentos.

Palavras-chave: Educação infantil. Espaço-ambiente. Criança.

1 Introdução

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), a indissociabilidade entre educar e cuidar são fundamentais. As instituições de Educação Infantil devem garantir às

1 Artigo apresentado ao Curso de Pedagogia da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito para a

conclusão da Unidade de Aprendizagem de Conclusão dos Processos Investigativos.

2Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. E-mail:

mirellamendes58@gmail.com.

3 Licenciada em Letras - Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL. Especialista em Linguística Aplicada

ao Ensino de Língua Portuguesa - Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Mestre em Ciências da Linguagem - Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL. Professora do Curso de Pedagogia e do Colégio Dehon - Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. E-mail: Rosandra.Hubb@unisul.br.

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crianças o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças.

Nos dias atuais, percebemos que há uma grande discussão sobre o espaço e o ambiente da educação infantil, assim, aprofundar-se sobre este assunto se tornou necessário para o professor. A educação infantil é um tempo muito significativo para a criança, ser de direitos e deveres, que busca ampliar seus conhecimentos, estabelecendo, portanto, uma relação com o mundo.

Este estudo traz como tema principal o olhar que a criança do pré-escolar, dentre 4 a 5 anos de idade, tem sobre o espaço e o ambiente de sala da educação infantil, bem como elas estabelecem relações, brincadeiras, desenvolvimentos e aprendizagens dentre deste espaço. Faz-se necessário verificar como a criança o vê, analisando os prós e contra.

Deste modo, delimitamos como objetivo principal compreender qual o olhar da criança do pré-escolar em relação à organização do espaço e do ambiente da sala. Buscamos, também, descrever o espaço da sala do CEI, identificar como a criança interage e reage ao ambiente/ espaço da sala de educação infantil.

A necessidade de se discutir sobre o tema surgiu a partir da Unidade de Aprendizagem de Estágio Supervisionado de Educação Infantil II, onde foram realizados trabalhos de observação, registros, docência e vivencia diária.

Percebemos, portanto, o quanto é importante um estudo mais aprofundado sobre o espaço e o ambiente na educação infantil, já que o mesmo possibilita que a criança faça uma relação com o mundo. Para Zabalza (2007), o espaço educa e tem a capacidade de proporcionar diversas aprendizagens, pois tudo o que a criança faz e aprende acontece em um espaço/ambiente. Conforme o autor, organizado, pode proporcionar experiências para as crianças, contribuindo nas aprendizagens e, também, para as emoções.

Neste sentido, o método utilizado foi o dialético, porque descreve e reflete por meio da realidade pesquisada. Sendo uma pesquisa exploratória, pretende buscar maior familiaridade com o tema pesquisado. A proposta planejada para a coleta de dados define esta pesquisa como estudo de caso. Quanto à análise dos dados, a pesquisa é qualitativa, visto que coleta e observa as reações das crianças na interação com espaço e ambiente da sala de educação infantil.

A pesquisa ocorreu em um CEI da rede pública municipal de Tubarão, SC e foram realizadas observações, registros, fotografias e diálogo com as crianças (sempre em forma de brincadeira), representados pelo roteiro de observação e foi feita em duas turmas distintas: uma creche IV e pré-escolar mistos; e um pré-escolar II.

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Para o corpo de análise, utilizamos algumas referências e teóricos básicos, tais como Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2009), Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) e os estudos de Zabalza (1998), Horn (2004), entre outros.

Para apresentar a pesquisa, o artigo está organizado nas seguintes seções: a segunda seção é composta pela apresentação e análise de dados, contendo a apresentação sobre a instituição escolar, características das turmas, denominadas turma A e turma B. Logo após, vem a terceira seção, constituída pela organização do espaço e do ambiente para a criança. Na quarta seção, falamos sobre o espaço e o ambiente. Em seguida, temos as considerações finais, as referências, os agradecimentos e, por último, o apêndice (roteiro de observação).

2 Olhares sobre o ambiente/ espaço na educação infantil

Ao contrário, as cem existem

A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos cem pensamentos cem modos de pensar de jogar e de falar. Cem sempre cem modos de escutar de maravilhar e de amar. Cem alegrias para cantar e compreender cem mundos para descobrir cem mundos para inventar cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (depois cem, cem, cem) Mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos de fazer sem a cabeça de escutar e não falar de compreender sem alegrias De amar e maravilhar-se Só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir um mundo que já existe E de cem roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho a realidade e a fantasia

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a ciência e a terra a razão e o sonho são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe enfim: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário, as cem existem. (MALAGUZZI, 1999, p.5).

Falar em educação infantil remete, necessariamente, a definir primeiro o significado que a palavra criança passou, ao longo dos anos, para chegar ao contexto que temos hoje. Segundo a Convenção sobre os Direitos das Crianças, aprovada pela assembleia geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, art.1º, “criança é todo ser humano menor de 18 anos de idade”. O art. 2º complementa, ressaltando que todos devem respeitar e garantir o direito das crianças, sem discriminação e independente de qualquer consideração.

De acordo com Boeing (2013), não existe um único significado concreto do termo criança, há diferentes conceitos e significados, assim, precisamos rever nossos pensamentos e olhar para a criança como um ser de direitos.

Na idade média, por exemplo, segundo Ariès (1981), a criança era considerada como um mini adulto, pois participava de atividades, jogos, vestiam roupas como se já estivessem alcançado a maior idade. Para ele, a infância não existia nesta época, o tratamento era igual entre crianças e adultos. A infância terminava entre os sete anos, quando já conseguiam dominar as palavras, sendo assim, já eram consideradas capazes de falar e viver livremente como todos.

Nos dias atuais, essa visão se modifica. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, p.12), caracteriza-se a criança como:

Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.

Nesta fase, a criança deve ter seus direitos garantidos e assegurados, seguido de três princípios: éticos, políticos e estéticos. Neste sentido,

A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. (BRASIL, 2010. p.18).

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Para Barbosa e Horn (2008, p.28):

Passou-se de uma concepção a qual as crianças eram vistas como seres em falta, incompletos, apenas a serem protegidos, para uma concepção das crianças como protagonistas do seu desenvolvimento, realizado por meio de uma interlocução ativa com seus pares, com os adultos que as rodeiam, com o ambiente no qual estão inseridas[...].

Segundo Boeing (2013), toda criança é produtora de cultura, por isso é fundamental olhá-la e ouvi-la. Para pesquisá-la, primeiramente, é necessário saber que cada criança é diferente, devendo respeitá-la como ser de direitos. Assim sendo, devemos destacar o contexto social onde está inserida, pois o mesmo pode ser transformado, mas, também, pode transformar a criança. Para Malaguzzi (1999), as crianças possuem “cem linguagens”, sendo que todas elas devem ser respeitadas em qualquer forma de pesquisa.

