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TEXTO ARGUMENTATIVO SERMÃO DE STº ANTÓNIO AOS PEIXES. Curso Técnico de. Energias Renováveis Mecatrónica Automóvel. Disciplina- Português

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Academic year: 2021

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Texto

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Curso Técnico de

Energias Renováveis

Mecatrónica Automóvel

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O

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6

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EXTO

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RGUMENTATIVO

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ERMÃO DE

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NTÓNIO AOS

P

EIXES

Disciplina- Português

Prof. Liliete Santos

Turmas: 2

os

anos

Ano Lectivo, 2012-2013

Oralidade

(2)

2

O que é argumentar? Porque argumentamos?

1. Leia a seguinte BD de Calvin e preencha o esquema abaixo apresentado:

Leitura

1. Leia a informação seguinte e complete o quadro com as definições retiradas a partir do texto:

Leitura

1. Leia com atenção o texto que se segue.

Tema:

estudo em idade escolar

Pai do Calvin

Necessidade do estudo

Calvin

Rejeição do estudo Porque (Argumento) __________________________ __________________________ __________________________ __________________________ _______________________ __________________________ __________________________ __________________________ __________________________ _______________________ Resposta (contra-argumento) __________________________ __________________________ _________________________ O pai REFUTA o contra-argumento Textos argumentativos: ______ _________________________ _________________________ _________________________ Retórica: _________________ _________________________ _________________________ Oratória: _________________ _________________________ _________________________ Discurso argumentativo: _____ _________________________ _________________________ _________________________

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3

Em defesa dos Oceanos

A vida marinha esteve por demasiado tempo totalmente exposta à exploração por parte de quem possuísse meios para o fazer. Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, actualmente, a capacidade, o alcance e a potência das embarcações e do equipamento usados para explorar a vida marinha exceda de longe a capacidade da Natureza de a preservar. Se isso não for controlado, terá amplas consequências no ambiente marinho e nas pessoas que dele dependem. A vida nos oceanos possui um incrível conjunto de formas e dimensões – desde o plâncton microscópico até à maior das grandes baleias. Apesar disso, muitas espécies foram levadas à extinção, ou aproximam-se dela, devido a devastadores impactos humanos. (…)

As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas. Por um lado, os navios gigantes, utilizando equipamentos de ponta, podem localizar com precisão cardumes de peixe rapidamente. As frotas de pesca industrial ultrapassaram os limites ecológicos do oceano. À medida que o peixe maior é exterminado, os objectivos passam a ser as espécies seguintes de peixes mais pequenos, e assim sucessivamente. (O especialista em pescas canadiano Dr. Daniel Pauly previne que, se isso continuar, os nossos filhos vão alimentar-se de medusas.) (…)

Em segundo lugar, a aquacultura (viveiros de peixe e marisco) é frequentemente apresentada como o futuro da indústria de alimentos marinhos. Mas a aquacultura de camarão é talvez a indústria de pesca mais destrutiva, insustentável e injusta no mundo. O desmatamento de mangais, a destruição do pescado, o assassínio e desmatamento de terrenos comunitários têm sido amplamente divulgados. (…)

Não podemos esquecer, também, que o oceano e os seus habitantes vão ser afectados de maneira irreversível pelos impactos do aquecimento global e das alterações climáticas. Os cientistas dizem que o aquecimento global, através aumento das temperaturas da água do mar, irá elevar os níveis da água e alterar as correntes oceânicas. (…)

Outro impacto significativo da actividade humana no ambiente marítimo é a poluição. A poluição mais visível e familiar é a do petróleo, provocada pelos acidentes com navios petroleiros. Apesar disso e apesar da escala e visibilidade de tais impactos, as quantidades totais de poluentes que se escoam para o mar a partir de derrames de petróleo são diminutas, comparadas com as originadas por poluentes de outras proveniências. Estas incluem os esgotos domésticos, as descargas industriais, o escoamento de superfície urbano e industrial, as descargas radioactivas, entre muitas outras.

Assim, é necessário efectuar mudanças fundamentais no modo como os nossos oceanos são geridos. Isto significa que devemos agir para garantirmos que as actividades humanas sejam sustentáveis, ou, por outras palavras, que satisfaçam as necessidades das gerações actuais e futuras de seres humanos, sem causar danos ao ambiente. Por isso, os governos devem reservar 40 por cento dos nossos oceanos como reservas marinhas. As reservas marinhas podem ser definidas como regiões do oceano em que é impedida a exploração de quaisquer recursos vivos, bem com a exploração de recursos não vivos como a areia, a brita e outros minerais.

http://www.greanpeace.org/portugal/oceanos, (15 de Novembro de 2009) (texto adaptado e com supressões)

2. O texto que acabou de ler apresenta um certo ponto de vista sobre o estado actual e futuro dos oceanos e expõe vários argumentos em defesa da tese apresentada.

2.1 Complete o seguinte esquema, de modo a obter a estrutura argumentativa do texto.

3. Responda às questões de forma correcta e contextualizada, assinalando V (verdadeiro) ou F (falso):

a) A ausência de regras muito definidas e a imposição de limites à exploração dos mares e da sua fauna e flora contribuíram para o estado actual destes importantes recursos do planeta.

Desenvolvimento

Exposição dos ARGUMENTOS

e/ou CONTRA-ARGUMENTOS

2.º 3.º 4.º 5.º Parágrafo 1.º Introdução Apresentação da TESE

Síntese das Ideias

A destruição da vida marinha e a possibilidade da extinção de espécies provocadas pelos meios e métodos __________________________________ e a sua repercussão na vida humana.

No que se refere à pesca industrial, a captura de peixes pertencentes a _____________________________________, provoca desequilíbrio marinho.

A aquacultura de _____________________________________________ de mangais e de pescado.

________________________________pela elevação do nível das águas, fruto do aquecimento global.

A poluição causada pelos acidentes com petroleiros, pelas descargas radioactivas, ____________________________________________________.

O Homem tem de alterar comportamentos ____________________________, o que condicionaria a vida, tanto da geração actual, como das vindouras.

