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conclui-se que a matéria reivindicada no pedido português está totalmente antecipada pela do pedido alemão.

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Cópia da sentença do 8.° Juízo Cível da Comarca de Lisboa e dos acórdãos da Relação e do Supremo Tribunal de Justiça proferidos no processo de pa- tente de invenção n.° 61 271.

Pfizer, Inc., americana, (Estado de Delaware), in- dustrial, com sede em 235, East 42nd Street, Nova Iorque, Estados Unidos da América, interpôs o pre- sente recurso do despacho de 11 de Maio de 1979, do director do Serviço de Patentes do Instituto Na- cional da Propriedade Industrial, publicado no Bole- tim, n.° 5-1979, de 15 de Janeiro de 1980, que lhe recusou o pedido de patente de invenção n.° 61 271, para «processo para redução catalítica homogénea de 6-metilenotetraciclinas», publicado no Boletim da Pro- priedade Industrial, já acima referido, n.° 1-1974, de 29 de Novembro de 1974, de harmonia com o n.° 203 e mais aplicáveis do Código da Propriedade Indus- trial.

Fundamentou o recurso, em resumo, no seguinte: O despacho recorrido recusou o pedido de patente n.° 61 271, por falta de novidade (Código da Proprie- dade Industrial, artigo 22.°, n.° 1.°, reportado ao ar- tigo 5.°, n.° 7.°), em face do depósito do pedido de patente alemã n.° 2 308 227, de 20 de Fevereiro de 1973, referido ao depósito original desse pedido em Itália em 24 de Fevereiro de 1972.

Tal falta de novidade não se verifica, porém, mesmo que houvesse coincidência nas reivindicações, pois o pedido italiano não foi publicado nem é susceptível de atribuir prioridade porque foi irregularmente efec- tuado (Código da Propriedade Industrial, artigos 10.° e 11.°).

Igualmente, o pedido de patente alemã, aliás poste- rior à primeira prioridade de 1 de Fevereiro de 1973 reivindicada no pedido de patente n.° 61 271, só veio a ser publicado em 30 de Agosto de 1973, posterior- mente, portanto, não só àquela primeira prioridade, mas ainda à segunda prioridade de 8 de Junho de 1973, também reivindicada pelo pedido de patente n.° 61 271 (citados artigos 10.° e 11.°), ambos só por si suficientes para o fundamentarem.

De qualquer modo, a essência da invenção do ob- jecto do pedido de patente n.° 61 271 distingue-se, por características próprias, da matéria das reivindicações do pedido de patente alemã n.° 2 308 227.

Tanto é assim que o parecer que fundamenta o despacho recorrido é o primeiro a admitir que há di- ferenças, embora, não as apurando em concreto de modo a poder-se apreciar se constituem matéria in- ventiva, deixe de especificar fundamentos de facto base da decisão, inquinando tal despacho de nulidade (artigo 668.°, alínea b), do Código de Processo Civil). Concluiu a recorrente que o despacho mencionado violou, deste modo, as invocadas disposições legais e pediu a revogação do mesmo despacho e a concessão à recorrente da pedida patente n.° 61 271, para todos os efeitos e com todas as consequências da lei.

Respondendo às alegações da recorrente, O Ex.mo Di- rector do Serviço de Patentes sustenta o despacho re- corrido com base no seguinte:

Confrontando o processo reivindicado no pedido português n.° 61 271 (publicado em 29 de Novembro de 1974) com o processo descrito no pedido alemão n.° 2 308 227 e considerando-se que este último foi feito em 20 de Fevereiro de 1973 e reivindica a prio- ridade do pedido italiano de 24 de Fevereiro de 1972,

conclui-se que a matéria reivindicada no pedido por- tuguês está totalmente antecipada pela do pedido ale- mão.

Existe colisão entre os limites das condições especí- ficas da reacção, temperatura e pressão do pedido português (temperatura 40°C a 85°C e pressão do hidrogénio entre 1 a 50 atmosferas) e as do pedido alemão (temperatura entre 15°C a 80°C e pressão de hidrogénio entre 1 a 150 kg/cm2).

Nos termos do artigo 10.° do Código da Propriedade Industrial para que u m pedido de patente de inven- ção, em Portugal, fique antecipado por outro, não é condição necessária o depósito deste último em Por- tugal em data anterior.