Aroeira (1996) refere-se a criança como um ser social e histórico e para que possamos conhecê-la melhor, as suas condições, tanto sociais como culturais, precisam ser levadas em conta, porque o meio em que a criança está inserida pode afetar seu desenvolvimento.

A criança é um ser completo, num contexto historicamente definido, conhecendo o verdadeiro papel que exerce em sua família e na comunidade, é possível compreender melhor a linguagem, as ações, sentimento, reações e possibilidades de seu desenvolvimento. (AROEIRA, 1996, p. 21).

Neste sentido, importante respeitar as especificidades, as singularidades e os interesses de cada uma. Para isso, cabe ao professor elaborar um bom planejamento, que tenha como foco principal a criança. A mesma deve ser criadora e protagonista, tendo como base as situações significativas vivenciadas no dia a dia. O planejamento deve respeitar “os aspectos motores, afetivos, cognitivos e linguístico”. (BRASIL, 2013, p.93).

Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (2010), no século XIX, à educação infantil cabe o cuidar e o educar. O cuidar seria para as crianças de classe baixa, sendo esse o cuidado com o corpo. Já o educar era apenas para as classes mais altas da sociedade. Nos dias atuais, sabemos que o cuidar e o educar são indissociáveis, caracterizados como um marco para a educação infantil.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (2013, p.84), “As creches e pré-escolas se constituem, portanto, em estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de zero a cinco anos de idade [...] embora mantenha a obrigação de assistir às necessidades básicas de todas as crianças”.

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A Educação Infantil passou a ser, então, a primeira etapa da educação básica segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010). A mesma complementa que é dever do estado garantir e ofertar uma educação infantil de qualidade e gratuita para todos. Os espaços educacionais cuidam e educam crianças de 0 a 5 anos de idade, sendo parcial ou integral. Crianças de 0 a 3 anos devem ser matriculadas em creches, e crianças de 4 a 5 anos, em pré-escolas.

O documento tem papel fundamental para a educação infantil. Segundo ela (2010, p.83),

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, de caráter mandatório, orientam a formulação de políticas, incluindo a de formação de professores e demais profissionais da Educação, e também o planejamento, desenvolvimento e avaliação pelas unidades de seu Projeto Político-Pedagógico e servem para informar as famílias das crianças matriculadas na Educação Infantil sobre as perspectivas de trabalho pedagógico que podem ocorrer.

Para contribuir, o Plano Nacional de Educação (PNE), lei nº 10.172/2001, estabeleceu metas para que, até o ano de 2011, a educação infantil atendesse um total de 50% das crianças de 0 a 3 anos em creches e 80% de crianças de 4 a 5 anos em pré-escolas. Esta meta foi um grande desafio para o país, fazendo com que houvesse uma melhora na educação. Segundo a Lei nº 9.394/96, as crianças da educação infantil têm direito à jornada integral de, no mínimo 7 horas diárias, ou parcial de, no mínimo, 4 horas. O artigo 29 da lei, diz que a criança “nesse momento de suas vidas, vivenciam o mundo, constroem conhecimentos, expressam-se, interagem e manifestam desejos e curiosidades de modo bastante peculiares”. (BRASIL, 2013, p.84-85), deste modo, esse tempo na escola precisa ser bem vivenciado.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (2013, p.36), “A Educação Infantil tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos de idade, em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Consta no documento que as crianças, nesta etapa da educação básica, devem se acolhidas e respeitadas por todos os profissionais da escola, devendo ter total atenção dos mesmos. Os profissionais que atuam nessa área devem ter alguns princípios básicos, tais como a individualidade, a igualdade, a liberdade, a diversidade e a pluralidade.

É dever da Educação Infantil atender as especificidades de cada criança, respeitando, assim, o individual de cada ser e utilizando-se de métodos e metodologias para transmitir o conhecimento e promover o desenvolvimento de cada um. Faz-se necessário,

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portanto, uma boa organização pedagógica que entenda a criança como um ser de direitos. Neste sentido, para que esta educação ocorra de forma igualitária e que os direitos das crianças fiquem assegurados, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (2013) trazem o currículo como base, o qual deve abranger diversas visões da sociedade. Para isso, a LDB prevê o projeto político pedagógico, o qual deve ser elaborado por todas as escolas e ter a participação de todos que a constituem. O mesmo tem caráter norteador dentro das escolas, pois permite detectar problemas, metas, ações, referenciais, dentre outros, visando sempre o melhor para a instituição de educação infantil. Assim, cabe à mesma a organização do seu currículo e, assim sendo,

O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. Tais práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças, e afetam a construção de suas identidades. (BRASIL, 2013, p. 86).

De acordo com a Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, art. 4º:

As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.

Um bom planejamento se faz necessário para que a indissociabilidade do cuidar e do educar se vinculem e que o currículo entre em ação. O professor, ao planejar, deve buscar aspectos para que a criança se desenvolva. De acordo com Vygotsky (1998), o aprendizado é algo necessário para o desenvolver da criança, então, um planejamento que envolva brincadeiras, onde a criança consiga estabelecer relações com o mundo, produz melhor desenvolvimento da criança. A interação que ocorre entre criança-criança e criança-adulto se faz num espaço/ambiente que se compõe de diversas definições e concepções. Podemos considerar, assim, o espaço como algo físico. Para Horn (2004, p.35), “o termo espaço se refere aos locais onde as atividades são realizadas, caracterizados por objetos, móveis, materiais didáticos, decoração”. Logo, o espaço é visto como um local que abrange diversas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento para a criança. Ainda para Horn (2004), o espaço físico em que a criança está, faz com que a mesma consiga estabelecer relações tanto com as pessoas quanto com o mundo em geral. Este processo de qualificação do espaço transforma-o em ambiente.

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De acordo com os estudos de Zabalza (1998), há diferenças entre o que significa espaço e ambiente. O espaço, para o autor, delimita os locais de atividades, materiais, objetos, decorações, entre outros. Para as crianças, o mesmo pode obter vários significados, tendo como principal característica tudo aquilo que o compõe. “O espaço é antes de mais nada luz: a luz que nos permite tanto a nós como à criança vê-lo, conhecê-lo e, portanto, ao mesmo tempo, compreendê-lo, recordá-lo, talvez para sempre”. (BATTINI, 1982 apud ZABALZA, 1998, p.231).

Já o termo ambiente, é o “conjunto de espaço físico e às relações que se estabelecem no mesmo (os afetos, as relações interpessoais entre as crianças, entre crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto). (ZABALZA, 1998, p.233).

Podemos caracterizar, portanto, o ambiente como um todo, obtendo os sentimentos, as emoções, mas também o espaço físico. Para Zabalza (1998), do ponto de vista escolar, o ambiente se caracteriza por quatro dimensões: física, funcional, temporal e relacional.

A dimensão física é caracterizada pelo aspecto material do ambiente, englobando os objetos que compõem o espaço e a forma de organização do mesmo.

