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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO. Por: Flavio de Souza Gomes.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Por: Flavio de Souza Gomes

Orientador

Professor Jorge Tadeu Vieira Lourenço

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato-Senso” em Finanças & Gestão Corporativa. São os objetivas da monografia perante o curso e não os objetivos do aluno.

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RESUMO:

Capital de Giro é o montante (parcela) de recursos destinados à aplicação dos meios, para fazer com que a empresa complete o ciclo operacional, ou seja, a aquisição da matéria-prima, do material secundário, sua transformação em produtos acabados e a distribuição deles no mercado consumidor, reiniciando-se o ciclo.

Segundo o professor Paulo Sandroni, capital de giro é parte dos bens de uma empresa representados pelos estoques de produtos e pelo dinheiro disponível (imediatamente e a curto prazo), também chamado de capital circulante.

Segundo os professores Armando De Santi Filho & José Leônidas Olinquevitch, denominamos CDG-Capial de Giro, a parcela dos recursos próprios da empresa que se encontra disponível para aplicações.Contabilmente, o valor do CDG-Capital de Giro é obtido pela seguinte fórmula:

Capital de Giro = Patrimônio Líquido menos Ativo Permanente.

Como pode ser observado, a variável CDG-capital de Giro refere-se àquela parcela dos recursos próprios que não está paliçada no ativo permanente, estando, portanto, disponível para outras aplicações.

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Segundo os professores Eliseu Martins & Alexandre Assaf Neto, o capital de giro identifica os recursos que geram (ou circulam) várias vezes em determinado período, corresponde a uma parcela do capital aplicado pela empresa em seu ciclo operacional. Capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma empresa; representa o valor total dos recursos demandados pela empresa, para financiar seu ciclo operacional, o qual engloba desde a aquisição de matéria-prima até a venda e o recebimento dos produtos elaborados.

Em contabilidade, capital de giro é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante.

Ativo circulante é o conjunto de bens e direitos da empresa conversíveis, disponíveis a curto prazo, representados pelos valores monetários, aplicações a curto prazo, direitos a receber a curto prazo e os estoques da empresa.

Passivo circulante são as obrigações que a empresa tem com terceiros com vencimento a curto prazo.

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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO

07

CAPÍTULO

I 10

CAPÍTULO

II

15

CAPÍTULO

III

20

CAPÍTULO

IV

28

CAPÍTULO

V

34

CAPÍTULO

VI

61

CAPÍTULO

VII

63

CAPÍTULO

VIII

68

CONCLUSÃO

70

BIBLIOGRAFIA

CONSULTADA 72

FOLHA DE AVALIAÇÃO

73

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INTRODUÇÃO

A evolução do ensino de Finanças vem determinando crescente necessidade de material de estudo, principalmente com um conteúdo conceitual e operacional voltado para os problemas na gestão das modernas empresas.

Neste contexto, a administração do capital de giro vem sendo cada vez mais reconhecida com uma área importante para o equilíbrio financeiro das empresas, tendo participação decisiva no sucesso dos negócios. Efetivamente, a qualidade das decisões que envolvem capital de giro é dependente da capacidade analítica do administrador para compreender o problema em toda sua extensão, e do conhecimento técnico para definir melhor solução.

É dentro desta perspectiva que focalizarei a análise, o controle e a administração do capital de giro dentro de uma realidade prática, sem prescindir do embasamento teórico necessário.

O capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais investidos.

Uma administração inadequada do capital de giro resulta normalmente em sérios problemas financeiros, contribuindo efetivamente para a formação de uma situação de insolvência. É importante ter em conta que a administração do capital de giro trata dos ativos e passivos correntes como decisões interdependentes. Por exemplo, a perda da liquidez pela maior participação de estoques no ativo circulante deve ser compensada por um maior volume de caixa; a presença de passivos de prazos mais curtos exige, por seu lado, ativos correntes mais líquidos, e assim por diante.

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A presença de ativos correntes na estrutura financeira das empresas é importante para viabilizar financeiramente seus negócios e contribuir para a formação do retorno econômico do investimento realizado.

Diante de seu contexto de mercado, as empresas formalizam estratégias operacionais de atuação, principalmente em relação à administração do capital de giro, avaliando seus investimentos correntes e selecionando os passivos mais adequados. Por exemplo, uma possível alternativa de retomada das vendas pode processar-se pelo incentivo das vendas a prazo, exigindo-se, neste caso, maior volume de investimento em circulante.

A definição do montante de capital de giro é uma tarefa com sensíveis repercussões sobre o sucesso dos negócios, exercendo evidentes influências sobre a liquidez e rentabilidade das empresas. Sob determinado enfoque, uma empresa deve investir em capital de giro enquanto o retorno marginal dos ativos correntes se mantiver acima do custo dos recursos alocados para seu financiamento. Apesar de a qualificação destas medidas de custo e do retorno nem sempre ser operacionalmente simples na prática, a proposição é relevante principalmente como uma orientação teórica para as decisões que envolvem investimentos em capital de giro.

A importância e o volume do capital de giro para uma empresa são determinados principalmente pelo volume de vendas, o qual é lastreado pelos estoques, valores a receber e caixa; sazonalidades dos negócios, que determina variações na necessidades de recursos ao longo do tempo; fatores cíclicos da economia, como recessão, comportamento do

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mercado etc; tecnologia, principalmente aplicada aos custos e tempo de produção; e políticas de negócios, centradas em alterações nas condições de venda, de crédito, produção etc.

A administração do capital de giro encontra-se inserido no contexto decisorial das finanças das empresas, permitindo melhor entendimento de como as organizações geram, aplicam e gerenciam seus recursos financeiros. Constitui-se, em outras palavras, num conjunto de regras que tem por objetivo a preservação da saúde financeira da empresa.

A área financeira promoveu nas últimas décadas notável evolução teórica em seus conceitos, absorvendo o processo decisório das empresas significativa melhoria de qualidade técnica. Ao abranger as decisões financeiras de curto prazo das empresas, a administração do capital de giro também incorpora este desenvolvimento técnico assumindo importância relevante na gestão das organizações.

CAPÍTULO I

Natureza e definições da administração do capital de giro.

O termo giro refere-se aos recursos correntes (curto prazo) da empresa, geralmente identificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa no prazo máximo de

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um ano. A delimitação de um ano não costuma ser seguida por empresas cujo ciclo produção-venda-produção ultrapasse caracteristicamente este prazo este prazo, prevalecendo nesta situação o ciclo operacional para se definirem os recursos correntes.

Os elementos de giro são identificados no ativo circulante e passivo circulante, ou seja, no curto prazo.

O capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circulante, ou seja, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Num sentido mais amplo, o capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a aquisição de matérias-primas (ou mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado.

Os componentes que compõem o ativo circulante não costumam apresentar sincronização temporal equilibrada em seus níveis de atividade. Evidentemente, se as atividades de seus vários elementos ocorressem de forma perfeitamente sincronizada, não haveriam a necessidade de se manterem recursos aplicados em capital de giro. Por exemplo, se todas as vendas fossem realizadas a vista, inexistiriam investimentos em valores a receber. Identicamente, se verificasse sincronização entre a produção e as vendas, isto é, se as atividades ocorressem de maneira totalmente integrada, tornar-se-iam desnecessários investimentos em estoques de produtos acabados.

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Desta forma, pelo fato de as atividades de produção, venda e cobrança não serem sincronizadas entre si, faz-se necessário o conhecimento integrado de suas evoluções como forma de se dimensionar mais adequadamente o investimento necessário em capital de giro e efetivar seu controle. O enfoque da área financeira para a realização desta tarefa centra-se basicamente, na procura da eficiência na gestão de recursos, o que é feito através da maximização de seus retornos e minimização de seus custos.

O capital de giro, por sua vez, pode ser segmentado em fixo (ou permanente) e variável (ou sazonal).

