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P.º R.P.11/2005 DSJ-CT: Penhora do direito à meação

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P.º R.P.11/2005 DSJ-CT: Penhora do direito à meação

Registo a qualificar: Penhora do direito à meação de I…, relativamente aos prédios

descritos sob o nºs02325/940112, 02326/940112 e 02327/940112, da freguesia de …, requisitado pela Ap. 13/20041129.

Parecer

1 - Pela inscrição G-1( que é transcrição da inscrição G-5 do prédio nº 01451/900220 - “prédio mãe”) mostrava-se registada a aquisição a favor de J…, casado com I…, na comunhão geral, por arrematação em hasta pública em acção de divisão de coisa comum. Os factos aquisitivos que levaram à constituição da concreta compropriedade que fundou aquela divisão, encontravam-se registados, na parte respeitante ao dito J…, pelas inscrições(ambas do dito prédio 01451/900220) G-1 e G-2, respectivamente de aquisição de 1/6, por partilha da herança de JJT, casado com MRT, e de aquisição 1/3, por partilha da herança da dita MRT.

A inscrição G-2( que está em vigor), de aquisição a favor S… e de RNST, em comum e sem determinação de parte ou direito, por sucessão hereditária do referido J…, no estado de divorciado, foi inicialmente lavrada provisoriamente por dúvidas, em obediência ao princípio do trato sucessivo.

A requerimento das ditas I… e S… (1) - que, em apresentação seguinte, pediram a

conversão da inscrição G-2 - foi rectificada a inscrição G-1 quanto ao regime de bens do casamento do titular inscrito, no sentido de ser a comunhão de adquiridos.

2- A recorrente requisitou o registo de penhora do direito à meação da dita I…, pela apresentação de certidão emitida pela 3ª secção da vara cível de …(Pº nº 627-B/1998).

3- O registo foi recusado, ao abrigo do disposto nos artigos 68º e 69º, nº 2 do C.R.P., pelo facto de não haver qualquer meação da executada nos prédios, atento o regime de bens do seu casamento e registo entretanto efectuado(inscrição G-2).

4- Inconformada com a recusa, a recorrente interpôs o presente recurso hierárquico, cujos termos se dão aqui por integralmente reproduzidos, alegando, sumariamente, a) que o pedido de rectificação da inscrição G-1, relativo ao regime de bens do casamento do sujeito activo, deveria ter sido recusado por falta de título, pois o mesmo só poderia ser efectuado mediante a apresentação da certidão do respectivo assento de casamento, da tradução dos artigos do Código Civil Alemão( e não um comentário interpretação de algumas disposições deste código) que regulavam o regime de bens do casamento à data da celebração, por forma a saber qual a data de celebração, qual o local de residência habitual comum à mesma data e se, eventualmente, um dos nubentes tinha residência habitual em território português, para a determinação da lei aplicável para efeitos de definição do regime de bens, podendo ainda suceder que tenham celebrado convenção antenupcial, estipulando a lei e/ou o regime de bens aplicáveis, b) que deve promover-se a rectificação do averbamentos à inscrição G-1 e da G-2 - por cancelamento e por modificação do objecto do facto inscrito( que passaria a ser apenas a meação do sujeito passivo), respectivamente -, efectuando-se o registo pedido com a natureza de definitivo e c) que, se assim não for entendido, deve o registo ser lavrado provisoriamente por natureza nos termos da alínea a) do nº 2 do art.º 92º do C.R.P.

5- A recorrida manteve a qualificação, defendendo, a) que do assento de casamento, celebrado na Alemanha e transcrito nos Registos Centrais( “conforme se verificou aquando

do registo de aquisição provisório, de fotocópia que então estava no processo”) não consta

(1) Instruído com telecópia de uma comunicação, feita por advogado alemão à titular inscrita

S… (G-2), contendo um comentário acerca do direito alemão, acompanhada de telecópia do que se refere serem os art.ºs 1931, 1933, 1363, 1371 e 1564 do Código Civil Alemão e do art.º 15 do Direito de Família(Direito Privado)Internacional, sem tradução para a língua portuguesa.

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qualquer referência ao regime de bens, b) que foi feita prova de que o casamento tinha sido celebrado segundo o regime da comunhão de adquiridos, pela apresentação de tradução dos preceitos da lei alemã e c) que, consequentemente, os prédios eram bens próprios do titular inscrito, não havendo meação da ex-cônjuge, pelo que não havia direito sobre que registar a penhora pedida.

6- O processo é o próprio, as partes legítimas, o recurso tempestivo(2), a recorrente

está devidamente representada e não existem questões prévias ou prejudiciais que obstem ao conhecimento do mérito.