A anterioridade do pedido português relativamente ao pedido alemão não existe porque, o facto de o pedido italiano, com base no qual o pedido alemão reivindica prioridade, ser ou não u m pedido regular, não afecta a questão uma vez que a matéria reivin- dicada passou a existir nos serviços de patentes ita- lanos a partir de 24 de Fevereiro de 1972.

Na descrição do seu pedido, a requerente, ora re- corrente descreve resumidamente o processo do pe- dido de patente alemão, o que significa ter havido conhecimento da sua existência antes de fazer o seu pedido em Portugal.

Entende, em conclusão, que o despacho deve ser mantido.

Ao abrigo do disposto no artigo 207.° do Código da Propriedade Industrial, a reclamante do pedido de concessão de patente recusado, então denominada H O V I O N E - Sociedade Industrial e Comercial de Produtos Químicos, L.da, e hoje apenas H O V I O N E - Sociedade de Química, L.da, veio também responder ao recurso no sentido da manutenção do despacho

recorrido, tendo concluído o seguinte:

O despacho recorrido não está afectado de qualquer nulidade, por carência absoluta de fundamentação.

Existe identidade, quanto aos aspectos essenciais, entre a patente alemã n.° 2 308 227 e o pedido de patente recusado.

A patente alemã referida, reivindicando a priori- dade do pedido depositado em Itália em 24 de Feve- reiro de 1972, antecipa o pedido português recusado. O pedido americano n.° 328 514, de 1 de Fevereiro de 1973, foi abandonado, pelo que a patente alemã, depositada em 20 de Fevereiro de 1973, é sempre anterior aos pedidos de patente americanos reivindi- cados pela Pfizer, Inc., mesmo que se não considere a antecipação resultante do pedido italiano.

Verificasse, no pedido português n.° 61 271, a in- vocada falta de novidade.

O ministério público teve vista do processo e nada requereu.

Cumpre decidir.

A recorrente tem legitimidade e o recurso foi in- terposto em tempo, não havendo outras questões pré- vias a apreciar.

1 - Prescreve o 1.° período do artigo 11.° do Có- digo da Propriedade Industrial que aquele que, por si ou seu representante legal, tiver apresentado em qualquer dos países da União o pedido regular da patente de invenção gozará, para apresentar o pedido em Portugal, do direito de prioridade durante 12 me-

ses.

Esta disposição está de acordo com o estatuído no artigo 4.0, alíneas A) e C) da Convenção de Paris de 20 de Março de 1883 e, segundo o n.° 2 da alínea C),

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aquele prazo corre a partir da data da apresentação do primeiro pedido de patente de invenção.

Ora, como resulta dos documentos juntos ao pro- cesso administrativo referentes ao pedido de patente alemão n.° 2 308 227, este pedido foi apresentado em 20 de Fevereiro de 1973, com base no direito de prio- ridade derivado do pedido de patente italiano depo- sitado em 24 de Fevereiro de 1972.

Vê-se, assim, que o pedido alemão não foi mais que o exercício, na Alemanha, do direito de prioridade de que gozava o pedido italiano nos países da União. E, para que tal direito fosse reconhecido na Alema- nha, como foi, renovou-se neste país o pedido italiano dentro do prazo de 12 meses fixado na Convenção. Portanto, não há que considerar em Portugal um direito de prioridade do pedido de patente alemão, mas, sim, o direito de prioridade do pedido de pa- tente italiano, tal como aconteceu na Alemanha.

De qualquer modo, nenhum pedido de patente foi apresentado em Portugal com base em prioridades resultantes de qualquer daqueles dois pedidos dentro do aludido prazo de 12 meses. Consequentemente, esses pedidos perderam em Portugal o direito de prioridade que porventura tivessem e já não gozam da protecção estabelecida no segundo período do citado artigo 11.° do Código da Propriedade Indus- trial e da alínea b) da Convenção mencionada.

Consiste essa protecção em o pedido que o titular do direito de prioridade fizer em Portugal antes de expirar o prazo de 12 meses a partir do primeiro pe- dido não poder ser invalidado por outro pedido, pu- blicação de invento, sua exploração ou qualquer outro facto de terceiro.

Portanto, e «a contrário», expirado o referido prazo sem o interessado exercer em Portugal o seu direito de prioridade, a apresentação de outro pedido de patente de invenção, a publicação ou exploração de outro invento ou qualquer facto de terceiro rela- tivo àquele invento, não podem ser prejudicados pela prioridade perdida do pedido de patente que não foi depositado em Portugal tempestivamente.