O capital de giro permanente refere-se ao volume mínimo de ativo circulante necessário para manter a empresa em condições normais de funcionamento. O capital de giro variável, por seu lado, é definido pelas necessidades adicionais e temporais de recursos verificadas em determinados períodos e motivadas, principalmente, por compras antecipadas de estoques, maior morosidade no recebimento de clientes, recursos do disponível em trânsito, maiores vendas em certos meses do ano etc. Estas operações promovem variações temporais no circulante, e são, por isto, denominadas de sazonais ou variáveis.

A administração do capital de giro diz respeito à administração das contas dos elementos de giro, ou seja, dos ativos e passivos correntes (circulantes), e às inter-relações existentes entre eles. Neste conceito, são estudados fundamentalmente o nível adequado de estoques que a empresa deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma consistente com os

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objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez.

O capital de giro (circulante) líquido – CCL – é mais diretamente obtido pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Reflete a folga financeira da empresa e, dentro de um conceito mais rigoroso, o CCL representa o volume de recursos de longo prazo (exigibilidades e patrimônio líquido) que se encontra financiando os ativos correntes (de curto prazo).

Em verdade, o entendimento mais correto do capital circulante líquido processa-se de baixo para cima, ou seja, através da parcela de recursos de longo prazo que excede as aplicações de mesma maturidade. Algebricamente, tem-se:

CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante Ou:

CCL = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo prazo) – (Ativo Permanente + Realizável a Longo Prazo).

Uma empresa com capital de giro líquido negativo, isto é, com passivo circulante maior que ativo circulante, denota que os recursos de longo prazo da empresa não são suficientes para cobrir suas aplicações de longo prazo, devendo utilizar recursos do passivo circulante para tal fim. Ou seja, um CCL negativo revela que a empresa está usando recursos passivos correntes para financiar seus investimentos permanentes.

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A folga financeira é negativa pela presença de exigibilidade de curto prazo financiando aplicações com prazos de retorno maiores. Em outras palavras, parte da dívida da empresa tem prazo de resgate menor que o retorno da aplicação destes recursos.

Esta situação de aperto de liquidez é, muitas vezes, uma decisão de estrutura financeira da empresa, optando-se por uma preferência em relação ao dilema risco-retorno. A posição de liquidez é decidida com base na estrutura que melhor satisfaça às necessidades e aos objetivos da empresa. Por exemplo, empresas com fluxos de caixa bastante previsíveis podem operar com capital circulante líquido baixo ou, até mesmo, negativo, como costuma ser o caso de companhias prestadoras de serviços públicos.

No entanto, para a maioria das empresas a presença de um CCL positivo é básica a seus negócios, principalmente ao se constatar que as saídas de caixa (pagamentos) são eventos relativamente previsíveis, enquanto as entradas de caixa (recebimentos) são geralmente de difícil previsibilidade.

È muitas vezes adotado na prática, ainda, o conceito de capital de giro próprio, que é apurado pela diferença entre o patrimônio líquido e o ativo permanente mais o realizável a longo prazo, ou seja:

Capital de Giro Próprio = Patrimônio Líquido – (Ativo Permanente + Realizável a Longo Prazo)

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Esta medida de liquidez revela basicamente os recursos próprios da empresa que estão financiando suas atividades correntes (ativo circulante). É um indicador limitado, notadamente por pretender identificar a natureza (origem) dos recursos de longo prazo – próprios ou de terceiros que se encontram financiando as atividades circulares.

As instituições financeiras e as empresas públicas prestadoras de serviços, por exemplo, costumam operar com este indicador financeiro para avaliar sua posição de liquidez. Admitem na apuração, implicitamente, que o patrimônio líquido se encontra vinculado ao financiamento do ativo permanente, somente ocorrendo capital de giro próprio positivo quando os recursos dos proprietários excederem ao montante do investimento permanente. Com isso, a medida financeira assume a identificação da origem dos recursos que sustentam o capital circulante.

CAPÍTULO II

Ciclo Operacional

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Alem da já comentada falta de sincronização temporal, o capital de giro convive com duas outras importantes características: curta duração e rápida conversão de seus elementos em outros do mesmo grupo, e a conseqüente reconversão. É nítido nos ativos correntes a presença de um fluxo contínuo e permanente de recursos entre seus vários elementos, estabelecendo forte inter-relação no grupo e tornando seus valores bastante mutáveis. Por exemplo, o disponível é reduzido por compras de estoques; os estoques, por sua vez, são transformados em vendas; se as vendas forem a vista, ocorreu uma elevação do disponível; se as vendas forem realizadas a prazo, a conta de valores a receber é alterada, transformando-se em disponível quando do recebimento; e assim por diante.

Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta rotação (giro) ao circulante, tornado mais dinâmico seu fluxo de operações. Este incremento de atividade no capital de giro proporciona, de forma favorável à empresa, menor necessidade de imobilização do capital no ativo circulante e conseqüente incentivo ao aumento da rentabilidade.

Na consecução de seus negócios, a empresa busca sistematicamente a produção e venda de bens e serviços de maneira a produzir determinados resultados para satisfazer às expectativas de retorno de suas várias fontes de financiamento.

É no entendimento deste processo que se identifica, de forma natural e repetitiva, o ciclo operacional da empresa, que se inicia na aquisição da matéria-prima para sua produção – caso de uma empresa industrial – e se finaliza no recebimento pela venda do produto final.

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Em outras palavras, o ciclo operacional incorpora seqüencialmente todas as fases operacionais presentes no processo empresarial de produção-venda-recebimento.

Ciclo operacional de uma empresa industrial.

Cada uma das fases operacionais retratadas apresenta determinada duração. Assim, a compra de matérias-primas denota um prazo de estocagem; a fabricação, o tempo que se despende para transformar os materiais em produtos acabados; os produtos acabados, o prazo necessário à venda; e o recebimento, o período de cobrança das vendas realizadas a prazo. Evidentemente, de acordo com as características operacionais da empresa, uma ou mais dessas fases podem não existir. Por exemplo, se as vendas são realizadas somente a vista, o prazo médio de cobrança é considerado nulo. Da mesma forma, empresas que produzem somente sob encomenda não apresentam prazo de estocagem de produtos acabados, e assim por diante.

A soma destes prazos operacionais indica o tempo médio decorrido desde a compra de matéria-prima até o momento do recebimento do valor da venda. Quanto mais longe se apresentar este período, maior será, evidentemente, a necessidade de recursos para financiar o giro da empresa. Em verdade, o ciclo operacional representa o intervalo de tempo em que não ocorrem ingressos de recursos financeiros na empresa, demandando-se capital para financiá-lo.

O ciclo operacional varia em função do setor de atividade e das características de atuação da empresa. Inúmeras empresa têm ciclo operacional inferior a um ano; entende-se, nestas situações, que o ciclo operacional se repete várias vezes no ano, evidenciando maior giro (rotação) para os investimentos operacionais.

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Outras empresas, como construtoras e determinadas atividades rurais, costumam apresentar um ciclo operacional caracteristicamente mais longo, exigindo a presença de volume maior de financiamento de capital de giro.

Cada fase do ciclo operacional demanda, de forma crescente, certo montante de recursos para financiar suas atividades, elevando-se estas necessidades em consonância com a amplitude do ciclo operacional.

A estocagem de matérias-primas e as vendas a prazo são fases que podem receber certa parcela de financiamento proveniente de créditos de compras a prazo de fornecedores e de descontos de duplicatas. Para as demais fases operacionais devem ser alocados recursos financeiros de outras origens.

As necessidades financeiras de cada fase operacional não são constantes ao longo do tempo, apresentando incrementos em cada período pela absorção dos dispêndios correspondentes. Por exemplo, o investimento demandado no período de estocagem das matérias-primas é menor que o verificado no período de fabricação, em razão de serem agregados nesta fase os custos de produção. Da mesma forma, a necessidade de financiamento cresce ainda durante os prazos de vendas e cobrança pela presença de custos e despesas específicos.

