FLORIANÓPOLIS,
11
DE
NOVEMBRO
DE 1991
•CURSO
DE
JORNALISMO
DA
UFSC
•ANO
IX,
N: 4
Da 22emdiante
•••••••••�
.�
.�:
••••••••• •••••••••NOVIDADE
Mais
cultura:
o
caderno
Cult
cresceu
-.:-: ",J.o�t-l�{,
, .'i
:
-�K6AqOffA�I�
JORNALISMO
.Um
resumo
do
VI
Congresso
da
Felap
Napágina
5Jeff
Hoff
fala do nanico
que ruge
Entrevistana 20e21AQUI ENTRE
NÓS
XMalho
Comcap
não
cumpre
projeto
e
desvia
Cr$
300 milhões
A
Companhia
de Melhoramentos daCapital
(Comcap)
utilizou artima nha mal-intencionada para desviar Cr$300 milhõesquedeveriamseraplicadosem umprojeto
popular.
Noanopassado,
apresentouumprojeto
de financiamento
junto
ao BNDES para aviabilizaçãodeumprograma chamadoMercadão
Popular,
quepretendia
alocarrecursosparaaprodução
evenda de
produtos
hortigranjeiros
apre-ços
populares.
.
O dinheiro,
repassado
a título de fundoperdido,
foi inteiramente des viado.Logo após
orepasse daverba, aCom cap abandonou oprojeto
alegando
que não era suaespecialidade
produzir
e vender essesprodutos.
OBNDES está
esperando
até hoje aprestaçãodecontasde onde foi parar tantodinheiro.
A marmelada aconteceu na admi
nistraçáo de Odilon Furtado Filho. ElecostumapagarCr$ 2,1milhões por
dia a umaempresa
privada (a
Forma-co-Decorama),
paratransportarolixo coletadopelos
caminhõespúblicos
atéum aterro sanitário em Paulo
Lopes
-enquantoumausina de
reciclagem
ecompotagemde lixo construídaem
SãoJosé,aum custode 500 mil dóla
res,está
apodrecendo
por falta deuso.Cine Ritz cobra
inteira
e
passa
metade
do filme
Se a sua única opção noturna
for iraocinema,considere-seper didoou contente-secom as pIpO cas.Além de pagarinteira,sentar
mal e passar calor, o filme
pode
virpela
metade. Pelos menos foio que aconteceu com
Higg/ander
II, na sessão da noite de 29 deoutubro,noRitz. O cinema
pode
riasermais honesto. Exibidocom exatos70 minutos deprojeção,
ofilme
poderia
se chamarSmaffander.
Os cinéfilos quese cuidem. De
pois
dessaedo fechamentodo cine Cecorntur, oempresário
MárioSantospareceque quer acabar de
vezcom acultura
cinematográfica
na
capital.
ZERO
MelhorPeça
GráficaI, II,
IIIeIV SetUniversitário
Maio88 Setembro89,
90,
91 Jornal-laboratóriodoCursode JornalismodaUniversidadeFederal de SantaCatarina.
EdiçãoconcluídaemI Jde
novembro de 1991. Arte:Camille Carat.Frank.
MortWalker.Rogério. Zibbermann.
Colaboração:Gastão Gassel
(edição).José AntonioSilva.
LuizCarlos BresserPereira.
Paulo Brito(textos).Steve Double. RogérioReis.S.
Viegas.Lui;inhoCoruja (Ioiogrstie).
Copy-writers:Jornalistas
Professores GastãoGessel.
GilkaGireidello,LuisScotto. Ricardo Barreto.
Diagramação:Adriana Martorano.Angelita Correa.
Blue. Fernanda�de Medeiros. Nilva Bianco.
Ediçãoesupervisão:professor
Ricardo Barreto(MTb:2708.
RS).
Edição:AndréGassel. Fabiano Melato. Nilva Bianco. Pedro Saraiva.
Fotografia: Christiane Miranda. DeiseFreitas.
JacquesMick,MartaMoritz.
Mônica Linhares. PedroMelo.
RaquelCosta. Ricardo .
Jacques.SaraCsprsrio. Victor Carlson.
Laboratóriofotográfico: NelsonCorreia.PedroMelo.
Victor Carlson.
Textos:Adriane Canan. AlexandreGonçalves.Alice
Baggio.AnaCláudiaMenezes.
AnaLuizaCoelho. Christiane
Miranda. ClaudineNunes.
GeraldoHoffmann,Ivan dos
Santos.JéssicaCosti,Josiane Laps.Marcelo Csssettsri. Maria PaulaPereira.Nelson
Correia.NelsonLorenz, Ozias
Alves Jr..PedroSantos.Pedro
Saraiva.RafaelMasselli.
RicardoJacques.Romir
Rocha.SaraCaprario. Victor
Carlson. Vladimir Brandão.
Montagem:Marinho. Acabamentoeimpressão:
Imprefar.
Redação: Curso de Jornalismo
(UFSC-CCE-COM) -Trindade. CEP88045. Florianópolis/Se. Telefones:(0482)31-9215. 31-9490. Telefax:(0482)34-4969. Distribuição gratuita. Circulação dirigida. ••
lEMBRe-Se
]'IUM4
JORNAA4
�J:£ MIL
M/l.HAS
�
CONfEÇ'A
cOM
O"
£
PRIME.IRO
PASSO.
Queremos
mais
Você tem nas mãos não
apenasaterceira
edição
espe-cial
(com
32páginas)
doZe
ro, como omais
regular jor
nal-laboratório do País e,por
isso,
umdos poucosjor
nais
independentes
e alternativos que restam no Bra sil. Dizemos isso não só para
registrar
que levantamosnosso
quarto
prêmio
consecutivonoúnicoenventoque
premia
laboratórios de comunicação
noBrasil,
oquarto
SetUniversitário,
mas para lembrar que mais
do
que
apublicação
de futuros
jornalista
estejornal
seocupa também de lutar pe los destino
(e melhoria)
daimprensa
e da sociedadebrasileira.
Pluralidade
e liberdade,
é o que falta emnossa
imprensa
-local,
nacional,
continental.Assim,
os quase
cinqüenta
alunosqueestãopor trás destas
pá
ginas praticam jornalismo
esuacidadania. Coma verda
de,
sem covardia ouhipo
crisia.
Esta
edição
éespecial
nãosó
pelo
número dobrado depáginas,
maspela amplitude
deabordagem, pela
varie dade temáticaeporduasentrevistas densas dadas para quem vive a universidade e a
imprensa.
Podemos oferecer 10
página
decultura,
oregistro
dapassagem
do Papa
porFlorianópolis
eváriasreportagens
e-fotos.
Maisfotos. Prêmiosnãonos aco
modam,
mascertamente estimulam nossa busca do
no-va.