6.º

Conclusão: Confirmação da TESE,

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4

b) A fauna e a flora marinhas não foram, ainda, grandemente afectadas pela acção do Homem, graças à sua capacidade de regeneração.

c) Se não forem tomadas medidas, a degradação irreversível do ambiente marinho não afectará grandemente o ser humano.

d) De entre todas as causas apontadas para a destruição deste constituinte da Biosfera, a da poluição é a de menor impacto.

e) Para minorar os efeitos da acção do Homem sobre os mares, o poder político deve regular a sua exploração, no que se refere quer a seres vivos quer a inertes.

3.1 Copie do texto as palavras ou expressões que lhe permitam corrigir as falsas.

4. Entre as diferentes tipologias de argumentos utilizados, encontramos os de autoridade (opinião de especialistas/ pessoas de reconhecido mérito no assunto a abordar).

4.1 Identifique, no texto, aqueles que podem ser incluídos nesta categoria.

Funcionamento da Língua

1. Releia o primeiro parágrafo.

1.1 Identifique um conector discursivo de valor condicional.

1.2 Reescreva a frase onde surge, substituindo-o por “caso”. Explica as mudanças operadas na frase.

1.3 Indique o valor do articulador “Apesar disso”. Substitua-o por outro de sentido equivalente, refazendo a frase.

2. Observe a frase: “

As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas.”

2.1 Demonstre que estamos perante uma frase complexa. 2.2 Classifique a oração subordinada.

3. As organizações ambientalistas, que têm um papel pedagógico, deviam organizar várias conferências. 3.1 Na frase identifique a oração destacada.

Oralidade

Interessa-se pela vida política? Porquê? O que é para si “Política”?

1. Política é_____________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________

2. O verbete a seguir apresentado mostra-nos várias definições para a palavra “política”. Qual delas se aproxima mais

com a definição por si encontrada anteriormente? E pelos seus colegas?

Política n.f. 1. Ciência ou arte de governar; 2. Orientação administrativa de um governo; 3. Princípios diretores da

ação de um governo; 4. Arte de dirigir as relações de um Estado com outro; 5. Conjunto dos princípios e dos objetivos que servem de guia a tomadas de decisão e que fornecem a base da planificação de atividades em determinado domínio; 6. [fig.] habilidade para lidar com qualquer assunto de forma a se obter o que se deseja; estratégia; tática; 7. [fig.] astúcia; esperteza; maquiavelismo; 8. [fig.] cortesia; urbanidade; civilidade; cerimónia (…)

(Do grego politiké, «a arte de governar a cidade»)

Infopédia.pt, consultado em 28-11-2011

3. A política é um espaço de controvérsia de opiniões, de argumentação, onde uma boa defesa de um determinado

ponto de vista, pode mudar o rumo dos acontecimentos. Assim, preparamo-nos para abordar o DISCURSO

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5

Leitura

1. Leia com atenção o seguinte discurso de Barack Obama no início do ano lectivo 2009-2010 perante alunos norte-americanos.

Discurso de Barack Obama no início do ano escolar

Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, (...)

(...) Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã. (...)

(…) mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.

Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, (…). Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. (...)

No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.

E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.

Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.

Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.

No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.

E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.

Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.

Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.

Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.

Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.

Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.

Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal.

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Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem. (...)

É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. (…)

Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.

No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."

Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.

Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. (...) Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo. (...)

Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?

As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes.

Discurso de Obama por ocasião da abertura do ano lectivo nos Estados Unidos da América

Setembro de 2009 In http://www.ionline.pt/conteudo/22105-leia-e-guarde-esta-licao

2. Ligue os elementos da coluna da esquerda aos da coluna da direita de modo a obter afirmações verdadeiras:

1 2 3 4 5 6 7

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Leitura

1. Leia com atenção o discurso mais famoso e lembrado de Marthin Luther King, um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo, com uma campanha de não-violência e de amor ao próximo. Luther King foi o mais jovem galardoado com o Prémio Nobel da Paz, em 1964, pouco antes do seu assassinato.

2. A quem dirige o orador o seu discurso?

3. Explique o sentido da frase “não podemos saciar a nossa sede de liberdade, bebendo da taça da acrimónia e do ódio” (ls 8 e 9).

3.1 Identifique os recursos estilísticos utilizados. 4. Qual é a tese que Luther King apresenta no seu discurso?

4.1 Refira os seus argumentos.

4.2 Como comprova, na realidade, a sua força? 5. Em que consiste o sonho do emissor?

5.1 Comente a expressividade da afirmação “eu tenho um sonho”, repetida ao longo do texto. 5.2 Justifique o uso dos tempos verbais no futuro (ls 15 a 30).

6. A quem se dirige a crítica subjacente a todo o discurso?

“Eu Tenho um Sonho”

Discurso proferido no dia 28 de Agosto de 1963, aquando da Marcha Nacional sobre Washington em que participaram cerca de 250 000 pessoas e que foi considerada a mais importante e a mais significativa marcha pela liberdade e pela justiça nos Estados Unidos. Dessa marcha, irão resultar a nova lei dos Direitos Civis (1964) e a Lei dos Direitos de Voto (1965). Sinto-me feliz por estar hoje aqui convosco naquela que irá ficar na história da nossa nação como a maior manifestação pela liberdade. Há um século, um grande Americano, a cuja sombra simbólica nos acolhemos hoje, assinou a Proclamação da Emancipação. Essa proclamação de extraordinária importância foi como um grande farol que veio iluminar a esperança de milhões de escravos negros, que ardiam nas chamas da asfixiante injustiça. (…)

Mas há uma coisa que eu posso dizer ao meu povo, que se mantém firme no limiar acolhedor de acesso ao palácio da justiça: no processo de conquista do lugar a que temos direito, importa que não cometamos actos condenáveis. Não podemos saciar a nossa sede de liberdade bebendo do cálice da acrimónia e do ódio. Temos de travar a nossa batalha mantendo-nos sempre num plano elevado de dignidade e disciplina. Não podemos consentir que o nosso protesto criativo degenere em violência física. Sistematicamente, temos de nos erguer à altura majestosa da resposta à força física pela força anímica. (…)

Não nos deixemos afundar no vale do desespero. Digo-vos hoje, meus amigos: mesmo que tenhamos de enfrentar as dificuldades de hoje e de amanhã, eu ainda tenho um sonho. Um sonho que mergulha profundamente as suas raízes no sonho americano.