Por outro lado, os financiamentos provenientes de fornecedores, por exemplo, mantêm-se inalterados ao longo dos períodos, exigindo que a empresa demande cada vez mais recursos à medida que avança em seu ciclo operacional. Em verdade, os prazos de pagamentos em geral (assim como os descontos de duplicatas) partem de determinado valor, não absorvendo nenhum dispêndio que se foi verificando nas fases operacionais.

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É importante que se registre que a gestão de uma empresa é um processo bastante dinâmico, requisitando um sistema de informações gerenciais objetivo e intuitivo. Não é suficiente conhecer somente as durações das fases operacionais da empresa para chegar-se as suas efetivas necessidades de financiamento e ao montante ideal de capital de giro. A demanda por financiamento para capital de giro precisa estar vinculada a algum parâmetro que a transforme, sempre que necessário, em valores monetários.

O ciclo financeiro mede exclusivamente as movimentações de caixa, abrangendo o período compreendido entre o desembolso inicial de caixa (pagamento de matérias a fornecedores) e o recebimento da venda do produto. Em outras palavras, representa o intervalo de tempo que a empresa irá necessitar efetivamente de financiamento para suas atividades, Evidentemente, ocorrendo desconto dos títulos representativos da venda a prazo, o ciclo de caixa e, conseqüentemente, o período de necessidade de caixa reduzem-se pelo prazo da operação.

O ciclo econômico considera unicamente as ocorrências de natureza econômica envolvendo a compra dos materiais até a respectiva venda. Não leva em consideração, pelo próprio enunciado do ciclo, os reflexos de caixa verificados em cada fase operacional, ou seja, os prazos de recebimentos das vendas e os pagamentos dos gastos incorridos.

Assim, o ciclo operacional, o ciclo financeiro e o ciclo econômico correspondem às seguintes expressões:

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Ciclo Operacional = PME(Mp) + PMV + PMC

Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional – PMPF – PMDD

Ciclo Econômico = Ciclo Operacional – PMC

CAPÍTULO III

Conflito Risco-Retorno na Administração do Capital de Giro

Como regra geral, as decisões financeiras, incluindo aqui aquelas de capital de giro são baseadas na comparação entre o risco e o retorno.

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Uma empresa pode decidir minimizar o montante de seus investimentos em capital circulante como estratégia para reduzir seus custos, notadamente os provenientes de suas fontes de financiamento.

Neste objetivo de cortar custos e promover mais lucros, a unidade decisória envolve-se com o dilema risco-retorno, cuja conciliação traz normalmente conflitos ao processo decisório. É aceito que quanto maior o CCL mantido por uma empresa, mais ampla é sua folga financeira e menor seu risco de insolvência, ou seja, apresenta-se bastante estreita a relação entre capital de giro, folga financeira e insolvência.

É preciso não ignorar, por outro lado, que uma maior segurança mantida por uma folga financeira crescente incorpora um custo de oportunidade mais elevado para a empresa, pressionando negativamente seus resultados.

Para qualquer volume de atividade, quanto maior o montante de recursos aplicados em ativos correntes menor tende a ser a rentabilidade oferecida pelo investimento e, em contrapartida, menos arriscada se apresenta a política de capital de giro adotada. Nesta situação, revela-se maior mobilização de capital em giro (maior folga financeira), que promove retornos relativos inferiores àqueles apurados ao optar-se por uma estrutura financeira de menor liquidez, com mais reduzido volume de capital de giro.

De maneira inversa, um montante mais reduzido de CCL, ao mesmo tempo em que sacrifica a margem de segurança da empresa elevando seu risco de insolvência, contribui positivamente para a formação da rentabilidade do investimento ao restringir o volume de fundos imobilizados em ativos de menor rentabilidade.

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Esta relação risco-retorno comporta-se de forma que nenhuma alteração na liquidez ocorre sem que se promova, em sentido contrário, modificações na rentabilidade. Assim, na definição do nível adequado de recursos a serem imobilizados em ativos correntes, a empresa deve levar em conta sua opção entre risco e retorno.

A alternativa definida como de alto risco é a que apresenta menor investimento em capital de giro e, provavelmente, maior rentabilidade. Ao contrário, a redução do risco verifica-se pelo aumento do CCL, promovendo, pela mais elevada imobilização de capital, uma redução do retorno percentual.

Admitindo-se ilustrativamente que o lucro operacional tenha atingido a $ 140.000 para ambas alternativas de capital de giro, Alto Risco/Baixo Risco, e o lucro líquido $ 62.000 na situação de maior risco e $ 43.000 na de menor risco, são apuradas as seguintes taxas de retorno.

Quanto maior a participação do CCL, ou seja, menos arriscada se apresentar à estrutura financeira da empresa, menor tende a ser a rentabilidade. Posturas empresariais de maior risco, exemplificadas por menor nível de CCL, costumam promover retornos compensatoriamente mais elevados.

A definição do nível ótimo de CCL passa necessariamente pelo dilema risco-retorno, sendo avaliada pelas características de atuação da empresa, suas expectativas futuras e grau de aversão ao risco.

Participações maiores de passivos circulantes costumam promover, ao mesmo tempo, maior risco financeiro pela redução da liquidez e incremento no retorno do investimento. Para

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uma situação de financiamento inversa, conflitam-se uma liquidez crescente e uma rentabilidade decrescente.

Nesta posição de conflito, conclui-se que uma empresa não pode decidir por uma posição de mais alta liquidez e rentabilidade simultaneamente, devendo optar por um CCL que lhe proporcione um nível de segurança e rentabilidade adequados aos padrões definidos pela relação risco/retorno.

Equilíbrio Financeiro

O entendimento de capital de giro insere-se no contexto das decisões financeiras de curto prazo, envolvendo a administração de ativos e passivos circulantes. Toda empresa precisa buscar um nível satisfatório de capital de giro de maneira a garantir a sustentação de sua atividade operacional.

O conceito de equilíbrio financeiro de uma empresa é verificado quando suas obrigações financeiras se encontram lastreadas em ativos com prazos de conversão em caixa similares aos dos passivos. Em outras palavras, o equilíbrio financeiro exige vinculação entre a liquidez dos ativos e o desembolso demandados pelos passivos.

Segundo este conceito, somente a presença de um CCL positivo não se torna indicador, seguro de equilíbrio financeiro. É necessário que se identifiquem nos ativos circulantes as

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contas de longo prazo (permanentes) e as variáveis (sazonais). Os ativos totais necessários compõem-se, para cada período de planejamento aplicado.

Para se manter em equilíbrio financeiro, uma alternativa da empresa é financiar suas necessidades variáveis com dívidas de curto prazo, utilizando os recursos de longo prazo para financiar todas suas necessidades financeiras permanentes.

Ao prever que as necessidades temporárias de capital de giro devam ser financiadas por fontes de curto prazo à medida que forem surgindo, a abordagem evita, ainda, recursos correntes em excesso em períodos de menores demandas por ativos correntes.

Observe, outrossim, que na definição das fontes permanentes de financiamento do capital de giro, não é possível uma clara identificação da natureza destes fundos. São essencialmente, fundos de longo prazo, podendo ter origens de terceiros (exigível de longo prazo) ou próprias (patrimônio líquido), conforme captados pela empresa.

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Apesar de num sistema econômico podermos encontrar diferentes taxas de juros, todas elas, no entanto, exprimem fundamentalmente a remuneração sobre o capital emprestado. A variedade de taxas disponíveis no mercado deve-se, entre outras razões, aos prazos envolvidos, às condições estabelecidas entre aplicadores e captadores de recursos, ao risco inerente à operação, às garantias estabelecidas e às condições gerais da economia.

