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Envia-se em anexo, à atenção das delegações, o documento SWD(2019) 272 final.

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Conselho da União Europeia Bruxelas, 20 de junho de 2019 (OR. en) 10554/19 ADD 1 ENER 390 CLIMA 194 COMPET 549 RECH 385 AGRI 344 ENV 653 NOTA DE ENVIO

de: Secretário-Geral da Comissão Europeia, assinado por Jordi AYET PUIGARNAU, Diretor

data de receção: 20 de junho de 2019

para: Jeppe TRANHOLM-MIKKELSEN, Secretário-Geral do Conselho da União

Europeia

n.° doc. Com.: SWD(2019) 272 final

Assunto: DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO

Avaliação do projeto de plano nacional em matéria de energia e clima de Portugal

que acompanha o documento

Recomendação da Comissão sobre o projeto de plano nacional em matéria de energia e clima de Portugal para o período 2021-2030

Envia-se em anexo, à atenção das delegações, o documento SWD(2019) 272 final.

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PT

PT

COMISSÃO

EUROPEIA

Bruxelas, 18.6.2019 SWD(2019) 272 final

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO

Avaliação do projeto de plano nacional em matéria de energia e clima de Portugal

que acompanha o documento Recomendação da Comissão

sobre o projeto de plano nacional em matéria de energia e clima de Portugal para o período 2021-2030

(3)

1

Índice

1. SÍNTESE ... 2

Principais observações ... 2

Elaboração e apresentação do projeto de plano ... 4

Principais objetivos, metas e contributos ... 4

2. AVALIAÇÃO DA AMBIÇÃO DOS OBJETIVOS, DAS METAS E DOS CONTRIBUTOS E ADEQUAÇÃO DAS POLÍTICAS E MEDIDAS DE APOIO ... 5

Dimensão «descarbonização» ... 5

Emissões e remoções de gases com efeito de estufa ... 5

Energia de fontes renováveis ... 6

Dimensão «eficiência energética» ... 8

Dimensão «segurança energética» ... 8

Dimensão «mercado interno da energia» ... 9

Dimensão «investigação, inovação e competitividade» ... 9

3. COERÊNCIA, INTERAÇÕES POLÍTICAS E INVESTIMENTOS ... 10

4. COOPERAÇÃO REGIONAL ... 12

5. EXAUSTIVIDADE DO PROJETO DE PLANO ... 14

Informações prestadas ... 14

(4)

2

1. S

ÍNTESE

Principais observações

1

✓ O projeto de Plano Nacional integrado Energia e Clima (PNEC) português foi elaborado em consonância com o projeto de Roteiro para a Neutralidade Carbónica para 2050. Como tal, o projeto de PNEC está em consonância com a visão portuguesa de uma sociedade neutra em termos de carbono, baseada numa economia circular, que mantém o valor económico máximo dos recursos e cria emprego, riqueza e bem-estar.

✓ A meta de Portugal para as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) não abrangidas pelo Sistema de Comércio de Licenças de Emissão (CELE) da UE é de -17 %, em relação a 2005, como estabelecido no Regulamento Partilha de Esforços (RPE)2. Com a continuação

das políticas atuais, Portugal deverá atingir esta meta com uma margem confortável. Portugal prevê igualmente medidas adicionais nos setores da construção, dos transportes e da agricultura. É menos claro de que forma será alcançado o correspondente compromisso de ausência de débito (ou seja, emissões que não excedam as remoções) para o uso do solo, a alteração do uso do solo e as florestas (LULUCF)3. Se as superações nacionais, com boa

relação custo-eficácia, das metas fora do âmbito do CELE forem eventualmente utilizadas para transferências para outros Estados-Membros, também os postos de trabalho e o crescimento disso beneficiarão.

✓ O contributo da energia de fontes renováveis proposto no projeto de plano é de 47 % do consumo final bruto de energia a nível nacional em 2030. Esta percentagem é significativamente superior à quota de 42 % de energia de fontes renováveis em 2030, que resulta da fórmula definida no anexo II do Regulamento Governação. O projeto de plano não inclui pontos de referência específicos4 em 2022, 2025 e 2027 e, em vez disso, indica

intervalos. Os valores inferiores do intervalo proposto não satisfazem os níveis exigíveis para atingir esses pontos de referência. As políticas e medidas que apoiam esse contributo deverão ser mais pormenorizadas, a fim de demonstrar a coerência com o nível de ambição proposto. O plano final beneficiaria com um maior aprofundamento das políticas e medidas que permitirão a realização do contributo e de outras medidas setoriais conexas.

✓ No que diz respeito à eficiência energética, o contributo proposto é moderado no caso do consumo de energia primária e muito baixo no caso do consumo de energia final, tendo em conta o esforço coletivo para atingir as metas de eficiência energética da União para 2030. A revisão do contributo da eficiência energética exigiria igualmente políticas e medidas

1 Para além do projeto de PNEC notificado, esta avaliação também tem em conta os intercâmbios bilaterais

informais, que fazem parte do processo iterativo estabelecido ao abrigo do Regulamento Governação.

2 Regulamento (UE) 2018/842 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 30 de maio de 2018, relativo às

reduções anuais obrigatórias das emissões de gases com efeito de estufa pelos Estados-Membros entre 2021 e 2030 como contributo para a ação climática a fim de cumprir os compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris e que altera o Regulamento (UE) n.º 525/2013.

3 Regulamento (UE) 2018/841 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 30 de maio de 2018, relativo à

inclusão das emissões e das remoções de gases com efeito de estufa resultantes das atividades relacionadas com o uso do solo, com a alteração do uso do solo e com as florestas no quadro relativo ao clima e à energia para 2030, e que altera o Regulamento (UE) n.º 525/2013 e a Decisão n.º 529/2013/UE.

(5)

adequadas para gerar poupanças adicionais de energia. Existe ainda uma grande margem para melhorar a eficiência energética nos setores da construção e dos transportes.

✓ Existe um objetivo claro de redução da dependência das importações de energia para 65 % até 2030, o que é bastante ambicioso, tendo em conta o facto de Portugal ter atualmente uma dependência das importações de 80 %. No entanto, este nível de ambição é realista, dada a utilização prevista de energia de fontes renováveis. O plano final beneficiaria com a inclusão de políticas e medidas destinadas a garantir a segurança energética das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, versando, em especial, o modo como estas ilhas poderiam aumentar a autossuficiência energética recorrendo a tecnologias limpas.