A segunda dimensão, denominada dimensão funcional, traz a forma como é utilizado o espaço, sendo ele preparado para a criança usar sua autonomia ou, também, para ter auxílio do professor. O espaço físico pode assumir diferentes funções, ou seja, um mesmo espaço pode servir para diversos tipos de atividades.

A dimensão temporal é a terceira função e, de acordo com Zabalza (1998, p.234), “refere-se à organização do tempo e, portanto, aos momentos em que serão utilizados os diferentes espaços”. Essa dimensão está ligada ao tempo de tudo o que se faz em sala, sendo este coerente com uma boa organização, pois o mesmo pode proporcionar momentos de prazer ou de insatisfação.

A última dimensão se caracteriza pela dimensão relacional e é a relação que temos em sala e com o ambiente. “O ambiente somente existe na inter-relação de todos eles. Não possui uma existência material, como o espaço físico. O ambiente existe à medida que os elementos que o compõem interagem entre si. Por isso, cada pessoa o percebe de uma maneira diferente.” (ZABALZA, 1998, p.235).

De acordo com Carvalho e Rubiano (1995), em muitas instituições, o ambiente e o espaço não são pensados e planejados para as crianças, não tendo a importância devida. Mas, segundo estudos, eles são fundamentais tanto para a criança quanto para o professor. Desta forma, planejar este ambiente físico é essencial para que as crianças possam sentir, pensar e se comportar.

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Ainda, segundo as autoras, baseadas em David e Weinstein (1987), o ambiente para as crianças deveria atender cinco funções: “promover a identidade pessoal, promover oportunidades para crescimento, promover sensação de segurança e confiança, promover oportunidades para contato social e privacidade”. (DAVID e WEINSTEIN, 1987 apud CARVALHO e RUBIANO, 1995, p. 109). Neste sentido, o ambiente seria planejado para a criança, deixando de lado as necessidades dos adultos.

Em relação à primeira função, promover identidade pessoal, o ambiente deve proporcionar a criança que desenvolva sua própria identidade. Apesar de estar em um ambiente coletivo, destacamos a relevância de se considerar a identidade pessoal de cada um, atribuindo pensamentos, memórias, preferências, valores, entre outros aspectos.

É altamente recomendado que ambientes institucionais ofereçam oportunidades para as crianças desenvolverem sua individualidade, permitindo-lhes ter seus próprios objetos, personalizar seu espaço e, sempre que possível, participar nas decisões sobre a organização do mesmo. (DAVID e WEINSTEIN, 1987 apud CARVALHO e RUBIANO, 1995, p.109-110).

A segunda função é promover o desenvolvimento de competências. O ambiente precisa promover oportunidades para as crianças, desenvolverem domínios, como, por exemplo, realizar tarefas sem a intervenção de um adulto. Neste sentido, o ambiente infantil deve estar preparado para atribuir autonomia às crianças.

A terceira função é promover oportunidades para o crescimento, então, faz-se necessário criar oportunidades para que as crianças consigam estimular os sentidos do corpo humano, sendo eles visão, audição, paladar, tato e olfato. O espaço precisa proporcionar à criança oportunidades para que haja movimentos corporais, tais como “andarem, correrem, subirem, descerem e pularem com segurança, permitindo-lhes tentar falhar e tentar novamente”. (DAVID e WEINSTEIN, 1987 apud CARVALHO e RUBIANO, 1995, p.110-111).

Promover sensação de segurança e confiança é a quarta função, deste modo, o espaço precisa proporcionar à criança a sensação de se sentir segura, assim a mesma poderá explorá-lo cada vez com mais autonomia. “[...] à medida que características físicas do ambiente convidam ao toque, aumenta a sensação de segurança, permitindo à criança explorar o espaço mais prontamente”. (DAVID e WEINSTEIN, 1987 apud CARVALHO e RUBIANO, 1995, p.112).

Para a quinta e última função se designa promover oportunidades para contato social e privacidade. O ambiente carece de preparo tanto em relação ao espaço quanto para os

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objetos disponíveis. Há necessidade de ele ser planejado e pensado para a criança, permitindo, assim, o contato social e a privacidade de cada um.

O arranjo espacial, para Carvalho e Rubiano (1995), é como os móveis e tudo que está dentro da sala se posicionam. Para elas, a forma como o professor arruma este espaço influencia na interação entre as crianças. A melhor maneira de organizá-lo seria o semiaberto, com zonas circunscritas, que permita o contato visual entre a criança e o adulto. Desta forma, a criança consegue perceber onde está o adulto, mas também tem a liberdade de brincar livremente.

De acordo com Zabalza (1998), os elementos físicos que são proporcionados às crianças, dependendo de como forem organizados, podem ajudar ou não na construção de aprendizagem.

O espaço na educação é constituído com uma estrutura de oportunidades. É uma condição externa que favorecerá ou dificultará o processo de crescimento pessoal e o desenvolvimento das atividades instrutivas. Será estimulante ou, pelo contrário, limitante, em função do nível de congruência em relação aos objetivos e dinâmica geral das atividades que foram colocadas em prática ou em relação aos métodos educacionais e instrutivos que caracterizem o nosso estilo de trabalho. (ZABALZA, 1998, p.236).

Com isto, a educação infantil tem como um dos elementos principais a organização do espaço, o qual visa, em primeiro lugar, o ser criança. Neste entendimento, Faria (2003, p.65) argumenta sobre a importância de colocar a criança como centro do processo, considerando suas necessidades. Assim,

[...] tomar a criança como ponto de partida exigiria compreender que para ela, conhecer o mundo envolve o afeto, o prazer e o despertar, a fantasia, o brincar e o movimento, a poesia, as ciências, as artes plásticas e dramáticas, a linguagem, a música e a matemática. Que para ela, a brincadeira é uma forma de linguagem, assim como a linguagem é uma forma de brincadeira.

Para que isso ocorra, é necessário respeitar os direitos das crianças, direito à infância, à indissociabilidade entre o cuidar e o educar e a uma educação de qualidade. Quando os direitos são respeitados, a organização do espaço pode enriquecer a criança de aprendizados. De acordo com Mello (2007), é por meio dessa organização que a criança estabelece as interações entre as crianças e os adultos, experimenta sua autonomia e se sente livre. Possibilita, não só o conhecimento, mas também é capaz de formar a identidade da criança e promover a autoestima.

Esta organização do espaço deve dar conta da indissociabilidade entre o cuidar e o educar. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (2013, p.89):

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Educar de modo indissociado do cuidar é dar condições para as crianças explorarem o ambiente de diferentes maneiras (manipulando materiais da natureza ou objetos, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo perguntas etc.) e construírem sentidos pessoais e significados coletivos, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de um modo singular das formas culturais de agir, sentir e pensar. Isso requer de o professor ter sensibilidade e delicadeza no trato de cada criança, e assegurar atenção especial conforme as necessidades que identifica nas crianças.

