SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ
A Tomada de Decisões como Diferencial nas Organizações
José Augusto Theodosio Pazetti
Professor do Curso de Administração e Relações Internacionais Unaerp - Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá
Jose.pazetti@consist.com.br
Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo abordar algumas das várias facetas da tomada de decisão nas organizações e a sua importância para os negócios. Na primeira seção (introdução) tem-se uma visão geral sobre a tomada de decisão nas organizações e sua ligação direta com a área de TI (Tecnologia da Informação) das empresas como fornecedoras de informações precisas e de qualidade para suporte a tomada de decisão. Em seguida, na seção 2, é abordado o lado mais tecnológico e sua importância como suporte para os tomadores de decisão. A terceira seção mostra os estudos e a própria tomada de decisão dentro do processo dos gestores da administração. Na seção seguinte, observa-se um item importante e bem pesquisado entre os estudiosos que é o poder na tomada de decisão. Na seção cinco, é traçado um breve perfil dos pesquisadores com relação ao tema tomada de decisão e após, o trabalho é concluído com as considerações finais.
Palavras-chave: Tomada de decisão, Tecnologia da informação, negócio,
gestores.
Apresentação: oral.
1. Introdução
A tomada de decisões nas organizações é considerada um dos campos mais amplos de estudos e Teorias das Organizações (SUZAN et. Al, 1991).
Apesar de toda revolução na área de TI (Tecnologia da Informação) as empresas ainda continuam com um grande e velho problema a resolver que é a obtenção de informação de qualidade para tomada de decisão.
Essa busca é cada vez mais importante e urgente devido aos grandes desafios que as empresas têm a enfrentar nos seus negócios diários como globalização, competição, complexidade, rightsizing & reengenharia, organizações focadas no cliente e parcerias estratégicas. Como referência a
Decisão Passado Presente
Resposta Lenta Rápido
Foco Interno Externo
Risco Moderado Alto
Objetivo Controle Estratégico
Ambiente Estável Turbulento
Sendo assim, fica cada vez mais importante para tomada de decisão no negócio, os gestores possuírem respostas às informações sobre clientes e seus produtos e serviços como:
Informações sobre clientes
- que produtos compram?
- quando, onde e com qual frequência?
- quem são: idade, hobby, renda, endereço?
Informações sobre produtos (serviços)
- qual o ciclo de vida dos produtos?
- qual o índice de devolução?
- qual o índice de reparos na garantia?
Posto isso, verifica-se que a velha frase de Ford em que o cliente poderia escolher a cor do carro desde que fosse preta não se aplica aos dias atuais, aliás, muito provavelmente, o gestor que ousar pensar desta forma, sem nenhuma preocupação com o cliente e focado no negócio, caminharia para a falência eminente.
Sendo assim, fica cada vez mais eminente a importância da tomada de decisão nas organizações como algo vital para sua sobrevivência.
Segundo Gutierrez (1999) um dos problemas enfrentado pelas ciências humanas com relação a pesquisa de campo é o desenvolvimento tecnológico que leva a empresa a viver uma nova situação. Para a empresa ser eficiente precisa lidar com informação, que até pouco tempo atrás não era tão importante.
Através disso, TI nas empresas torna-se essencial para o fornecimento de informações precisas e de qualidade para os gestores poderem executar a tomada de decisão sobre clientes, concorrentes, mercado e parceiros da forma mais acertada em relação a cada área do negócio. Com uma tomada de decisão acertada, aumenta a competitividade e antecipa ameaças em relação à empresa.
Com relação à área de TI, não basta possuir gigantescas bases de dados se isto não é transformado em informação para suporte da tomada de decisão pelos gestores das organizações, pois a TI contribui de forma ágil e eficaz para tomada de decisões.
A idéia principal é que a tomada de decisão correta torna a empresa mais desenvolvida e competitiva.
2. A Tecnologia como suporte para Tomada de Decisão
O termo BI (Business Intelligence), de propriedade do gather, pode ser traduzido como Inteligência de negócios e refere-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferece suporte a gestão de negócios (PRIMAK, 2008). Enquanto o processamento transacional cuida das funções do dia a dia da empresa, o processamento analítico, através de ferramentas de BI, cuida do negócio da empresa, assim, fica claro que existe um segmento da área de TI voltado apenas para o fornecimento de informações do negócio para tomada de decisão.
Segundo Gutierrez (1999), a pesquisa de campo das ciências humanas vive uma crise evidente. Entre as causas verifica-se a àrea de TI acelerada que, aliada a fatores políticos e sociais, leva a empresa a viver uma nova situação. Para ser eficiente, a empresa precisa, agora, lidar com informação que até pouco tempo atrás não era tão importante. Já Angeloni (2003), diz que o dado, a informação e o conhecimento são subsídios essenciais à comunicação e à tomada de decisão nas organizações.
Em cima dessas afirmações, fica claro que no processo de tomada de decisão nas organizações é de suma importância para o gestor ter acesso a dados, informação e conhecimento, que podem ser fornecidos através da área de TI.
Apesar de fornecido pela área de TI., um dos papéis dos gestores é o de transformar dados em informação e informação em conhecimento, isso tudo com ajuda da área tecnológica e voltando os resultados obtidos para essa mesma área com intuito de fornecer mais dados para decisões futuras. Todo este processo acaba minimizando as interferências individuais no processo de transformação de dados em conhecimento, passando por todas as suas etapas de maturação para tomada de decisão.