Fundamentação

1- Como “pano de fundo” à divergência entre recorrente e recorrida , quanto à qualificação objecto do presente recurso, está a diferente abordagem da situação registral dos prédios. Para a primeira, os averbamentos à inscrição G-1( de rectificação)e à inscrição G-2( de conversão) são nulos, nos termos da alínea b) do art.º 16º do C.R.P.. enquanto que, para a segunda, os ditos registos não sofrem de qualquer vício, porque foram efectuados com base em título suficiente para prova do regime da comunhão de adquiridos.

A diferente abordagem da situação registral leva a que a recorrente defenda que o registo deve ser efectuado definitivamente( no pressuposto de que se impõe a rectificação dos referidos averbamentos - com iniciativa a pertencer à recorrida ) e que a recorrida sustente a qualificação desfavorável, de recusar o registo. A recorrente acrescenta que, caso não se entenda no sentido por si defendido, o registo deveria ser lavrado provisoriamente por natureza, nos termos do art.º 92º, nº 2, a) do C.R.P..

2 -Antes de mais, importa ter presente que a qualificação em tabela não é a dos referidos averbamentos de rectificação e de conversão, cuja eventual reapreciação só poderá ser suscitada em processo de rectificação e não em sede de recurso hierárquico(Cfr. art.º 140º, nº 2 do C.R.P.).

Do que temos que tratar é da qualificação do pedido de registo de penhora da meação de I…, cumprindo o princípio da legalidade(art.º 68º do C.R.P.), na parte em que se refere aos “registos anteriores”, o que, neste caso, se traduz em saber se a inscrição de aquisição em vigor(G-2)deve levar a uma qualificação desfavorável do pedido de registo. Se a presunção resultante do registo houver que ser ilidida, tal só poderá acontecer com base em decisão judicial transitada em julgado ou no âmbito do processo de rectificação previsto nos art.º 120º e seguintes do C.R.P. , quer a iniciativa de instauração do processo seja da recorrida, quer seja da recorrente.

3 - Diferente se mostraria a situação se se encontrasse averbada a pendência de rectificação, pois o estado de pendência( em que seriam de configurar dois resultados possíveis - decisão no sentido da rectificação ou decisão no sentido de manter os registos tal como estão lavrados- ) teria reflexos na apreciação da viabilidade do pedido de registo e levaria à qualificação do registo pedido como provisório por natureza(art.ºs 92º, nº 2, b) e 126º, nº 3 do C.R.P. ) o qual, se viesse a ser cancelado o averbamento de pendência, seria requalificado para provisório por natureza nos termos da alínea a) do nº 2(3).

(2) Diversamente do entendimento da recorrida, que o considerou intempestivo, por ter sido

interposto para lá dos 30 dias a contar da data de assinatura do aviso de recepção. Acontece que a interposição teve lugar dentro do prazo legal, mas aplicando a presunção prevista no art.º254º, nº 3 do Código de Processo Civil( terceiro dia posterior ao do registo ou primeiro dia útil seguinte a esse, quando o não seja), conforme entendimento deste Conselho já constante do Pº nº 31/96 R.P.4(ainda não publicado, ao que julgamos saber).

(3) Quanto a estas qualificação/requalificação, vejam-se, a título exemplificativo, os pareceres

proferidos nos Pºs R.P.210/2001 – DSJ –C.T., in BRN nº 8/2001(II) e R.P. 90/2003 DSJ-C.T.,

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4 - Perante o título apresentado e a situação registral , de três uma: ou o registo é viável como está pedido e deverá ser lavrado como definitivo; ou é de todo inviável e deverá ser recusado; ou é apenas inviável como está pedido e deverá ser lavrado provisoriamente (por dúvidas ou por natureza). A recorrida recusou-o, ao abrigo do nº 2 do art.º 69º do C.R.P., defendendo a recorrente que deverá ser lavrado definitivamente ou, em alternativa, provisoriamente por natureza, nos termos da art.º 92º, nº 2, a) do C.R.P.

A recorrida fundamentou a recusa no disposto no nº 2 do art.º 69, mas não concretizou se foi “por falta de elementos” ou se foi “pela natureza do acto”, atendendo a que não referiu qualquer elemento em falta, nem caracterizou o acto, quanto à sua natureza, em função da qual se impusesse a recusa.

A única explicação que conseguimos vislumbrar para tal fundamentação é a de que se tenha recusado o registo pelo facto de já não se encontrar em vigor a inscrição G-1, o que o tornaria absolutamente inviável, porque deveria ser efectuado por averbamento a essa inscrição( art.º 101º, nº1, e) do C.R.P., interpretado no sentido de que abrange os factos relativos à meação conjugal, ainda que não registada conjuntamente com direitos hereditários)(4).