Ainda para o documento, a Educação Infantil deve oferecer às crianças um lugar aconchegante, acolhedor e atender as necessidades de cada ser. O espaço precisa, também, ser limpo e seguro, mas, ao mesmo tempo, desafiador para que a criança possa explorá-lo, fazer descobertas, além de proporcionar interações entre criança-criança e criança-adulto, possibilitando imaginações, expressões, diferentes linguagens, dentre outros aspectos.

3 Apresentação e análise de dados

3.1 Apresentação sobre a instituição escolar

A pesquisa foi realizada em um CEI da rede municipal de ensino de Tubarão – Santa Catarina. Para a coleta de dados, analisamos dois pré-escolares, sendo um pré-escolar I e creche IV mista e pré-escolar II. Observamos 24 horas, dividas em 6 períodos, todos no turno matutino.

A instituição atende crianças de 1 a 6 anos de idade, desde a creche 2 até a escola. Sua estrutura física está dividida em quatro salas (creche 2, creche 3, creche 4 e pré-escola I mista e pré-pré-escola II), cozinha, refeitório, banheiro para as crianças, banheiro para os funcionários, secretaria, depósito, lavanderia e sala dos professores. O espaço externo é amplo e dispõe de dois parques, um para a creche 2 e 3 e outro para a creche 4 e pré-escola I mista e a pré-escola II. A mesma funciona em período integral, das 7h30min às 18h30min e todas as turmas são integrais.

O CEI tem como principal objetivo cuidar e educar, visando preservar o bem-estar físico da criança e os estimulando em seus aspectos cognitivo, emocional e social. O mesmo é similar com o das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (2013, p.36), que tem por objetivo “o desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos de idade, em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Consta no documento que as crianças, nessa etapa da educação básica, devem ser acolhidas e respeitadas por todos os profissionais da escola, tendo total atenção dos mesmos.

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Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), no século XIX, a educação infantil estava vinculada a duas distinções: o cuidar e o educar. Nos dias atuais, sabemos que o cuidar e o educar são indissociáveis, caracterizados como um marco para a educação infantil. As instituições devem garantir às crianças o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças.

A dimensão do cuidado, no seu caráter ético, é assim orientada pela perspectiva de promoção da qualidade e sustentabilidade da vida e pelo princípio do direito e da proteção integral da criança. O cuidado, compreendido na sua dimensão necessariamente humana de lidar com questões de intimidade e afetividade, é característica não apenas da Educação Infantil, mas de todos os níveis de ensino. Na Educação Infantil, todavia, a especificidade da criança bem pequena, que necessita do professor até adquirir autonomia para cuidar de si, expõe de forma mais evidente a relação indissociável do educar e cuidar nesse contexto. A definição e o aperfeiçoamento dos modos como a instituição organiza essas atividades são parte integrante de sua proposta curricular e devem ser realizadas sem fragmentar ações. (BRASIL, 2013, p.89).

A junção do cuidar e educar é essencial para a educação infantil, assim, para a produção deste trabalho, com o intuito de obter os melhores resultados, utilizamos a metodologia dialética, a qual, a nosso ver, descreve e reflete sobre a realidade pesquisada. A coleta de dados se deu por meio de roteiro de observações, registros, fotografias e diálogo com as crianças.

No decorrer da pesquisa, presamos sempre pelo anonimato das crianças, assim, ao serem identificadas, utilizamos fotografias que não aparecem os rostos e, também, apenas as iniciais dos nomes. Nos itens seguintes estão relatadas as coletas efetuadas nas duas turmas, que se optou por distribuir em itens específicos de análise: caracterização das turmas; organização do espaço e ambiente para a criança; e o espaço e o ambiente da sala para crianças de direitos e deveres. Essas informações foram relatadas conforme as turmas, A e B.

3.2 Caracterização das turmas

3.2.1 Turma A

A turma é denominada por um pré-escolar I e creche IV misturadas pois a instituição não tem salas suficientes para atender a demanda escolar. Esta turma é composta por 18 crianças, sendo 6 do sexo feminino e 12 do masculino. A classe é bastante faltosa, dentre as dezoito crianças matriculadas, regularmente apenas quinze marcam presença.

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As crianças são muito receptivas com todos, mostrando sempre interesse em dialogar. São, em geral, calmas, exceto algum choro excessivo de crianças que ingressaram há pouco tempo que acaba gerando um pequeno desconforto para o restante da turma. Mesmo assim, as demais sempre procuram trazer os colegas para perto, tentando uma aproximação para que o choro cesse.

É nítida a interação da turma, visto que as crianças brincam juntas tanto na sala como no parque. Percebemos que elas demostram uma certa preocupação pelo bem-estar uns dos outros. Ao explorarem o espaço da sala, procuram estar juntos e dividem os brinquedos. Quando chega a hora da organização, ambas colaboram, aceitando muito bem as regras estabelecidas para o bom convívio.

3.2.2 Turma B

A classe se denomina uma pré-escola II. É composta por 16 crianças e 6 são do sexo feminino e 10 do masculino. Ao conhecer a turma, notamos que a mesma é, de modo geral, agitada, sempre muito ansiosa por brincadeiras em que há movimentação. As crianças têm um bom relacionamento entre si, mas ao serem propostas atividades que envolvam grupos, a turma se divide, meninas de um lado, meninos de outro. A interação acontece mais quando estão no parque, dentro de sala, por exemplo, meninos não brincam com meninas e vice-versa. As mesmas gostam muito de brincadeiras diversificadas, principalmente as que envolvem todo o grupo. Algumas vezes, há discussões por brinquedos, mas logo se resolve em conversa com a professora.

Algumas crianças ainda não aceitam regras, contudo a professora sempre as lembra dos combinados e ressalta que as regras são importantes para o bom convívio de todos. Isso acontece, geralmente, quando estão fazendo alguma atividade, ficam inquietas e todos querem falar ao mesmo tempo, gerando um certo tumulto na sala.

Ao serem propostas brincadeiras ou atividades, as crianças ficam muito empolgadas. São muito participativas e demonstram disposição para ajudar os colegas com dificuldades. Poucas crianças gostam de atividades dirigidas, sendo que o encanto não é percebido, mas todos fazem com muita atenção e capricho.

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Em muitas instituições de pré-escolar, o espaço e o ambiente não são pensados nem planejados. Muitas vezes são tratados como algo sem importância para o desenvolvimento da criança. O espaço acaba se tornando neutro, podendo influenciar positivamente ou negativamente, tanto para a criança como para o professor. Com isto, faz-se necessário um bom planejamento para a organização do espaço da sala. Ele precisa atender as particularidades de cada criança.

Ao se planejar um espaço adequado para cada faixa etária, proporciona-se à criança pensar, sentir e se comportar. Segundo Faria (2003), para que o planejamento aconteça de forma válida, deve-se levar em consideração as dimensões humanas, tais como a imaginação, o cognitivo, o lúdico, entre outros.