Em essência, a noção da taxa de juros é desenvolvida com base na preferência temporal dos agentes possuidores de recursos e no retorno dos investimentos daqueles que demandam os recursos oferecidos. De certa maneira, os juros medem a confiabilidade dos vários agentes de mercado no desempenho global da economia. Em momentos de incerteza ou instabilidade econômica, observa-se geralmente uma elevação das taxas de juros do mercado como reflexo da maior ansiedade dos agentes.

Diversas decisões empresariais devem adequar-se continuadamente ao comportamento seguido pelas taxas de juros. Por exemplo, condições de venda a prazo, modalidades de compras e pagamentos a fornecedores, estocagem, etc. são decisões tomadas em consonância com o nível alcançado pelas taxas de juros.

Para uma empresa, a taxa de juros de mercado representa, basicamente, o preço a ser pago pelos recursos emprestados ou o custo de oportunidade de utilizar capital próprio nas decisões de ativo. Para Keynes, a taxa de juros é considerada uma taxa referencial nas decisões de investimentos; a aceitação de uma alternativa de investimento somente ocorre quando a rentabilidade esperada superar a taxa de juros.

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Em teoria, as taxas de juros de longo prazo são mais altas que as de curto prazo. Este comportamento permite supor que os financiamentos por passivos circulantes são mais baratos à empresa do que os fundos de longo prazo.

Esta diferença entre taxas de juros de curto prazo e de longo prazo é explicada basicamente pelo risco presente na maturidade do empréstimo. Um empréstimo de maior prazo de resgate atribui maior risco ao credor do que aquele que compromete a devolução do principal empregado em curto prazo. Este risco adicional é devido às menores condições de previsibilidade do retorno do capital comprometido no longo prazo e a eventual dificuldade de adequar a taxa contratada às mudanças que venham a verificar-se no mercado financeiro.

Por outro lado, o devedor a longo prazo assume o compromisso de remunerar as expectativas de flutuações nas taxas de juros por um tempo também maior, responsabilizando-se pela incerteza associada à duração do empréstimo. Logo, na conclusão de Assef e Martins, quanto maior for o prazo de concessão de um empréstimo, maior será seu custo em razão do risco que o credor assume em não obter um retorno condizente com os padrões de juros da época.

Neste aspecto do risco, deve ser ressaltada a presença de taxas de juros flexíveis em diversos empréstimos, as quais apresentam validade somente para determinado período do prazo da operação, repactuando-se novos percentuais para outros intervalos de tempo. Esta prática visa, em verdade, reduzir os riscos das taxas de juros contratadas a longo prazo.

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Em diversos momentos de desajustes da economia, com taxas de juro em geral bastante elevadas, é possível observar o custo do dinheiro a curto prazo situar-se acima do de longo prazo. Esta situação, no entanto, deve ser tratada como conseqüência de um desequilíbrio momentâneo da economia, um ciclo atípico, sendo improvável que prevaleça por períodos mais longos de tempo.

Sempre que esse desequilíbrio se fizer presente na economia, no entanto, a análise risco-retorno, conforme descrita, tem suas conclusões alteradas. Com capital de longo prazo mais barato, torna-se possível a uma empresa promover, simultaneamente, um aumento em sua rentabilidade e uma redução de seu risco financeiro.

Em condições inflacionárias, a taxa real de juros difere substancialmente da taxa nominal. Mais efetivamente, as taxas reais e nominais de juros somente se igualam na hipótese de estabilidade nos níveis gerais de preços. Em momentos de inflação, uma parte relevante dos juros de uma operação é oriunda de variações no poder aquisitivo da moeda, não identificando rigorosamente receita ou despesa financeira.

O fenômeno inflacionário afeta as expectativas futuras das taxas de juros à medida que os agentes econômicos são incapazes de prever, com segurança, variações que venham a ocorrer nos níveis inflacionários. Evidentemente, quanto maior se apresentar o prazo da operação financeira, maior o risco de alterações nos níveis gerais de preços e suas influências sobre as taxas de juros. Em conseqüência, as taxas nominais de juros também crescem para prazos maiores.

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CAPÍTULO IV

Alternativas de Financiamento do Capital de Giro

Ficou demonstrado que quanto maior a participação de recursos de longo prazo e, conseqüentemente, de CCL, menos arriscada se apresenta à política de capital de giro da empresa. A posição de equilíbrio financeiro prevê que os recursos de longo prazo devem cobrir o capital de giro permanente, deixando para o passivo circulante o financiamento das necessidades sazonais dos ativos correntes.

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Outras opções de financiamento de capital de giro podem ser selecionadas de acordo com as considerações apresentadas sobre o dilema risco-retorno.

A posição de risco mínimo apresentada é uma estrutura financeira, que envolve a maturidade dos ativos e passivos, de pouca aplicação prática em que o risco é mínimo em razão de não apresentar dívidas de curto prazo, que poderiam ser tomadas em situações previstas.

Em princípio, o custo desta abordagem é mais elevado em razão da predominância de créditos de longo prazo, caracteristicamente mais onerosos, e da ociosidade destes recursos em diversos momentos.

Uma preferência por esta estrutura de financiamento é dependente das condições dos créditos de longo prazo na economia. Em certos momentos, verificam-se algumas linhas de empréstimos de longo prazo com custos inferiores aos créditos circulantes, além de o mercado financeiro oferecer retornos bastante elevados às aplicações de curto prazo de eventuais excedentes de caixa. Prevalecendo esta situação, a empresa consegue reduzir seus custos de financiamento além de obter retornos financeiros atraentes em períodos de maior disponibilidade de fundos.

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Um importante indicador de liquidez empresarial é o volume de capital circulante líquido, que é medido, conforme largamente comentado, pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante.

Em princípio, quanto maior for este valor, melhor será a posição de liquidez de curto prazo da empresa, ou seja, maior se apresenta sua folga financeira.

É importante destacar que a avaliação da liquidez com base no valor do CCL não é suficiente para conclusões mais definitivas, o que é explicado principalmente por seu volume depender das características operacionais de atuação da empresa (política de estocagem, prazo de produção e venda etc.), das condições de seu setor de atividade e da sincronização entre pagamentos e recebimentos.

Na prática, é possível deparar com empresas que apresentam um CCL baixo ou, eventualmente, negativo, mas que convivem com boa liquidez de caixa. Ao contrário, também podem ser verificadas empresas com CCL mais elevado, mas que trabalham em situação de restrição de caixa (dificuldade financeira), refletindo um nível desfavorável de sincronização entre os prazos de realização de seus ativos e pagamentos de seus passivos circulantes.

Empresas de mesmo porte e setor de atividade podem ainda apresentar volumes diferenciados do CCL em função de suas características operacionais internas e de suas posturas perante o risco. Nestes casos, pode-se concluir, de forma mais genérica e

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estritamente vinculada ao objetivo da liquidez, que aquela empresa que apresentar maior CCL será a de maior folga financeira.

Deve ser acrescentado também que o crescimento absoluto ou percentual do CCL não fornece base totalmente adequada para conclusões a respeito da liquidez de uma empresa. É importante que se trabalhe complementarmente com índices financeiros de liquidez, que relacionam também valores correntes compatíveis entre si.

Liquidez Imediata

Disponível / Circulante

Identifica a capacidade da empresa em saldar seus compromissos correntes utilizando-se unicamente de seu saldo de disponível. Em outras palavras, revela o percentual das dívidas correntes que podem ser liquidadas imediatamente.

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Ativo Circulante – Estoques – Despesas Antecipadas / Passivo Circulante

Mede o percentual das dívidas de curto prazo em condições de serem liquidadas mediante o uso de ativos monetários de maior liquidez (basicamente, disponível e valores a receber).