2 - O direito de prioridade referido no número anterior destina-se a proteger em todos os países da União de Paris o direito do inventor à patente da sua invenção, fixado pelo respectivo pedido em qualquer daqueles países, e, consequentemente, pressupõe a novidade, a realidade e o merecimento do invento protegido (artigo 9.° e 6.° do Código da Propriedade

Industrial).

Todavia, e como já vimos, esse direito não existe indefinidamente e está limitado pelo espaço de tempo que decorre desde a apresentação do primeiro pedido até ao limite do prazo de 12 meses. Além disso, di- rige-se o mesmo direito apenas aos factos verificados nesse intervalo, ficando ressalvados os direitos adqui- ridos por terceiro antes do dia da apresentação do primeiro pedido que serve de base à prioridade ou posteriormente nesse mesmo dia se o direito não for exercido tempestivamente e se extinguir (artigo 4.°-B da Convenção de Paris e 11.° do Código da Proprie- dade Industrial.

Quer dizer, o direito de prioridade a uma invenção num dos países da União pode ser ineficaz contra o direito à mesma invenção que tenha sido adquirido por terceiro, noutro país da União, antes de iniciado o prazo de prioridade, ou depois do seu início se o direito prioritário se extinguir, pelo seu não exercício, no país em que o terceiro tiver adquirido o seu direito.

É que a protecção dos direitos desses terceiros é feita nos termos da lei interna de cada país da União, sendo-o em Portugal pelos artigos 5.°, n.° 7, 6.°, 10.° e 22.°, n.os 1 e 4, do Código da Propriedade Industrial e 4.°-B) da Convenção de Paris.

E m resumo, a protecção da novidade de uma in- venção é absoluta quanto aos factos praticados por terceiro dentro do prazo da prioridade respectiva, ou posteriormente, se esta for exercida, mas é relativa quanto aos factos praticados por terceiro antes ou depois desse prazo e, ainda, dentro desse mesmo prazo, se não for exercido o direito de prioridade.

3 - O pedido de patente recusado fundamenta-se os pedidos de patente depositados nos Estados Uni- dos da América em 1 de Fevereiro de 1973, sob o n.° 328514, em 8 de Junho de 1973, sob o n.° 368 060, e em 26 de Dezembro de 1973, sob o n.° 428 278, constituindo o 2.° e o 3.° a continuação em parte dos anteriores.

Quando aquele pedido foi apresentado em Portugal, em 31 de Janeiro de 1974, ainda não tinha decorrido o prazo de exercício do direito de prioridade relativo aos mencionados pedidos americanos pelo que, atento o disposto nos artigos 4.° e 4.°-bis da Convenção de Paris e 11.° do Código da Propriedade Industrial, a requerente podia invocar, como invocou, aquele di- reito de prioridade.

Este direito, como resulta do exposto nos n.os 1 e 2, não é posto em causa por idênticos e precedentes di- reitos de prioridade dos pedidos italiano ou alemão uma vez que estes não foram exercidos tempestiva- mente em Portugal.

Assim, apenas há que averiguar se os pedidos ita- liano e alemão atribuíram aos respectivos requerentes direitos anteriores ao da requerente aos quais a lei portuguesa conceda protecção. Esta só pode consistir, como vimos no precedente n.° 2, e nos termos dos artigos 5.°, n.° 7, 6.°, 10.° e 22.°, n.os 1 e 4, do Código da Propriedade Industrial, na defesa da novidade des- ses inventos e dos direitos dos seus inventores.

Ora, o pedido italiano foi depositado em 24 de Fevereiro de 1972 nos serviços italianos e ainda não foi publicado e o pedido alemão, baseado na prio- ridade daquele, foi depositado nos serviços alemães em 20 de Fevereiro de 1973 mas só foi publicado em 30 de Agosto de 1973.

Deste modo, os pedidos americanos de 1 de Feve- reiro e 8 de Junho de 1973 respeitam a invenção nova porque ainda não tinha sido divulgada dentro ou fora do País de forma a poder ser conhecida e explo- rada por peritos da especialidade, nem tinha sido objecto de patente anterior, nem tinha sido descrita em publicações ou caído no domínio público (artigo 10.0 e seu § 1.°, do Código da Propriedade Industrial). E o facto de o terceiro pedido americano ser posterior à publicação do pedido alemão é irrelevante uma vez que aquele primeiro pedido é a continuação dos outros dois que o precederam, existindo entre os três verda- deira unidade de invenção (artigo 4.°-F, da Conven- ção de Paris).