Estudantes
de
comunicação
querem
a
volta do
estágio
O xv Encontro Nacional de Estudantes de
Comunicação
So cialaconteceude 07a 13 dejulho
em Curitiba. O encontro foi o
maior dahistória,ereuniu
aproxi
madamentemil estudantes decomunicaçãodetodoopaís.Otema
do XV Enecom foi
"Comunicação
e Multidisciplinaridade".
Oencontroteve-umaprograma
ção intensa, oficial e não oficial. No início de cada noite havia pa lestras e debates, que tiveram a
participação
de poucos estudantes. Noentando, as
agitações
dasnoitesaconteceramnosbares,nas
festas, nos
alojamentos
e nas ruasda fria cidade de Curitiba. Duran
te as manhãs haviam as oficinas,
que apesar de iniciarem cedo ti nham uma boa
participação.
Nas tardes quase todossumiam,eraoperíodo
de grupos de discussão,ondeseanalisavaomovimentoes
tudantil, a coniuntura do
país
eomeio
profissional.
As resoluções foram tomadas
na
plenária
final no dia 13 deju
lho. Uma das bandeiras básicas le vantadas foi uma
ampla, geral
eirrestrita
Campanha pela
Qualidadedo Ensino de
Comunicação
Social, que envolva, além dos
estu-dantes, os
professores,
funcionários,comunicadores
profissionais,
sindicatos, empresas e
organiza
ções da sociedade. Uma outra
bandeira éaluta
pela
socializaçãodainformação,
pela
democratizaçãodos meiosde
comunicação,
epela pluralidade
devozes nasociedade. Ainda foi deliberada pelo
XV Enecom a
regulamentaoção
do
estágio
para os estudantes decomunicação social no meio pro
fissional. Para isso seria necessário formarumaComissão de
Integra
ção Universidade-MeioProfissio
nalemcadaestado,com a
partici
pação de alunos,
professores
eprofissionais
comunicadores. Aregulamentação
doestágio
será discutida com sindicatos, associaçõese
federações
deprofissionais,
mas
implementada
nas instânciasefóruns de cada
região.
O nome da entidade nacional foi mudado. Agora se chama
Enecos, Executiva Nacional dos
Estudantes de
Comunicação
Social. O encontroterminoucom aeleiçãodachapa"OusaréPreciso",quetemoestudante daUSP,
Chico Ruiloba, como secretário
geral.
A UFSCparticipa
da Exe cutiva com o estudante RicardoJ acques, na secretaria
Regional
Sul, que tem ainda o estudanteLeandro de Freitas, da Famecos,
de Porto
Alegre.
Corecom-Sul- Vinte dias
após
oXVEnecon,dias 3e4deagosto,
oCentro Acadêmico Livre de Jor
nalismo "Adelmo Genro Filho"e aEnecos
organizaram
oConselhoRegional
de Entidades de Comunicação
ampliado,
emFlorianópolis. Oencontro aconteceunasede
da
Associação
dos Funcionários da da Caixa Econômica Federal, emJurerê,reunindo 46 estudantesdosestados de SantaCatarina,Pa raná e Rio Grande do Sul. Das
15 faculdades decomunicação da
região
sulparticiparam
nove. Aprincipal resolução
do encontrofoia
formação
de cinco grupos detrabalho
(GT
Administrative.GT deComunicação
Social, GT deEnsino,
Pesquisa
e Extensão, GT de MeioProfissional,eGT de Integração
Latina-americana),
que encaminharãoas atividadesjunto
com a SecretariaRegional
Sul daEnecos. Cada GT tem seis estu dantes,dois de cada estado da Re
gião
Sul.MODERNIDADE
Luiz Bresser Pereira
O
mestrado subdesenvolvido é o mestrado com ares oupreten
sãoadoutorado. Eo mestra
do brasileiro. A
pós-gradua
ção
noBrasil enfrentagravesproblemas,
todos relacionadoscom uma
concepção
equi
vocada do queseja
um cursode mestrado. Primeiro pro
blema: o tempo para conclu
são do doutorado énoBrasil em
geral
maisdoqueodobro do que nos Estados Unidos. Forma-se um doutor nos EUAemcincoanos,enquanto que no Brasil dez anos é um bom
tempo.
Quando o candidato consegue seu título,
seuperíodo
maisprodu
tivo parapesquisas
já
passou.Segundo:
o numerode candi datos que abandonamospro gramas de mestrado é muitogrande.
Após-graduação
no Brasil éumahistória de insu cessospessoais.
Em 1989 e 1990havia,
respectivamente,
38.200 e 41.400 inscritos em cursos de mestrado e douto rado. Em
1990,
apenas 5.800 obtiveram títulos. Terceiro: os cursos depós-graduação
não formam
profissionais
de maneira eficiente. Os cursos deespecialização,
queteriam estafinalidade,
não conse guem seafirmarnopaís.
Embora possamos encon
traroutras causas paraesses
problemas,
sua causa funda mental é umadefinição
es treita do queseja
omestrado. ACapes,
oConselho Federal deEducação
e acomunidade acadêmica emgeral
entendem que 6 mestrado é um cursodestinadoaformar pro fessores universitários e pes
quisadores,
devendo,
por isso, incluira
redação
de umadissertação.
Adicionalmente,
omestrado é
geralmente
vistacomo umaetapado douto rado. A
formação
deprofis
sionais caberia aos cursos degraduação,
e, em nível depós-graduação,
aoscursos deespecialização.
O parecer 977/65 do Con selho Federal de
Educação,
queregulamentou
original
mente a
pós-graduação
noBrasil,
distingue
claramentedissertação
de mestrado detese de doutorado. Mas no Brasil nenhum aluno demes trado está escrevendo uma
dissertação,
ele afirma estarsempre. trabalhando em sua
"tese". Por outro, esse pare cernão
exige
otítulodemestre para o candidato
poder
inscrever-se no doutorado.Mas, na
prática,
apenas al gunsdepartamentos
da USP aceitam candidatos diretamenteparaodoutorado. Não é por acaso que isto ocorra
precisamente
na maisimpor-o PRETENSIOSO
MESTRADO
SUBDESENVOLVIDO
"Forma-se
um
doutor
nos
EUA
em
cinco
anos.
Aqui,
dez
anos
é
um
bom
tempo"
tante universidade
brasileira.