Tenho um sonho de que um dia esta nação se irá erguer e viver o significado autêntico do seu credo – temos por verdades evidentes que todos os homens foram criados iguais.

Tenho um sonho de que um dia nas vermelhas encostas da Geórgia os filhos dos antigos escravos e os filhos dos antigos donos de escravos conseguirão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.

Tenho o sonho de que até o Estado do Mississipi, um Estado asfixiado pelo calor da injustiça, asfixiado pelo calor da opressão, se irá transformar num oásis de liberdade e justiça.

Tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos irão um dia viver num país em que não serão julgados pela cor da sua pele mas sim pelo conteúdo do seu carácter.

Eu hoje tenho um sonho!

Tenho um sonho de que um dia, no longínquo Alabama, com os seus tenebrosos racistas, com o seu governador, os meninos pretos e as meninas pretas ir

ão poder dar irmãmente as mãos aos meninos brancos

e às meninas brancas.

Eu hoje tenho um sonho!

Tenho um sonho de que um dia todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro serão

abatidos: e o que está torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. (…)

É esta a nossa esperança. É esta a fé que eu vou levar comigo no meu regresso ao Sul.

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Acabou de abordar a oratória política actual, através do estudo do discurso político. Mas esta arte de falar em público é muito mais antiga que se possa imaginar e nela se destacaram figuras de vulto como o Padre António Vieira, figura incontornável na literatura portuguesa do século XVII. Agora tem a oportunidade de o conhecer um pouco melhor.

Leitura

Quem foi o Padre António Vieira?

1. Leia a seguinte síntese biográfica do Padre António Vieira e preencha a tábua cronológica apresentada:

Ano Acontecimentos

1608 Nasce em Lisboa.

1614 Vai com os pais para o Brasil.

1623 1625 1634 1652 1654 1656 1669 1675 1679 1681

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A Época do Padre António Vieira

Visione atentamente a sequência do programa televisivo “Grandes Livros” e realize as seguintes tarefas: 1. Complete os espaços em branco, em cada texto, com as informações transmitidas na referida série:

O Sermão no século XVII

No século XVII, apesar de ter sofrido um golpe duro devido ao aparecimento das igrejas protestantes, o ___________ estava agora empenhado em recuperar fiéis. Assim, o ___________ assumiu um lugar central neste processo de ___________, pois tornou-se o lugar perfeito para conduzir o rebanho, para ___________ e ___________ através dos ___________.

O ___________ era uma forma literária que na época assumia um grande peso para as pessoas, pois também era uma maneira de a ___________ fazer girar em seu torno toda a vida social. Por isso, os ___________ concentravam em si todas as atenções, uma vez que eram os porta-vozes da Igreja. A sua primeira tarefa era “educar” e “___________” as almas, sendo, por esta razão, o seu perfil muito controlado: a ___________, os ___________, o aspecto, o olhar, a ___________ eram factores muito importantes.

Um dos grandes pregadores que se destacou no século XVII foi o Padre António Vieira, também designado por Fernando Pessoa como o “Imperador da Língua Portuguesa”. Uma das suas obras mais conhecidas é o Sermão de Santo António aos Peixes, que trata temas comuns a todas as épocas (à de Vieira e à nossa): a __________ e a ___________ dos homens.

Vieira e o Poder Real

__________ desaparecera na guerra sem deixar descendência, o que lançou Portugal no abismo.

Dois anos depois de o rei ter desaparecido, o reino caiu nas mãos de Filipe II de Espanha, o que significava a __________ de um reino e o colapso de um __________. Outros países como a Holanda e Inglaterra, aproveitando a nossa fragilidade, tomavam alguns dos nossos territórios no __________. A partir de 1622, parte dos nossos territórios já tinham sido ocupados por outros países e a nossa atenção vira-se para o __________. Estes territórios eram povoados por __________ que eram para lá enviados e não havia portugueses que quisessem os colonizar, pois aí estava tudo por fazer.

Em 1640, Portugal recupera a __________ e o trono é ocupado por __________, que é apoiado por António Vieira, que então já era um pregador de destaque. Quando este monarca morre, o trono é ocupado pelo seu filho, __________, que nutre uma profunda antipatia por António Vieira o que o deixa à mercê da __________. Pouco tempo depois, __________, irmão do rei, afasta-o do poder e toma ele próprio o trono. Por respeito a Vieira, que fora seu __________, o rei amnistia-o das acusações que então lhe tinham sido feitas, mas proíbe a sua estadia em Portugal, o que leva Vieira a __________. Aí, trava conhecimento com o Papa e, aos 73 anos de idade, consegue imunidade até ao fim dos seus dias. Parte pouco depois para o Brasil, onde viria a falecer.

2. Ainda a partir do programa visualizado, recolha informação relativa ao tópico seguinte:

Vieira e a Inquisição Catolicismo púlpito evangelização educar doutrinar sermões Sermão Igreja pregadores seduzir roupa gestos voz corrupção ambição D. Sebastião Brasil D. João IV Independência Império D. Afonso VI escravos Oriente queda Inquisição Roma mestre D. Pedro II

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

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__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________

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Leitura

1. Para ficar a conhecer melhor a época de Vieira, leia os textos seguintes:

Vieira e o seu tempo

2.1 Segundo a autora do texto, a acção da Inquisição em Portugal foi muito

prejudicial. Tendo este facto em atenção, refira: a) as acções da Inquisição; __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ b) as consequências apontadas resultantes destas acções inquisitoriais. __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ Doc. 1 Doc. 2

(cont.)

3. Depois de ter lido a carta remetida pelo Padre António Vieira ao rei D. Afonso VI, certamente ficou a conhecer alguns aspectos sociais e históricos que envolveram a obra de Vieira.

3.1 Qual o objectivo da carta enviada por Vieira ao Rei? 3.2 Refira o assunto sobre o qual esta carta se debruça. 3.3 Através da referida carta, podemos constatar o tipo de trabalho que os jesuítas desenvolviam com os índios e escravos. Indique em que consistia esse trabalho.