De qualquer maneira, e como resulta do processo administrativo, os processos inventivos constantes dos pedidos italiano e alemão, por um lado, e dos pedidos americano e português, por outro, apresentam disse- melhanças tais que permitem a conclusão de que existe novidade, realidade e merecimento em qualquer deles. Basta atentar na descrição desses processos, na forma insegura como se pronunciou o parecer em que se

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fundamentou o despacho recorrido («parece haver so- breposição da matéria», «qualquer pequena alteração encontrada parece não constituir matéria inventiva») e no destaque dado na resposta junta a fl. 26 à colisão das condições específicas da reacção existentes nos pedidos em confronto.

Não se verificam, portanto, os requisitos fixados na lei portuguesa para o reconhecimento de um direito dos requerentes dos pedidos italiano e alemão em detrimento do direito de prioridade em que se baseia o pedido português recusado.

4 - Conclui-se de todo o exposto que a patente de invenção pedida em Portugal pela ora recorrente possui novidade, validade e merecimento e, por isso, aquela tem direito de prioridade para apresentar em Portugal, como apresentou, o pedido de concessão da mesma patente. Assim, ao recusar o pedido da recor- rente, o despacho recorrido violou o disposto nos artigos 6.°, 10.°, 11.° e 22.°, n.° 1, com referência ao artigo 5.°, n.° 7, do Código da Propriedade Industrial, pelo que não é de manter.

5 - Nos termos expostos, concedo provimento ao recurso e, em consequência, revogo o despacho recor- rido e ordeno se conceda à recorrente a pedida patente n.° 61 271, para todos os efeitos legais.

Sem custas. Notifique e registe.

Cumpra-se oportunamente o disposto no artigo 10.° do Código da Propriedade Industrial e devolva-se o processo administrativo apenso.

Lisboa, 15 de Janeiro de 1981. - (Assinatura ile- gível.)

Processo n.° 4193 - 1.ª Secção. - Cópia do acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa proferido nos autos de recurso de recusa de patente de invenção em que é apelante H O V I O N E - Sociedade Quí- mica, L.da, e apelados Pfizer, Inc., americana (Es- tado de Delaware), e o director de Serviços de Pa- tentes do Instituto de Propriedade Industrial. Acordam, em conferência, no Tribunal da Relação de Lisboa:

H O V I O N E - Sociedade Química, L.da, recorre da sentença proferida no 8.° Juízo Cível de Lisboa que, em recurso de despacho do director de Serviços de Patentes do Instituto Nacional de Propriedade Indus- trial, concedeu a Pfizer, Inc., americana (Estado de Delaware), o pedido de patente n.° 61 271.

Foram apresentadas alegações. Tudo visto.

1 - Pfizer, Inc., em 31 de Janeiro de 1974, apre- sentou em Portugal o seu pedido de patente de inven- ção n.° 61 271 para: «Processo para redução catalé- tica homogénea de 6-metileno-tetraciclinas», declarando haver depositado correspondentes pedidos desta pa- tente nos Estados Unidos da América, em 1 de Feve- reiro de 1973, sob o n.° 328 514, em 8 de Junho de 1973, sob o n.° 368 060, e em 26 de Dezembro de 1973, sob o n.° 428 278.

2 - Reclamou contra este pedido H O V I O N E -So- ciedade Química, L.da, alegando estar esta matéria an- tecipada pelo pedido da patente alemã n.° 2 308 227,

de 20 de Fevereiro de 1973, com base e prevalência no pedido de patente original depositado em Itália em 24 de Fevereiro de 1972.

3 - Foi, então, recusado o pedido de patente n.° 61 271, por despacho do director do Serviço de Patentes do Instituto Nacional de Propriedade Indus- trial de 11 de Maio de 1979, nos termos do ar- tigo 22.°-1 referido nos artigos 5.° a 7.° do Código da Propriedade Industrial, por se entender estar o pedido carecido de novidade.

4 - Mediante o competente recurso desta recusa veio a conceder-se, no 8.° Juízo Cível de Lisboa, o pedido dessa patente n.° 61 271, daí este recurso. 5 - Realmente, segundo o artigo 11.° do Código da Propriedade Industrial e de acordo com o ar- tigo 4.°-A, C da Convenção de Paris de 20 de Maio de 1883, aquele que tiver apresentado, em qualquer país da União, pedido regular de patente de invenção gozará para apresentar seu pedido em Portugal do direito de prioridade durante 12 meses, contados desde a data da apresentação do primeiro pedido de patente de invenção.