Os cursos de mestrado fo ram uma
importação
cultural dos Estados Unidos. Uma boaimportação,
porque realmente era necessário desen volveros cursos
regulares
depós-graduação
noBrasil.Masa
importação
foi mal feita. Otransplante
cultural foi reali zado de forma subdesenvolvida,
nomomentoem que seexigiu
umadissertaçãodetodosos candidatosa: mestre e se
imaginou
queosmestrados eram cursos essencialmenteacadêmicos,
quelevariam,
finalmente,
aodoutorado. Nos Estados Unidososmestradossão
primordialmente
cursosprofissionais
e ... em consequência,
cursos finais, nãocursos-etapa. A
formação
deprofessores
epesquisadores
nos Estados Unidos é reali zada nos cursos de doutora mento, nãode mestrado.Em certos casos,
especial
mentenasciências exatas,um mestrado acadêmicopode
funcionar como uma etapa, masisto é cadavezmaisraro. Namaioria doscasos ocandi dato increve-se diretamente nodoutorado. Mestrado aca dêmico só existeemuniversi dades desegunda
e terceiracategoria.
Na área de
economia,
porexemplo,
nenhumagrande
universidade americana pos sui mestrado. O pressuposto éode queoseconomistassãocientistas. Não háounãode ve haver economistas
"práti
cos" ouprofissionais
no sen tido que estamos utilizandoaqui
estapalavra. Logo
for mam-se economistasnodou torado.É impossível
inscre ver-se em um curso de mes trado em economia em Harvard,
no MIT, emChicago,
emBerkeley.
Sóemuniversi-ZERO
dades de
segunda
linha,
para alunos também de nível mais baixo. Emcertoscasosé pos sível obtero título de mestrecomo
prêmio
deconsolação,
quando
o candidatonão conseguiu
escrevera tese.Sem
dúvida,
asgrandes
universidades nos Estados Unidos possuem mestrados emadministração
de empresas, em
engenharia,
em relações internacionais,
emdireitointernacional. Massãocur sos
profissionalizantes,
nãoexigindo dissertação,
e sãocursos
finais,
não um cami nho parao doutoramento. O candidato formando nesses cursosvai trabalharcomo umprofissional
nas empresas ou no governo, nãovai ser pro fessor universitário ou pesquisador.
Os cursospodem
ser de alto nível. Muitos sãode altíssimo nívelede
grande
prestígio.
Não são, entretanto, cursosacadêmicos. Em síntese, para encurtar
a
duração
dos cursosde doutorado,
para diminuir a evasãodos
mestrados,
epara dar após-graduação
umpapel
maiornaformação
deprofis
sionaisde altonível,
serianecessário, além de um
amplo
debate, que
reveja
a concepção
de mestradovigente
nopaís,
admitir o reconhecimento de mestrados
profis
sionais,
ondenãoseexige dissertação.
Reconhecimento para finsprofissionais,
não para fins acadêmicos, naturalmente. Isto
permitiria
que as universidades criassem cursosde mestradoprofissio
nais.
Mas por que, em vezdisso,
não desenvolveros cursos de
especialização.
Conforme observou o reitor da USP,professor
Roberto Leal LoboSilva,háum
preconceito
contraesses cursos. Não há sufi ciente procura para esse
tipo
decurso,sempre visto de for madepreciativa
dentro daspróprias
universidades. Já um curso que dê o título demestre torna-se muito mais atrativo. Elevaráasuniversi
dades,
internamente, a dar lhes mais valor.Em
segundo lugar,
éneces sário reconhecer maisampla
mente que é
possível
e desejável
formar doutores maiscedo,
sem aobrigação
de,
an tes,passaremporummestrado. Para isso não são neces sárias decisões formais. Basta mudar a maneira de pensar
sobre o assunto. A
Capes
e oCNPq,
entretanto, terãoque estar
dispostos
a conceder bolsas de doutorado no Brasil ou no exteriora quem
não tem-nem
pretende
ter-titulo de mestre. Esse título
não
exigido
nemreconhecidopelas
universidades americanas, mas
hoje
é uma condição
paraaobtenção
de bolsas na,instituições
brasileiras que administram bolsas dees tudo.Para quem
imagina
queum título de mestre é acàdernicamente muita coisa, as idéias que acabo de expor po dem parecer estranhas. Na verdade só são estranhas em
função
denossosubdesenvol vimento. Apartir
dele des pr�zamos os cursosprofissio
nais e nos concentramos em formar mestres para desempenhar funções
acadêmicas oucientíficas,quando
para isto
precisamos
de doutores. Doutores melhores, em maior númeroe mais cedo.Luiz Carlos BresserPereira.56empre sário.éprofessortitular daFundaçãoCit'� túlioVargas (SP)eeditor da Revista de Economia Política. Foi ministro da Fa zendanogovernoSarney.
DC
investe
em
cursos
para
melhorar
textos
Saberver, saber escutar, saber ex pressar. Escrever
pensando
no leitor. Com esseobjetivo,
o Diário Catari nense promoveudia2 de outubro,no hotel Baía Norte,apalestra Algumas
sugestões
para melhorar aqualidade
datedeçiio
dosjornais
impressos.
Mais de trinta redatoresacompanha
ram atentoso
professor
José Francis co Sánches da Universidade de Na varra(Espanha).
Sanchesabriu a palestra com a história do
jornalismo
norte-americano.Com o new
iotnetism
dos anos60, iniciaumarenovação
notextoimpres
sa para cativar os leitores. Nos anos
80, os redatores americanosvoltama enfrentarum novodesafio. Comuma sociedade
predominantemente
visual,havia a necessidade de recuperar os
leitores.
principalmente
os maisjo
vens.atraídos
pela
televisão. Para isso. os fatos deveriam ser retratados com agilidade. elegânciaemuita
cria-tividade.
�
Iniciativa - De acordo com Sán
ches,a
preocupação
com aboaescrita é perrnanente nas faculdades de Comunicação
eprincipalmente
nosjor
nais quedisputam
omercadocom outros meios de
comunicação.
Sanches,queédiretor darevistaNuestro Tiem po diz que as empresas
jornalísticas
estão tomando iniciativas em vários
projetos
comoos cursosinternos.prê
miosjornalísticos
paraartigos
de boaqualidade
ecriação
de bibliotecas de livros básicos nasredações.
Naopi
nião do
professor.
para o leitor não interessa o que fazem osjornalistas
ou comofazem. O que quereméinformação.
que nãopodem conseguir
através da televisão, do rádio e das revistas. Emoutraspalavras,
queremgood writing,
boa escrita, boa reda- .ção.
Lembra aindao
professor
que a relação
de trabalhoéfundamental,ensi nar nãosignifica corrigir.
O redator chefe deve promoverfreqüentes
reu niões deavaliação
com todaaequipe
deredação.
Quando houver necessi dade criticar, mas emlugar
privado.
Mantendo conversaçõespessoais,
destacando o que está ruim e onde o redator ialhou.Parao
professor,
vale
apena assumir o risco da liberdade. E o que se pre tende com a busca de novas fórmulas mais criativa- que dãomaior liberdade aojornalista.
