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REDE ELETRÔNICA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO EM HOSPITAIS BRASILEIROS - USP

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Academic year: 2021

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REDE ELETRÔNICA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO EM HOSPITAIS BRASILEIROS - USP

Maria Helena Palucci Marziale1

Neide Tiemi Murofuse2

INTRODUÇÃO: Os avanços conquistados pela humanidade especialmente no último século têm se traduzido em novas tecnologias que possibilitaram a aproximação entre os povos e a as nações de forma que o conhecimento produzido esteja disponível em tempo real a parcela significativa da população mundial. Nessa perspectiva Marziale et al. (2004) afirmam que a rede mundial de computadores (Internet) é uma ferramenta vital para a comunidade cientifica uma vez que proporciona aos pesquisadores o acesso rápido às produções cientificas realizadas em nível mundial assim como oportuniza as consultas a bancos de dados e o intercâmbio com seus pares de todo o mundo. Atualmente presenciamos o aumento do fascínio pelas tecnologias com seus procedimentos e alcances de tal forma que muitas vezes até obscurece a consciência na escolha da tecnologia, relegando a necessidade da avaliação sobre sua importância no sentido de favorecimento à vida humana, às suas potencialidades e ao meio ambiente (FALCÃO, 2003). Os pesquisadores podem lançar mão das tecnologias de visualização e ambientes colaborativos, para ver, controlar e interagir com uma única experiência a partir de inúmeros locais, oportunizando a ampliação do universo e gerar, com maior eficiência e rapidez, produtos de valor para a comunidade através da aceleração da difusão do conhecimento científico (MEDEIROS, 2004). A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima, em nível mundial, a ocorrência anual de 250 milhões de acidentes e 160 milhões de doenças ocupacionais, tendo causado um total de 818 mil 1 Enfermeira, Professor Associado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São

Paulo - Ribeirão Preto. E-mail: marziale@eerp.usp.br.

2 Enfermeira, Professor Adjunto do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

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mortes em 1994 (335 mil mortes por acidente típico, 158 mil mortes por acidentes de trajeto e 325 mil mortes por doenças relacionadas ao trabalho) (VILELA et al, 2004). No ano de 2000 ocorreram 343.996 acidentes e 3.094 mortes no Brasil, para uma população de 20.374.174 trabalhadores segurados pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), representando a proporção de 1,68 acidentes por 100. A taxa de mortalidade de 15,2 mortes por 100 mil trabalhadores coloca o país acima da média dos países da América Latina (VILELA et al, 2004). No ambiente hospitalar os acidentes de trabalho com material biológico apresenta gravidade especialmente pelo potencial risco de contaminação biológica a qual ocorre por meio da ocorrência de acidentes de trabalho. Considerando que há uma desconsideração dos possíveis efeitos negativos desses acidentes por parte dos profissionais da saúde que atuam nos hospitais (OSÓRIO et al, 2005) e diante da dificuldade de um diagnóstico nacional sobre a ocorrência deste tipo de acidentes, entre trabalhadores de instituições de saúde, principalmente devido às diferenças regionais existentes no País, buscamos utilizar os recursos da Internet para intercambiar informações, realizar pesquisas e elaborar estratégias preventivas para serem implementadas de acordo com a realidade local visando a promoção da saúde do trabalhador.

OBJETIVOS: construir uma rede eletrônica de informações e pesquisa interdisciplinar e diagnosticar o registro de acidentes do trabalho com exposição a material biológico entre trabalhadores de hospitais universitários de diferentes Estados brasileiros, identificar as estratégias de prevenção aos acidentes adotadas pelos hospitais e elaborar estratégias preventivas para serem implementadas de acordo com a realidade local visando a promoção da saúde do trabalhador.

METODOLOGIA: Pesquisa de campo, descritiva, com dados coletados por via eletrônica e tratados por abordagem quantitativa. População do estudo composta por 11 hospitais universitários de diferentes Estados brasileiros (São Paulo; Santa Catarina; Paraná; Distrito Federal; Alagoas; Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso) que registram os acidentes ocorridos nos hospitais acessando o formulário do portal REPAT.

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Os registros dos dados geram figuras e tabelas automaticamente e podem ser visualizados no link “resultados” do referido portal. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP RESULTADOS: A Rede Eletrônica de Pesquisa de Prevenção de Acidentes do Trabalho com material biológico em hospitais brasileiros - REPAT foi criada em 2003 é composta por hipertexto dividido em módulos, com interface diversificada quanto ao design a fim de tornar fácil a navegação e a compreensão. A url de acesso é

http://repat.usp.br. A rede conta com a participação de pesquisadores do Brasil e do