Liquidez Corrente

Ativo Circulante / Passivo Circulante

Identifica, para cada $ 1 de dívida de curto prazo, quanto à empresa mantém em seu ativo circulante. É importante ratificar que o capital circulante líquido não é um indicador incontestável para se conhecer a situação de curto prazo de uma empresa, pois engloba, sem qualquer ponderação, contas de giro com diferentes níveis de liquidez.

Evidentemente, o nível de liquidez do caixa é claramente diferente dos estoques, das duplicatas a receber e das aplicações financeiras de curto prazo. E é essa diferenciação de liquidez dentro do âmbito dos ativos correntes de uma empresa que não se encontra devidamente tratado no cálculo do CCL.

Duration e Liquidez

Um aspecto importante na avaliação da liquidez da empresa é a distribuição do fluxo financeiro futuro de uma empresa no tempo. Considere a situação de uma empresa com um índice de liquidez corrente elevado. Se suas obrigações de curto prazo tiverem vencimento

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nos próximos dias, é necessário ou que o fluxo de recebimentos seja compatível com essas necessidades de recursos ou que a empresa possua disponibilidade suficiente para garantir o cumprimento das obrigações. Nessa situação, a liquidez corrente não informa nada sobre a falta de sincronia do fluxo financeiro futuro. Essa situação torna-se mais delicada, ainda quando a empresa apresentar dificuldades de obter recursos no mercado financeiro.

Para melhor ilustrar, considere uma empresa com os seguintes valores para seu ativo e passivo de curto prazo:

Bancos = 1.000 Aplicações Financeiras = 5.000 Valores a Receber = 15.000 Estoques = 18.000 Ativo Circulante = 39.000 Fornecedores = 14.000 Empréstimos = 6.000 Passivo Circulante = 20.000

(32)

Com base nessas informações, é possível determinar os valores dos principais indicadores financeiros vinculados à liquidez da empresa:

Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante = 39.000/20.000 = 1,95

Liquidez Seca = Ativo Circulante – Estoques / Passivo Circulante = 39.000 - 18.000 / 20.000 = 1,05

Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante = 39.000 – 20.000 = 19.000

Nota-se que a empresa apresenta expressiva liquidez. Entretanto, esses indicadores revelam pouco o impacto dos ativos e passivos de curto prazo no fluxo de caixa.

CAPÍTULO V

Fluxo de Caixa

Contextos econômicos modernos de concorrência de mercado exigem das empresas maior eficiência na gestão financeira de seus recursos, não cabendo indecisões sobre o que fazer com eles. Sabidamente, uma boa gestão dos recursos financeiros reduz substancialmente a necessidade de capital de giro, promovendo maiores lucros pela redução principalmente das despesas financeiras.

Em verdade, a atividade financeira de uma empresa requer acompanhamento permanente de seus resultados de maneira a avaliar seu desempenho, bem como proceder aos ajustes e

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correções necessários. O objetivo básico da função financeira é prover a empresa de recursos de caixa suficientes de modo a respeitar os vários compromissos assumidos e promover a maximização da riqueza.

É neste contexto que se destaca o fluxo de caixa como um instrumento que possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa. Gerencialmente, é indispensável ainda em todo o processo de tomada de decisões financeiras.

Conceitualmente, o fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas. O fluxo de caixa é de fundamental importância para as empresas, constituindo-se numa indispensável sinalização dos rumos financeiros dos negócios. Par se manterem em operação, as empresas devem liquidar corretamente seus vários compromissos, devendo como condição básica apresentar o respectivo saldo em caixa nos momentos dos vencimentos. A insuficiência de caixa pode determinar cortes nos créditos, suspensão de entregas de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria descontinuidade em suas operações.

O conflito básico da administração financeira resume-se no conhecido dilema risco x retorno. A manutenção de saldos de caixa propicia folga financeira imediata à empresa, revelando melhor capacidade de pagamento de suas obrigações. Neste posicionamento, a administração não deve manter suas reservas de caixa em níveis elevados como forma de maximizar a liquidez. Ao contrário, deve buscar um volume mais adequado de caixa sob pena de incorrer em custos de oportunidades crescentes. É indispensável que a empresa

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avalie criteriosamente seu ciclo operacional, de maneira a sincronizar as características de sua atividade com o desempenho do caixa.

Os fluxos de caixa costumam apresentar-se sob diferentes formas: restritos, operacionais e residuais, podendo ainda relacionar o conjunto das atividades financeiras da empresa dentro de um sentido amplo, decorrente das operações.

É importante que se avalie também que limitações de caixa não se constituem em característica exclusiva de empresas que convivem com prejuízo. Empresas lucrativas podem também apresentar problemas de caixa como conseqüência do comportamento de seu ciclo operacional. Por outro lado, problemas de caixa costumam ocorrer, ainda, em lançamentos de novos produtos, fases de expansão da atividade, modernização produtiva etc.

Cabe destacar ainda que as várias informações financeiras consideradas neste capítulo são obtidas de relatórios contábeis normalmente apurados pelas empresas. Dependendo evidentemente da qualidade do controle e complexidade de atuação da empresa, os dados financeiros necessários para a elaboração do fluxo de caixa podem ser levantados segundo outros critérios pelos analistas internos, inclusive a partir de sistemas de informações on line. O objetivo básico deste capítulo constitui-se, em essência, na interpretação e análise dos fluxos de caixa, não centrando maiores preocupações nos sistemas de informações disponíveis nas empresas.

Abrangência do Fluxo de Caixa

Foi comentado que o fluxo de caixa descreve as diversas movimentações financeiras da empresa em determinado período de tempo, e sua administração tem por objetivo preservar

(35)

uma liquidez imediata essencial à manutenção das atividades da empresa. Por não incorporar explicitamente um retorno operacional, seu saldo deve ser o mais baixo possível, o suficiente para cobrir as várias necessidades associadas aos fluxos de recebimentos e pagamentos. Deve-se ter em conta que saldos mais reduzidos de caixa podem provocar, entre outras conseqüências, Perdas de descontos financeiros vantajosos pela incapacidade de efetuar compras a vista junto aos fornecedores. Por outro lado, posições de mais elevada liquidez imediata, ao mesmo tempo em que promovem segurança financeira para a empresa, apuram maior custo de oportunidade. Em essência, este é o dilema risco e rentabilidade presente nas finanças das empresas.

Ao apurar o saldo líquido destes fluxos monetários, o instrumento do fluxo de caixa permite que se estabeleçam prognósticos com relação a eventuais sobras ou faltas de recursos, em função do nível de caixa desejado pela empresa.

O fluxo de caixa não deve ser enfocado como uma preocupação exclusiva da área financeira. Mais efetivamente, deve haver comprometimento de todos os setores empresariais com os resultados líquidos de caixa, destacando-se:

- a área de produção, ao promover alterações nos prazos de fabricação dos produtos, determina novas alterações nas necessidades de caixa. De forma idêntica, os custos de produção têm importantes reflexos sobre o caixa;

- as decisões de compras devem ser tomadas de maneira ajustada com a existência de saldos disponíveis de caixa. Em outras palavras, deve haver preocupação com relação à sincronização dos fluxos de caixa, avaliando-se os prazos concedidos para pagamento das compras com aqueles estabelecidos para recebimento das vendas;

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- políticas de cobrança mais ágeis e eficientes, ao permitirem colocar recursos financeiros mais rapidamente à disposição da empresa, constituem-se em importante reforço de caixa;

- a área de vendas, junto com a meta de crescimento da atividade comercial, deve manter um controle mais próximo sobre os prazos concedidos e hábitos de pagamentos dos clientes, de maneira a não pressionar negativamente o fluxo de caixa. Em outras palavras, é recomendado que toda decisão envolvendo vendas deve ser tomada somente após uma prévia avaliação de suas implicações sobre os resultados de caixa (exemplos: prazo de cobrança, despesa com publicidade e propaganda, etc.);

- a área financeira deve avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento, de forma que os desembolsos necessários ocorram concomitantemente à geração de caixa da empresa.