4. Em certa passagem da sua carta, Vieira escreve ao Rei: “ Estas, Senhor, são as minas certas deste Estado. A que minas se referirá Vieira?

4.1 Na frase iniciada pela expressão abaixo indicada, é feita uma acusação. Indique-a.

5- Também no final do texto, o espírito crítico de Vieira está presente. Qual a crítica apontada no final da carta?

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A cultura e a arte barrocas do século XVII

O que é um Sermão?

O SERMÃO E A ÁRVORE

“Há-de tomar o pregador uma só matéria; há-de defini-la, para que se conheça; há-de dividi-la, para que se distinga; há-de prová-la com a Escritura; há-de declará-la com a razão; há-de confirmá-la com o exemplo; há-de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências que se hão-de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar; há-de responder às dúvidas, há-de satisfazer às dificuldades; há-de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários; e depois disto há-de colher, há-de apertar, há-de concluir, há-de persuadir, há-de acabar. Isto é sermão, isto é pregar; e o que não é isto, é falar de mais alto.

Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter variedade de discursos, mas esses hão-de nascer todos da mesma matéria e continuar e acabar nela. Quereis ver tudo isto com os olhos? Ora vede. Uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem frutos. Assim há-de ser o sermão: há-de ter raízes fortes e sólidas, porque há-de ser fundado no Evangelho; há-de ter um tronco, porque há-de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão-de nascer diversos ramos, que são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela; estes ramos hão-de ser secos, senão cobertos de folhas, porque os discursos hão-de ser vestidos e ornados de palavras. Há-de ter esta árvore varas, que são a repreensão dos vícios; há-de ter flores, que são as sentenças; e por remate de tudo, há-de ter frutos, que é o fruto e o fim a que se há-de ordenar o sermão. De maneira que há-de haver frutos, há-de haver flores, há-de haver varas, há-de haver folhas, há-de haver ramos; mas tudo nascido e fundado em um só tronco, que é uma só matéria. Se tudo são troncos, não é sermão, é madeira. Se tudo são ramos, não é sermão, são maravalhas1. Se tudo são folhas, não é sermão, são versas2. Se tudo são varas, não é sermão, é feixe.

Se tudo são flores, não é sermão, é ramalhete. Serem tudo frutos, não pode ser; porque não há frutos sem árvore. Assim que nesta árvore, à que podemos chamar «árvore da vida», há-de haver o proveitoso do fruto, o formoso das

1 Aparas de madeira.

2 Estado das searas que a chuva ou qualquer outra causa derrubou e acamou.

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flores, o rigoroso das varas, o vestido das folhas, o estendido dos ramos; mas tudo isto nascido e formado de um só tronco e esse não levantado no ar, senão fundado nas raízes do Evangelho: Seminare semen3. Eis aqui como hão-de ser

os sermões, eis aqui como não são. E assim não é muito que se não faça fruto com eles. (...)”

Padre António Vieira, Excerto do Sermão da Sexagésima, Pregado na Capela Real, no ano de 1655

1. Neste excerto, o Padre António Vieira apresenta os princípios que devem presidir à elaboração de um sermão. Releia o primeiro parágrafo e complete o texto com as palavras dadas:

Para “construir” um___________ escolhe-se uma ____________ e define-se como se vai tratá-la. Desenvolve-se esDesenvolve-se____________tendo a preocupação de dar _________________e prever a argumentação contrária para a ____________. Finalmente utilizam-se as_____________ alcançadas para _____________os ouvintes e levá-los a _______________.

2. Para melhor esclarecer o sentido das suas palavras, o pregador recorre a uma metáfora. Explicite-a.

3. Da metáfora central, Vieira parte para novas metáforas, decompondo os elementos que constituem a primeira. Complete o esquema que se segue com elementos do texto.

3 Semear a semente.

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I

Vos estis sal terrae. (Mateus, 5) Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e

chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!

Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra? O que se há-de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut

mittatur foras et conculcetur ab hominibus. «Se o sal perder a substância e a virtude, e o

pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há-de fazer, é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.» Quem se atrevera a dizer tal cousa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador que ensina e faz o que deve, assim é merecedor de todo o desprezo e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra ou com a vida prega o contrário.

Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra que se não deixa salgar, que se lhe há-de fazer? Este ponto não resolveu Cristo, Senhor nosso, no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, e a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou.

Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino, contra os hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele e faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer esta protestação; e uns pés a que se não pegou nada da terra não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh maravilhas do Altíssimo! Oh poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ouviam.

Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos outro.

Vos estis sal terrae: É muito bom texto para os outros santos doutores; mas para Santo

António vem-lhe muito curto. Os outros santos doutores da Igreja foram sal da terra; Santo António foi sal da terra e foi sal do mar. Este é o assunto que eu tinha para tomar hoje. Mas há muitos dias que tenho metido no pensamento que, nas festas dos santos, é melhor pregar como eles, que pregar deles. Quanto mais que o são da minha doutrina, qualquer que ele seja tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, que é força segui-la em tudo. Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais necessária e importante é a esta terra para emenda e reforma dos vícios que a corrompem. O fruto que tenho colhido desta doutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se tem tomado dele, vós o sabeis e eu por vós o sinto.

Isto suposto, quero hoje, à imitação de Santo António, voltar-me da terra ao mar, e já que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me ouvirão. Os demais podem deixar o sermão, pois não é para eles. Maria, quer dizer, Domina maris: «Senhora do mar»; e posto que o assunto seja tão desusado, espero que me não falte com a costumada graça. Ave Maria.

Introdução

Apresentação do conceito predicável: _________________________

Apresentação do problema: _________________________

Hipóteses/causas do problema: 1________________________ 2________________________ 3________________________ 4________________________ 5________________________ 6________________________ Desenvolvimento

Solução para o problema:

Segundo Cristo: _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ Segundo Santo António: _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________ _________________________

Elogio a Santo António

Caracterização da doutrina do orador: a)________________________ b)________________________ c)________________________ Conclusão

Reforça o motivo do seu

sermão:____________________

__________________________

Invocação à Virgem M.ª

__________________________

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16

Leitura

1. Depois da leitura do texto, responda às seguintes questões.

1.1 Explicite o valor metafórico do conceito predicável, preenchendo o esquema:

1.2 Esclareça o sentido da metáfora presente na utilização do termo “sal”.

2. O orador apresenta as causas que impedem o sal de cumprir a sua função, que já teve oportunidade de constatar. Justifique o uso do articulador disjuntivo, no segundo parágrafo do texto.