Em ambas as salas pesquisadas, percebemos a ausência de um planejamento para o espaço da sala. As professoras se preocupam mais em planejar brincadeiras e atividades, deixando de lado a organização do espaço que é algo importante também. Um espaço adequado estimula cada vez mais a aprendizagem das crianças. Segundo Moreno (2007, p.55), é necessário ter:

Uma educação infantil que respeite direitos da criança em um espaço adequado, rico em estímulos, agradáveis aos olhos infantis num tempo bem planejado capaz de satisfazer suas necessidades em busca da construção de novos saberes e da descoberta do mundo a sua volta.

Para a autora, a educação é lançada como um desafio, pois todos devem estar preocupados com a educação das crianças e prezando pela qualidade de um bom trabalho pedagógico, que envolva professores e gestores. Os mesmos devem desenvolver um trabalho que dê conta de todos os aspectos de desenvolvimento da criança, sejam eles cognitivos, físicos, sociais ou afetivos.

Quando se indica a necessidade de tomar a criança como ponto de partida, quer-se enfatizar a importância da formação profissional de quem irá educar essa criança nas instituições de educação infantil. Não é a criança que precisaria dominar conteúdos disciplinares, mas as pessoas que a educam. (FARIA, 2003, p.65).

Isso deve acontecer por meio da indissociabilidade entre o cuidar e o educar. Esses dois fatores, pensados juntos, fazem com que tudo o que se vivencia na instituição, assim como o espaço que é proporcionado a ela, tenha um sentido significativo. Sendo assim, nesse processo, o professor tem papel fundamental para que a criança se sinta à vontade nos espaços e consiga diferenciá-los. A modificação deve estar presente para que não aja uma rotina cansativa, visto que o espaço é uma construção social.

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Um bom planejamento se faz necessário para que os dois fatores estejam lado a lado. Neste sentido, de acordo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), o professor tem papel preponderante para que os direitos das crianças sejam atendidos por meio do planejamento, o qual deve buscar a ludicidade, a curiosidade, a segurança, as expressividades infantis, dentre outros fatores.

Para Ostetto (2000, p.177),

Planejar é essa atitude de traçar, projetar, programar, elaborar um roteiro para empreender uma viagem de conhecimento, de interação, de experiências múltiplas e significativas para/com o grupo de crianças. Planejamento pedagógico é atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente. Por isso, não é uma fôrma! Ao contrário, é flexível e, como tal, permite ao educador pensar, revisando, buscando novos significados para a sua prática docente.

O professor, ao planejar, precisa contemplar elementos que contribuam para o desenvolvimento de cada criança. De acordo com Vygotsky (1998, p. 118), “[...] o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer”. Assim, ele constata que o aprendizado se faz necessário para o desenvolvimento. Complementa afirmando que é no brincar que a criança consegue se desenvolver, resolvendo situações do dia a dia, lidando com regras, imaginações, observações e, também, com a interação entre criança-criança e criança-criança-adulto.

Nesse entendimento, a rotina estabelecida deve contemplar fatores que agregam no desenvolvimento da criança, mas, muitas vezes, acaba por não propor uma reorganização do espaço. As crianças já sabem, automaticamente, em que lugar tem de ir, onde sentar, como se comportar. Cada tempo é estabelecido para uma atividade, não tendo o domínio de explorarem o espaço.

3.3.1 Turma A

A organização do espaço está estruturada basicamente assim: na parede de entrada por mochilas penduradas e em cima brinquedos guardados em caixas. Ao lado das janelas, fica localizado um pequeno espelho. Na parede lateral há duas mesas, uma grande com bancos e outra pequena com cadeiras. No fundo da sala, vemos um quadro negro e uma televisão. Ao lado desses constam o armário da professora e um bebedouro com as canecas para que as crianças se sirvam.

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Figura 1 - Organização da sala (turma A)

Fonte: Acervo das autoras, 2019.

Nos dias pesquisados, não houve nenhuma modificação no espaço. Assim, ao perguntar para as crianças sobre o que acham de como está organizada a sala, respondem:

V – A sala é meu espaço preferido, porque aqui estão os brinquedos. Gosto do jeito que é.

M – Amo minha sala assim.

G – Gosto daqui, não gosto do parque.

As crianças demostram um grande interesse pela organização da sala. Ao serem solicitadas para guardarem os brinquedos, logo se prontificam e arrumam do jeito que gostam, mas, infelizmente, os brinquedos não ficam no alcance das mesmas, não tendo autonomia para pegarem e guardarem. Quando perguntamos se gostariam que os brinquedos ficassem ao seu alcance, todos responderam que sim. P diz: “Queria que os laptops ficassem aqui embaixo, porque não é sempre que a gente pode brincar”.

3.3.2 Turma B

Na turma B, a sala é organizada da seguinte forma: uma mesa da professora e atrás um quadro negro com calendário e chamada. Ao lado, há um armário grande e na parede lateral duas janelas com cortinas. Na parte de trás da sala, há prateleiras com água e brinquedos, em cima uma televisão e embaixo mais brinquedos. Na outra parede lateral, ficam algumas fantasias, um painel decorativo e atividades expostas da criança. No meio há duas grandes mesas com cadeiras, ocupando assim todo o espaço da sala.

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Figura 2 - Organização da sala (turma B)

Fonte: Acervo das autoras, 2019.

Há poucas modificações no espaço da sala, contudo, em alguns dos dias pesquisados foram propostas pequenas mudanças que fizeram grande diferença para as crianças, como podemos observar, a seguir, no registro feito pela pesquisadora e, também, na figura 3.

Certo dia, a professora decide arrastar as mesas para o lado. As crianças ficam muito empolgadas, como se essa mudança no espaço acontecesse pouquíssimas vezes. AL diz adorar como o corredor ficou maior e mais espaçoso. Ao perguntar para as crianças se elas gostaram de como a sala estava naquele momento, todos respondem que sim. I diz querer ter um tapete no meio da sala para poderem brincar.

Figura 3 - AL observando o espaço da sala

Fonte: Acervo das autoras, 2019.

Percebemos que simples gestos podem fazer grande diferença. Uma pequena mudança na sala fez com que as crianças voltassem a gostar de um espaço que por elas já estava

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sendo monótono. Faz, ainda, com que as mesmas possam voltar a sonhar e imaginar novas brincadeiras e interações que aquele ambiente pode lhes proporcionar.

As crianças dessa turma não aproveitam muito o ambiente. Quando tentam algo diferenciado, acabam sendo reprimidas pela professora, não tendo o direito de executarem o que planejam. O espaço da sala fica muito delimitado, apenas realizam atividades na mesa, brincam com massinha de modelar e assistem a vídeo (sendo este o único momento que podem sair dos seus lugares pré delimitados).