✓ O projeto de plano menciona as interligações como uma questão fundamental para atingir os objetivos, metas e contributos propostos, sobretudo no caso do contributo nacional das fontes de energia renováveis. O projeto de plano indica que Portugal tenciona atingir o nível

de interligação de 15 % até 2030. Os objetivos específicos de melhoria da integração do

mercado (eletricidade e gás) e da flexibilidade do sistema (resposta ao consumo, armazenamento e produção distribuída) justificariam uma necessidade de expansão das infraestruturas energéticas. No que diz respeito à pobreza energética – questão importante em Portugal –, o projeto de plano refere que serão implementadas medidas até 2021. Estas incluem uma definição de pobreza energética e a recolha de informações para permitir o acompanhamento do número de agregados familiares em situação de pobreza energética. Porém, estes elementos e as políticas e medidas de apoio teriam de ser incluídos já no plano final.

✓ Os domínios prioritários de investigação e inovação são identificados em linhas gerais no projeto de plano (fontes de energia renováveis, eficiência energética, redes inteligentes, mobilidade sustentável, eletricidade, gás natural e interligações). São necessários objetivos específicos, apoiados por políticas, para complementar os domínios prioritários já identificados.

✓ No que diz respeito às necessidades de investimento, há que incluir mais informações no plano final, em articulação com o Programa Nacional de Investimentos5, tirando pleno

partido do papel que os PNEC podem desempenhar para proporcionar clareza e segurança aos investidores e atrair mais financiamentos à transição para as energias limpas. Portugal espera continuar a utilizar os fundos adequados da União para financiar a transição, desiderato a complementar por investimento privado.

✓ Existe potencial para intensificar a boa cooperação regional já em curso com a França e a Espanha nos domínios da segurança energética e do mercado interno, bem como para uma maior cooperação nos domínios da energia de fontes renováveis e da eficiência energética. ✓ No que diz respeito às interações com a qualidade do ar e a política de emissões para a

atmosfera, o projeto de plano menciona alguns elementos de coerência com o Programa Nacional de Controlo da Poluição Atmosférica. No entanto, o plano final beneficiaria com o reforço desta análise, incluindo do ponto de vista quantitativo.

✓ O plano final beneficiaria igualmente com a disponibilização de informações suplementares sobre aspetos de transição socialmente justa e equitativa, a integrar de forma generalizada no plano considerando os impactes sociais e em matéria de emprego, por exemplo as

(6)

4

mudanças nos setores ou atividades, as consequências nas competências, os efeitos distributivos e a reciclagem de receitas. O projeto de plano menciona a questão das competências e da formação, mas seria desejável que fornecesse mais elementos sobre estes aspetos.

✓ É necessário incluir no plano final uma lista das subvenções ao setor energético e das ações empreendidas e planeadas para as eliminar progressivamente, sobretudo no tocante aos combustíveis fósseis.

✓ Constitui boa prática o alinhamento adequado e coerente dos objetivos nacionais em matéria de clima e energia para 2030 (e 2040) com a meta de neutralidade carbónica para 2050, recentemente adotada. Do mesmo modo, o projeto de plano português apresenta bem a interação entre os objetivos climáticos e ao nível de economia circular.

Elaboração e apresentação do projeto de plano

Portugal notificou o seu projeto de Plano Nacional Energia e Clima (PNEC) à Comissão Europeia em 31 de dezembro de 2018. O projeto de PNEC foi elaborado sob a responsabilidade do Ministério do Ambiente e da Transição Energética, com o apoio da Direção-Geral da Energia e Geologia e da Agência Portuguesa do Ambiente.

A consulta pública sobre o projeto de plano terá lugar em 2019. O governo está a realizar uma campanha itinerante para apresentar, em todo o país, o projeto de Plano Nacional Energia e Clima (PNEC 2030) e o Roteiro para a Neutralidade Carbónica (RNC 2050). As partes interessadas já participaram na elaboração do projeto, em especial na definição de cenários e de pressupostos subjacentes. Foram organizados vários seminários técnicos com peritos e várias sessões públicas, a fim de debater as metas do roteiro para 2050 e do projeto de plano para 2030. Consultaram-se as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, bem como a associação de autarquias locais. A consulta pública sobre as metas para 2030 terminou em fevereiro de 2019. Portugal promoveu numerosas interações com os Estados-Membros vizinhos para a elaboração do projeto de PNEC. O tema de maior relevância transfronteiras é o das interligações no Sudoeste da Europa. Os recentes intercâmbios bilaterais com a Espanha, numa cimeira em Valhadolid, centraram-se nas interligações, no Mercado Ibérico da Energia Elétrica (MIBEL) e nas estratégias para cumprir o Acordo de Paris. O Grupo de Trabalho Ibérico sobre Energias Renováveis é uma das instâncias onde decorrem trabalhos conjuntos relacionados com a transição energética.

Principais objetivos, metas e contributos

O quadro que se segue apresenta uma panorâmica dos objetivos, metas e contributos de Portugal ao abrigo do Regulamento Governação6, apresentados no projeto de PNEC português:

6 Regulamento (UE) 2018/1999 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2018,

relativo à Governação da União da Energia e da Ação Climática, que altera os Regulamentos (CE) n.º 663/2009 e (CE) n.º 715/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, as Diretivas 94/22/CE, 98/70/CE, 2009/31/CE, 2009/73/CE, 2010/31/UE, 2012/27/UE e 2013/30/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, as Diretivas 2009/119/CE e (UE) 2015/652 do Conselho, e revoga o Regulamento (UE) n.º 525/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho.

(7)

Metas e contributos nacionais Dados disponíveis mais recentes 2020 2030 Avaliação do nível de ambição para 2030 Meta vinculativa para as emissões de

gases com efeito de estufa, em comparação com 2005, no âmbito do Regulamento Partilha de Esforços (RPE) (%) -14 +1 -17 Como no RPE. Total de GEE tem 2030: -45 % a -55 %, em comparação com 2005. Meta/contributo nacional das fontes de

energia renováveis:

Quota de energia de fontes renováveis no consumo final bruto de energia (%)

28,1 31 47 Superior a 42 % (resultado da fórmula das fontes de energia renováveis) Contributo nacional para a eficiência

energética:

Consumo de energia primária (Mtep): 22,8 22,5 20,2 Moderado

Consumo de energia final (Mtep): 16,6 17,4 17,7 Muito baixo

Nível de interligações elétricas (%) 9 21 15 N/d

Fontes: Comissão Europeia, estatísticas relativas à energia, fichas técnicas: UE-28; Documento de trabalho SWD(2018) 453; O Semestre Europeu por país7; COM(2017) 718; Projeto de PNEC

português.

