• Nenhum resultado encontrado

Palavras-chave: Bacia Hidrográfica do Una, SIG, inundação, hipsometria, fotointerpretação. Abstract

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Palavras-chave: Bacia Hidrográfica do Una, SIG, inundação, hipsometria, fotointerpretação. Abstract"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Relação das áreas de risco de inundação e o aspecto social

na Bacia do Una utilizando SIG, Belém, Pará, Brasil

BONENTE1, Daniele; PEREIRA2, Jorge Luis Gavina

1

Universidade Federal do Pará – UFPA; danielebonente@yahoo.com.br

2

Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG; jorgegavina@museu-goeldi.br Resumo

As constantes chuvas, que comumente provocam inundações em várias partes da cidade, tem sido o foco frequente da mídia. Sabendo-se que Belém é uma cidade plana e com baixas cotas hipsométricas, esta apresenta trechos com grande risco de inundação, agravada pela forma de ocupação da população na mesma. O objetivo deste trabalho é definir, avaliar e quantificar as áreas sujeitas às inundações da Bacia Hidrográfica do Una (BHU), caracterizando-as socialmente. Utilizando o Sistema de Informação Geográfica (SIG) realizou-se o cruzamento do Mapa de Risco de Inundação, gerado a partir da hipsometria de Belém, com o Mapa de Unidade de Paisagem, produzido a partir da fotointerpretação, permitindo assim a análise visual e estatística da BHU. Os resultados encontrados foram 81,18% das residências caracterizadas como de menor renda e 18,82% das residências de maior renda localizam-se em área de risco de inundação e propícias a aquisição de doenças. Em contrapartida, 56,10% das residências menor renda e 43,89% de maior renda encontram-se em áreas de cotas hipsométricas acima de 10 metros, o que são caracterizadas como áreas menos sujeita a inundação.

Palavras-chave: Bacia Hidrográfica do Una, SIG, inundação, hipsometria, fotointerpretação. Abstract

Constant rains often cause flooding in several parts of the city. It has been frequently focus of the media. Knowing that Belem city is flat and low hypsometric quotas, it presents excerpts at great risk of flooding, exacerbated by the manner of occupation of the people in it. The objective is to define, assess and quantify the areas subject to flooding of Hydrographic Basin Una (BHU), socially characterizing them. Using Geographic Information System (GIS) held the intersection of Flood Risk Map, created from the hypsometry of Belem city, with the Landscape Unit Map, produced from photointerpretation, permiting visual analysis and statistical the BHU. Results were 81.18% of house characterized as low family income, and 18.82% of house with higher family income are located in areas of flood risk and favorable acquisition of disease. In contrast, 56.10% of lower family income house and 43.89% of higher family income located in areas with hypsometric quota above 10 meters, which are characterized as less vulnerable areas to flooding.

(2)

Introdução

A cidade de Belém do Pará, localizada na latitude de 1º27’22” Sul e longitude de 48º30’18” Oeste, é caracterizada por um clima quente e úmido com elevada pluviosidade. O principal agente atuante é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), o qual tem início no mês de dezembro, atingindo maior intensidade em março (DIAS, 2006, p. 191). A área urbana ocupa um espaço geográfico de 1.065 km2, o qual abriga uma população estimada de 1.437.600 habitantes (IBGE, 2009). A Baía do Guajará à oeste e o Rio Guamá ao sul da cidade recebem grande carga hídrica devido a intensa vazão da densa drenagem que recorta a Região Metropolitana de Belém (RMB). As bacias hidrográficas distribuem-se da seguinte maneira: 60% pertence à Bacia do Una, 17% à Bacia do Tucunduba, 16% à Estrada Nova e 7% às demais bacias com menor área geográfica (Governo do Estado do Pará, 2004).

As condições da BHU são bem propícias às inundações, pois é descrita por uma área plana e praticamente toda urbanizada. A existência da vegetação é concentrada, ocorrendo áreas verdes sob a jurisdição militar, governamental como o Parque Ambiental de Belém e municipal como o Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves. A entrada e o contato das águas da Baía do Guajará, por efeito das marés, é fato comum na região, aumentando o risco de inundação (Governo do Estado do Pará, 1987, p. 12). Essas somatórias de fatores ocasionam áreas que são vulneráveis a inundação, o qual resultam em prejuízos materiais a população residente, assim como risco de acidentes e aquisição de doenças (Ministério da Saúde, 2010). Materiais e Métodos

Coletou-se dados e informações em instituições além de base de dados georreferenciados, para posteriormente serem inseridas em um SIG. A hipsometria com eqüidistância de 2 metros da RMB é um relevante dado, que foi adquirida junto a Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (CODEM), e que foi gerado em 1999 a partir do Cadastro Técnico Multifinalitário (CTM).