Uma adequada administração dos fluxos de caixa pressupões a obtenção de resultados positivos para a empresa, devendo ser focalizada como um segmento lucrativo para seus negócios. A melhor capacidade de geração de recursos de caixa promove, entre outros benefícios à empresa, menor necessidade de financiamento dos investimentos em giro, reduzindo seus custos financeiros.

Dessa forma, o objetivo fundamental para o gerenciamento dos fluxos de caixa é atribuir maior rapidez às entradas de caixa em relação aos desembolsos ou, da mesma forma, otimizar a compatibilização entre a posição financeira da empresa e suas obrigações correntes.

(37)

As principais áreas que podem contribuir para melhor desempenho do fluxo de caixa, acelerando os ingressos ou retardando os desembolsos, inserem-se basicamente nas fases do ciclo operacional discutidas no capítulo anterior. É sabido que a extensão do ciclo operacional. É sabido que a extensão do ciclo operacional é o fator determinante das necessidades de recursos do ativo circulante; ele é administrado através de:

- negociações com fornecedores e outros credores visando alongar os prazos de pagamento;

- medidas mais eficientes de valores a receber, sem prejuízo de vendas futuras, objetivando reduzir o volume de clientes em atraso e inadimplentes;

- decisões tomadas na área com intuito de diminuir os estoques e incrementar seu giro;

- concessão de descontos financeiros, sempre que economicamente justificados, na expectativa de redução dos prazos de recebimentos das vendas, etc.

Os sistemas de cobrança, por seu lado, devem ser avaliados com base em sua facilidade de pagamentos rapidez emissão e entrega das faturas/duplicatas aos clientes. A agilidade do sistema revela-se mais indispensável, ainda, no caso de clientes que pagam somente em determinado dia do mês, ou que apresentam um processo lento de pagamento.

De maneira ampla, o fluxo de caixa é um processo pelo qual uma empresa gera e aplica seus recursos de caixa determinados pelas várias atividades desenvolvidas. Neste enfoque,

(38)

ainda, o fluxo de caixa focaliza a empresa como um todo, tratando das mais diversas entradas e saídas (movimentações financeiras) de caixa refletidas por seus negócios.

Podemos destacar os recursos monetários que se movimentam em função das diversas atividades operacionais, financeiras e legais executadas pela empresa, envolvendo a administração do capital de giro e as decisões financeiras de longo prazo.

O fluxo de fundos representado representa os movimentos dos fluxos operacionais (compra/venda de ativos, depreciação, recebimentos de vendas, despesas e custos de produção, etc.), e financeiros e legais (pagamentos de empréstimos e financiamentos, integralização de capital social, distribuição de dividendos, recolhimentos de tributos, etc.) verificados no período. O conhecimento destas transações é fundamental para a determinação e análise das mutações ocorridas tanto nos fluxos do capital circulante líquido como nos de caixa da empresa em determinado intervalo de tempo.

Por outro lado, o entendimento do fluxo de caixa pode dar-se também dentro de um sentido mais restrito, definido por fluxo de caixa proveniente das operações. Este fluxo é formado de maneira progressiva, determinado como um resultado monetário, no sentido de realização de caixa, proveniente das operações realizadas pela empresa. Em outras palavras, são os recursos gerados por suas próprias operações em determinado período, também denominados por geração interna de caixa.

O fluxo de caixa proveniente das operações é apurado, na hipótese de realização financeira plena de todas as operações, pela soma do lucro líquido (após o imposto de renda e antes dos dividendos e participações) com os custos e despesas caracteristicamente não

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desembolsáveis, ou seja, aqueles que afetaram o resultado do período, mas não consumiram efetivamente recursos (depreciação, apropriação de encargos financeiros por competência, etc.) nesse mesmo período. Deste resultado, ainda, devem ser subtraídas as receitas consideradas na apuração do lucro, mas que não envolveram efetivamente ingressos de recursos, tais como receita de equivalência patrimonial, juros ativos apropriados contabilmente etc.

A forma mais rápida de se apurar o fluxo de caixa proveniente das operações a partir do demonstrativo de resultados de um período é somar ao lucro líquido aquelas despesas classificadas como não desembolsáveis e subtrair as receitas tidas como não realizadas financeiramente.

Não obstante sua simplicidade, o método de cálculo exposto constitui-se numa medida aproximada do fluxo de caixa proveniente das operações. Em determinadas situações, a demonstração de resultados, conforme convencionalmente elaborada pela contabilidade, já não revela claramente os elementos que afetaram o lucro líquido sem consumir recursos de caixa. Por outro lado, a elaboração do fluxo de caixa decorrente das operações implica também a hipótese discutida de realização plena, em termos de caixa, de todos os item que participaram da formação do lucro.

Para uma conclusão mais correta sobre o comportamento dos fluxos de caixa das operações, é indispensável o conhecimento destas informações adicionais. O item seguinte desenvolve uma metodologia completa de apuração dos fluxos de caixa.

(40)

METOLOGIAS DE APURAÇÃO E ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA

Esquematicamente, o modelo usualmente adotado como padrão de apuração do fluxo de caixa encontra-se representado abaixo

:

ORIGEM DE RECURSOS (Operações que elevam o

fluxo de caixa)

$

Lucro (Prejuízo) do Período

XXX

( +/ -) Despesas/ Receitas que envolvem recursos Fluxo de

Caixa Proveniente das Operações:

XXX

(+) Aumento no Passivo e Patrimônio Líquido

XXX

(+) Reduções no Ativo

XXX

A . Total dos aumentos (origens) de caixa:

APLICAÇÕES DE RECURSOS (Operações que

diminuem o fluxo de caixa)

XXX

Aumento no Ativo

XXX

(+) Reduções no Passivo e Patrimônio Líquido

XXX

B .

Total de Reduções ( Aplicações) de Caixa

XXX

C.

Variações Líquidas nas Disponibilidades (A- B

XXX

Origens e aplicações de caixa.

O demonstrativo das origens e aplicações de caixa, conforme ilustrado, permite que se analisem as movimentações dos recursos financeiros que foram manuseados pela empresa e que resultaram em determinada variação em seu saldo final de caixa. As origens ou fontes

(41)

de recursos são identificadas em aumentos de passivos e patrimônio líquido e reduções de ativos, tais como elevações em valores a pagar, em dívidas por financiamentos e em empréstimos bancários, aporte de capital acionário, venda de imobilizado etc. As aplicações ou usos dos recursos ocorrem por incrementos nos ativos ou reduções de passivos e patrimônio líquido, como compras de imobilizado e outros bens permanentes, amortizações de dívidas, pagamentos de dividendos etc.

Deve ser observado que não são as operações que promovem variações no caixa. Transações que não envolvem dinheiro, como compras a prazo, aumento de capital por incorporação de reservas etc, em nada afetam o resultado de caixa.

De maneira simplista, a elaboração do fluxo de caixa processa-se pela comparação de demonstrativos contábeis de início e de fim de período. Um nível maior de detalhamento e qualidade do relatório gerado ocorre somente pelo acesso a informações adicionais àquelas produzidas pelos demonstrativos convencionais, revelando-se os vários movimentos do caixa.

(42)

Apuração do fluxo de caixa por balanços consecutivos

Ilustrativamente, suponha os seguintes balanços patrimoniais elaborados pela Cia. Flow.