6 - Ora, com o pedido de patente alemã preten- dia-se exercer apenas o direito de prioridade, do pe- dido italiano, pelo que só este caberia considerar, não tendo todavia, sido formulado em Portugal pedido, no prazo útil de 12 meses com base em qualquer da- queles pedidos alemão e italiano, o que implica terem tais pedidos perdido, em Portugal, o direito de prio- ridade.

7 - Acresce não estar demonstrado que o pedido de patente italiana fosse publicado e o pedido de patente alemã só foi publicado em 30 de Agosto de 1973, portanto posteriormente aos continuados em parte e integrados pedidos de patente n.os 328 514 e 368 060 formulados nos Estados Unidos da América em 1 de Fevereiro e 8 de Junho de 1973, que basearam o pe- dido n.° 61 271 apresentado em Portugal.

8 - Portanto, a anterior publicação feita nos Esta- dos Unidos da América e consequente divulgação do pedido é que implica e constitui a novidade tal como resulta do disposto no artigo 10.° do Código de Pro- priedade Industrial que nos diz que é nova a invenção que antes do pedido da respectiva patente ainda não foi divulgada dentro ou fora do País de modo a poder ser conhecida e explorada por peritos de especiali- dade.

9 - Aliás, conforme dispõe o n.° 61 deste artigo 10.° do Código do Processo Industrial, o pedido de patente alemã reportado ao anterior pedido de patente ita- liano, não constituíria invenção nova pois não chegou a ser objecto de patente, nem consta que tenha sido descrito em publicações, nem que tivesse utilização de modo notório, ou tenha caído no domínio público. 10 - Assim, o pedido de patente n.° 61 271, depo- sitado no mesmo país em 31 de Janeiro de 1974, integra-se essencialmente e reivindica a prioridade dos pedidos de patente norte-americanos n.os 328 514, de 1 de Fevereiro de 1973, desenvolvido e continuado em parte pelo pedido n.° 368 060, de 8 de Junho de 1973. por sua vez também continuado em parte pelo pedido n.° 428 278, de 26 de Dezembro de 1973, vindo este a conter-se fundamentalmente nos ante- riores.

Daí que o pedido português de patente n.° 61 271 retrotaria a sua data a 31 de Janeiro de 1973.

11 - E não parece aceitável entender-se que o pedido de patente americano n.° 328 514, de 1 de

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Fevereiro de 1973, se deva considerar abandonado e não servindo de base ao direito de prioridade invo- cado, pois que, nos termos do artigo 4.°-C, n.° 4, da Convenção de Paris de 20 de Maio de 1883, só pode- ria perder sua característica do primeiro pedido e início do prazo de prioridade se fosse abandonado sem ter sido submetido a exame público e sem deixar subsistir direitos, não tendo ainda servido de base para reivindicação do direito de prioridade.

Ora, à data de 8 de Junho de 1973, do ulterior pedido de patente n.° 368 060, ainda não estava abandonado o pedido n.° 328 514, de 1 de Fevereiro de 1973, pois este só posteriormente é declarado aban- donado no último pedido n.° 428 278, de 26 de De- zembro de 1973.

Daí que o pedido de patente norte-americano n.° 328 514, de 1 de Fevereiro de 1973, possa e deva originar o direito de prioridade a considerar no pedido de patente portuguesa n.° 61 271, respon- dendo a 1 de Fevereiro de 1973.

12 - Acresce que, mesmo a considerar-se que a prioridade do pedido de patente portuguesa n.° 61 271 só se contasse a partir de 8 de Junho de 1973 data do ulterior pedido de patente norte-americano n.° 368 060, mesmo assim seria anterior à publicação, só ocorrida em 30 de Agosto de 1973 do pedido de patente alemã n.° 2 308 227, ainda que seu pedido seja de 20 de Fevereiro de 1973.

13 - E também há a considerar que o pedido de patente italiano de 24 de Fevereiro de 1972, cuja prio- ridade é reivindicada na Alemanha pelo pedido de patente n.° 2 308 227, de 20 de Fevereiro de 1973, e mesmo este pedido alemão, como não foram depo- sitados em Portugal não gozam, face ao disposto no artigo 11.° do Código de Propriedade Industrial, no nosso país, de direito de prioridade, em relação ao pedido de patente n.° 61 271, sendo irrelevante que em 31 de Janeiro de 1974, quando este foi formulado, ainda estivesse a correr prazo para tal efeito, visto não ter sido exercido esse direito.