2. A

VALIAÇÃO DA AMBIÇÃO DOS OBJETIVOS

,

DAS METAS E DOS CONTRIBUTOS E ADEQUAÇÃO DAS POLÍTICAS E MEDIDAS DE APOIO

Dimensão «descarbonização»

Emissões e remoções de gases com efeito de estufa

O projeto de plano menciona a meta do Regulamento Partilha de Esforços (RPE)8 de -17 % de

emissões em 2030, em comparação com 2005. Com base nas projeções apresentadas em 2017 no âmbito do Regulamento Mecanismo de Monitorização (uma vez que não estão disponíveis projeções sobre as emissões do Regulamento Partilha de Esforços), e partindo do princípio de que o compromisso LULUCF é alcançado, Portugal poderia superar a sua meta RPE para 2030 em 7 pontos percentuais. As projeções das emissões com base nas políticas existentes e nas políticas planeadas, estabelecidas no projeto de plano para setores relevantes essenciais como os transportes, a habitação, os serviços e a agricultura, apontam para reduções de emissões ainda

7

https://ec.europa.eu/info/business-economy-euro/economic-and-fiscal-policy-coordination/eu-economic-governance-monitoring-prevention-correction/european-semester/european-semester-your-country_pt.

8 Regulamento (UE) 2018/842 relativo às reduções anuais obrigatórias das emissões de gases com efeito de

(8)

6

maiores. O projeto de plano não explica se Portugal tenciona utilizar as superações dos objetivos, com boa relação custo-eficácia, para eventuais transferências para outros Estados-Membros. O projeto de plano inclui novas metas nacionais, já adotadas, de redução das emissões a nível de toda a economia, em consonância com o recente compromisso nacional de Portugal de alcançar a neutralidade carbónica em 2050 (RNC 2050), nomeadamente um aumento de exigência, de um intervalo de -30 % a -40 % para um intervalo de -45 % a -55 %, em comparação com 2005, da meta total ambicionada de emissões de gases com efeito de estufa para 2030. O intervalo visado para 2040 é de -65 % a -75 %. No entanto, estas metas nacionais excluem o setor LULUCF. As políticas e medidas no setor dos transportes visam reduções significativas das emissões de gases com efeito de estufa. É apresentada uma panorâmicas geral das medidas de apoio à eletromobilidade, por exemplo por meio da isenção total da taxa de matrícula e do imposto anual de circulação para os veículos elétricos, bem como do apoio ao desenvolvimento de uma rede de carregamento. O plano deve também definir medidas de apoio a outras fontes de energia alternativas. No contexto do plano de descarbonização para 2050, anuncia-se para o setor dos transportes uma redução das emissões de 53 % em 2030, em comparação com 2005, mas não se explica que impacte se espera de medidas específicas. Também seria vantajoso fornecer, no plano final, mais pormenores sobre as medidas para os setores da agricultura e LULUCF. No que diz respeito ao Plano de Contabilidade Florestal Nacional, incluindo o nível de referência florestal nacional, apresentado por Portugal em conformidade com o artigo 8.º, n.º 3, do Regulamento LULUCF9, a Comissão formulou recomendações técnicas de ação substanciais relativamente a

uma série de questões, descritas em pormenor no documento SWD(2019) 213.

O projeto de PNEC descreve a estratégia nacional, os objetivos e o atual quadro político de

adaptação e faz referência a um programa de ação a adotar no início de 2019 para o período

2020-2030.

Energia de fontes renováveis

O contributo da energia de fontes renováveis proposto no projeto de plano é de 47 % do consumo final bruto de energia a nível nacional em 2030. O contributo geral de 47 % é significativamente superior à quota de 42 % de energia de fontes renováveis em 2030, que resulta da fórmula definida no anexo II do Regulamento Governação. Este contributo ambicioso facilitará a consecução da meta da UE para 2030 e a visão nacional para alcançar o objetivo de neutralidade carbónica até 2050. Para que tal seja viável, são necessárias políticas e medidas ambiciosas.

É apresentada a trajetória indicativa para atingir o contributo de 47 % em 2030. O projeto de plano não inclui pontos de referência específicos em 2022, 2025 e 2027 e, em vez disso, fornece intervalos. A trajetória indicativa entre 2021 e 2030 tem de alcançar os valores de referência de 18 % do contributo em 2030 até 2022, de 43 % do contributo em 2030 até 2025 e de 65 % do contributo em 2030 até 2027. Os valores inferiores do intervalo proposto não satisfazem os níveis exigíveis para atingir esses pontos de referência.

9 Regulamento (UE) 2018/841 relativo às emissões e remoções de gases com efeito de estufa resultantes

(9)

Prevê-se que a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis atinja uma quota ambiciosa de 80 % em 2030, desempenhando a energia solar um papel fundamental (até 9,9 GW em 2030, em comparação com 1,9 GW em 2020), seguida de perto pela energia eólica e pela energia hidroelétrica com armazenagem (cuja capacidade combinada será de cerca de 18 GW em 2030). Em consequência, o objetivo é acelerar a produção de eletricidade a partir de fontes de energia renováveis e encerrar as centrais elétricas a carvão até 2030. Neste contexto, o projeto de plano poderia descrever, com mais detalhe, a forma como o enquadramento do licenciamento será simplificado e otimizado por meio de balcões únicos. Este é um aspeto crucial para atrair o investimento necessário para o setor das fontes de energia renováveis.