Ainda que tenha sido esta a fundamentação pretendida pela recorrida, a inviabilidade técnica( por falta de suporte inscritivo da meação), não deve levar à recusa(5).

Será que – e temos que admiti-la como última hipótese(dado o teor do despacho de recusa, quando diz que “por nos prédios indicados a executada I… não ter qualquer meação,

atento o regime de bens do seu casamento e registos entretanto efectuados” – sublinhado

nosso) - a fundamentação teve por base a consideração de que, publicitando o registo que o prédio não integra a meação, haveria uma espécie de “falta de legitimação” para o registo, à semelhança do que está previsto no art.º 9º para o titulador(que não deve titular sem que os bens estejam definitivamente registados a favor da pessoa contra quem se constitui o encargo), embora para factos que não a penhora? Ou será que se pretendeu atribuir ao registo o efeito de uma presunção absoluta, ao contrário da que lhe é atribuída por lei(cfr. art.º 7º do C.R.P. e art.º 350º, nº 2 do Código Civil - presunção iuris tantum)?

Se foi um de tais caminhos que se pretendeu trilhar, afigura-se-nos evidente que a lei o não permite, conjugando as disposições legais antes referidas, com todos os princípios que enformam o nosso sistema registral, maxime o princípio da legalidade(art.º 68º do C.R.P.).

Entendemos, concomitantemente com o que ficou dito, que a qualificação não deveria ter sido de absoluta inviabilidade( recusando), restando-nos apreciar se a situação registral deve levar à provisoriedade por dúvidas ou à provisoriedade por natureza, nos termos da alíena a) do nº 2 do art.º 92º do C.R.P.(dando como assente, o que nos parece óbvio, que não pode ter natureza definitiva, considerando a situação registral ).

5 - Pegando num facto indiscutível – de que os prédios se mostram registados( como fazendo parte de uma determinada herança) a favor de pessoas diversas da executada – a opção pela segunda solução antes apontada impõe-se-nos imediatamente.

Ao fundamento do princípio do trato sucessivo, ou seja, da necessidade de intervenção do titular inscrito(art.º 34º, nº 2, do C.R.P.) são pertinentes, quer o facto de o direito inscrito em primeiro lugar prevalecer sobre os seguintes(princípio da prioridade –art.º 6º do C.R.P.) quer o facto de resultar de tal registo a presunção de que o direito existe e pertence ao respectivo titular, nos precisos termos definidos pelo registo(princípio da fé pública registral - 7º do C.R.P.).

Se a falta daquela intervenção determina, na maioria das situações, a qualificação do registo pedido como provisório por dúvidas( removidas, normalmente, pela feitura de registo ou registos em falta, a pedido dos interessados), noutros casos( art.º 92º, nº 2, a) do C.R.P.) determina a qualificação do registo pedido como provisório por natureza( em que

(4) Cfr. o entendimento deste Conselho, consonante com tal interpretação, no parecer

proferido no Pº nº 39/96 R.P. 4, publicado no B.R.N. nº 2/1997, II caderno.

(5) Cfr. este entendimento, firmado por este Conselho a propósito de registo de arresto de

direito e acção a herança indivisa , no Pº nº R.P. 103/99 –DSJ-CT, publicado no B.R.N. nº 1/2000, II caderno.

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a conversão tenderá a ser conseguida sem necessidade de novo pedido e de novo registo – art.º 119º do C.R.P.).

O mecanismo previsto no referido art.º 119º pode vir a garantir tal intervenção - independentemente de ela se vir a dar por verificada com base em declaração ou com base na falta dela( silêncio) -, regime que é mais favorável aos interessados e que não deve ser afastado por uma qualificação por dúvidas.

É claro que o facto de determinado registo ser lavrado provisoriamente por natureza ao abrigo da dita alínea a) não limita a possibilidade de conversão ao disposto no art.º 119º. O registo anterior pode vir a ser cancelado ou rectificado e pode até o interessado decidir-se por pedir o registo ou registos em falta, em caso de desactualização da situação registral..

6 - O que obsta a que, in casu, o registo pedido seja efectuado como está pedido é precisamente o facto de estar em falta a intervenção das titulares inscritas( o encargo não é constituído contra elas), pelo que se impõe que seja qualificado como provisório por natureza, nos termos da alínea a) do nº 2.