3.4 O espaço e o ambiente da sala para crianças de direitos e deveres

O espaço se compõe por diversas definições e concepções. Podemos considerar, portanto, que o espaço nos remete a algo físico, que cria relações com o mundo. Nele habitam vidas que podem ser transformadas, seja de forma positiva ou negativa.

Para Horn (2004), o espaço faz relações com os objetos, móveis, materiais que de diversas formas estão apresentados na sala, sendo um local em que a criança cria oportunidades para se relacionar com outras crianças e adultos, sabendo assim conviver em sociedade, como veremos no próximo registro e na figura 4.

Enquanto as crianças brincam de massinha de modelar dentro da sala, vou me aproximando aos poucos para saber qual seus interesses. Proponho a elas que façam os espaços que compõem a instituição. K diz fazer a escola, colocando paredes e telhados. M faz fios de eletricidade. Chegando ao lado de G, o mesmo ressalta que está fazendo uma cabana. Logo pergunto o porquê deste objeto. Responde-me que adoraria ter uma cabana dentro da sala, pois assim teria um espaço mais fechado para ele poder brincar.

Figura 4 - G montando sua cabana

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Destacamos algo que nos chama muita atenção e cuidado. Sempre ao conversarmos com as crianças, as mesmas se relacionam ao espaço como “escola”, não como instituição ou CEI. Os dois nomes são a forma correta de se denominar um local que atende crianças da educação infantil. Na turma A, a palavra é usada, porém poucas vezes e a maioria das crianças nomeia como creche. Já na turma B, a palavra escola está sempre em seus vocabulários. Com isso, destacamos que a Educação Infantil não tem como objetivo preparar para o ensino fundamental, no entanto, quando se usa a palavra escola, é preciso refletir sobre tudo que se atribui a esse conceito. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação infantil (2010), a expressão creche é denominada para crianças de 0 a 3 anos de idade, e pré-escola para crianças de 4 a 5 anos de idade.

É necessário que o ambiente respeite a faixa etária de cada criança. Sendo assim, pode ser observado de diversas formas e maneiras. “Para a criança existe o espaço-alegria, o espaço-medo, o espaço-proteção, o espaço-mistério, o espaço-descoberta, enfim, os espaços de liberdade ou da opressão”. (FARIA, 2003, p.70 apud LIMA, 1989, p.30).

Segundo Zabalza (1998), a criança vê o espaço como um todo, assim, tudo o que o compõe, delimita-se espaço. “O espaço é antes de mais nada luz: a luz que nos permite tanto a nós como à criança vê-lo, conhecê-lo e, portanto, ao mesmo tempo, compreendê-lo, recordá-lo, talvez para sempre”. (BATTINI apud ZABALZA 1998, p.231).

Ao perguntarmos para as crianças da instituição o que significa espaço para elas, diferentes respostas surgiram. Algumas foram para o lado da imaginação, como S, que diz que “espaço é onde fica o céu, as estrelas”. Já para G, “espaço é o lugar em que podemos brincar”. B fala que “espaço é tudo o que tem dentro da sala”. Pensando nisso, o autor ainda complementa:

Para a criança, o espaço é o que sente, o que vê, o que faz nele. Portanto o espaço é a sombra e escuridão; é grande, enorme ou, pelo contrário, pequeno; é poder correr ou ter que ficar quieto, é esse lugar onde ela pode ir para olhar, ler, pensar. O espaço é em cima, embaixo, é tocar ou não chegar a tocar; é barulho forte, forte demais ou, pelo contrário, silencio, é tantas cores, todas juntas ao mesmo tempo ou uma única cor grande ou nenhuma cor....

O espaço, então começa quando abrimos os olhos pela manhã em cada despertar do sono; desde quando, com a luz, retornamos ao espaço. (BATTINI apud ZABALZA, 1998, p.231).

Neste sentido, revolvemos acrescentar outra pergunta para que as crianças pudessem pensar e refletir sobre o que estão vivenciando. Ao perguntarmos como gostariam que fosse o espaço da sala, muitas respostas surgiram, mas uma em especial nos chamou a atenção:

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S se aproxima e pergunta se pode desenhar em meu caderno. Proponho, então, para que o mesmo desenhe como seria a sala de seus sonhos. E o menino responde: “Ah, isso é muito fácil, vou te mostrar”. Ao desenhar vai relatando todos os detalhes de como seria sua sala ideal. Percebo que o menino usa sua criatividade e imaginação. Então S diz:

_ Terminei. Aqui fica um mar e dentro dele uma baleia. Lá no canto, onde estão os quadrados, são atividades, fiz bastante porque eu adoro fazer atividades. Nesse lado, eu desenhei um tapete bem grande com vários brinquedos juntos. E, aqui, fiz vários carrinhos porque amo carros. Essa é minha sala de aula favorita.

A figura 5 ilustra o desenho feito por S. Figura 5 - Desenho de S

Fonte: Acervo das autoras, 2019.

Outro ponto relevante que destacamos, é o significado da palavra sala de aula. A criança do relato acima marca presença na turma B. O mesmo, assim como as outras crianças da sala, sempre utiliza a mesma expressão. Quando questionados sobre o porquê desta palavra e não apenas a aplicação da palavra sala, as crianças relatam que é porque ali estudam e fazem atividades, por isso sala de aula.

Para Horn (2004, p.28), “é no espaço físico que a criança consegue estabelecer relações entre o mundo e as pessoas, transformando-o em um pano de fundo no qual se inserem emoções”. Essa qualificação do espaço físico é o que o transforma em um ambiente. A autora ainda relata que cada criança tem seu modo de olhar para o espaço e o ambiente:

Nessa dimensão, o espaço é entendido como algo conjugado ao ambiente, e vice-versa. Todavia, é importante esclarecer que essa relação não se constitui de forma linear. Assim sendo, em um mesmo espaço, podemos ter ambientes diferentes, pois a semelhança entre eles não significa que sejam iguais. Eles se definem com a relação que as pessoas constroem entre elas e o espaço organizado. [...] (HORN, 2004, p.28).

Cada criança deposita no espaço um ambiente diferente e os sentimentos e os olhares diversificam, assim sendo, relatamos:

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M se aproxima de mim e pergunta o que estou fazendo. Respondo ao menino que estou anotando do que eles estão brincando na sala. Ele me responde: “Ah, tia, anota aí que eu amo minha sala. Quando eu estava na outra, não gostava, mas daqui eu gosto”. Pergunto então o porquê de gostar tanto assim e ele me responde que ali estão os brinquedos dele, os amigos, a professora, que é tudo muito legal e termina dizendo “eu amo a escola. Não gosto de ficar em casa, não tem nada para fazer lá”.