A utilização de energia de fontes renováveis no setor do aquecimento e do arrefecimento deverá atingir 38 % em 2030, o que representa um acréscimo de apenas 4 pontos percentuais à quota de 34 % de energia de fontes renováveis prevista para 2020. Não foi incluído o papel do calor e frio residuais. O aumento previsto de 4 pontos percentuais fica aquém do aumento indicativo de 1,3 pontos percentuais, em média anual calculada para os períodos de 2021 a 2025 e de 2026 a 2030, que os Estados-Membros devem procurar atingir até 2030. A biomassa representará a maior quota de energia proveniente de fontes renováveis no setor do aquecimento e do arrefecimento em 2030 (48 %). Seguem-se, com 32 %, o calor de cogeração a partir de combustíveis renováveis, as bombas de calor, com 11 %, e o biometano, com 4 %. A este respeito, o plano final beneficiaria com uma descrição pormenorizada das trajetórias das tecnologias associadas às fontes de energia renováveis, que não parecem estar em sintonia com as trajetórias indicadas para a quota total de aquecimento e arrefecimento a partir de fontes de energia renováveis e as correspondentes medidas específicas para alcançar as metas. O projeto de plano indica que, com exceção dos novos conjuntos residenciais com elevada densidade de habitações ou dos casos de proximidade a edifícios de serviços que já disponham de cogeração, há pouca margem para redes urbanas de aquecimento (e de arrefecimento).

O projeto de plano inclui o objetivo de atingir, até 2030, uma quota de 20 % de energia de fontes

renováveis nos transportes, que seria apoiada pelo aumento da utilização de eletricidade

produzida a partir de fontes renováveis e, em menor medida, de hidrogénio. A fim de concretizar este objetivo ambicioso, as políticas e medidas teriam de ser mais pormenorizadas, por exemplo no que diz respeito à forma como será assegurada a quota anunciada de biogás e de biocombustíveis avançados. O plano final beneficiaria com a apresentação de mais pormenores, incluindo os contributos de todos os combustíveis elegíveis, bem como os limites para os combustíveis tradicionais produzidos a partir de culturas alimentares para consumo humano ou animal, os coeficientes multiplicadores aplicáveis e a submeta de biocombustíveis avançados na meta do setor dos transportes para 2030, como exigido nos artigos 25.º a 27.º da Diretiva 2018/200110.

Poderiam ser desenvolvidas políticas e medidas destinadas a promover o autoconsumo e as

comunidades a fontes de energia renováveis, facilitando o acesso ao financiamento,

proporcionando apoio legislativo às autoridades públicas e reforçando as capacidades destas. Do mesmo modo, seriam bem-vindos no PNEC final mais pormenores sobre a promoção de acordos de aquisição de energia proveniente de fontes renováveis.

10 Diretiva (UE) 2018/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2018, relativa à

(10)

8

Dimensão «eficiência energética»

O contributo de 2030 é fixado em 20,2 Mtep para o consumo de energia primária e em 17,7 Mtep para o consumo de energia final. O contributo do consumo de energia primária significaria uma redução em comparação com os dados de 2017 e o nível da meta para 2020, mas a magnitude destas reduções é bastante moderada. Em contrapartida, o contributo do consumo de energia final significaria um aumento em relação aos dois níveis de referência e representa uma ambição muito baixa, tendo em conta o nível de esforços necessários a nível da UE. Além disso, o nível do contributo português para o consumo de energia primária em 2030 é inferior às projeções para esse ano no cenário com as medidas em vigor, ao passo que o contributo do consumo de energia final está acima delas. Por conseguinte, a metodologia adotada para fixar os contributos da eficiência energética terá provavelmente de ser revista e os pressupostos subjacentes aos cenários deverão ser mais claros.

Não foram apresentadas novas políticas ou medidas mais ambiciosas do que as anunciadas no Plano de Ação Nacional para a Eficiência Energética de 2017. O projeto de plano também não contém informações sobre a escala e o calendário das políticas e das medidas prosseguidas após 2020. O plano final beneficiaria também com a inclusão de medidas que contribuam para uma organização mais eficiente do sistema de mobilidade e, por conseguinte, para a melhoria da eficiência energética e a redução das emissões (por exemplo incentivando a multimodalidade e a transferência modal, sistemas de transporte inteligentes, a digitalização e a automação). Embora o plano mencione os objetivos do reforço da capacidade da infraestrutura de carregamento de veículos elétricos, da promoção de serviços de partilha de veículos com enfoque na mobilidade elétrica e da promoção da transferência modal, não descreve em pormenor medidas concretas para os atingir.

De um modo geral, o projeto de plano inclui a lista de ações de promoção da eficiência energética (por exemplo a revisão do quadro jurídico sobre a gestão e a eficiência do consumo de energia e o reforço dos sistemas de monitorização, a melhoria da eficiência do consumo de energia nos diversos setores da economia nacional etc.), mas não informações pormenorizadas sobre as medidas necessárias para alcançar os contributos propostos.

Dimensão «segurança energética»

O projeto de plano inclui um objetivo de redução da dependência das importações de energia para 65 % em 2030, quando, atualmente, essa dependência é de cerca de 80 %. O projeto de plano contém informações pormenorizadas sobre a segurança do aprovisionamento, com especial incidência na dependência das importações de petróleo, carvão, gás e eletricidade, e descreve os recursos nacionais. Portugal tem uma carteira diversificada de fornecedores, que deve ser mantida ou alargada. O aumento, nos últimos anos, da capacidade de armazenagem subterrânea no Carriço e nos tanques do terminal GNL de Sines contribuiu igualmente para a diversificação das fontes de aprovisionamento de gás natural a Portugal. No tocante à segurança do abastecimento de eletricidade, por razões geográficas, há menos diversificação das origens externas. Por conseguinte, a tónica é colocada, principalmente, na diversificação da produção endógena de energia de fontes renováveis. No entanto, também é dada grande importância às importações, com ênfase no reforço das interligações com a Espanha e também por meio da interligação com Marrocos, o que permitirá um melhor equilíbrio do sistema elétrico nacional e, por conseguinte, uma melhor segurança do aprovisionamento. O plano final deve ir além das políticas e medidas em vigor e incluir os objetivos e as políticas e medidas planeadas para além

(11)

de 2020. Além disso, o projeto de plano parece considerar apenas as questões de segurança do aprovisionamento para Portugal continental e não para as regiões autónomas (Açores e Madeira), o que terá de ser igualmente contemplado no plano final, em especial o modo como essas ilhas poderiam aumentar a autossuficiência energética mediante o recurso a tecnologias associadas a fontes de energia renováveis.