3. Interprete o sentido da frase: mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm

ofício de sal (..).

4. No final do sermão, podemos confirmar outra das partes constituintes do sermão: a invocação. Preencha o esquema seguinte de forma a encontrar os elementos referidos:

O pedido

O emissor O receptor O motivo que justifica o pedido

5. Certamente reparou na abundância de figuras de estilo existentes neste primeiro capítulo. Preencha, no seu caderno, um quadro como o abaixo apresentado, referente às figuras de estilo mencionadas:

Figura de estilo Exemplo Valor expressivo

Antítese “(…) de manhã e de tarde, de dia e de noite (…) intensificar a duração da actividade do pregador

(…)

Figuras de estilo a procurar (pode haver mais do que um exemplo): interrogação retórica, metáfora, polissíndeto,

paralelismo, comparação, apóstrofe, aliteração, hipérbole, exclamação, personificação, gradação, ironia, perífrase, enumeração.

Funcionamento da Língua

1. Repare no seguinte excerto: Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção?

1.1 Classifique os articuladores interfrásicos sublinhados e explicite as respectivas funções.

2. Divida e classifique as seguintes orações: Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos outro.

3. Repare na frase: Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra que se não deixa salgar, que se lhe há-de fazer? Este ponto não resolveu Cristo, Senhor nosso, no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, e a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou.

3.1 Transcreva uma oração subordinada adjectiva relativa explicativa e outra subordinada adjectiva relativa restritiva.

4. Concentre-se no seguinte conjunto de frases:

a) S. António foi sal da terra e sal do mar.

b) (…) tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, que é força segui-la (…) c) quero hoje (…) pregar aos peixes.

d) espero que não me falte com a costumada graça.

4.1 Assinale cada uma das afirmações com V ou F, corrigindo as falsas:

a) A frase a) é composta por duas orações coordenadas copulativas.

b) Cada uma das orações de a) exibe CD, dado que o verbo ser é copulativo. c) O verbo da frase c) é transitivo directo.

d) A frase d) apresenta uma oração subordinada substantiva completiva. e) Em b) temos uma frase complexa com uma oração adverbial comparativa.

Vos estis sal terrae

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II

Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar ao pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente. Por esta causa não falarei hoje em Céu nem Inferno; e assim será menos triste este sermão, do que os meus parecem aos homens, pelos encaminhar sempre à lembrança destes dois fins.

Vos estis sal terrae. Haveis de saber, irmãos peixes, que o sal, filho do mar como vós,

tem duas propriedades, as quais em vós mesmos se experimentam: conservar o são e preservá-lo para que se não corrompa. Estas mesmas propriedades tinham as pregações do vosso pregador Santo António, como também as devem ter as de todos os pregadores. Uma é louvar o bem, outra repreender o mal: louvar o bem para o conservar e repreender o mal para preservar dele. Nem cuideis que isto pertence só aos homens, porque também nos peixes tem seu lugar. Assim o diz o grande Doutor da Igreja S. Basílio: (...) «Não só há que notar, diz o Santo, e que repreender nos peixes, senão também que imitar e louvar.» Quando Cristo comparou a sua Igreja à rede de pescar, Sagenae missae in mare, diz que os pescadores «recolheram os peixes bons e lançaram fora os maus»: Elegerunt bonos in vasa, malos autem

foras miserunt. E onde há bons e maus, há que louvar e que repreender. Suposto isto, para

que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas virtudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. E desta maneira satisfaremos às obrigações do sal, que melhor vos está ouvi-las vivos, que experimentá-las depois de mortos.

Começando, pois, pelos vossos louvores, irmãos peixes, bem vos pudera eu dizer que entre todas as criaturas viventes e sensitivas, vós fostes as primeiras que Deus criou. A vós criou primeiro que as aves do ar, a vós primeiro que aos animais da terra e a vós primeiro que ao mesmo homem. Ao homem deu Deus a monarquia e o domínio de todos os animais dos três elementos, (...) Entre todos os animais do Mundo, os peixes são os mais e os peixes os maiores. Que comparação têm em número as espécies das aves e as dos animais terrestres com as dos peixes? Que comparação na grandeza o elefante com a baleia? (...) Estes e outros louvores, estas e outras excelências de vossa geração e grandeza vos pudera dizer, ó peixes; mas isto é lá para os homens, que se deixam levar destas vaidades, e é também para os lugares em que tem lugar a adulação, e não para o púlpito.

Vindo, pois, irmãos, às vossas virtudes, que são as que só podem dar o verdadeiro louvor, a primeira que se me oferece aos olhos hoje, é aquela obediência com que, chamados, acudistes todos pela honra de vosso Criador e Senhor, e aquela ordem, quietação e atenção com que ouvistes a palavra de Deus da boca de seu servo António. Oh grande louvor verdadeiramente para os peixes e grande afronta e confusão para os homens! Os homens perseguindo a António, querendo-o lançar da terra e ainda do Mundo, se pudessem, porque lhes repreendia seus vícios, porque lhes não queria falar à vontade e condescender com seus erros, e no mesmo tempo os peixes em inumerável concurso acudindo à sua voz, atentos e suspensos às suas palavras, escutando com silêncio e com sinais de admiração e assenso (como se tiveram entendimento) o que não entendiam. Quem olhasse neste passo para o mar e para a terra, e visse na terra os homens tão furiosos e obstinados e no mar os peixes tão quietos e tão devotos, que havia de dizer? Poderia cuidar que os peixes irracionais se tinham convertido em homens, e os homens não em peixes, mas em feras. Aos homens deu Deus uso de razão, e não aos peixes; mas neste caso os homens tinham a razão sem o uso, e os peixes o uso sem a razão. (...)