Aliás, entre 24 de Fevereiro de 1972, data do pe- dido de patente italiano, em 31 de Janeiro de 1974, data do depósito do pedido de patente portuguesa n ° 61 271, decorreram muito mais de 12 meses e, consequentemente, já se extinguira a prioridade tanto do pedido de patente italiano como do pedido de pa- tente alemã n.° 2 308 227 que reivindicou a prioridade a partir do pedido italiano, ou seja de 24 de Fevereiro de 1972.

Sendo de notar que também a data do pedido de patente alemã de 20 de Fevereiro de 1973 é posterior a 1 de Fevereiro de 1973, data do pedido americano n° 328 514, cuja prioridade se reivindicou no pedido de patente portuguesa n.° 61 271.

Nestes termos, acorda-se em confirmar a sentença recorrida.

Custas pelo recorrente.

Lisboa, 18 de Maio de 1982. - Magalhães Baião - Araújo Franqueira - Agostinho da Silva.

Lisboa, 23 de Julho de 1982. Está conforme.

Lisboa, 23 de Maio de 1983. - (Assinatura ilegí- vel.)

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça Pfizer, Inc., com os sinais dos autos, interpôs re- curso para os Juízos Cíveis de Lisboa, do despacho do director do Serviço de Patentes do Instituto Na- cional da Propriedade Industrial, publicado no respec- tivo Boletim, n.° 5-1980, que lhe recusou o pedido de patente de invenção portuguesa n.° 61 271, para «processo para a redução catalítica homogénea de 6-me- tileno-tetraciclinas», tendo a reclamante H O V I O N E - Sociedade Química, L.da, proprietária da patente de invenção alemã n.° 2 308 227, que diz igual, contra- -alegado.

O recurso mereceu provimento, tendo sido conce- dida a pedida patente, revogando-se o despacho recor- rido, o que tudo foi confirmado pelo douto acórdão da Relação de Lisboa, agora em recurso para este Supremo Tribunal, por parte da firma reclamante - « H O V I O N E » - que apresentou as seguintes con-

clusões.

1 - O douto acórdão recorrido é nulo, por omis- são de pronúncia, devendo baixar à Relação, arti- gos 668.°, n.° 1, alínea d), 1.ª parte e 731.° do Código de Processo Civil.

2 - A lei americana só dá publicidade aos pedidos de patente, depois destas concedidas, pelo que se vio- lou o «Code of Federal Regulations», título, 37, sec- ção 1.14, e, por isso, por erro decidiu haver novidade nos pedidos americanos depositados em 2 de Janeiro, 8 de Junho e 26 de Dezembro de 1973, que nunca foram publicados, sendo aqui aplicável a lei norte- -americana.

3 - O pedido da recorrida, depositado em 1 de Fevereiro de 1973, foi abandonado em 26 de Dezem- bro de 1973, mas por ter servido de base a reivindi- cação de prioridade, já não pode ser substituído por pedido ulterior, nos termos da alínea 4-C) do ar- tigo 4.° da Convenção da União de Paris; e por terem subsistido direitos nele radicados, ainda invocados pela recorrida, não pode servir de base a um direito de prioridade, ao contrário do que julgou o acórdão.

4 - E contra o decidido pelas instâncias, o pedido de patente ítalo-alemã goza de prioridade, face aos pedidos da recorrida, pois foi requerido na Alemanha em 20 de Fevereiro de 1973, reivindicando a priori- dade de anterior pedido feito em Itália em 24 de Fe- vereiro de 1972, portanto, dentro dos 12 meses exi-

gidos na «Convenção da União».

5 - O pedido italiano era u m «pedido regular», no sentido do n.° 3 do artigo 4.°, alínea A) da Con- venção da União, por a data do seu depósito estar estabelecida, na Itália, pela sua apresentação em 24 de Dezembro de 1972.

6 - Ao ser publicado na Alemanha o pedido ale- mão, em 30 de Agosto de 1973, a sua divulgação fez perder novidade a quaisquer pedidos posteriores - Convenção da União e artigo 10.° do Código da Propriedade Industrial - pelo que o direito de prio- ridade cabe à patente alemã n.° 2 308 227.