Se você não é nenhumgénio.
e quer ser um bom redator, aívão
alguns
conselhos doprofessor:
ver omundocomolaboratóriojornalístico:
encontrar cm tudoalgo
sobre o que escrever. Escrever sobreoquesesabe. Recorrer ainformações
verdadeiras: sermaisrepórter
queescritor. Escreverpensando
no leitor. Ler. ler, ler... Escrever. cscre\·cr. escrever...
Marcelo Cassetar;
IMPRENSA
Silva Telles. Por isso o
projeto
daFenaj
propõe mudanças maisprofun
das. Emsuapropostaum mesmogrupo não pode controlar em um esta
do, mais de um veículo de comuni
cação.
comojornal,
televisão ou rá dio. Outrainovaçãoprevê
que o profissional
seja
transferidopelo
Ministériodo TrabalhoparaoSindicatodos
Jornalistas. O
projeto prevê,
ainda,um Conselhode
Redação.
Este Conselho seria formado por
jornalistas
corn o
objetivo
desediscutiroconteú do e oenfoque
dos textos antes dapublicação.
Além depronunciar-se
sobretodasasatividadesrelacionadas ao
jornalismo.
Outro tema levantado
pela Fenaj
-eque discorda daproposta da OAB
-,ea
responsabilidade
dapublicação.
"A empresa deve ser
responsável, já
que é ela quem autoriza aspublica
ções",
afirma Vicenzi.Essa
preocupação
com a opiruaopública
exige
mais do9,ue
responsabilidade
pera publicação'.
"Tern quese lutarcontraos
monopólios
eoligo
pólios
nos meios decomunicação",
explicou
Francisco Karam,professor
docursodeJornalismo daUFSC. Ele
acrescenta que deve haver diversifi caçãodasfontes, mastodasessas mu
danças
nãoseconseguem apenascom umaLei deImprensa.
HEpreciso
umamobilização
de toda a sociedadee deentidadescivis. Isto sim".
Nova
Lei
de
Imprensa
cria
polêmica
no
Senado
Projeto
propõe,
entre
outros,
anistia
efim
da pena de
prisão
Aatual Lei deImprensa,escritano
governo deCastelloBranco,em 1967,
pode
serfinalmente modificada. OSenadoFederal estádiscutindoumsubs
titutivo baseado numa condensação
dos
projetos apresentados pela
Or demdosAdvogados
doBrasil(OAB)
e
Associação
Nacional dos Jornais(ANJ).
Este substitutivotemcomorelatorosenadorJosé
Fogaça (PMDB
RS),
alémdepropostasdeoutrasenti dadescomo aFederação
NacionaldosJornalistas
(Fenaj).
Uma das
modificações
maispolê
micaspode
ser a anistia a todos osjornalistas
processados
ou condenadoscombasenaatualLei de
Impren
sa. Outro pontopolêmico
é o fim dapena de
prisão
para os acusados decalúnia,
injúria
oudifamação.
Neste caso adetenção
ésubstituída pormulta, prestação de
serviços
à comuni dadeou asuspensão
dotrabalho. "Es tasduaspropostassãoas que têm sofrido maior resistência por parte dos
parlamentares",
diz AlmiroPena, as sessor deimprensa
do senador JoséFogaça.
Celso Vicenzi,
presidente
do Sindi cato dos Jornalistas de Santa Catarina,
também
considerao assuntopolê
mico. "E muito difícil fazer uma rea
valiação
dos casos para ver quem foicondenado por motivo
justo
ou porperseguição
política".
Já ojornalista
Moacir Pereira dizgueesteéum pre
cendente muitopcngoso e
questioná
vel. "Os criminosos serão anistiados.
'\JOV
A Lei de
Imprensa
éespecífica
parajul�ar
somente os delitos daimpren
sa' . Estão incluídos ainda no substi
tutivoaexaustãodo direito de respos
ta e a admissão da prova daverdade
contrao Presidente da
República,
do SenadooudaCâmara,chefesdeEsta doestrangeiros
ou seusembaixadores nopaís.
Pelo texto atual nãosepode
provaruma denúnciacontraessasau toridades.AssimaFolhadeSãoPaulô
ficou
impossibilitada
de denunciar oPresidente da
República
"O que eles querem mesmo com esse substitutivoé anistiar Collor", denuncia
tfoacir
Pereira.Responsabilidade
- "Asleis sósãoboas
quando
produzidas
emconjun-tocom os
profissionais
decadacategoria
afetada porelas",afirmaoprofessor
daPUCpaulista,
Golffredoda9�
ZERO
VI
CONGRESSO
FEDERAÇÃO
LAJINO-AMERICANA
DE
JORNALISTAS
Ivan
Canelas
preside
Felap
com novo
estatuto
Brasileiro
propõe
legislação
internacional
Caracterizando
umarenovação
edinamização
na diretoria da entidade, a
partir
demudanças
em seusestatutos, foi eleito na
quinta-feira
oboliviano Ivan Canelas de 36anos,o novo
presidente
daFederação
La tino-Americana de Jornalistas(Fe
lap),
no encerramento de seu V ICongresso.
em Canela, que reuniu representantes de 19países.
Sua escolha, na verdade, marca uma mu
dança
de rumosnaorganização
queaté então, na
prática,
eraconduzidapelo
todopoderoso
Luíz Suarez, doMéxico, que continua no cargo de
secretário-geral.
Masapartir
de ago ra apresidência
da entidade, postoAdelegaçãohrasileiraaoVI
Congresso
da Felap, em Canela, apresentouontem
tréspropostasprmcrpais,envolvendoJor
nalistas e até empresas de comunicação
detodaaAmérica Latina. Antônio Couti
nho, secretáriogeraldaComissãoNacio
nal de
Repórteres-Fotográficos
propôs acriação de uma Comissão Latino-Ame
ricana de
Repórteres-Fotográficos,
filiadaàFelap. PauloSérgioSalese ojornalista
Rogéno Medeiros, de Vitória, propuse
ram acriação deumNúcleode
Ecologia
dentro da Federação Latino-Americana de Jornalistas. E o presidente da Federação Nacional de Jornalistas
(Fenaj),
Luiz Carlos Bernardes, apresentou uma
amplatesesobreaGlobslizaçtiodos Meios
para'0
qual
vai Ivan Canelas, deixa de ser meramente decorativa e ga nha realpoder
decisório, acima dosecretário-geral.
Além disso, a
Felap
passa a terum comitê executivo formado por nove membros, ao
qual
tanto opre sidente quanto-asecretáriogeral
da entidadeprecisam
prestarcontas. Oargentino
Juan CarlosCamano,
representante da União de Trabalha dores de
Imprensa
de BuenosAires,
que
pretendia
disputar
comIvanCa nelas apresidência
daorganização
dosjornalistas
latino-americanos,terminou sendo escolhido para a também influente
primeira
vice-pre-de Comunicação. que
exige
a criação deumCÓdIgOde éticapalajornaustase em
presários
da área e até pela criação deuma lei de imprensa de caráterinterna
cional.