Mas porque nestas duas acções teve maior parte a omnipotência que a natureza (como também em todas as milagrosas que obram os homens) passo às virtudes naturais e próprias vossas. Falando dos peixes, Aristóteles diz que só eles, entre todos os animais, se não domam nem domesticam. Dos animais terrestres o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito, o boi tão serviçal, o bugio tão amigo ou tão lisonjeiro, e até os leões e os tigres com arte e benefícios se amansam. Dos animais do ar, afora aquelas aves que se criam e vivem connosco, o papagaio nos fala, o rouxinol nos canta, o açor nos ajuda e nos recreia; e até as grandes aves de rapina, encolhendo as unhas, reconhecem a mão de quem recebem o sustento. Os peixes, pelo contrário, lá se vivem nos seus mares e rios, lá se mergulham nos seus pegos, lá se escondem nas suas grutas, e não há nenhum tão grande que se fie do homem, nem tão pequeno que não fuja dele. Os autores comummente condenam esta

Exposição -

Louvores em geral

Introdução

Qualidades dos peixes:

___________ e ____________

Crítica do pregador : _____ _________________________ _________________________ Desenvolvimento

Reforço do conceito predicável

Propriedades do sal: ____ ________________________ _______________________ Propriedades da pregação: ___ ________________________ ________________________

Finalidade da pregação: _____________________

Organização do Sermão: 1. _______________________ 2. ______________________

Louvores dos peixes:

1- _____________________ 2- ____________________ 3- _____________________ 4-______________________

Contraste entre ________ e ___________: uns _______ ____________ e outros _____ ________________________. 5- ______________________ ________________________

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condição dos peixes, e a deitam à pouca docilidade ou demasiada bruteza; mas eu sou de mui diferente opinião. Não condeno, antes louvo muito aos peixes este seu retiro, e me parece que, se não fora natureza, era grande prudência. Peixes! Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre! Se os animais da terra e do ar querem ser seus familiares, façam-no muito embora, que com suas pensões o fazem. Cante-lhes aos homens o rouxinol, mas na sua gaiola; diga-Cante-lhes ditos o papagaio, mas na sua cadeia; (...) E entretanto vós, peixes, longe dos homens e fora dessas cortesanias, vivereis só convosco, sim, mas como peixe na água. De casa e das portas a dentro tendes o exemplo de toda esta verdade, o qual vos quero lembrar, porque há filósofos que dizem que não tendes memória.

No tempo de Noé sucedeu o dilúvio que cobriu e alagou o Mundo, e de todos os animais quais livraram melhor? Dos leões escaparam dois, leão e leoa, e assim dos outros animais da terra; das águias escaparam duas, fêmea e macho, e assim das outras aves. E dos peixes? Todos escaparam, antes não só escaparam todos, mas ficaram muito mais largos que dantes, porque a terra e o mar tudo era mar. Pois se morreram naquele universal castigo todos os animais da terra e todas as aves, porque mão morreram também os peixes? Sabeis porquê? Diz Santo Ambrósio: porque os outros animais, como mais domésticos ou mais vizinhos, tinham mais comunicação com os homens, os peixes viviam longe e retirados deles. (...)

Vede, peixes, quão grande bem é estar longe dos homens. Perguntando um grande filósofo qual era a melhor terra do Mundo, respondeu que a mais deserta, porque tinha os homens mais longe. Se isto vos pregou também Santo António – e foi este um dos benefícios de que vos exortou a dar graças ao Criador – bem vos pudera alegar consigo, que quanto mais buscava a Deus, tanto mais fugia dos homens. Para fugir dos homens deixou a casa de seus pais e se recolheu a uma religião, onde professasse perpétua clausura. E porque nem aqui o deixavam os que ele tinha deixado, primeiro deixou Lisboa, depois Coimbra, e finalmente Portugal. Para fugir e se esconder dos homens mudou o hábito, mudou o nome, e até a si mesmo se mudou, ocultando sua grande sabedoria debaixo da opinião de idiota, com que não fosse conhecido nem buscado, antes deixado de todos, como lhe sucedeu com seus próprios irmãos no capítulo geral de Assis. De ali se retirou a fazer vida solitária em um ermo, do qual nunca saíra, se Deus como por força o não manifestara e por fim acabou a vida em outro deserto, tanto mais unido com Deus, quanto mais apartado dos homens.

Leitura

1. O segundo capítulo corresponde à exposição e nele o orador retoma a proposição do assunto, antecipando a organização a dar ao discurso. Comprove a veracidade da informação da frase anterior.

2. Assinale as marcas que indicam a presença do receptor.

3. A partir das virtudes atribuídas aos peixes, estabeleça uma relação entre estes e os homens.

4. Explicite a intenção do autor quando diz mas neste caso os homens tinham a razão sem o uso, e os peixes o uso sem

a razão. (...).

5. Explique o sentido expresso pelo articulador “mas” na expressão seguinte: Cante-lhes aos homens o rouxinol, mas

na sua gaiola; diga-lhes ditos o papagaio, mas na sua cadeia;(…).

4. Com certeza reparou que ao longo do excerto existem citações em latim, que são citações evangélicas, e referência a autores de reconhecida autoridade. Qual será a razão que lovou o orador a incluir estes elementos no seu discurso?

Funcionamento da Língua

1. Repare no excerto seguinte:

Dos animais terrestres o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito, o boi tão serviçal, o bugio tão amigo ou tão lisonjeiro, e até os leões e os tigres com arte e benefícios se amansam. Dos animais do ar, afora aquelas aves que se criam e vivem connosco, o papagaio nos fala, o rouxinol nos canta, o açor nos ajuda e nos recreia (…)

1.1 Identifique o hiperónimo de cão, cavalo, boi, bugio, leões e tigres. 1.2 Identifique os hipónimos de animais do ar.

2. Classifique morfologicamente as palavras destacadas no seguinte excerto: Suposto isto, para que procedamos com

clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos.

Desenvolvimento (cont.)

Exemplo bíblico

Conclusão

A melhor das qualidades

dos peixes, em geral, é _____ _______________________

Para comprovar a ideia

anterior, o pregador refere o caso de __________________ Para estar mais perto de _______________, afastou-se dos ______________.