Na elaboração do Mapa de Risco de Inundação, adotou-se as seguintes cotas:  0.00 – 4.00 metros: áreas propícias a constantes inundações;

 4.01 – 10.00 metros: áreas com risco de inundações;

 10.01 – 20.00 metros: áreas com médio risco de inundação;  20.01 – 30.00 metros: áreas com baixo risco de inundação.

O Mapa de Unidade de Paisagem foi gerado a partir da interpretação visual do mosaico georreferenciado de fotografias aéreas da área, a fim de se identificar e classificar a área de estudo. O recurso usado foi visual adotando características como: tipo de moradia, tipo de rua, organização no espaço geográfico, bairro, sombra dos prédios, fotografias da macrodrenagem e conhecimento da área. Observando-se essas características, definiram-se cinco classes. As classes são: menor renda, maior renda, vegetação, água, outros.

As classes menor e maior renda são áreas classificadas levando em consideração os aspectos citados anteriormente, sabendo da possibilidade de haver mistura de rendas em determinadas áreas, porém levando em consideração a maioria. A classe água inclui todos os canais existentes na bacia. A classe vegetação abrange as áreas com árvores de certo porte, capoeiras, áreas de preservação e áreas militares.

E finalmente a classe outros corresponde às áreas públicas, abertas ou sem vegetação, instituições de ensino, entre outras áreas sem relevância para este trabalho.

O Mapa Síntese, elaborado a partir do cruzamento das camadas (shapes) que anteriormente foram gerados (Mapa de Risco de Inundação e Mapa de Unidade de Paisagem), é elaborado para uma análise quantitativa das áreas ocupadas pela população.

Para cada mapa elaborado, produziu-se uma tabela e um gráfico para visualização dessas informações quantificadas.

(3)

Área (%) 11,80 0,37 33,73 54,10 0 - 4 4,000001 - 10 10,000001 - 20 20,000001 - 30

Dessa forma, os mapas foram elaborados utilizando o sistema de coordenada associado à Projeção Universal Transversal de Mercator (UTM) no software ArcGIS 9.0, sendo elaborados na Unidade de Análises Espaciais – UAS do Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG.

Resultados e Discussões

O Mapa de Risco de Inundação (figura 1) permite a visualização das áreas que possuem cotas com menor valor altimétrico, possibilitando a identificação das áreas de baixadas, além das demais áreas.

A tabela 1 contém os dados referentes às áreas dos intervalos das cotas altimétricas. As áreas propícias a constantes inundações e com risco de inundação abrangem uma área de 11,80% e 33,73%, respectivamente; enquanto que as áreas com médio risco de inundação cobre uma área de 54,10% e baixo risco de inundação somente 0,37%, como pode ser observado na figura 2.

Figura 1 – Mapa de Risco de Inundação Tabela 1 – Dados de área referente à altimetria

Figura 2 – Gráfico da área das cotas altimétricas.

No Mapa de Unidade de Paisagem (figura 3), pode-se observar no espaço geográfico a disposição das diversas classes que foi previamente definida.

Os dados de ocupação social referente ao Mapa de Unidade de Paisagem são apresentados na tabela 2. A área ocupada pela população de menor renda corresponde a 37,42% da BHU, enquanto que a área ocupada pela população de maior renda de corresponde a 24,87%. A área de vegetação e de água correspondem a 16,27% e 0,90% da BHU, respectivamente.

Esses dados informam que a principal classe na BHU é a de menor renda, podendo também ser visualizado na figura 4.

Cota Altimétrica (m) Área (m2) Área (ha) Área (%) 0 - 4 3.958.493,152 395,849 11,80 4,000001 - 10 11.329.551,425 1.132,955 33,73 10,000001 - 20 18.170.500,346 1.817,050 54,10 20,000001 - 30 123.512,851 12,351 0,37 Área Total BHU 33.583.514,633 3.358,351 100,00

(4)

Figura 3 – Mapa de Unidade de Paisagem Tabela 2 – Dados de área referente a ocupação social

Tipo Área (m2) Área (ha) Área (%) Menor Renda 12.568.586,882 1.256,859 37,42 Maior Renda 8.351.271,374 835,127 24,87

Água 302.921,362 30,292 0,90

Vegetação 5.465.540,535 546,554 16,27 Outros 6.895.194,480 689,519 20,54 Área Total BHU 33.583.514,633 3.358,351 100,00

Figura 4 – Gráfico da área de ocupação social.

Observando-se o Mapa Síntese (figura 5), verifica-se nas áreas com menores cotas altimétrica a presença da classe menor renda, o qual abrange bairros considerados mais humildes, diferentemente das áreas que possuem cotas com valores mais elevados, que abrange bairros elitizados.

Na análise da tabela 3, observa-se a área de maior risco de inundação (0 – 10 m), verificando que 81,18% da classe de menor renda e 18,82% da classe de maior renda reside em áreas de risco de inundação. Esse resultado demonstra que a grande parte das áreas inundáveis da BHU é habitada pela população de menor renda, o qual é a classe mais vulnerável a adquirir doenças em função das constantes inundações e com menor poder aquisitivo para custear tais despesas.