Proponho a ele que faça um desenho representando o espaço que ele tanto gosta. O menino fica muito empolgado, já pega o lápis de minhas mãos e começa a desenhar. _ Primeiro vou fazer o telhado para não chover aqui dentro. Depois a parede e a porta, claro, porque senão, não tem como a gente entrar. Aqui do lado vou fazer minha sala, em cima o parque e aqui no meio uma reserva, diz M.

_ O que é uma reserva? Pergunto.

_ Ah, tia, é uma reserva para segurar a escola né, porque se não tiver isso ela cai.

Na sequência, trazemos o desenho realizado por M.

Figura 6 - Desenho de M

Fonte: Acervo das autoras, 2019.

Cada criança tem seu jeito único de olhar para o espaço. No relato a cima, o menino estava preocupado com o que segurava a escola. Neste sentido, percebemos como as crianças agregam um grande significado ao ambiente. Para elas, cada espaço é especial. Depositam seus sentimentos em cada pedaço que o compõe, transformando-o, assim, em ambiente. O relato abaixo evidencia o sentimento ou não de pertencimento àquele espaço e/ou ambiente:

Ambas as turmas são sempre recepcionadas na sala da turma A. Algumas crianças já estão adaptadas e acostumadas com a rotina estabelecidas pelo CEI, mas outras crianças estranham. Quando J chega, fica parada na porta sem querer entrar, olha para os lados e percebo que ela não está identificando aquele espaço como o seu. Depois de um tempo, a professora a convence a entrar na sala. Ao passar um tempo,

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aproximo-me e pergunto o porquê de ela não querer entrar naquela sala. Ela me responde que ali não é a sua sala, não se sente bem naquele espaço.

Percebemos, deste modo, o quanto o espaço e o ambiente são importantes para as crianças, para que, assim, sintam-se acomodados e acolhidos no local. Podemos caracterizar, portanto, o ambiente como um todo, obtendo os sentimentos, as emoções, mas também o espaço físico. Assim como o cuidar e o educar são indissociáveis, o espaço e o ambiente também, um precisa do outro para que, juntos, possam transformar lugares.

Todos os espaços da educação infantil devem ser pensados e planejados. Com isso, tanto a criança como o professor conseguem conviver em interação constante, pois o que faz bem para um, também fortalece o outro. Vygotsky (1987) afirma que o desenvolvimento humano acontece por meio das interações sociais, em que a criança interage construindo conhecimentos e se desenvolvendo. O espaço e o ambiente devem proporcionar essas interações entre criança-criança e criança-adulto.

Em ambas as turmas são percebidos momentos de interações distintas. Na turma A, por exemplo, todas as crianças interagem muito bem. Quando uma criança senta na mesa para brincar, todas vão junto. Quando estão no tapete brincando com objetos, sempre ficam por perto. Já na turma B, a interação é mais percebida por grupos, meninos ficam de um lado, meninas de outro. A interação acontece poucas vezes ao dia. Na maioria das vezes, apenas no momento em que estão brincando no parque e, a nosso modo, isso acontece porque o espaço da sala não os proporciona interações. As figuras 7 e 8 ilustram um pouco do que observamos.

Figura 7 - Crianças da turma A em constante interação

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Figura 8 - Crianças da turma B com poucas interações

Fonte: Acervo das autoras, 2019.

O desafio de descobrir coisas novas deve estar sempre presente ao se pensar em um espaço que possibilite diversas formas de interações. Ao despertar esse tipo de sentimento, as crianças, automaticamente, sentem-se capazes e autônomas para fazerem o que tiverem vontade. Quando a mesma descobre esses sentimentos, o espaço, portanto, passa a ser ambiente. Isso acontece quando se qualifica, passando a ter sentimentos pelo mesmo, como os afetos, as tristezas, as interações, as emoções, entre outros. Ambos se complementam, pois um precisa do outro para que a educação infantil passe a ter sentido para a criança.

David e Weinstein (1987 apud CARVALHO e RUBIANO, 1995, p. 109), dizem que o ambiente para as crianças deveria atender a cinco funções: “promover a identidade pessoal, promover oportunidades para crescimento, promover sensação de segurança e confiança, promover oportunidades para contato social e privacidade”.

Na turma A, as cinco funções estabelecidas são nítidas em muitos momentos da rotina. A todo momento, a professora faz com que o grupo interaja e, ao mesmo tempo, consiga ter uma privacidade individual. Propõe brincadeiras que a criança crie uma identidade pessoal e possa crescer e se desenvolver. As crianças demonstram muita confiança e segurança no que estão desenvolvendo, seja em uma brincadeira ou atividade monitorada.

Já na turma B, nem todas as funções são percebidas. As crianças conseguem promover a identidade pessoal por meio das brincadeiras. As mesmas se sentem um pouco inseguras em relação a atividades dirigidas, desse modo, não transmitem confiança no que estão fazendo. A oportunidade de crescimento é percebida poucas vezes, apenas em algumas atividades que realmente fazem sentido para a criança. A oportunidade de contato social e a interação com os colegas não é percebida. As crianças apenas interagem por grupo de gênero em poucos momentos da rotina.

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Neste sentido, o ambiente deve ser planejado para a criança, deixando de lado as necessidades dos adultos. Todo e qualquer ato deve possuir como foco o bem-estar da criança. Desta forma, o espaço e o ambiente, vistos como um conjunto, podem atender às necessidades físicas, psíquicas, motoras e emocionais, todavia, faz-se necessário, também, a troca de ideias entre professor e criança, tendo uma percepção de como a criança gostaria que fosse esse local. Cada turma tem seu jeito único de olhar para a sala. Para as crianças da turma A, o espaço e o ambiente são cheios de magia, imaginações e aprendizagem. O mesmo traz uma carga muito significativa para todas as crianças. Ao serem convidadas para irem ao parque, de imediato, todas dizem que não. V diz que brincar na sala é muito mais legal. M fala que não quer ir porque no parque é muito chato. Este comportamento das crianças foi visto em diversos dias de observação e deixando bem claro o que querem naquele momento.

Já para as crianças da turma B, o espaço e o ambiente da sala não são bem vistos. As crianças preferem ficar no parque correndo de um lado para outro sem parar. Quando a professora solicita para que voltem à sala, as crianças resistem e não querem voltar. O relato subsequente revela esse posicionamento:

G estava muito triste ao voltar para a sala. Pergunto ao menino o porquê de estar tão entristecido. Logo me responde que não gosta da sala, porque eles não podem brincar, só na sexta feira que é dia do brinquedo, nos outros dias temos que só fazer atividade e assistir filme.

Ao voltarem para sala, M lembra as crianças que amanhã seria o dia do brinquedo. As mesmas ficam muito animadas e começam a faz planos de como vão arrumar a sala para poderem brincar no dia seguinte. K diz que vai puxar a mesa para o canto e fazer rampas de corrida com as cadeiras. Já I diz que vai fazer uma casa embaixo da mesa para as bonecas dela. Todos ficam muito animados com as ideias dos colegas.