Será perfeitamente possível, que a conversão possa vir a conseguir-se pela via do disposto no art.º 119, quer as inscrições G-1 e G-2 se mostrem viciadas(por efeito dos supra referidos averbamentos de rectificação e de conversão), quer não. No primeiro caso, citadas as titulares inscritas, as mesmas podem nada declarar ou declarar(contrariando o que consta registado) que da herança indivisa aberta por óbito de J… não fazem parte os prédios, mas apenas a meação na dissolvida comunhão conjugal( onde os prédios estão incluídos), vindo a impor-se a conversão oficiosa do registo, nos termos do nº 3 do art.º 119º. No segundo caso, a mesma conversão oficiosa poderá vir a dar-se em face de ausência de declaração das titulares inscritas.

No entanto, nada impede que a recorrente interponha o processo de rectificação, em consonância com as nulidades que suscitou, tentando assim obter uma decisão definitiva favorável e que, por essa via, venha a conseguir que “volte” a constar da inscrição G-1 que o regime de bens do casamento da executada é o da comunhão geral e que a inscrição G-2 respeita à transmissão da meação do seu ex-cônjuge, caso em que deixaria de existir obstáculo ao registo definitivo.

Em face de registo de aquisição ou reconhecimento do direito de propriedade ou da mera posse, não é legítimo ao conservador qualificar desfavoravelmente o registo de facto previsto na alínea a) , por outro motivo que não seja a falta de intervenção do respectivo titular, assim como, perante declaração deste de que o bem lhe não pertence ou na ausência de declaração, lhe não é permitido invocar o desajustamento dessa declaração ou do silêncio com a situação registral, devendo converter oficiosamente o registo em causa.

7- Importa agora adiantar a solução jurídico-registral adequada ao caso dos autos. Tentámos demonstrar que o problema é o de uma eventual violação do princípio do trato sucessivo e da necessidade de suprir a intervenção dos titulares inscritos.

Do que resulta que o caso se resolve com aplicação da norma do artigo 92º, nº 2, a). Titulares inscritos são fora de dúvida os sujeitos activos da inscrição G-2, pelo que é no âmbito desta inscrição que o suprimento se tem que verificar.

Afigura-se-nos, assim, que o registo da penhora deverá ser efectuado por meio de averbamento à inscrição G-2, provisoriamente por natureza, nos termos da citada disposição legal.

Este averbamento pode ser convertido com recurso ao mecanismo do artigo 119º do CRP, ou em via de acção comum ou processo de rectificação(6).

(6) Cfr. conclusão IV do parecer proferido no Pº RP 210/2001 DSJ-CT, in BRN /2002 (II),

embora a propósito de situação com contornos diferentes: «Independentemente do cumprimento do mecanismo do art.º 119º do C.R.P., o registo de acção declarativa cuja procedência determine o cancelamento do registo (incompatível) de aquisição, ou mesmo o averbamento da pendência de rectificação deste registo por indevidamente lavrado nos termos do n.º 2 do art.º 121º do C.R.P., determinarão a «conversão» da provisoriedade da alínea b) na provisoriedade da alínea a) do registo de «garantia» e a anotação neste do registo da acção declarativa ou do averbamento da pendência de rectificação, e produzirão o efeito da prorrogação do registo de «garantia» até caducar ou ser cancelado o registo da acção, ou até ser cancelado o averbamento da pendência de rectificação, devendo no caso

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Feita a venda judicial da meação da executada, o facto ingressaria nas tábuas com a “transformação” da referida inscrição G-2, quanto ao seu âmbito subjectivo (incluindo o adquirente na acção executiva) e quanto à causa da aquisição( que seria dissolução por divórcio da comunhão conjugal, sucessão na herança, com subsequente aquisição da meação).

8- Em face do exposto, somos de parecer que deve ser dado provimento parcial ao recurso, efectuando-se o registo provisoriamente por natureza (art.º 92º, nº 2, a) do C.R.P.)(7), formulando as seguintes

Conclusões

I - A provisoriedade por natureza prevista no art.º 92º, nº 2, al. a) do C.R.P. tem a sua razão de ser no cumprimento do princípio do trato sucessivo(art.º 34º, nº 2 do C.R.P.), ou seja, funda-se na falta de intervenção dos titulares inscritos da aquisição ou reconhecimento do direito de propriedade ou da mera posse, por eles não se mostrarem como sujeitos passivos dos factos correspondentes( pessoas contra as quais são constituídos os factos previstos).