Dimensão «mercado interno da energia»

O projeto de plano discute a lista de projetos de interesse comum no domínio da eletricidade e do gás em Portugal para o período 2021-2030. O projeto de plano inclui igualmente um nível de 15 % para o desenvolvimento de interligações no setor elétrico até 2030. Para que a urgência das ações necessárias seja plenamente caracterizada, devem ser incluídas no plano final informações sobre os indicadores suplementares e os limiares mínimos para as interligações, estabelecidos no regulamento.

A transição energética em Portugal depende, em grande medida, da eletrificação da economia e, por conseguinte, o setor elétrico tem de ser descarbonizado e de ser capaz de lidar com produção de energia intermitente e descentralizada a partir de fontes renováveis. Para tal, é necessário outro nível de desenvolvimento das infraestruturas de eletricidade e de integração do mercado elétrico. Por conseguinte, o plano final deverá incluir objetivos específicos para melhorar a integração do mercado, que complementem e reforcem o aumento ambicionado das interligações na Península Ibérica contemplado no projeto de plano.

De igual modo, para o gás natural, o plano final constitui uma oportunidade para continuar a explorar a forma como a infraestrutura nacional de gás, em especial a capacidade de receção de GNL no terminal de Sines, poderá reforçar o papel de Portugal como «ponto de entrada» de gás natural no mercado interno europeu. O ponto relativo ao transporte marítimo verde suscitado no projeto de plano poderia também ser mais desenvolvido, no contexto da descarbonização do transporte marítimo.

Portugal faz referência às estatísticas do EUROSTAT, que sugerem que a pobreza energética no país é problemática, uma vez que uma parte significativa da população é incapaz de manter as suas casas convenientemente aquecidas (e arrefecidas). O projeto de plano refere que serão aplicadas medidas preliminares até 2021, que incluem uma definição de pobreza energética e a recolha de informações para permitir o acompanhamento do número de agregados familiares em situação de pobreza energética. No entanto, estes elementos e as medidas urgentes concretas para combater a pobreza energética teriam de ser incluídos já no plano final.

No plano final, a dimensão do mercado interno deverá ser alargada para além de Portugal continental e incluir as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Dimensão «investigação, inovação e competitividade»

O projeto de plano identifica os domínios de investigação suscetíveis de serem objeto de atenção: fontes de energia renováveis, eficiência energética, redes inteligentes, mobilidade sustentável, eletricidade, gás natural e interligações. No entanto, os principais setores industriais, como o papeleiro (29 % das emissões industriais de gases com efeito de estufa) ou o dos produtos químicos e dos plásticos (11 %), não fazem parte desses domínios de investigação e não dispõem de estratégias específicas para trilhar o caminho até à descarbonização. O projeto de plano não identifica claramente os objetivos de investigação e de inovação a atingir até 2030 a nível

(12)

10

nacional. No que diz respeito à competitividade, Portugal menciona atividades importantes, como o apoio ao estabelecimento de projetos-piloto tecnológicos ou à criação de polos industriais em novos domínios de desenvolvimento tecnológico. O projeto de plano fornece mais pormenores sobre os objetivos subjacentes, sem, no entanto, os quantificar nem apresentar um calendário para a sua execução. O plano final beneficiaria com mais informações sobre políticas e medidas para alcançar os objetivos nacionais ou sobre as metas de financiamento.

O PNEC beneficiaria com a apresentação de uma análise abrangente sobre a posição atual, no mercado mundial, do setor das tecnologias hipocarbónicas, nomeadamente em relação à descarbonização do abastecimento energético e às indústrias hipercarbónicas, destacando os pontos fortes de competitividade e os desafios potenciais. Deverão ser definidos nessa base objetivos mensuráveis para o futuro, juntamente com as políticas e medidas para os atingir, estabelecendo ligações adequadas com a política empresarial e industrial.

O projeto de PNEC refere-se ao Plano Estratégico para as Tecnologias Energéticas (Plano

SET), mas não fornece nenhuma informação sobre a forma como as metas nacionais em matéria

de energia e de clima para o período 2021-2030 se alinharão com as metas acordadas nesse plano.

3. C

OERÊNCIA

,

INTERAÇÕES POLÍTICAS E INVESTIMENTOS

Portugal dispõe de um conjunto coerente de metas de redução das emissões a médio e a longo prazo. Para concretizar o objetivo da descarbonização, está prevista a eletrificação da economia. O setor elétrico tem, pois, de continuar a evoluir, adquirindo novas capacidades de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, nomeadamente a solar, a eólica e a hídrica. Esta evolução tem fortes implicações na dimensão do mercado interno e exigirá mais capacidade de armazenamento. Tal é reconhecido no projeto de plano, nele se propondo mais instalações novas de armazenamento por bombagem hidráulica e a utilização de novas tecnologias, como as baterias, o hidrogénio e a conversão da eletricidade em gás.

Debate-se o papel das interligações na realização das ambiciosas metas em matéria de energia de fontes renováveis, bem como a importância daquelas para o desenvolvimento do mercado interno e, em especial, para a segurança energética. Os objetivos específicos nas dimensões «mercado interno» e «segurança energética» têm de ser acompanhados de uma descrição da forma como o nível de interligações contribuirá para a expansão da energia de fontes renováveis e para uma maior participação das companhias ibéricas de energia no mercado da eletricidade da UE.

O plano final beneficiaria com a inclusão de medidas que contribuam para uma organização mais eficiente do sistema de mobilidade e, por conseguinte, para a melhoria da eficiência energética e a redução das emissões (por exemplo incentivando a multimodalidade e a transferência modal, os sistemas de transporte inteligentes, a digitalização e a automação).

O carvão será progressivamente eliminado e a desativação da central a carvão deverá ocorrer até 2030. O gás natural desempenhará um papel importante nesta transição, tendo sido desenvolvidas capacidades e infraestruturas adicionais de armazenamento de gás natural (por exemplo o terminal GNL de Sines) para aumentar a segurança energética. Tal pode também relacionar-se com o princípio da eficiência energética, que, no projeto de plano, é apresentado como um dos oito objetivos nele estabelecidos para o horizonte de 2030. No (importante) planeamento, nas políticas e medidas e nas decisões de investimento relativas, em particular, às infraestruturas energéticas, mas também nas políticas e medidas no domínio da segurança energética e do

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mercado interno da energia, deve ponderar-se se as medidas de eficiência energética se justificam economicamente e são eficientes em termos de custos. O plano final deverá explorar estas sinergias e traduzi-las em objetivos específicos.