exterior, alunos de graduação e pós-graduação, profissionais da equipe interdisciplinar de Saúde Ocupacional e representante de 11 hospitais de vários Estados brasileiros. Insere-se no contexto da Promoção da Saúde do Trabalhador com foco, na prevenção de acidentes do trabalho e na promoção de condições seguras de trabalho no setor saúde, uma das áreas integrantes da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde do Ministério da Saúde. Os hospitais são cadastrados pelo formulário nº1 , onde são coletados dados sobre as estratégias de prevenção de acidentes do trabalho adotadas pelos hospitais. Os registros dos acidentes do trabalho ocorridos são efetuados no formulário nº2, o qual foi construído com base na Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT; no formulário EPINet (JAGGER; PERRY; 2000) e no formulário OSHA, (2001).Os dados são registrados em banco de dados ACCESS que permitem a elaboração de relatórios mensais divulgados pelo link “Resultados”. Por meio do link “Publicações” são divulgadas as pesquisas realizadas pelos pesquisadores da REPAT. Outros recursos do portal são: fórum de discussão destinado ao intercâmbio de informações sobre temas relacionados a promoção a saúde e prevenção de acidentes de trabalho; Chat que permite a integração e intercâmbio entre os participantes da rede. No período compreendido entre janeiro de 2003 a julho de 2005 foram registrados 368 acidentes (144 em 2003; 194 em 2004 e 30 em 2005) envolvendo trabalhadores de cinco hospitais brasileiros. A faixa etária da maioria dos acidentados era de 20 a 29 anos de idade (51% em 2003, 49% em 2004 e 23% em 2005). Os resultados obtidos no período

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confirmam que a enfermagem continua sendo a principal categoria profissional vitimadas por acidentes envolvendo material biológico, num total de 206 acidentes (77 em 2003, 105 em 2004 e 24 em 2005). Em relação à estratégia adotada pelos hospitais, como forma de prevenir a ocorrência dos acidentes, os resultados mais freqüentes (69,5%), no período investigado foram: desconhecido (29,9%), orientação individual ao trabalhador (28,5%), avaliação da segurança do local de trabalho (8,4%) e nenhuma (5,7%). Considerando que a principal fonte de informações utilizada foi o formulário da CAT e este não contempla informações acerca das estratégias preventivas adotadas pela instituição justifica o significativo resultado obtido em relação ao desconhecimento das estratégias implementadas. De acordo com Vilela et al. (2004) a análise dos AT não é neutra, mas sofre a influência da concepção que se tem acerca desses eventos. Nessa perspectiva, entende-se que a opção pela orientação individual ao trabalhador (28,5%) como estratégia preventiva aponta para a existência de uma determinada concepção de acidente. A compreensão que predomina no Brasil e no mundo é o de considerar “o acidente como um evento simples, com origens em uma ou poucas causas, encadeadas de modo linear e determinístico” (VILELA et al., 2004). Desta forma, os acidentes seriam decorrentes de falhas, ações ou omissões tendo como origem dos “atos inseguros” os aspectos psicológicos dos trabalhadores. Assim como os comportamentos seriam frutos de escolhas livres e conscientes por parte dos trabalhadores, a responsabilidade é do indivíduo acidentado. Ao compreender o acidente na perspectiva tradicional, como fenômeno simples e unicausal, conclui-se pela culpa do individuo pelo evento, ajuda a escamotear as responsabilidades da instituição e de seus prepostos e contribui para manter intocadas as condições, os processos de trabalho, atividades e meios produtivos que são perigosos mantendo-os como algo natural.

CONCLUSÃO: Os resultados oportunizaram a sistematização de informações referentes ao controle e estratégias de prevenção de acidentes do trabalho envolvendo material biológico nos hospitais, oferecendo subsídios para a reflexão e quiçá mudanças

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nas práticas de trabalho. A construção da REPAT demonstrou como o uso das tecnologias da informação pode auxiliar e ser utilizadas para a aquisição de conhecimentos científicos e oferecer maior visibilidade a pesquisa produzida pela Enfermagem brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FALCÃO, E.B.M. O trabalho docente na universidade: algumas reflexões. Caminhos, v.1, n.1. p.52-64, fev.2003.

INTERNATIONAL HEALTH CARE WORKER SAFETY CENTER, Annual number of occupational percutaneous injuries and mucocutaneous substances.on line: Avaliable from http://www.virginia.edu/epinet/estimats.html, [2001/sept 3].

JAGGER, J.B; PERRY, J. Exposure Safety. OSHA’S push toward safety. Nursing, v.30,n.4,p.20-2000.

MARZIALE, M.H.P.; MANETTI, M.L.; CHIODI, M.B.; ROBAZZI, M.L.C.C. Rede eletrônica de pesquisas em prevenção de acidentes do trabalho: a enfermagem experimentando novo instrumento de pesquisa. 2004 Disponível em:

http://abennacional.org.br/.

MEDEIROS, M. A pesquisa científica e a internet. Disponível em:

http://www.cinform.ufba.br/iv_anais/artigos/TEXTO14.HTM. Acesso em 23 março

2004.

OSÓRIO, C.; MACHADO, J.M.H.; MINAYO-GOMEZ, C. Proposição de um método de análise coletiva dos acidentes de trabalho no hospital. Cad. Saúde Pública, v.21, n.2, p.517-24, mar./abr., 2005.

VILELA, R.A.G.; IGUTI, A.M.; ALMEIDA, I.M. Culpa da vítima: um modelo para perpetuar a impunidade nos acidentes de trabalho. Cad. Saúde Pública, v.20, n.2, p.570-9, mar./abr., 2004.

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