Bernardes apontou para a continenta lizaçãoe mundializaçãodos meiosdeco
municação, agora mais incentivada pelo
novo formato das revelações internacio
nais, em três megablocos: Estados Uni
dos,CanadáeMéxico;EuropaUnificada;
Japão
e tigres asiáticos. E argumentou: "Domesmomodo quehádireitointernacional público e o direito internacional
privado.
deva haverumalegislaçãointer ·nacional para os meiosde comunicação,incluindo. por exemplo, uma lei de
im-sidênciada
Felap.
"As
mudanças
daFelap já
começarama
partir
da reforma dósestatu tos",entendeonovopresidente.
Ele acredita que osprincípios
enumera doscomo apluralidade,
a defesadaliberdade de
expressão
e contraqualquer
tipo
decensura,alutapela
democratização
dos meios de comunicação,
avalorização
da atividade sindical para a melhoria das condi-.çõesde trabalho ede vida- vão
exi
gir
ummaiorcompromisso
social de.
todosos
jornalistas
da America Latina. A entidade reúne
hoje
80 milprofissionais
daimprensa
de 23paí
sesdo continente.
prensaeunicódigode éticaparaosmeios
decomunicação.9u.
seja,
'paraasempre sasepara osprofissionais .Paraisso,comolembrou,"é fundamen tal que
busquemos
a participação nestasdiscussões. de organismoscomo a ONU.
OEAequem sabe do Parlamento Latino
Americano". Opresidente da Fenaj re
cordou que "oMercosul é outro fatora
exigir velocidade cada vez maior nestes
processos". Bernardes propôs também
quea
Felap
estudeacurtoprazo,acriaçãode uma Agência de Notícias Latino-A
mericanaedo Caribe. "Tambémnão po demosdescartara
hipótese
determosumrádioe mesmo umcanal de televisão para a região".finalizou.
Censura volta
cimplacável
no
governo Menem
Um sutilmasimplacávelprocesso decen
surae
perseguição
ajornalistas
e personalidades dos meios de comunicação, com umapostura
independente,
vem sendo deflagrado pelo
governo de Carlos Menem,na
Argentina.
A denúncia foi feita. dia 21de outubro, durante o
primeiro
dia do IVCongresso
Internacional daFelap
(Fede raçao LatinoAmericanadePeriodistas)encerrou dia 25 de outubro. no hotel Conti
nental deCanela,naserra
gaúcha.
Ajornalista ClaudiaQuinones.da
delegação
argentina, informou que o tema foi objeto de
reflexão, denúncia e proposta durante um encontrorealizadoemjunhodesteano.du
rante doisdias,em Buenos Aires.
"A repressão à liberdade de
imprensa
eopinião,
na Argentina. está diluídaem vários acontecimentosisolados,masque vêm sesucedendoemarcamumaevidentetenta
tivado governo desilenciaras vozesdiscor dantes do seu modelo
político",
afirmouClaudia Quinones, um dosrepresentantes da União de Trabalhadores em Imprensa
de Buenos Aires (Utpba) enviadas ao VI
Congresso
daFelap. "Paraatingir
seus objetivos,
o governo Menem vem utilizandoos meios mais variados, desde a violência
policial
declaradaouclandestina,atéautilizaçãodejornalistas
ligados
aosserviçosdeinformaçãoda época ditatorial. Estes pro
fissionais, a maioria
expulsa
das entidades declasse,estáorganizandoumaassociação,financiada
pelo
governo,natentativa de di vidir acategoria,
mas sem muito sucesso nesteaspecto".A violência, na verdade. não se limita aos
jornalistas profissionais.
Emmaio deste ano, o cineasta Fernando Solanas (diretor do filmeSur, Tangos- Exílio deGerdelrecebeu quatro tiros nas pernas. e aindaestáemfase de recuperação, após
ter feitoumasériededenúncias de corrup ção no processo deprivatização de empre sas governamentais. O
fotógrafo
CarlosBrigo
foi brutalmenteespancado
porpoli.ciais montados
quando
cobria uma operação "arrastão" nas ruas de Buenos Aires.
e
precisou
ser hospitalizado. O fato geroumuita
indignação
eprotestoentreosprofis
sionais da Imprensae outros setores daso
ciedade
argentina.
Um terceiroexemplo,estemais evidente dacensuraquevemcrescendonopanorama
da
imprensa
da Argentina, remete à umaconhecida apresentadora de TV e comen
tarista
política
de BuenosAires,Liliana Lo pes Foresi. "Em seu programa de entrevistasno Canal 13
(ligado
aogrupo dojor
nal Clarin)ela vinhafazendo umasérie de denúncias sobre negociatas envolvendo o
governo de Carlos Menem.oque terminou
criando uma guerra de notícias e desmen tidos com os porta-vozes do governo nos
canais oficiais de televisão", informa Clau dia. "A situação chegou a tal ponto que Carlos Menem fechou um acordo com a
proprietária
do Clarin, Ernestina De Noble.
Hoje,
Liliana Foresiapresentaumprograma meramente informative. não
pode
mais fazer comentários nem entrevistas
num claro processo de censura. unindo
grandes empresários
da comunicação e opróprio
governo federal". conclui ajorna
lista.
,
DIARIO
DE
UM
TRAVESTI
OpçÃO
Rogério
teve suaprimeira
relação
sexual com umcolega
aosseteanosdeidade,
efoi pegoemflagrante
por sua mãe. Rose, seu nome mulher, conta quequando
seuspais
descobriram,
the deramumasurra.Aos dezesseis anos, foi para as ruas
ganhar
a vida.e
hoje
com vinte e sete anos ela quer encontrar alguém
que atire dessa.Rose gosta de ser mulher, mas não
gostaria
demudar de sexo. "Gosto de penetrar também. O tra vesti é
afeminado,
mas isso não quer dizer que ele é apenas comido". Ela, ou ele,explica
que existe ohomossexual mais afeminado eo maismacho, mas na cama nem sempre o travesti faz só opapel
damulher. Rose contaque uma vezestavacaminhando com um
parceiro
na ruaquando
umgrupoderapazespassou por eles
gozando
e falando:"Daqui
arouco
você vai sercomida". Quando estavano mote tran
sando,
elalembrou do que havia acontecidoecomeçou a rir, porque o que aconteceu foi exatamente
o contrário. Elahavia "comido" o cara.
Rose não
gostaria
depôr
um filho no mundo dehoje.
"Esse mundo está muito louco. Ese eu tivesse um filho travesti, não aceitaria. Nãogostaria
queele fosse
homossexual,
pois
se sofre muito sendoum.Mesmo que se
queira
sairdasruas, nãose consegue. Há muitopreconceito.