O projeto de plano refere que melhores práticas de gestão florestal melhorariam o sumidouro florestal e aumentariam a resiliência deste a efeitos adversos das alterações climáticas como os incêndios florestais e a degradação dos solos. No entanto, a ponderação dos riscos climáticos não faz parte da dimensão «segurança energética», apesar de, no âmbito da estratégia nacional de adaptação, estarem em curso trabalhos relativos à adaptação no setor da energia.

O projeto de plano faz várias referências ao contributo significativo da economia circular para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, para o emprego, para a saúde e para o crescimento. Menciona algumas medidas em matéria de resíduos, mas não o plano de ação nacional para a economia circular publicado em 2017. O plano final deve remeter para esse plano de ação.

As medidas destinadas a reforçar a utilização de bioenergia e as novas centrais hidroelétricas anunciadas, com capacidade de armazenamento e reversibilidade (bombagem), beneficiariam com uma avaliação do seu impacto em termos de potencial de abastecimento sustentável de biomassa e/ou de implicações na biodiversidade.

No que diz respeito às interações com a qualidade do ar e a política de emissões para a atmosfera, o projeto de plano menciona alguns elementos de coerência com o Programa Nacional de Controlo da Poluição Atmosférica. No entanto, esta parte da análise merece ser reforçada, nomeadamente na perspetiva quantitativa.

O plano final beneficiaria com a disponibilização de informações suplementares sobre aspetos de

transição socialmente justa, a integrar de forma generalizada no plano considerando os

impactes sociais e em matéria de emprego, por exemplo as mudanças nos setores/atividades, as consequências nas competências, os efeitos distributivos e a reciclagem de receitas. O projeto de plano menciona a questão das competências e da formação, mas seria desejável que fornecesse mais elementos sobre estes aspetos.

O projeto de plano refere que o Programa Nacional de Investimentos, que está a ser elaborado, identifica as necessidades de investimentos para 2030. Esse programa identifica grandes projetos prioritários (de orçamento superior a 75 milhões de euros) em vários domínios, nomeadamente o clima, a energia e os transportes. Trata-se de um bom exemplo de como dar a conhecer projetos de investimento aos investidores internacionais. A versão disponível para consulta pública inclui uma panorâmica dos objetivos e metas principais nos setores da energia e dos transportes, projetos específicos e as necessidades de investimento. Elementos pertinentes desse programa nacional podem fundamentar as políticas e medidas incluídas no plano final. Uma importante fonte de financiamento público para apoiar a transição para uma economia hipocarbónica é o Fundo Ambiental, que financia a política climática, incluindo medidas de eficiência energética e a promoção da energia de fontes renováveis, e pode igualmente constituir o contributo nacional em projetos a apresentar ao financiamento da UE. Parte significativa do orçamento deste fundo provém das receitas das vendas em leilão do CELE. Algumas necessidades de investimento poderiam ser parcialmente asseguradas por financiamentos provenientes da política de coesão, nomeadamente em consonância com as orientações em matéria de investimento para o período 2021-2027 constantes do relatório sobre o Semestre Europeu relativo a Portugal de 2019 e com qualquer outra legislação pertinente.

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Ligações com o Semestre Europeu

• A identificação das necessidades de financiamento e a garantia do financiamento necessário serão essenciais para a realização dos objetivos em matéria de energia e de clima. A Comissão abordou esta questão no âmbito do processo do Semestre Europeu de 2019.

• Com base no relatório de 2019 relativo a Portugal, publicado a 27 de fevereiro de 201911, a

recomendação da Comissão Europeia de uma Recomendação do Conselho relativa a Portugal, publicada a 5 de junho de 201912 no contexto do Semestre Europeu, destaca,

designadamente, a necessidade de investir em «transportes ferroviários e infraestruturas portuárias, na transição energética e para uma economia hipocarbónica e no alargamento das interligações energéticas».

• Ao elaborar a sua panorâmica das necessidades de investimento e das fontes de financiamento conexas para o plano final, Portugal deve ter em conta estas recomendações e ligações com o Semestre Europeu.

O projeto de plano inclui duas medidas destinadas a reduzir gradualmente as isenções fiscais concedidas ao carvão utilizado para produzir eletricidade, o que contribuirá para a eliminação progressiva dos subsídios à energia, em especial aos combustíveis fósseis. Seria vantajoso que o plano final fornecesse mais informações sobre os subsídios à energia, com base em definições de subvenções utilizadas a nível internacional e no relatório da Comissão Europeia sobre os preços e custos da energia13.

4. C

OOPERAÇÃO REGIONAL

Em termos de cooperação com outros Estados-Membros, o projeto de plano menciona as reuniões, com a Espanha e com a França, do grupo de alto nível em matéria de interligações no Sudoeste da Europa. A Cimeira Luso-Espanhola de Valhadolid é também mencionada como um passo importante para avançar em várias questões importantes para o PNEC final: interligações elétricas, MIBEL e estratégias para cumprir o Acordo de Paris. Portugal e Espanha cooperam desde 2006 no sentido de um mercado ibérico do gás (MIBGAS) mais integrado. Em 2015 e 2018, Portugal, Espanha, França e a Comissão Europeia assinaram várias declarações suplementares com o objetivo de criar as infraestruturas necessárias para operar as interligações transfronteiras das redes de gás e de eletricidade. Tanto os governos de Portugal como de Espanha expressaram a importância da segurança energética e a necessidade de criar interligações transfronteiras e inter-regionais para integrar a Península Ibérica com o resto do mercado europeu. Além disso, na Declaração de Lisboa, de julho de 2018, Portugal, Espanha e França concordaram em coordenar a elaboração dos seus projetos de estratégias nacionais e compartilhar os seus pressupostos de aprovisionamento energético. Também acordaram trabalhar juntos, com o apoio técnico da Comissão Europeia, tendo em vista a aceleração da transição energética, com base em leilões transfronteiras de energia proveniente de fontes renováveis e na criação de obrigações verdes para financiar investimentos verdes. A cooperação regional desempenha um papel fundamental na avaliação da adequação do sistema regional, como

11 Documento de trabalho SWD(2019) 1021 final: relatório de Portugal 2019.

12 COM(2019) 522 final: Recomendação de Recomendação do Conselho relativa ao Programa Nacional de

Reformas de Portugal de 2019 e que emite um parecer do Conselho sobre o Programa de Estabilidade de Portugal de 2019.