Quando se fala em tomadas de decisão nas organizações, não se pode deixar de considerar o papel relevante que a área de TI. exerce sobre todo o processo.
Quanto maior a capacidade de TI e da comunicação, maior a capacidade de inter-relacionamento e a capacidade de aprender e lucrar com o compartilhamento da informação e do conhecimento.
3. Tomada de decisão nas Organizações
Segundo Laudon e Laudon (2004) define-se como Administrador, pessoas solucionadoras de problemas, que utilizam sistemas de informação como ferramentas de fornecimento de informação para que alcancem seus objetivos. Já Simon (2005) chega a afirmar que “Administrar” e “tomar de decisão” são praticamente sinônimos. E segundo os estudos de Bradford o tempo médio para decisão estratégica é pouco mais 12 meses, sendo que o seu intervalo pode variar de 1 mês a 4 anos. Através das definições desses autores, verifica-se o quão é importante e relevante a tomada de decisão nas
Nos dias atuais, com a crescente complexidade das organizações modernas, através de um mundo cada vez mais sem fronteiras no tocante ao negócio, os administradores necessitam relacionar administração com a tomada de decisão racional.
Estudos a cerca do trabalho administrativo confirmam que é nesse processo que os administradores gastam grande parte do seu tempo.
À medida que estratégias são implementadas por meio de uma sequência de decisões e ações, parece natural estudar e pesquisar o processo decisório e a própria formulação de estratégias.
Baseado nas idéias acima, fica evidente que conhecer e aprimorar o conhecimento sobre a tomada de decisão nas organizações é fundamental para entender como essas organizações são o que são.
3. 1 Decisões Programadas e Não Programadas
Dentro do estudo da tomada de decisões nas organizações tem-se as decisões programadas e decisões não programadas.
As decisões programadas são geralmente tomadas no âmbito hierárquico organizacional mais baixo. Estas decisões são de nível operacional, o que fazem que sejam tomadas pelos subordinados da organização. Com isto, essas decisões têm um perfil mais próximo dos modelos de escolhas racionais.
Já as decisões não programadas são aquelas que não seguem um mesmo modo de raciocínio, isto é, que não são familiares. As decisões não programadas são tomada no topo da pirâmide da estrutura organizacional, ou seja, nas áreas mais significativas. Estas decisões normalmente repercutem na organização como um todo e, consequentemente, encadeiam precedentes para outras decisões que virão como consequência.
3.2 Implementação e Resultados
Outro fator muito importante diz respeito à implementação e resultado da tomada de decisão. Tomar a decisão pode ser por demais complexo e desgastante, mas com certeza em muitos casos o a implementação da decisão tomada pode ser pior.
Ter “bolado” a estratégia, é crucial (Giles,1991), mas a aceitação parece igualmente importante (Piercy, 1989).
Para ajudar nessa tarefa árdua de implementação, existe um repertório de táticas de implementação:
1) Intervenção: nesta opção, os executivos justificam a necessidade de mudanças introduzindo novas normas em procedimentos inadequados.
2) Participação: considerada a forma mais democrática, já que as tarefas são realizadas para desenvolver a implementação e identificar os diversos setores envolvidos.
3) Persuasão: como o próprio nome sugere, as estratégias de implementação são delegadas ao pessoal de suporte que “vende” estar estratégias aos tomadores de decisão.
4) Ordenação: para esta opção vale o velho provérbio - manda quem pode, obedece quem tem juízo - já que os tomadores de decisão usam seu poder dentro da organização, afastando qualquer tentativa de participação por outras partes.
4. O poder na Tomada de Decisões
A tomada de decisão é um processo fundamental à organização no que diz respeito aos procedimentos adotados no presente e consequentemente ao futuro da organização.
Segundo Eisenhardt e Zbaracki (1992) já é hora dos teóricos reduzirem a importância dos modelos racionais em favor de uma abordagem mais realista para a toma de decisão, particularmente aquela que reconhece como o poder está sempre presente na tomada de decisão.
Vários autores têm apontado que a tomada de decisão pode ser vista como um jogo de poder, no qual grupos com interesses diferentes competem uns com os outros pelo controle de recursos escasso. Os que exercem o poder conduzem a decisão a opções preferenciais, mesmo que essas opções não conduzam a benefícios organizacionais. Consequentemente, o conhecimento é considerado como fonte de poder (GROZIER, 1964; MARCH e SIMON,1958, HICKSON et al.,1971).
5. Perfil dos pesquisadores
Uma atenção que precisa ser dada a quem tem como objetivo o estudo da tomada de decisão nas organizações refere-se ao perfil dos pesquisadores de teoria das organizações no contexto da tomada de decisão. Os pesquisadores dessa área de pesquisa são quase todos ocidentais, oriundos dos EUA, Canadá, Grã-Bretanha e países escandinavos. São ainda do hemisfério norte, quase todos da América do Norte e do norte da Europa. (SUZAN et. Al, 1991).
Outra conclusão, é que a tomada de decisão (padrões) é influenciada por traços culturais, faturamento da empresa, formato (familiar, SA), região, etc.
6. Considerações finais
Em um ambiente cada vez mais complexo e competitivo, fica evidente que a tomada de decisão nas organizações é um fator primordial para o seu sucesso. A tomada de decisão é algo que vai afetar de forma profunda toda estrutura e o rumo da organização. Assim, fica claro que, cada vez mais, a fonte de informações responsável para prover suporte para tomada de decisão é área de TI.
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