31- 12-X7 ($) 31- 12- X6 ($) Disponibilidades 675.000 720.000 Valores a receber 6.300.000 3.500.000 Estoques 2.625.000 2.580.000 Ativo Circulante 9.600.000 6.800.000 Imobilizado 4.560.000 2.400.000 (-) Depreciação Acumulada ( 945.000) (480.000) Ativo Permanente 3.615.000 1.920.000 Ativo Total 13.215.000 8.720.000 Fornecedores 1.800.000 1.200.000 Provisão para IR 600.000 200.000 Empréstimos Bancários 3.000.000 1.800.000 Passivo Circulante 5.400.000 3.200.000 Financiamento a Longo Prazo 1.965.000 1.320.000 Capital 3.150.000 2.400.000 Reservas e Lucros Acumulados 2.700.000 1.800.000 Patrimônio Líquido 5.850.000 4.200.000 PASSIVO TOTAL 13.215.000 8.720.000

Os balanços da Cia. Flow revelam uma redução de $ 45.000 ($ 675.000 - $ 720.000) em seu saldo de caixa ao final do exercício de X7. Comparando-se simplistamente os dois balanços elaborados, pode-se explicar o desempenho das disponibilidades através das seguintes mutações financeiras.

(43)

Fluxo de caixa efetivo

Deve ser observado que o resultado oriundo das próprias operações da empresa não indica necessariamente um acréscimo nas disponibilidades de caixa. Nos cálculos dos fluxos de caixa, devem ser conhecidos, entre outros, o saldo líquido entre os valores recebidos, por conta de vendas realizadas, e os pagamentos executados, determinados por compras e despesas.

Em verdade, de suas receitas de vendas, a empresa pode não ter realizado, em termos estritamente de caixa, uma parte maior que os desembolsos efetuados, ocorrendo, por conseguinte, um resultado negativo de caixa decorrente das operações do período. De outra maneira, a empresa pode ter consumido disponibilidades no exercício para financiar suas atividades.

È importante ter em consideração que o lucro líquido é um conceito contábil, apurado tradicionalmente pelo regime de competência, enquanto o fluxo de caixa, é um conceito elaborado a partir de transações que afetaram efetivamente o disponível da empresa.

(44)

Desta maneira, para um cálculo mais rigoroso do fluxo de caixa que leva em conta estes aspectos, devem ser levantadas informações adicionais àquelas geralmente descritas nos demonstrativos e processados os seguintes cálculos:

. Recebimento de Vendas – Efetivamente, entram no caixa da empresa as vendas realizadas no exercício mais a variação verificada na conta de valores a receber, ou seja:

Receitas de Vendas do Exercício

$ 20.200.000

(-) Acréscimos nos Valores a Receber

(2.800.000)

Vendas Efetivamente Recebidas: $ 17.400.000

. Pagamentos a fornecedores – Pode ser obtido da forma seguinte:

Saldo inicial de fornecedores $ 1.200.000

(+) Aumento de estoques no período 45.000

(+) Custo dos produtos vendidos 12.000.000

(-) Saldo final de fornecedores 1.800.000

(45)

. Pagamentos de despesas – Admite-se, ilustrativamente por inexistência de qualquer variação mais específica nos demonstrativos contábeis, que as despesas operacionais e financeiras foram efetivamente pagas no exercício, atingindo o montante de:

Despesas com vendas $ 2.500.000

Despesas administrativas 2.950.000

Despesas financeiras 785.000

Despesas efetivamente pagas $ 6.235.000

. IR pago – como prática adotada, considera-se que o IR de competência de X7 é pago somente no exercício seguinte. Desta forma, em X7 foi pago o IR provisionado no exercício anterior, no valor de $ 200.000.

A partir destas informações, pode-se agora elaborar o efetivo fluxo de caixa da Cia. FLOW para o exercício de X7, conforme apresentado abaixo:

(46)

Origem Dos Recursos

Vendas recebidas 17.400.000

(-) Pagamentos a fornecedores (11.445.000)

(-) Pagamentos de Despesas Operacionais e Financeiras (6.235.000) (-) Pagamento de Imposto de Renda (200.000)

Fluxo de Caixa Proveniente das Operações (480.000) Empréstimos Bancários de Curto Prazo 1.200.000

Financiamentos de Longo Prazo Contraídos no Exercício 645.000 Aumento de Capital por Integralização 750.000

A. Total dos Aumentos (Origens) de Caixa 2.115.000

Aplicações de Recursos

Aquisições de Imobilizado no Exercício 2.160.000 B. Total das Reduções (Aplicações) de Caixa 2.160.000

Variações Líquidas nas Disponibilidades (A – B) (45.000)

O fluxo de caixa efetivo da Cia. FLOW revela que o resultado de caixa gerado por suas operações foi negativo, ou seja, foram consumidas $ 480.000 das disponibilidades, que resultaram num déficit financeiro no sentido restrito de caixa no exercício (geração interna de caixa decorrente das operações).

(47)

Apesar de apresentar um lucro de $ 900.000, as entradas de caixa oriundas das vendas do período, e acrescidas dos recebimentos das vendas efetuadas no exercício anterior, foram insuficientes em seu total para cobrir os pagamentos por compras e despesas incorridas, revelando-se daí o referidodéficit de caixa.

Através do desenvolvimento nesta análise, é possível ter uma posição mais efetiva dos resultados de caixa de uma empresa. É interessante notar que, muitas vezes, a empresa pode apresentar elevações no saldo de seu disponível no exercício em que apura um déficit em seu fluxo de caixa decorrente das operações realizadas. Uma análise centrada unicamente no saldo do disponível pode fornecer uma falsa impressão de geração positiva de caixa motivada pelas operações do período. Nestas condições, é recomendável que se trabalhe com as informações provenientes da demonstração de origens e aplicações de recursos – DOAR – que relacionam, em seu sentido mais abrangente, as mutações do todas as operações ocorridas.

Fluxo Indireto

A obtenção do fluxo de caixa proveniente das operações pode ser feita de forma indireta, partindo do lucro líquido do exercício. Simplificadamente devem se agregar ao valor do lucro líquido as variações do capital de giro, exceto os empréstimos bancários; e retirar os

(48)

itens que estão na demonstração do resultado que não estão diretamente relacionados com as operações da empresa, como por exemplo, o resultado da venda de imóveis.

Admita, novamente, a situação da Cia. Flow, onde o Fluxo de Caixa proveniente das operações atingiu menos $ 480.000. Tem-se que o valor do lucro do exercício foi $ 900.000. Para obter o fluxo de caixa proveniente das operações pelo método indireto é necessário efetuar os seguintes cálculos:

Lucro Líquido 900.000

+ Variação de Valores a Receber (2.800.000) + Variação de Estoques (45.000)

+ Variação em Fornecedores 600.000

+ Variação em Imposto de Renda a Pagar 400.000 + Depreciação 465.000

= Fluxo de Caixa Proveniente das Operações (480.000)

Como pode ser observado, o fluxo de caixa é idêntico, tanto pelo método direto quanto pelo método indireto, conforme apresentado. Apesar dos valores numéricos serem idênticos, o método direto tem sido mais indicado, a priori, por apresentar, de forma mais clara, a movimentação dos recursos financeiros da empresa. Entretanto, pesquisas práticas têm mostrado que o método indireto, obtendo o fluxo das operações com base no lucro, é o mais utilizado pelas empresas.

(49)

Um aspecto positivo do método indireto é que ele parte de uma informação muito utilizada na prática financeira, o resultado do exercício, para chegar ao fluxo de caixa, demonstrando as razões das diferenças entre ambos os itens. Em outras palavras, o fluxo de caixa indireto representa uma forma de conciliação entre o regime de caixa e o regime de competência.

Fluxo do Capital Circulante Líquido

A demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR – descreve o fluxo do capital circulante líquido de uma empresa. Através deste relatório, podem ser avaliadas as transações que promoveram variações no saldo do CCL e, conseqüentemente, na posição de folga financeira da empresa.

Em sentido mais amplo, a DOAR permite que se identifiquem os fluxos financeiros que promoveram alterações no CCL, indicando suas origens (aumentos do CCL) e aplicações (reduções do CCL).