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III

Este é, peixes, em comum o natural que em todos vós louvo, e a felicidade de que vos dou o parabém, não sem inveja. Descendo ao particular, infinita matéria fora se houvera de discorrer pelas virtudes de que o Autor da natureza a dotou e fez admirável em cada um de vós. De alguns somente farei menção. E o que tem o primeiro lugar entre todos, como tão celebrado na Escritura, é aquele santo peixe de Tobias a quem o texto sagrado não dá outro nome que de grande, como verdadeiramente o foi nas virtudes interiores, em que só consiste a verdadeira grandeza. Ia Tobias caminhando com o anjo S. Rafael, que o acompanhava, e descendo a lavar os pés do pó do caminho nas margens de um rio, eis que o investe um grande peixe com a boca aberta em acção de que o queria tragar. Gritou Tobias assombrado, mas o anjo lhe disse que pegasse no peixe pela barbatana e o arrastasse para terra; que o abrisse e lhe tirasse as entranhas e as guardasse, porque lhe haviam de servir muito. Fê-lo assim Tobias, e perguntando que virtude tinham as entranhas daquele peixe que lhe mandara guardar, respondeu o anjo que o fel era bom para sarar da cegueira e o coração para lançar fora os demónios: Cordis eius particulam, si super carbones ponas, fumus eius extricat omne

genus daemoniorum: et fel valet ad ungendos oculos, in quibus fuerit albugo, et sanabuntur.

Assim o disse o anjo, e assim o mostrou logo a experiência, porque, sendo o pai de Tobias cego, aplicando-lhe o filho aos olhos um pequeno do fel, cobrou inteiramente a vista; e tendo um demónio, chamado Asmodeu, morto sete maridos a Sara, casou com ela o mesmo Tobias; e queimando na casa parte do coração, fugiu dali o Demónio e nunca mais tornou. De sorte que o fel daquele peixe tirou a cegueira a Tobias, o velho, e lançou os demónios de casa a Tobias, o moço. Um peixe de tão bom coração e de tão proveitoso fel, quem o não louvará mais? Certo que se a este peixe o vestiram de burel e o ataram com uma corda, parecia um retrato marítimo de Santo António.

Abria Santo António a boca contra os hereges, e enviava-se a eles, levado do fervor e zelo da fé e glória divina. E eles que faziam? Gritavam como Tobias e assombravam-se com aquele homem e cuidavam que os queria comer. Ah homens, se houvesse um anjo que vos revelasse qual é o coração desse homem e esse fel que tanto vos amarga, quão proveitoso e quão necessário vos é! Se vós lhe abrísseis esse peito e lhe vísseis as entranhas, como é certo que havíeis de achar e conhecer claramente nelas que só duas cousas pretende de vós, e convosco: uma é alumiar e curar vossas cegueiras, e outra lançar-vos os demónios fora de casa.

Pois a quem vos quer tirar as cegueiras, a quem vos quer livrar dos demónios perseguis vós?! Só uma diferença havia entre Santo António e aquele peixe: que o peixe abriu a boca contra quem se lavava, e Santo António abria a sua contra os que se não queriam lavar.

Ah moradores do Maranhão, quanto eu vos pudera agora dizer neste caso! Abri, abri estas entranhas; vede, vede este coração. Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não vos prego a vós, prego aos peixes.

Passando dos da Escritura aos da história natural, quem haverá que não louve e admire muito a virtude tão celebrada da rémora? No dia de um santo menor, os peixes menores devem preferir aos outros. Quem haverá, digo, que não admire a virtude daquele peixezinho tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder, que não sendo maior de um palmo, se se pega ao leme de uma nau da Índia, apesar das velas e dos ventos, e de seu próprio peso e grandeza, a prende e amarra mais que as mesmas âncoras, sem se poder mover, nem ir por diante? Oh se houvera uma rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos haveria na vida e que menos naufrágios no Mundo!

Se alguma rémora houve na terra, foi a língua de Santo António, na qual, como na rémora, se verifica o verso de São Gregório Nazianzeno: Lingua quidem parva est, sed

viribus omnia vincit. O Apóstolo Santiago, naquela sua eloquentíssima Epístola, compara a

língua ao leme da nau e ao freio do cavalo. Uma e outra comparação juntas declaram maravilhosamente a virtude da rémora, a qual, pegada ao leme da nau, é freio da nau e leme do leme. E tal foi a virtude e força da língua de Santo António. O leme da natureza humana é o alvedrio, o piloto é a razão: mas quão poucas vezes obedecem à razão os ímpetos precipitados do alvedrio? Neste leme, porém, tão desobediente e rebelde, mostrou a língua de António quanta força tinha, como rémora, para domar a fúria das paixões humanas. (…)

Esta é a língua, peixes, do vosso grande pregador, que também foi rémora vossa, enquanto o ouvistes; e porque agora está muda (posto que ainda se conserva inteira) se vêem e choram na terra tantos naufrágios.

Confirmação-

Louvores em particular

Introdução

O pregador propõe-se a __________________________ __________________________ Desenvolvimento

1º peixe a ser referido:_________________  __________________ ________________________ ________________________ ________________________  Comparação com ________________________ Exemplo: ___________ ________________________ ________________________ ________________________

2º peixe:______________  Comparação com ________________________ Exemplo: ___________ ________________________ ________________________ ________________________

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20

Mas para que da admiração de uma tão grande virtude vossa, passemos ao louvor ou inveja de outra não menor, admirável é igualmente a qualidade daquele outro peixezinho, a que os latinos chamaram torpedo. Ambos estes peixes conhecemos cá mais de fama que de vista; mas isto têm as virtudes grandes, que quanto são maiores, mais se escondem. Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a bóia sobre a água, e em lhe picando na isca o torpedo começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais breve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.Com muita razão disse que este vosso louvor o havia de referir com inveja. Quem dera aos pescadores do nosso elemento, ou quem lhes pusera esta qualidade tremente, em tudo o que pescam na terra! Muito pescam, mas não me espanto do muito; o que me espanta é que pesquem tanto e que tremam tão pouco. Tanto pescar e tão pouco tremer!