7 - Nos Estados Unidos, e através de processo de interferência, a prioridade da invenção objecto destes autos foi atribuída à patente ítalo-alemã e negada à Pfizer, Inc., pelo que esta não pode invocar em Por- tugal esse direito de prioridade, fundado nessa patente. 8 - O douto acórdão recorrido violou o disposto no artigo 4.°, letras A), B) e C) e seus números da Convenção da União de Paris e o disposto no ar- tigo 10.° do Código da Propriedade Industrial, pelo que deve ser revogado.

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Contra-alegou a recorrida, procurando demonstrar a sem razão recorrente; e quanto ao novo facto de prioridade, nos Estados Unidos, da patente ítalo-alemã, em relação às americanas, diz referir-se a pedidos de patentes muito posteriores e que não foi apreciado pela Relação, pelo que não pode ser conhecido pelo Supremo, até porque se trata de matéria de facto que não pode ser objecto de recurso de revista, concluindo pela manutenção do julgado.

Foram mandados desentranhar certos documentos, por não serem supervenientes, admitindo-se a junção de outros, por o serem, mas sempre sem prejuízo do disposto na 2.ª parte do artigo 727.° do Código de

Processo Civil.

Há, agora, que apreciar e decidir.

Começaremos, como é óbvio, pela arguida nulidade do acórdão, por omissão de pronúncia sobre a uni- dade de invenção entre os 3 pedidos americanos da Pfizer, Inc., todos de 1973, conforme a conclusão 7.ª das suas alegações para a Relação, artigo 668.°, n.° 1, alínea d), 1.ª parte, do Código de Processo Civil.

Temos que não se verifica tal nulidade, pois, como o evidencia a recorrida, no acórdão em crise, tal ma- téria foi tratada, bem ou mal, desenvolvida ou restri- tivamente, não interessa agora, nos n.os 7 e 10 do acórdão, a fls. 103, 103 v.° e 104, considerando, na apreciação da matéria de facto, que o pedido n.° 368 060 era o desenvolvimento e continuação em parte do pedido n.° 328 514, e aquele, por sua vez, continuado em parte também pelo pedido n.° 428 278, vindo este a conter-se fundamentalmente nos anterio- res, o que tudo evidencia essa unidade de invenção. Assim, o acórdão recorrido não enferma da invo- cada nulidade.

Há também que focar, desde já, as últimas conclu- sões da recorrente, no tocante a factos novos e a questões novas, só postas nas alegações para este Su- premo, de que as instâncias não tiveram conhecimento, mormente no que se refere ao «processo de interfe- rência».

Quando se admitiram os documentos julgados su- pervenientes, logo se ressalvou o disposto na 2.ª parte do artigo 727.° do Código de Processo Civil, isto é, que tal junção era sem prejuízo do disposto nos ar- tigos 722.°, n.° 2, e 729.°, n.° 2, desse Código, visto o Supremo ser um Tribunal de revista.

Mas, além disso, os factos a provar por esses do- cumentos não foram articulados e a questão posta não foi apreciada e decidida pela Relação, pelo que este Supremo não pode tomá-los em consideração e conhe- cer dessa questão, artigos 664.° e 676.°, n.° 1, do Có- digo de Processo Civil.

Assim, arrumadas estas questões prévias, aprecie- mos o fundo do recurso, tomando apenas em conta os factos tidos por assentes, nas instâncias.

Seguindo a sequência das alegações da recorrente, olhemos, primeiramente, ao problema da publicação, nos Estados Unidos da América dos pedidos de pa-

tentes norte-americanas da recorrida.

Salvo o devido respeito, o facto desses pedidos se- rem secretos, só conhecidos publicamente depois de concedidas as patentes, não invalida em nada a solu- ção destes autos, pois essa publicação mais interes- saria, se fosse anterior aos pedidos de patente italiana e alemã, pois nessa altura por-se-ia a questão da sua novidade, em relação a elas, em Itália e na Alemanha. Quanto a nós, o que interessa é saber se esses pe- didos de patentes italiana e alemã tiveram publici-

dade, nos termos do artigo 10.° do Código da Pro- priedade Industrial, antes dos pedidos das patentes americanas que basearam o pedido da patente portu-

guesa n.° 61 271.