Identicamente ao fluxo de caixa, deve ser considerado que não são todas as transações que afetam o CCL. Por exemplo, pagamentos de dívidas de curto prazo e compras de estoques são operações verificadas no âmbito exclusivo do circulante, não promovendo modificações no valor do CCL. Da mesma forma, a liquidação de uma exigibilidade a longo prazo, através da obtenção de um financiamento também de longo prazo e mesmo montante, é operação que envolve unicamente itens de longo prazo, e não exerce nenhuma influência no nível do capital circulante líquido.

(50)

Fluxo de Caixa Operacional

O fluxo de caixa operacional, ou fluxo de caixa das atividades operacionais representa basicamente os resultados financeiros (no sentido estrito de caixa) produzidos pelos ativos identificados diretamente na atividade da empresa. Constitui-se, em outras palavras, numa medida dos recursos financeiros gerados pelas atividades estritamente operacionais e disponíveis em termos de caixa.

De maneira genérica, a identidade básica de cálculo do fluxo de caixa operacional é desenvolvida da seguinte forma:

Fluxo de Caixa Operacional = Lucro Operacional – IR sobre Lucro

Operacional

+/- Despesas/Receitas Operacionais que não envolvem Recursos

(51)

Análise do Fluxo de Caixa

A demonstração de fluxo de caixa para o usuário externo segrega os itens em três grandes grupos: fluxo das atividades de investimentos das atividades de financiamento e das atividades operacionais.

As atividades de investimentos são aquelas oriundas das decisões de investimento de longo prazo como as decorrentes de compra de máquinas, terrenos, veículos etc. Ou seja, esse fluxo de caixa está relacionado com as movimentações de caixa que irão afetar o ativo permanente da empresa. De maneira geral, esse fluxo de caixa é negativo, e representa que as empresas têm desembolsos nas atividades de investimento. Situações contrárias, onde o fluxo de caixa é positivo, podem indicar que a empresa está reduzindo seu imobilizado, comprometendo seu nível de crescimento e sua sobrevivência futura. São típicos de empresas em regime pré-falimentar, que não conseguem obter caixa com suas operações e necessitam de recursos para fazer face às obrigações com seus financiadores.

O fluxo de caixa das atividades de financiamento é oriundo da escolha da estrutura de capital da empresa. São as movimentações de caixa decorrentes do pagamento de empréstimos, integralização de capital, pagamento de dividendos, entre outras. Quando a empresa encontra-se na fase de elevado crescimento, obterá volume de recursos superior aos pagamentos que deve realizar, levando a um fluxo de financiamento positivo. Já nos momentos de consolidação de empreendimentos, o fluxo de caixa dessas atividades tende a ser negativo.

(52)

Um dos indicadores mais relevantes de solvência de uma empresa encontra-se na geração de fluxo de caixa positivo com as atividades operacionais. Esses recursos são oriundos dos resultados da empresa, e estão, portanto, vinculados à gestão do capital de giro. Em alguns países, fazem parte do fluxo operacional as despesas financeiras; em outros, as despesas financeiras são consideradas como integrantes do fluxo de financiamento. O tratamento da remuneração de capital de terceiros como fluxo das atividades de financiamento, é o mais adequado.

É importante assinalar que o comportamento do fluxo de caixa será influenciado por diversas variáveis, entre as quais se destacam o setor de atuação da empresa, o ambiente econômico, a fase do ciclo de vida da empresa e a existência de novos projetos de investimentos.O fluxo de caixa das atividades operacionais pode assumir posições negativas, sem que isso represente um sinal de insolvência, quando a empresa encontra-se na fase inicial do ciclo de vida ou quando fez vultosas inversões em novos projetos que demandam recursos para capital de giro.

Com base na classificação do fluxo de caixa em investimento, financiamento e operacional podem-se apresentar os seguintes indicadores para sua análise:

a) Cobertura de Dívidas = Fluxo de Caixa das Operações Passivo Total

Esse indicador relaciona a geração anual de caixa proveniente das operações pelas dívidas da empresa. Valores superiores à unidade permitem inferir que a empresa consegue gerar em suas operações num exercício recursos financeiros suficientes para cumprir as dívidas existentes, tanto de curto prazo quanto de longo prazo.

(53)

Um indicador mais restrito pode ser calculado pela relação com o passivo circulante da empresa. Alternativa, ainda mais restrita, refere-se à cobertura dos juros, onde se utilizam no denominador somente os juros pagos, medindo se a geração de caixa operacional é suficiente para cobrir os pagamentos das despesas financeiras. Nesse caso, a cobertura dos juros deve ser superior à unidade.

b) Retorno do Patrimônio Líquido = Fluxo de Caixa das Operações Patrimônio Líquido

Demonstra o quanto à empresa possui capacidade de gerar caixa para os acionistas. Mostra o quanto à empresa consegue obter de caixa por unidade monetária investida pelo capital próprio. A relação entre esse indicador e o anterior, cobertura de dívidas, dependerá do nível de endividamento da empresa. Empresas com um perfil de maior nível de endividamento possuem retorno dos acionistas inferior à cobertura das dívidas.

Uma alternativa é a cobertura de dividendos, que relaciona o fluxo das atividades operacionais coma remuneração efetiva ao patrimônio líquido, sob a forma de dividendos ou juros sobre capital próprio. Nesse caso, evidencia-se a capacidade de efetuar os pagamentos dos dividendos por meio dos recursos financeiros originários das operações.

c) Cobertura de Investimento = Fluxo de Caixa das Operações

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Esse indicador, ao relacionar o fluxo de caixa das operações com o fluxo de caixa de investimento, determina se a empresa consegue financiar seus projetos de investimento com recursos próprios. Isso ocorre quando o indicador é superior à unidade; quando a cobertura de investimento é menor que a unidade, a empresa utiliza recursos financeiros, do capital próprio ou de terceiros, para as inversões de longo prazo.

Nesse indicador, assim como em outros aqui apresentados, deve-se ter cuidado com o sinal do fluxo de caixa. Considere o exemplo de duas empresas, conforme apresentado a seguir:

Empresa Alfa Empresa Beta Fluxo de Caixa das Operações (4.000.000) 4.000.000 Fluxo de Caixa de Investimentos 2.500.000 (2.500.000)

Ao calcular o indicador de cobertura de investimento para ambas as empresas, chega-se ao mesmo resultado. Entretanto, a situação das empresas é exatamente oposta. A empresa Alfa não consegue gerar fluxo positivo com suas operações, e tem que utilizar a obtenção de caixa pela venda de ativo permanente. Já a empresa Beta consegue gerar recursos financeiros com suas atividades operacionais, e esses recursos são mais do que suficientes para cobrir as necessidades de investimento.

d) Retorno Total = Fluxo de Caixa das Operações Fluxo de Caixa de Financiamento

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Relaciona a entrada líquida de recursos proveniente do desempenho operacional da empresa com fluxo de financiamento. A análise desse indicador deve ser feita com certo cuidado, uma vez que tanto o denominador quanto o numerador podem assumir valores positivos e negativos.

Fluxo de Caixa Operacional Fluxo de Caixa Financeiro Índice de Retorno Total Empresa 1 10.0000 5.000 2,00 Empresa 2 5.000 10.000 0,50 Empresa 3 5.000 (10.000) -0,50 Empresa 4 10.000 (-5.000) -2,00 Empresa 5 (5.000 ) (10.000) 0,50 Empresa 6 (10.000) (5.000) 2,00 Empresa 7 (5.000) 10.000 -0,50 Empresa 8 (10.000) 5.000 -2,00

Índice de Retorno total para oito empresas diferentes – em $ milhões.

Apesar de a empresa 1 ter o mesmo retorno total que a empresa 6, as situações são inversas: no primeiro caso, a gerando está gerando caixa com suas atividades e consegue captar recursos, possibilitando uma sobra que poderá ser aplicada em novos investimentos; na empresa 6, tem-se um caso que não se consegue gerar dinheiro das atividades operacionais e com a captação de recursos, tendo que utilizar o fluxo de

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