Ninguém
quer dar emprego para umtravesti".'Seu ponto habitual é na Ivo Silveira. Mas
quando
não está nas ruas, tenta se virar como
pode:
costurando ou fazendo um bico como cabelereira. Na
noite,
chega
aconseguir
atéduastransas."Com cincoa oito transas
já
dá paragarantir
dois dias em casacomendo
legal".
Elaprefere
fazerpontosozinhapara evitar confusão. "Asoutrastravestissao muito falsas".Ela quer unir-se a
alguém
que a ame, mas não agora,diznão ter sorte. Rosequerencontrar oamor, mas para ela o sexo é maisimportante.
Ter tantosparceiros significa
buscar uma pessoa diferente emrelação
ao sexo.Agora
ela só transa comcamisinha,
e acha muitoimportante
ter consciência disso,pois
já
pegou
muitasdoenças
venéreas, como sífilis e gonorréia. "Não valeapenacorrer orisco".Entretanto,
disse
já
ter até transado com umparceiro
que tinhaAIDS,
pois
ele omitiuo fato.Rose só transou com mulheres
quando
era maisnova,masnãogosta,
prefere
homens. Admiteporém
a
possibilidade
de umdia vira seapaixonar
porumamulher. "Nunca
briguei
commona(travesti)
ou comamapô (mulher)
porcausade homem",diz. Em relação
àsmulheres ela diz quejamais
umtravestipoderia
competir
com uma. "Se umhomemvivessecom umamulhere estivesse de baco
(transa)
com um travesti,setivesse que
escolher,
ficaria coma mulher"."Já tentei o suicídio várias vezes, mas sempre fui socorrida a tempo. Todas as vezes que tentei
iSSO,
estavasoboefeitode
drogas.
Decaranão teriacoragem",
Adroga
está semprepresente
em sua vida:"E muito difícil resistir". Muitas vezes ela aparece até na hora da transa. Mas não gosta de usar. "A
cocaína por
exemplo,
tira todo o prazer do sexo". Rose temesperança de diasmelhores,
um mundomelhor,onde haverámais
respeito pelas
pessoas.Ela querse realizarcomotravestie comopessoa. E quer ver sua família sempre bem,pois
sua família é uma das coisasmaisimportantes
de sua vida.A fachada da casa,
pintada
de preto,não causa uma boa
impressão
à luz do .dia. Mas à noite, quando o neon onde
se lê Gruta Dourada acende, o lugar
adquire
vidaprópria.
LocalizadanaCón selheiroMafra,einaugurada
emfevereiro deste ano, a uisqueria vemganhando
famad'unto
aopúblico, pnncrpalmenteentre os e maiorpoder
aquisitivo.
Por trás dafachada em neon, a atividade desenvol vida não tem nada de novidade.
Alguns.
diriam, sem
preocupação
com aorigina
lidade, que se trata da
profissão
"maisantiga
do mundo".Luiz Carlos Gauze, gerente e diretor
artístico,acredita que uma dasrazõesdo
sucessodacasaéofato de elaser
dirigida
aum
público
maisselecionado!
nãosendopermitida
a entrada de"qua
quer um"."Aqui
só tem cliente bom, deadvogado
prá
cima",diz Gauze. Entretanto,oscri térios para asele�ão
dopúblico
são bastante
subjetivos.
A gentevêpela
cara", informao gerente sem rodeios. Aprefe
rência épelosmais velhos, porquegeral
mente gastam mais e têm um tempera mentomais calmo. "Guri de tênisemeni
na mal vestida não entram. Bicha nem
pintado
de ouro!" E asseguraconfiante.
"Nãotemcarteiraço,nemparaa
polícia".
Sombra erótica - Diante de todo esse
rigor
naseleçãodopúblico,
omínimoquese
pode
esperar équalidade
na programação.Acasa apresentatrês
tipos
deespetàculos:
"strip-tease",
"sombras eróti cas"e"show
erótico".Os"strips"
acont_ecem CinCO a seis vezes por norte, e sao
feitos por
profissionais
da área. Por en quanto, só mulheres fazem essetipo
deespetáculo,
masnão está descartadaahipotese de, no futuro, haver também
"striRs"
masculinosemhoráriosespeciais.
As' sombraseróticas",quesãoshowsse
melhantes aos
"strip-teases"
só que portrás deumacortinatransparente,também
acontecemdiariamente. Jáo"showeróti co", um eufemismo para
espetáculo
desexo ao vivo, só é
apresentado
uma vezporsemana.
O cuidadonadecoraçãotambém émo
tivo de
orgulho
para a direção da casa,embora oambiente,
pelo
menos àluzdodia, pareça um tanto soturno. O
predo
mínio dopreto e adecoração
dotetoemdouradogarantemumcertoar
vampiresco
ao local. Nasparedes,
as lumináriasemforma de tocha e com uma
lâmpada
vermelhanaponta,têm umaaspectoirreme
diavelmente fálico. No teto, muitas lâm
padas coloridas fazendo jogos de luzes.
E,éclaro,o
palco, parecendo
meio obso letonesse horário foradoexpediente.Sócio da boate Harém em Porto Ale gre, Gauze conta que já estáno ramohá multo tempo.AdecisãodeabriraGruta
Dourada em
Florianópolis
partiu
daIdeia deaproveitaratemporadae osturis
tas do verão. "O campo aqui é bom", garanteo gerente, revelando que a Ha
rémnãochegaaterametade do fatura
mentodesuaco-irmacatannense. Mesmo assim, para os colegas em Porto
Alegre
ele diz que vai indomal, "pránãoestimu laraconcorrência".Mas aquese deve todoesse movimen
to? ParaGauze, umadasrazões,e talvez amais
importante,
é ofato de que "todohomem
precisa
trair para continuar com amulher,senãoeleenjoa
esepararapidi
nho".Assim,essetipode estabelecimento seria quase um
serviço
essencial dentro dacomunidade, uma vezqueservecomo uma formade manteroequilibria conju
g'!_l
dapopula��b.
"Sei disso por expenencia propna , acrescenta Gauze, cup
irmã trabalhano localcomodançarinade
"strip-tease"
Segurança- Outro
pontode honra para
a casaéasegurança deseusclientes.Ante
cipando-se
aocódigo
do consumidor, oestabelecimento
proporciona
umtipo
deseguro: se o cliente apresentar
qualquer
problema
de saúdeapós
um contato comCOMPORTAMENTO
Sexo
e
neon
movimentam
a
.
Conselheiro
Uisqueris
comprova que
a
fórmula dá
certo
LÁdentro,'espetáculos' destrip-tease,sombras eróticasesexo aovivo
alguma
moça da casa,o tratamentoserá pagopela administração.
"Mas até agoranãohouve nenhumproblemadesse
tipo"
,salientaGauze,lembrando queasgarotas
fazemexamesmédicos
quinzenalmeme".