E como vem provado nos autos, essas patentes ita- liana e alemã só viram a luz da publicidade em 30 de Agosto de 1973, quando as patentes americanas foram depositadas em 1 de Fevereiro, 8 de Junho e 26 de Dezembro de 1973, portanto, posteriormente aos 2 primeiros pedidos.

Mas como também vem provado pelas instâncias, estas patentes americanas interligam-se, são a conti- nuação e o desenvolvimento umas das outras, vindo a última a conter-se fundamentalmente nas anteriores, constituindo uma unidade de invenção.

E salvo o devido respeito, não se violou o disposto no artigo 4.°-C), n.° 4) da Convenção da União de Paris, quando se remontou a prioridade do pedido da patente portuguesa à data do pedido da patente ame- ricana n.° 328 514, ou seja a 1 de Fevereiro de 1973, pois quando se pediu a patente americana n.° 428 278, em 26 de Dezembro de 1973, é que se abandonou o primeiro pedido, sem que este tivesse sido submetido a exame público e sem deixar subsistir direitos, não tendo ainda servido de base para reivindicação do di- reito de prioridade, tudo consoante o que vem assente pelas instâncias, não interessando qualquer prova pos- terior, como já vimos.

Por outro lado, insiste a recorrente que o pedido da patente ítalo-alemã goza de prioridade face aos pe-

didos norte-americanos.

Mas é curioso, que insistindo nesse pormenor não cita como violado o artigo 11.° do Código da Pro- priedade Industrial, precisamente o que trata desse direito de prioridade. Ora, ou não percebemos o que a recorrente entende por esse direito, ou então tem uma noção diferente da contida no artigo 11.° citado, e nessa altura não interessa, por não ser a legal.

De facto, a recorrente se tivesse pedido, em Portu- gal, a patente de invenção que pediu na Itália em 24 de Fevereiro de 1972 e depois na Alemanha, em 20 de Fevereiro de 1973, no prazo de 12 meses, a contar da primeira data, então é que gozaria, em Portugal, do direito de prioridade, como se comanda nesse ar- tigo 11.° do Código da Propriedade Industrial e ar- tigo 4.°, suas letras e números da Convenção da União de Paris. Esse direito de prioridade só existiria, portanto, durante esses 12 meses.

Mas se não pediu essa patente de invenção, em Portugal, reivindicando essa prioridade, nesse prazo, nem posteriormente, como vem provado, como pode falar nesse direito de prioridade?

Este só existe, como dissemos e resulta da lei, em relação àquele que tiver apresentado em qualquer dos países da «União» um pedido regular de patente de invenção, e apresente o pedido em Portugal, no prazo de 12 meses. Ora, como vem provado e já o afirma- mos, nem neste prazo, nem posteriormente apresentou em Portugal esse pedido, pelo que não pode falar em prioridade e também não interessa saber e averi- guar se o pedido formulado na Itália foi um pedido regular, como é óbvio.

Portanto, o único problema em causa, não é o de prioridade, mas de novidade, isto é, saber se a inven- ção é nova nos termos do artigo 10.° do Código da Propriedade Industrial, relacionado com o artigo 5.°, n.° 7.°, do mesmo Código, sendo com falta dessa no-

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vidade que o pedido de patente formulado pela recor- rente lhe foi recusado, no Instituto Nacional da Pro- priedade Industrial.

Mas como vem assente pelas instâncias, antes de 1 de Fevereiro de 1973, data a que retrotrai a prio- ridade da patente de invenção portuguesa n.° 61 271, esta não foi divulgada dentro ou fora de Portugal, nem objecto de patente anterior nula ou caduca ou descrita em publicação, de modo a poder ser conhe- cida e explorada por peritos na especialidade, nem ainda utilizada de modo notório ou por qualquer forma caída no domínio público. E que a publicação do pedido de patente de invenção ítalo-alemã, só se efectuou em 30 de Agosto de 1973, portanto muito posteriormente, embora dentro desses 12 meses da prioridade das patentes americanas, mas sem que de algum modo afectasse a sua novidade, como resulta do disposto no § 2.° desse artigo 10.° do Código da Propriedade Industrial.

Pelo que se deixa explanado, nega-se a revista, con- firmando-se o douto acórdão recorrido, com as custas a cargo da recorrente, fixando-se a procuradoria em

10 000$.

Lisboa, 7 de Março de 1983. - Corte Real - Mo- reira da Silva - Joaquim Figueiredo.

Está conforme.

Lisboa, 28 de Abril de 1983. - (Assinatura ilegí- vel.)

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