Ostetto (2008) afirma que a criança é um ser que pensa e se expressa por meio de diversas linguagens. Neste seguimento, o professor tem um papel fundamental para que estas diferentes linguagens possam ser percebidas. Por meio do espaço e ambiente, a criança pode descobrir diferentes significados, emoções, aprendizagens, descobertas e inúmeras formas de linguagem.

4 Considerações finais

A Educação Infantil, sendo a primeira etapa da Educação Básica, é dever do Estado e este deve garantir e ofertar uma educação de qualidade e gratuita para todos. Nesta etapa, busca-se atender aos aspectos sociais, físicos, psicológico, afetivo e intelectual. Para que os mesmos sejam atendidos de forma acolhedora e respeitosa, é essencial o planejamento. O

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professor, ao planejar, precisa buscar melhorias para o ensino e considerar sempre a indissociabilidade entre o cuidar e o educar.

O espaço e o ambiente são essenciais no planejamento. Os mesmos têm muito significado para esse nível de ensino. Entendemos por espaço tudo aquilo que se denomina físico. Já o ambiente nos remete ao sentimento, o que depositamos ao sentir em determinado local. Na educação infantil não é diferente. As crianças têm representações distinta para denominar cada parte de um determinado lugar. Na sala, as crianças fazem representações para cada momento, algumas tem ela como seu espaço preferido, já outras preferem estar em outros locais, não depositando sentimentos positivos em relação ao ambiente.

Ao concluirmos a pesquisa sobre o olhar que a criança do pré-escolar, dentre 4 a 5 anos de idade, tem sobre o espaço e o ambiente de sala da educação infantil, diagnosticamos como alcançados os objetivos aqui propostos. Inicialmente, descrevemos os espaços da sala do CEI, com isso, conseguimos fazer a identificação de como a criança interage com o espaço da sala e analisamos, também, como a criança reage ao ambiente da sala de educação infantil.

Conforme a pesquisa foi sendo realizada, percebemos diversas concepções de espaços e ambientes, sendo distintas para cada criança. Cada uma teve um papel essencial para que a pesquisa fosse desenvolvida. O acolhimento, a vontade de saber mais, o sorriso encantado, um abraço apertado, as palavras ditas e sentidas, a busca por coisas novas, motivavam-nos cada dia mais.

Ao serem pesquisadas e analisadas duas turmas distintas, um de pré-escolar I e creche IV mista (delimitada turma A) e outra um pré-escolar II (delimitada turma B), ambas em um CEI da rede municipal de ensino de Tubarão, Santa Catarina, de imediato, constatamos a grande diferença de interesse e interações sobre o espaço e o ambiente. Cada turma, por meio de suas crianças, demonstrou um jeito de olhar.

Na turma A há um espaço aberto, amplo, com maiores potencialidades para aprendizagem, brincadeiras, conhecimentos e interações. As crianças desta turma amam a sala, tem a mesma como o espaço preferido da instituição, sem exceções. Todos têm uma relação muito boa entre criança-criança e criança-professor, sendo que a interação ocorre a todo momento, com ou sem intervenções. As crianças se relacionam com amor e respeito, transmitindo o mesmo para quem chega no ambiente.

Já na turma B o espaço é pequeno, com muitas mesas e cadeiras, não tendo lugar para brincarem dentro da sala. A concepção sobre o mesmo remete a busca de preparar a criança para a primeira série do ensino fundamental. Com isso, as crianças desta turma não gostam de

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ficar na sala, preferem o parque à sala. Muitas delas não veem o espaço como ambiente, fragmentando, assim, apenas o físico, não incluindo os sentimentos.

Com esta pesquisa, percebemos que o significado da palavra criança se modificou até chegar ao conceito que se tem hoje. Uma criança de direitos e deveres, que frequenta a educação infantil, tendo a indissociabilidade como foco do processo, com certeza, vai apresentar um melhor desenvolvimento. Percebemos, outrossim, que cada criança tem jeito e sua maneira de olhar para determinado espaço, podendo depositar diferentes sentimentos em um mesmo ambiente.

Sendo assim, a pesquisa, de forma a investigar o olhar das crianças sobre um mesmo espaço e ambiente, abre outros caminhos para pesquisas futuras, pois há, ainda, diversos questionamentos ou situações problema que merecem ser investigados e que contribuiriam para auxiliar o professor /pesquisador da área de educação infantil. Dentre esses, destacamos: Será que a criança gosta dessa forma de espaço? Como eu, professor poderia melhorar? O que a criança gostaria que tivesse na sala? Como a criança se sente ao estar neste ambiente da sala? Essas são algumas indagações, contudo há muitas outras que suscitam investigações.

Infelizmente, a educação infantil é uma etapa que carece de mais atenção, pois não tem a valorização que merece por parte daqueles que pensam a educação no nosso país. São necessários investimentos, tanto em relação à formação daqueles que trabalham com esta etapa como em infraestrutura e materiais apropriados para essa faixa etária. A criança precisa ser considerada, olhada, ouvida...

Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, a Deus, por ter me dado a vida, incluindo a saúde, dedicação e força de vontade para vencer todas as barreiras que pelo caminho surgiram. Sem ele não estaria aqui e nada disso teria acontecido.

A minha família, que se faz sempre presente em minha vida, apoiando-me e me incentivando. Principalmente a minha mãe, que com todo amor e carinho se manteve ao meu lado firme nos dias difíceis, fazendo com que eu acreditasse em mim mesma para realizar mais um sonho.

Agradeço, também, à Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL, pela oportunidade e por abrir novos horizontes, transmitindo-me conhecimentos tão ricos que levarei para toda a vida. Aos professores, que pelo Curso de Pedagogia passaram, por me ensinarem diversas aprendizagens e conhecimentos, sendo fundamentais em todos os processos.

(27)

Em especial, agradeço as professoras Nádia Maria Soares Sandrini e Rosandra Schlickmann Sachetti Hubbe, por todo carinho, apoio, atenção, aprendizado e comprometimento. Ambas foram essenciais para que o processo de criação e finalização do artigo fossem completos e bem executados.

Enfim, agradeço a todos que estavam presente direta ou indiretamente, fazendo parte da minha vida, apoiando, incentivando, dando força e compreensão. Muito obrigada.

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Apêndices

Apêndice A – Roteiro de observação

Observar:

 Qual a caracterização da turma?

 Como o espaço/ambiente está organizado dentro de sala?  Como as crianças se relacionam dentro da sala?

(29)

 As crianças exploram todo o espaço?

 A rotina estabelecida envolve planejamento para brincadeiras dentro de sala?  Que olhar a criança tem sobre o espaço e ambiente?

Perguntas para as crianças:

 O que as crianças mais gostam de brincar dentro da sala?  Quais seus espaços e objetos preferidos?

 Como seria a sala da forma que cada criança quisesse?  O que as crianças mais gostam de fazer na instituição?

Referências

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