II - Penhorada a meação do executado em dissolvida comunhão conjugal, o registo não deve ser qualificado desfavoravelmente – com outro fundamento que não seja o da referida alínea a) – pelo facto de o registo publicitar( daí resultando uma presunção iuris tantum para os titulares inscritos – art.º 7º do C.R.P.) que o prédio em relação ao qual foi pedido o registo não está incluído na mesma comunhão conjugal, quer a aquisição se mostre inscrita a favor do ex-cônjuge, quer os seus efeitos já se tenham transferido para nova inscrição.

de procedência da acção ou do pedido de rectificação/cancelamento o interessado pedir a conversão do registo de «garantia» no prazo de 10 dias a contar do trânsito em julgado da decisão judicial ou da data em que a decisão emitida no processo de rectificação se tornou definitiva (cfr. art.ºs 119º, n.ºs 5 e 6 e 126º, n.º4 do C.R.P.)

(7) Impõe-se-nos uma breve nota (meramente incidental), acerca da rectificação do regime

de bens efectuada à inscrição G-1 e que permitiu a conversão da inscrição G-2, registos em relação aos quais a recorrente suscitou a nulidade.

No pressuposto de que a recorrida se terá certificado quanto à aplicabilidade do direito alemão(cfr. art.ºs 15ºa 18º e 53º do Código Civil), de duas uma, ou a recorrida aplicou aquele direito( quer quanto às disposições relativas à forma de provar, em geral, o regime de bens ,quer quanto às disposições de que , por verificação da impossibilidade de prova, se pode extrair o concreto regime de bens) porque o conhece pessoalmente, ou o aplicou por ter considerado que o mesmo lhe foi dado a conhecer pela comunicação apresentada pelas requerentes da rectificação. Se ocorreu a segunda hipótese não vislumbramos como é que foi possível considerar provado o direito alemão, atendendo à falta de idoneidade da dita comunicação e ainda à ausência de tradução para a língua portuguesa.(cfr. art.ºs 43º, nº 3 do Código do Registo Predial e art.º 85º, nº 2 do Código do Notariado).

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Declaração de voto

Voto vencida a fundamentação e as conclusões do parecer com a seguinte motivação:

Dando como assente a registabilidade da penhora da meação, considero que a questão em apreço não se reconduz simplesmente à falta de trato sucessivo, pelo que o registo deveria ser antes lavrado como provisório por dúvidas quanto à pertinência dos prédios que, em face do registo lavrado sob a cota G-2, se acham integrados em património colectivo diverso. Com efeito, afigura-se que o bem ou direito penhorado – meação – estaria definitivamente registado a favor de pessoa diversa do executado – artigo 92º, nº2, al. a) do Código do Registo Predial – se da inscrição G-2 em vigor resultasse a integração dos prédios no património comum do casal.

Nesse caso, por via do funcionamento do mecanismo de suprimento previsto no artigo 119º do Código do Registo Predial poderia aquele registo de penhora, então lavrado como provisório por natureza e por averbamento especial àquela inscrição G-2, ser convertido em definitivo, nos termos do nº3 do referido artigo, ou seguirem-se os trâmites previstos nos números seguintes do mesmo artigo mas, em qualquer caso, mantendo-se tabularmente estabilizada a pertinência dos prédios ao património colectivo – comunhão conjugal.

Doutro modo, em face das disposições conjugadas dos artigos 92º, nº2, a) e 119º, nº1, do Código do Registo Predial, às titulares definitivamente inscritas, como únicas titulares da herança aberta por óbito do ex-cônjuge marido, poderia caber apenas perguntar se o bem penhorado – o direito à meação – lhes pertencia, e não se os prédios que pretensamente integravam o património conjugal lhes pertenciam ou, sequer, se os mesmos prédios integrariam antes o património autónomo a que se refere a herança indivisa, o que, dependendo da resposta, poderia introduzir incongruências tabulares de difícil superação. Assim, entendo que na situação em tabela importaria, efectivamente, demonstrar que os prédios integram o património comum do casal, suscitando a consideração, no processo próprio de rectificação de registo, do erro quanto ao regime de bens, com reflexo na titularidade dos prédios adquiridos na constância do matrimónio.

Mas, tendo em conta a qualificação que proponho – a provisoriedade por dúvidas – admito, no entanto, que no despacho respectivo possa figurar, desde logo, a possibilidade do registo

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da penhora da meação vir a ser requalificado para provisório por natureza na sequência do impulso da rectificação – cfr. o artigo 126º, nº3, do Código do Registo Predial.

Creio, por último, que a falta de registo anterior no qual resulte patenteada a integração dos prédios na comunhão conjugal, determinaria que a penhora da meação ingressasse na ficha sob a forma de inscrição.

Este parecer foi homologado por despacho do Director-Geral de 09/01/2007.

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