Figura 5 – Mapa Síntese: cruzamento entre as áreas inundáveis e o aspecto social.

Área (%) 24,87 20,53 37,42 16,27 0,90 Menor Renda Maior Renda Água Vegetação Outros

(5)

Tabela 3 – Dados de área referente ao cruzamento das camadas.

Altimetria de 0 a 10 metros

Tipo Área (m2) Área (ha) Area (%) menor renda 8.321.359.491 832,136 81,18 maior renda 1.929.314.152 192,931 18,82 Area Total 10.250.673.643 1.025,067 100 Altimetria acima de 10 metros

Tipo Área (m2) Área (ha) Area (%) menor renda 5.963.018.259 596,302 56,10 maior renda 4.664.598.782 466,459 43,89 Area Total 10.627.617.041 1.062,761 100

Figura 6 – Gráfico de comparação dos dados.

No entanto, analisando-se as áreas com cotas acima de 10 metros, verifica-se que 56,10% é ocupada pela população de menor renda e 43,89% pela população de maior renda como se verifica na figura 6.

Conclusões

 A execução do Projeto da Macrodrenagem do Una trouxe muitos benefícios para os moradores, pois as áreas que antes eram completamente inundadas foram em grande parte amenizadas. As calhas dos canais que ficavam vulneráveis a erosão, possuindo em suas margens mato, moradias precárias (palafitas) e a não existência de saneamento básico, foi substituído pela retificação e definição dos leitos dos canais, implantação de redes de água, esgoto e coleta regular de lixo, entre outras.

 A impermeabilização da Bacia do Una é um fator agravante para a questão das inundações, uma vez que diminui a infiltração e aumenta o escoamento superficial.

 Os resíduos sólidos lançados nos canais é outro fator problemático, pois, apesar da implantação do saneamento básico em grande parte da bacia, ainda existe uma parcela considerável de pessoas que continuam usando os canais como depósito de lixo, contribuindo para inundações e por conseguinte a disseminação de doenças.

 A educação ambiental é uma viável solução para se combater o lançamento de lixo nos canais e a prevenção de doenças, uma vez que gera sensibilização e reflexão principalmente nas pessoas que convivem com a realidade da bacia.

Referências Bibliográficas

DIAS, M. A. F. da S. Metereologia,Desmatamento e Queimadas na Amazônia: uma síntese dos resultados LBA. Revista Brasileira de Metereologia. v.21, n.3ª,p.190-199, 2006.

Governo do Estado do Pará. EIA / RIMA do Projeto Una. Belém, PA: Governo do Estado do Pará, 1987.

Governo do Estado do Pará. Macrodrenagem da Bacia do Una. Belém, PA: Governo do Estado do Pará e Leme Engenharia, 2004.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Cidades@. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php> Acesso em: maio. 2010.

Instituto Nacional de Meteorologia – INMET. Climatologia. Disponível em:

<http://www.inmet.gov.br/html/clima.php>. Acesso em: abril. 2010.

Ministério da Saúde. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_ texto.cfm?idtxt=25230>. Acesso em: Maio. 2010.

MORENO, G.C. Macrodrenaje y la Necesidad de una Remodelacion Ambiental Del Centro Urbano de Belém. Belém, PA: UFPA. NAEA, Associação de Universidades Amazônicas. 1998. in AMIN, M.M.; XIMENES, T. (Org.). Habitat nos Países Amazônicos.

81,18 18,82 56,10 43,89 0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 Area (%)

Altim etria de 0 a 10 m e acim a de 10 m

menor renda maior renda menor renda maior renda

Referências

Documentos relacionados

Portanto, o jiu jitsu brasileiro torna-se então mais um conteúdo possível de ser aplicado nas aulas de Educação Física escolar, juntamente com outras tantas modalidades dentro do

Deste modo, do conjunto de áreas e domínios de conteúdos da nossa intervenção, propusemo-nos aprofundar esta temática, não só porque constitui um assunto do

A análise dos dados meteorológicos foi dividida em três etapas a partir de um esquema de decomposição temporal-cronológica, iniciando pela série de dados de longo

Pela sua extensão de 2,7 km, identifica-se áreas verdes como se percebe na figura 14, referente a chácaras da região, que ajudam na preservação das áreas da vegetação e

Este é um convite para você participar da pesquisa “PROGRAMA DE MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS DA ATIVIDADE DISCIPLINAR NO CLIMA ORGANIZACIONAL DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO”

DESC

O presente artigo tem por objetivo geral investigar a história do café, tendo como base principal os estudos já realizado sobre o tema e apresentar seus benefícios tanto

Tome as medidas necessárias com vista a pôr fim às supressões de carreiras do transporte fluvial da Transtejo e da Soflusa e a assegurar o cumprimento