13 COM(2019) 1 final: Documento de trabalho dos serviços da Comissão que acompanha o Relatório da

Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões — Preços e custos da energia na Europa.

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previsto no Regulamento Eletricidade14. Este aspeto tornar-se-á ainda mais importante à luz do

aumento da quota de energias renováveis e da correspondente necessidade de flexibilidade do sistema.

No projeto de plano, Portugal demonstra interesse em explorar mais o potencial dos leilões regionais e tenciona lançar um processo de consultas com vista ao estabelecimento de critérios comuns para a atribuição de certificados verdes. A Comissão dispõe-se a apoiar Portugal, caso este pretenda recorrer aos mecanismos de cooperação a nível europeu e internacional. Neste contexto, Portugal poderá considerar útil a nova vertente no âmbito do Mecanismo Interligar a Europa para o período 2021-2027, que apoiará os Estados-Membros no planeamento e desenvolvimento de investimentos transfronteiras em energias renováveis. O projeto de plano menciona o desenvolvimento e a participação no mecanismo de financiamento inovador para as energias de fontes renováveis, pelo que Portugal poderá estar interessado em recorrer ao mecanismo de financiamento (em desenvolvimento) previsto no Regulamento Governação, seja como membro contribuinte ou como membro beneficiário.

Por último, o projeto de plano menciona igualmente a cooperação euro-mediterrânica no domínio da energia, com vista a desenvolver interligações e explorar potencial de produção de energia a partir de fontes renováveis e de melhoria da eficiência energética, em benefício da UE e dos vizinhos desta a sul e a leste do Mediterrâneo.

Em maio de 2017, foi lançada a iniciativa «Energia Limpa para as Ilhas da UE», com o objetivo de acelerar a transição para as energias limpas, ajudando as ilhas a reduzirem a sua dependência das importações de energia e a utilizarem melhor as fontes de energia renováveis disponíveis localmente. Esta iniciativa proporciona também um fórum para o intercâmbio de boas práticas e visa promover, nas ilhas, sistemas energéticos modernos e inovadores e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Embora Portugal seja signatário da declaração política para esta iniciativa, não mencionou este aspeto no projeto de PNEC. Poderá ponderar fazê-lo no seu plano final e reforçar a cooperação com outros Estados-Membros e regiões insulares que enfrentam desafios e oportunidades semelhantes, nomeadamente em domínios como a interligação, os transportes não-poluentes, a integração no sistema da produção local de energia de fontes renováveis, oportunidades de satisfação do consumo como instalações de dessalinização ou cargas de arrefecimento e a implantação de sistemas de armazenamento de energia com boa relação custo-eficácia.

14 Regulamento (UE) 2019/943 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de junho de 2019, relativo ao

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5. E

XAUSTIVIDADE DO PROJETO DE PLANO

Informações prestadas

Os elementos relativos às emissões de gases com efeito de estufa da dimensão de

descarbonização são apresentados apenas parcialmente no projeto de plano. Faltam informações

sobre a trajetória prevista do RPE15 em 2021-2030 e as regras contabilísticas estabelecidas no

Regulamento LULUCF16 não são utilizadas para operacionalizar o compromisso em matéria de

ausência de débito.

O projeto de plano apresenta uma panorâmica dos objetivos e trajetórias nacionais relativos à

energia de fontes renováveis, incluindo a nível setorial. O contributo para os objetivos e

trajetórias nacionais é apresentado sob a forma de quotas, mas deverá sê-lo também em valores absolutos (em ktep) de consumo final bruto de energia. Faltam as trajetórias do consumo de bioenergia, a desagregação deste em calor, eletricidade e transporte, bem como em termos do fornecimento de biomassa (por matéria-prima e por origem, distinguindo entre produção doméstica e importações), as trajetórias para a biomassa florestal e a avaliação da fonte e do impacte da biomassa florestal no sumidouro do setor LULUCF. As capacidades planeadas são descritas, mas não se distinguem as novas capacidades dos reforços de potência. A descrição das políticas e medidas de apoio ao contributo da energia de fontes renováveis deve ser mais desenvolvida.

Na dimensão eficiência energética, são apresentados os contributos do consumo de energia primária e de energia final em 2030. Faltam pormenores sobre a trajetória indicativa pós-2021, a metodologia e os fatores de conversão. Os elementos básicos da estratégia de renovação a longo prazo exigidos nos termos do artigo 2.º-A da Diretiva Desempenho Energético dos Edifícios17

revista não são fornecidos porque ainda não foram definidos. O primeiro princípio da eficiência energética é mencionado como uma das oito prioridades estratégicas do projeto de plano para 2030, mas, no plano final, será necessária uma breve descrição da forma como este princípio foi incorporado em todas as dimensões. Não são indicados o contributo nem as metas para o aquecimento e o arrefecimento, nem tampouco a título do artigo 5.º da Diretiva Eficiência Energética18. Em geral, há que desenvolver mais a descrição das políticas e medidas. Do lado

positivo, são fornecidas informações relativas aos requisitos mínimos de otimização dos custos para os edifícios novos e os edifícios já existentes objeto de grandes obras de renovação, em relação a todos os tipos de edifícios; o projeto de plano inclui igualmente a meta a título do artigo 7.º da Diretiva Eficiência Energética19.

Existem vários objetivos relacionados com a segurança energética, tais como: aumentar as interligações, aumentar a utilização de energia de fontes renováveis, aumentar a capacidade de

15 Regulamento (UE) 2018/842 relativo às reduções anuais obrigatórias das emissões de gases com efeito

de estufa pelos Estados-Membros entre 2021 e 2030.

16 Regulamento (UE) 2018/841 relativo às emissões e remoções de gases com efeito de estufa resultantes

das atividades relacionadas com o uso do solo, com a alteração do uso do solo e com as florestas.

17 Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de maio de 2010, relativa ao

desempenho energético dos edifícios, com as alterações da Diretiva (UE) 2018/844.