Pudera-se fazer problema; onde há mais pescadores e mais modos e traças de pescar, se no mar ou na terra? E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda que fora grande consolação para os peixes; baste fazer a comparação com a cana, pois é o instrumento do nosso caso. No mar, pescam as canas, na terra, as varas, (e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões e até os ceptros pescam, e pescam mais que todos, porque pescam cidades e reinos inteiros. Pois é possível que, pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?! Se eu pregara aos homens e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer.

Vinte e dois pescadores destes se acharam acaso a um sermão de Santo António, e às palavras do Santo os fizeram tremer a todos de sorte que todos, tremendo, se lançaram a seus pés; todos, tremendo, confessaram seus furtos; todos, tremendo, restituíram o que podiam (que isto é o que faz tremer mais neste pecado que nos outros); todos enfim mudaram de vida e de ofício e se emendaram.

Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei se foi ouvinte de Santo António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou a mim, e se eu fora outro, também me convertera. Navegando de aqui para o Pará (que é bem não fiquem de fora os peixes da nossa costa), vi correr pela tona da água de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia; e como me dissessem que os Portugueses lhe chamavam quatro-olhos, quis averiguar ocularmente a razão deste nome, e achei que verdadeiramente têm quatro olhos, em tudo cabais e perfeitos. Dá graças a Deus, lhe disse, e louva a liberalidade de sua divina providência para contigo; pois às águias, que são os linces do ar, deu somente dois olhos, e aos linces, que são as águias da terra, também dois; e a ti, peixezinho, quatro.

Mais me admirei ainda, considerando nesta maravilha a circunstância do lugar. Tantos instrumentos de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos! Oh quão altas e incompreensíveis são as razões de Deus, e quão profundo o abismo de seus juízos!

Filosofando, pois, sobre a causa natural desta providência, notei que aqueles quatro olhos estão lançados um pouco fora do lugar ordinário, e cada par deles, unidos como os dois vidros de um relógio de areia, em tal forma que os da parte superior olham direitamente para cima, e os da parte inferior direitamente para baixo. E a razão desta nova arquitectura, é porque estes peixinhos, que sempre andam na superfície da água, não só são perseguidos dos outros peixes maiores do mar, senão também de grande quantidade de aves marítimas, que vivem naquelas praias; e como têm inimigos no mar e inimigos no ar, dobrou-lhes a natureza as sentinelas e deu-lhes dois alhos, que direitamente olhassem para cima, para se vigiarem das aves, e outros dois que direitamente olhassem para baixo, para se vigiarem dos peixes.

Oh que bem informara estes quatro olhos uma alma racional, e que bem empregada fora neles, melhor que em muitos homens! Esta é a pregação que me fez aquele peixezinho, ensinando-me que, se tenho fé e uso da razão, só devo olhar direitamente para cima, e só direitamente para baixo: para cima, considerando que há Céu, e para baixo, lembrando-me que há Inferno. Não me alegou para isso passo da Escritura; mas então me ensinou o que quis dizer David em um, que eu não entendia: Averte oculos meos, ne videant vanitatem. «Voltai-me, Senhor, os olhos, para que não vejam a vaidade.» (…)

Mas ainda que o Céu e o Inferno se não fez para vós, irmãos peixes, acabo, e dou fim a vossos louvores, com vos dar as graças do muito que ajudais a ir ao Céu, e não ao Inferno, os que se sustentam de vós. (…) Crescei, peixes, crescei e multiplicai, e Deus vos confirme a sua bênção.

Desenvolvimento (cont.)

3º peixe:______________  Comparação com ________________________ Exemplo: ___________ ________________________ ________________________

4º peixe:______________ Conclusão

Referência a outras virtudes

dos peixes, em geral.

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21

Leitura

1. No III capítulo encontramos a confirmação e neste passo do sermão o orador confirma a sua tese com exemplos, relevando a grandiosidade das virtudes dos peixes, em particular de quatro peixes. Proceda ao levantamento das virtudes que lhes são atribuídas e complete a tabela:

Peixes 1.º ______________ 2.º ______________ 3.º______________ 4.º_______________

a) Virtudes

b) Comparação

2. No episódio que se refere ao 1.º peixe, surge a seguinte expressão: o peixe abriu a boca contra quem se lavava, e Santo

António abria a sua contra os que se não queriam lavar. Explicite os sentidos atribuídos ao verbo lavar e explique a

expressão.

3. Releia a passagem correspondente à expressão abaixo apresentada e interprete o seu sentido.

Neste leme, porém, tão desobediente e rebelde, mostrou a língua de António quanta força tinha, como rémora, para domar a

fúria das paixões humanas. (…)

3.1 Considerando que todo o discurso é alegórico, explique o sentido das expressões destacadas.

4. Ao referir o 3.º peixe, Vieira estabelece uma crítica aos homens, referindo as várias maneiras de “pescar” no mar e na terra.

4.1 Esclareça o duplo sentido atribuído ao verbo pescar.

4.2 Preencha o quadro abaixo, centrando-se na passagem já referida:

Funcionamento da Língua

1. Identifique e classifique os conectores apresentados no excerto do texto que se encontra sublinhado. 2. Observe os seguintes segmentos frásicos e ligue os elementos das colunas:

a) “Ia Tobias caminhando com o Anjo S. Rafael, que o acompanhava…”

b) “ (haverá quem) não admire a virtude daquele peixezinho tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder, que (…), se se pega ao leme de uma nau da Índia, (…) a prende e amarra mais que as mesmas âncoras (…)

c) “(…) notei que aqueles quatro-olhos estão lançados um pouco fora do lugar ordinário (…)”

Coluna A Coluna B Coluna C

1. Conector de retoma a) introduz um elemento sintáctico que completa o sentido do núcleo do grupo verbal. Frase c)

2. Conector consecutivo b) remete para um antecedente Frase a)

3. Conector completivo c) Introduz a ideia de resultado, efeito, consequência. Frase b)

Pesca no mar Pesca em terra (objectos) Simbologia

Cana        

Impacto da metáfora conseguido através do uso da figura de estilo _______________________

Referências

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