Em
relação
à AIDS ele·não se mostrapreocupado,
porque, apesar de não se.rexigido
o uso depreservativos, "asmern nassabem oq_ue fazem".Para garantira
qualidade
dosserviços,a casamantém vários funcionários. Além do gerente, há três garçons, maitre, por
teiro, copeiro,discotecárioeodiretor
ar-tístico,
que
éoresponsável pela qualidade
dos showse
pela
seleçãodasgarotas.Essafunçãoestásendo acumulada
pelo
gerente,porque,
segundo
ele,"exige
experiên
cia,eisso éoquenãomefalta . O númerode moças quetrabalham nacasaé variá
vel,
já
que bá umintercâmbiocom a matrizemPorto
Alegre.
Comoamaio: iavemdelá,oestabelecimento mantémuma casa em São José e um apartamento em Co
queiros
paraalojá-las.
Jéssica Costi
Cenouras,
velas
e
vestidos:
na
noite dá de tudo
"Não procuro outro emprego por
que, uma balconista
ganha
por mês, o que euganho
por hora rodada." Aafirmação
é deAnaLúcia,22anos,divorciada e três filhos.
Pequena,
olhosverdes,
com um sorrisomeigo
onde faltamalguns
dentes é uma das últimas filhasentreosdez irmãos. Engravidou
com 16 anos e veio do inte.�
rior paramorarnacapital.
Hoje,
AnaI
Lúcia trabalhanaboite GrutaDoura-da,
porém já
trabalhou em outrasca sasdogênero
nosseteanosque reside emFlorianópolis.
Ana, ao contrário das suascolegas
de trabalho não faz"strip"
porque "não levajeito".
Afir ma que por sempre ter usado preservativo"nunca
peguei
nadana noite."Gina,
30 anos. Morava em PortoAlegre:
"Comeceiafrequentar
aGruta AzulemPorto
Alegre,
paraterdi nheiro e comprar as coisasprá
mim. Atéhoje já
transei com mais de oito mil homens" afirma. Gina diznãofa zerprogramascomadolescentes,
por que demoram para gozare nem sem prefreqüentam
esseslugares
paratransar. Os mais velhos pagam bem
egozam
rápido.
"Euganhei
uma casa de um condealemão,
que me banca atéhoje.
Meupai
me botouprá
fora ediz que acasaédele."Emfevereiro oirmão abriu a boite Gruta Dourada e ela e seu marido vieram trabalhar emFlorianópolis.
JátrabalhounoRio e em Minas por um tempo, fazendo "shows destrip"
e programas. Faz shows diáriosnoGrutaDourada,masexplica
que "sófaço
shows bêbada". Paraasprostitutas
existe umaregra básica incontestável:beijo
na bocasócom
narnorado., Ninguém beija
freguês
na boca. "E considerado atorepugnante",
observa Gina. "Assim", explica,
"vocêpode
ter namoradoe casar sem traí-los. Quer dizer, você só trai o namorado sebeijar
na boca ou setiver prazercom o
freguês.
As vezes acontece, masé acidente de trabalho. Coincide de as fantasias sexuais deleentrarem em sintonia com as tuas e aí acontece. E é bom
prá
saúde só isso "diz". Tenho cinco coroaslegais
aqui,
maisum anoe eusaio da noite".Naportada Gruta
Dourada,
osolre fletenorostode Ginaerevelaoscílios com o rímel duroe borrado da noite anterior.Apontando
para opróprio
peito,
desafia e assegura: "Eu vendodaqui prá
baixo, nãovendo minhacabeça
nem meucoração.
Os homens vêmprá
cá,prá
fazero que não têmcoragem defazercom suasmulheres. Tem muito homem lindo que gosta
decenoura,velaesevestede mulher. Na noite dá de tudo." Alice
6aggio
I.
I
I
I
Hitler
matou
500 mil
ESTIGMA
Para
uns eles não passam devagabundos
e para outrossãogenteexóticaeinteressante. São os
ciganos,
15 milhões de ressoas que vagampelo
mundo,
descendentes dos nômades saí dos da
Índia
há dez séculos. O Brasil reúne 100 mil deles. A maiorianãovive maisnasestradas,
mas há famílias que ainda conservam atradição.
Há pou cassemanas, na Grande Florianópolis,
duas tribos dessagente levantaram suas tséras(tendas)
eprosseguiram
em suaviagem
semfim.Os
ciganos
calom liderados por GeraldoCaetano,
47 anos,ficaram
acampados
por vários meses num terreno baldio emBarreiros,
São José. Eles sãoumadas poucas tribos desse gru po que ainda conservam a vida nômade..
Oscalons sãoosdescendentes dos
ciganos
quemigraram
para oBrasilnosséculos XVIeXVII,fugidos
dainquisição
portugue
sa. Oprimeiro chegou
aopaís
em1574.Apalavra
calom deriva deKali,umadeusa hindu. Ono me tambémsignificá
"negro",
provavelmente
fazendoalusão àraça indiana.
O grupo liderado por Geraldo
Caetano reúneduas famflias.São
nove pessoas ao
todo,
dividindotrês pequenas barracas de lona,
estofados com
papelão.
Eles vendem colchas ebugigangas.
Os homens também fazem servi çosesporádicos
naconstrução
civil. Mas arenda
quase nunca é suficiente. E por isso que a anciã eascrianças
do grupo sãoencarregadas
de arranjar dinhei ropedindoesmolasnas ruas.Oscalons nãoconservamqua se nada da
tradição
cultural. Além dejá
nãousaremostrajes
típicos,
eles se misturam comoutrasraças. E issose refletena
linguagem
deles. Os seus antepassados falavam
caló,
um dos três idiomasciganos.
Hoje
falamcaipira
misturadocomcalóepa lavras deorigem
indígena.
Umexemplo
desselinguajar
éo empregado
_pelos
ciganos
acampa aos em Barreiros. Arroz para eles écorrumpiche
e cachorro chamam porjukeêl,
Seumonaca quer dizer "nãosei"e aexpressão num dar
origem significá
"não trabalhar".Analfabeto Lê Mão - Um ou
tro
tipo
deciganos
encontrado no Brasil são osextre-ibcricos.Eles, que são
provenientes
daEspanha
cEuropa
Oriental,chegaram
naAmérica do Sulnos séculos XIX e XX. A maioriaédo grupo Romdivididoemtrês
subgrupos,
que falam oromani.Eles
deixaram
aIndia
hámil
anosCiganos:
Odisséia
de
um
povo
sem
pátria
mãos-medabarau vales
gad
jesco.
Com
exceção
do analfabetismo,osrom-Iovarasão totalmen
te diferentes dos calons. Além de viverem em
tséras(tendas)
grandes,
os lovaras conservam aculturacigana.