18 Diretiva 2012/27/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de outubro de 2012, relativa à

eficiência energética, com as alterações da Diretiva (UE) 2018/2002.

19 Diretiva 2012/27/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de outubro de 2012, relativa à

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armazenamento de energia, diminuir a dependência energética externa, melhorar a cooperação regional no setor do gás natural e aplicar o novo Regulamento Preparação para os Riscos20. No

entanto, faltam pormenores das medidas de execução, bem como do impacte destas no cabaz energético futuro e em termos de riscos emergentes (por exemplo no domínio da cibersegurança) e de proteção das infraestruturas energéticas críticas.

Quanto à dimensão mercado interno, o projeto de plano contém poucas informações sobre o funcionamento dos mercados retalhistas e grossistas nacionais de gás e de eletricidade. No plano final, são necessárias informações suplementares sobre o funcionamento e a integração do mercado, a flexibilidade do sistema e os objetivos em matéria de pobreza energética, bem como sobre os objetivos e estratégias para intensificar a concorrência no mercado. No que diz respeito às interligações de eletricidade, Portugal pretende alcançar o nível de interligação de 15 % até 2030, mas seria útil que o PNEC final se debruçasse também sobre os indicadores de urgência estabelecidos no anexo 1 do Regulamento Governação. No que diz respeito ao mercado grossista da eletricidade, faltam informações sobre medidas destinadas a aumentar a capacidade comercial nas interligações, a permitir o desencadeamento de sinais de preços em tempo real e a possibilitar a participação não-discriminatória de produtores de energia de fontes renováveis. Do mesmo modo, também está omissa informação sobre a integração do mercado no setor do gás, designadamente dados pertinentes relacionados com o mercado grossista do gás, incluindo informações sobre as medidas tomadas para concretizar o mercado ibérico do gás MIBGAS. No que diz respeito aos mercados retalhistas, o PNEC final terá de apresentar uma panorâmica quantitativa do desenvolvimento das diversas fontes de flexibilidade necessárias para integrar quotas crescentes de energia de fontes renováveis no sistema elétrico. O plano deve especificar em que aspetos Portugal considera que existe potencial para aumentar a flexibilidade do sistema. O PNEC final também está incompleto no que respeita a questões relativas a contadores inteligentes de eletricidade, faltando, nomeadamente, metas quantitativas, objetivos, medidas políticas e calendários específicos, incluindo o planeamento da revisão da avaliação nacional da implantação em larga escala. No que diz respeito ao gás, não existe nenhuma referência a contadores inteligentes de gás.

Faltam no projeto de plano objetivos nacionais de investigação e inovação a atingir até 2030 e objetivos relacionados com a implantação. No entanto, o plano inclui uma série de objetivos gerais relacionados com a competitividade, mas falta detalhe sobre as políticas e medidas de apoio.

Solidez do projeto de Plano Nacional Energia e Clima de Portugal

Os elementos necessários da base analítica estão presentes no projeto de plano. São apresentados no documento principal pormenores sobre as projeções relativas aos cenários com as medidas em vigor e com medidas suplementares. Estão presentes elementos da avaliação de impacte das medidas planeadas. O projeto de plano faz ampla utilização de dados oficiais provenientes de fontes nacionais e do EUROSTAT. Quando não estão disponíveis dados oficiais, são utilizadas outras fontes, como a Rede Nacional de Transporte de Eletricidade, para as interligações e o comércio de energia, ou a Agência Portuguesa do Ambiente, para as emissões de carbono.

20 Regulamento (UE) 2019/941 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de junho de 2019, relativo à

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As projeções relativas aos cenários com as medidas em vigor e com medidas suplementares abrangem, em grande medida, as cinco dimensões da União da Energia. Seriam desejáveis mais informações sobre as seguintes variáveis: i) diferenciação das emissões setoriais de gases com efeito de estufa por gás IPCC; ii) diferenciação das emissões setoriais de gases com efeito de estufa entre as abrangidas pelo CELE e as abrangidas pelo Regulamento Partilha de Esforços; iii) emissões de gases com efeito de estufa provenientes da aviação internacional; iv) poluentes atmosféricos diferentes dos gases com efeito de estufa; v) importações de eletricidade e vi) necessidades de investimento.

As projeções são apresentadas de uma forma bastante transparente. A maior parte dos principais pressupostos, parâmetros e resultados são apresentados em pormenor, nomeadamente os contributos das fontes de energia renováveis, da eficiência energética e da meta de redução das emissões de gases com efeito de estufa. As projeções poderiam ser enriquecidas com a descrição dos parâmetros fundamentais relativos aos agregados familiares, aos transportes e aos graus-dias respeitantes a aquecimento e arrefecimento. De um modo geral, os pressupostos são bem fundamentados e as fontes citadas.

A avaliação de impacte das políticas e medidas no projeto de plano centra-se atualmente nas emissões de poluentes atmosféricos e de gases com efeito de estufa. Os impactes das políticas e medidas planeadas noutros Estados-Membros poderiam ser mais desenvolvidos. O plano final deverá completar a avaliação dos impactes macroeconómicos e, tanto quanto possível, dos impactes na saúde, no ambiente, no emprego, no ensino e nas competências e os impactos sociais, incluindo apenas aspetos de transição. Por último, uma vez que não é inteiramente claro de que forma as políticas e medidas descritas na secção 3 estão relacionadas com as projeções relativas aos cenários com as medidas em vigor e com medidas suplementares, seriam úteis mais elementos a este respeito (por exemplo utilizando o modelo das políticas e medidas voluntárias). Foi realizado um trabalho de modelação utilizando modelos (TIMES_PT e LEAP) que abrangem as principais variáveis. No entanto, uma descrição mais pormenorizada da abordagem de modelação, incluindo uma discussão das incertezas, viria enriquecer o projeto de plano de Portugal. Os parâmetros-chave dos modelos, como as quotas de energia de fontes renováveis no ano de referência são concordantes com os dados do EUROSTAT. Podem ser clarificados dois pontos: i) se os valores relativos ao PIB e à população no ano de referência de 2015 também estão alinhados com o EUROSTAT e ii) a razão do desvio, no consumo total de energia final, em relação aos dados do EUROSTAT. Por último, o projeto de plano assenta em pressupostos próprios em matéria de preços de combustíveis e de emissões.

Referências

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