Elesusamrou rastípicas,
cantam músicas tradicioriaise falamum dialetoro mani.
São um dos grupos que mais
preservama
tradição
musical. Aprincipal
característica das canções
quecompoérn
é aforte in fluência da música latino-ame ricana.Amaiorpartedo cancio neiro deles écompostaemespanhol, idioma que conhecem bem.
A
situação
econômica desses ciganos é melhor do que a doscaloms. Nas tendas dos rom-lo
varashátelevisõesc
geladeiras.
Alémdisso,elesviajam
em vur dom(caminhonetes)
às vezes modernasF-IOOO.Os levaras fazem reserva de
ouro,maiorparte
_cumpradn
'lOS i:a1!mpos aa rcgiao HOI:lLGll CJ[-k,
preferem
não vender ess, OUf;) 3.0Sgajôs (termo
(Ille ern língua rornanisignificá
homemnão-cigano)
para mIO dimu-uiro
estoque
da comunidade. Mas fazemtransações
com ouro entre si.
Além doouro,osrom-lovaras
não admitem que as mulheres do grupo se casem com
gajôs.
Com essa atitudepretendem
preservaraunidade da tribo.No entanto, os homens não estão
sujeitos
a estarestrição.
Muitos deles casados COIl)
gajis
(mulheres não-ciganas).
E o ca so de OrlandoIvanovitch,
25 anos, que casou com a para naense Rosemare da Silva, 22 anos. Filha deoperários
daperi
feria de Curitiba, conheceuIva
novitch durante um casamento
cigano
em Barra Velha, Santa Catarina. Naépoca
tinha dezes seis anosedecidiuseguir
o$ru
po.
Hoje
ocasaltemtrês filnos. Entre os váriosgajôs
gue vi vem entre os lovarasesta Rizo marda Silva. 16anos, irmão de Rosemare.Depois
de trabalhar doisanoscomooffice-boy,
deci diudesistir de tudoeseguir
viagem
com O�) ciganos Faz três anos que c,;tápercorrendo
oBrasi'.
-Mas la l)ll'-nciu de vender
colcha-.
deles
em seus
campos
Eles chegaram na Europa em 1417. Da Pérsia (atual
Irã) onde estavam desde o século dez D.C.,
depois
quesaíram da
Índia,
osciganosse separaramem dois grupos.O
primeiro
parte rumo àEuropa
e o outrodirige-se
àSíria,PalestinaeEgito.NaEuropa, depoisdeumaacolhida
cordialemmuitos
lugares,
começamasperseguições.
Fssesandarilhos roubavamefaziamtrapaças.No entanto, apesar de sempreterem
professado
areligião
dopaís
onde passam,aocontrário deoutraminoria,as perseguiçõescontraeles
tinham um caráter
religioso.
Num continente medieval,a lenda de que esses nômades negaram a hospedagem à
Virgem
Mariae ao menino Jesusquando
passavampelo
Egito,foiosuficiente para gerarumahostilidadeconstante
doscatólicos,talcomoestestinhamemrelaçãoaosjudeus.
Foi por causa disso que os ciganos são conhecidos pelos
falantes de
inglês
porgypsy,umapalavra
derivada deI'gyp tian-egípcio. Osfrancesestambémoschamam por egyp
tiens.
Escravizados - Os
primeiros
editos oficiais contra osciganos
aparecemnoséculoXVII. NaEspanha,
onde che garam em 1447, eles foram proibidos de usar as roupastípicas,
depraticar
comércio, de portar armas defogo,
de falarsuaslínguasalém deseremobrigadosaviverseden
tariamentenum bairro isolado.A repressãofoitão intensa que eles nem sequer tinham direto ao asilo nas igrejas,
benefício este que era extendido até para criminoso- co muns. Em Portugal a Inquisiçãofezcom que muitosciga
nos, já
fugidos
daEspanha,
buscassemrefúgio
noBrásil.
Oprimeiro cigano chegouao paísem 1574. NaRomênia, foram escravizados e permaneceram nessa condição até
o século XIX. Mas a pena mais dura contra esse povo
foia decisão do
imperador
austríaco José I queordenou,em 1710,oenforcamente de todososciganosdosexomas
culinoencontradosno seu
império.
Aordem não foi rumprida,masopovo nômade enfrentaráumplanodegenocídio traçadoporumoutroaustríaco, Adolf Hitler. Na
segunda
guerra mundial 500mil ciganosmorreram nos campos de
concentração nazistas. Esse número
equivale
aproxida
mentea umterçodesuapopulação espalhada pela Europa na
época.
Desunião política
-Após a Segunda Guerra Mundial,
com a fundação do Estado de Israel em 194R. entidades
ciganasdaEuropamobilizaram-separareivindicarumpaís
para eles. Na década de 30, a
Liga
das Naçõesjá
tinhaproposto acriaçãodeumestadociganonumailha da Poli
nésia. Mas eles estavam interessados naÍndia. Na década
de 50 houve vários encontros entre líderes ciganos e o
primeiro
ministro Jawaharlal Nehru para que lhes cedesseum pedaço de terra da Índia onde pudessem organizar
uma
pátria.
Mas oprojeto
nunca foi adiante por r'IUSada total falta de unidade políticadesse povo. Nem mesmo
uma
monarquia,
fundadapelo polonês Gregory
Kwiek,�que
se proclamou "rei dos ciganos" em 1883, conseguiu
tervidalonga. .
Ao mesmo tempo que as entidades cigana, não conse
guem articulá-los num
projeto político
maisamplo.
essepovo enfrenta hoje problemas seríssimos. principalrnente
noleste europeu,áreaonde viveamaiorcomunidadc deles
quatro milhões de pessoas.
Depoisdeteremsofrido duranteosgovernos comunistas
um programa de scdcntarização forçada priucipalmente
naHungriae naRomênia,oscigano,estãonumasituação
pior Por outro lado, ao mesmo tempo que o Índice de
desenrrego
entre seus membros, que apresentam nível deinstrução b�lix'SSIlf1'),.atingecifras de 90'( err media. cle� ,<1('
responsabilizados
também pelo aumento <h cri-ninalidadc. ')IIna
Ichcco-rovãqur.r.
porCXC1'IPl,), or( da POP\!IdC:.lo carccrariu qll> chega ao to"a! (1(' (If) I.,!I ,I(._",�n", '
fUfU.,J" por, <,,hJ'>
Em
Junho
ejulho
desse arlo umatriboromestavaacampada
próxima
aoShopping
CenterItaguacu.
Erarr, os levaras. Es. cS,jg3.'OSvieram dOl
Iugoslavi»
'::' .lecada ue':;() A
tribo
vive.rc vc,1délde' edITO, usadose eo
bert- res..\ CJrinlil�'I. atividade
J;I.� rnu'hcrc- dCI pr .ipo e ler a!'