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Rodrigo Rennó Administração Geral e Pública

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Academic year: 2021

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Rodrigo Rennó – Administração Geral e Pública 

Empreendedorismo Governamental e Novas Lideranças no Setor Público. 

 

Empreendedorismo Governamental 

O  primeiro  conceito  que  deve  ser  entendido  é  o  que  realmente  significa  a  palavra  empreendedorismo. O empreendedor não pode ser confundido com empresário! Empreender  é  manejar  os  recursos  disponíveis  da  melhor  maneira,  de  forma  que  sejam  maximizados  a  eficiência e os resultados da organização. Empreender é basicamente fazer acontecer.  

Desta forma, o empreendedorismo governamental não ocorre quando o governo cria e  opera  empresas  públicas,  quando  vende  produtos  e  serviços  ao  mercado.  Ele  ocorre  sempre  quando os gestores públicos aproveitam os recursos disponíveis de novas e melhores formas,  buscando a satisfação e o benefício dos cidadãos.  

O  conceito  de  empreendedorismo  governamental  primeiro  surgiu  com  o  livro  de  Osborne  e  Gaebler  –  “Reinventando  o  Governo  –  como  o  espírito  empreendedor  está  transformando  o  setor  público”.  Estes  autores  se  basearam  em  estudos  de  caso  norte‐ americanos  de  órgãos  e  setores  governamentais,  como  escolas  e  hospitais,  que  estavam  buscando modificar o modelo burocrático então em voga.  

O contexto da época (anos 80) era de grande descrença da população nas capacidades  da Administração Pública de suprir as necessidades da sociedade relativas aos bens públicos e  de  vencer  os  desafios  que  apareciam.  Na  ânsia  de  combater  os  desvios  do  patrimonialismo,  foram  criadas  tantas  “amarras”  para  o  gestor  público  que  se  tornou  cada  vez  mais  difícil  fornecer serviços de qualidade para a população com eficiência. A burocracia criava problemas  na  gestão  dos  serviços  públicos,  pois  tornava  a  máquina  estatal  lenta,  ineficiente  e  pouco  responsiva às necessidades e opiniões de seus “clientes” – os cidadãos! 

Este  cenário  trouxe  muitos  problemas  de  governabilidade  e  governança,  levando  aos  autores  em  questão  a  sugerir  vários  princípios  que  deveriam  fazer  parte  de  um  governo  empreendedor. Estes princípios são: 

O Governo Catalisador – navegando e não remando 

De  acordo  com  os  autores,  o  governo  deve  ter  o  papel  de  indutor  da  sociedade,  de  regulador,  não  mais  de  executor  dos  serviços.  Assim  ele  pode  melhor  modelar  e  regular  a  atividade econômica, de forma a ser mais efetivo e chegar “mais longe” do que antes, quando  executava tudo sozinho! 

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Desta  forma,  ao  navegar  em  vez  de  remar,  os  governos  podem  ser  mais  flexíveis  e  atingir  um  grau  de  qualidade  e  eficiência  maior.  Ao  comprar  os  serviços  e  produtos  no  mercado,  usando  a  competição,  pode  exigir  mais  qualidade  e  menor  custo,  pois  seus  fornecedores  sabem  da  possibilidade  de  substituição (enquanto  os  funcionários  públicos  não  convivem com esta ameaça).    

O Governo é da Comunidade – dar poder ao cidadão, ao invés de servi‐lo  

De  acordo  com  Osborne  e  Gaebler  devem  ser  transferidas  responsabilidades  para  as  comunidades  locais,  pois  estas  são  mais  flexíveis  e  vivenciam  mais  de  perto  os  seus  diversos  problemas.  

Desta forma, a burocracia transfere para as comunidades o poder decisório e o controle  sobre  os serviços  públicos  locais, mas  mantém  a  responsabilidade  final  de  que  estes serviços  sejam  prestados,  ou  seja,  a  garantia  de  que  estará  vigilante  para  que  a  comunidade  efetivamente preste o serviço.    

Governo Competitivo – Injetando competição na prestação de serviços   

A promoção da competição é outro fator considerado fundamental pelos autores. Para  estes  a  competição  leva  ao  aumento  da  eficiência,  força  os  agentes  (públicos  ou  privados)  a  suprir  melhor  as  necessidades  dos  clientes,  aumenta  a  inovação  e  a  criatividade  e  melhora  o  clima organizacional dentro dos órgãos públicos.  

Os  autores,  porém,  não  vislumbravam  apenas  a  competição  do  setor  público  versus  privado! Os próprios órgãos públicos deveriam ser postos em situação de competir com outros  órgãos públicos de forma a quebrar o monopólio da prestação dos serviços públicos e a forçá‐ los a se aprimorar.  

O  Governo  Orientado  para  Missões  –  transformando  os  órgãos  orientados  para  normas 

Outra noção trazida pelos autores é a de redefinir a orientação dos servidores. Ao invés  de  se  trabalhar  para  cumprir  normas,  eles  devem  ser  guiados  por  missões.  A  administração  burocrática leva a uma desmotivação do servidor, pois define de antemão tudo o que ele deve  fazer e como deve executar este trabalho.  

Se o funcionário tem mais liberdade e flexibilidade pode utilizar sua criatividade e poder  de  inovação  para  alcançar  seus  objetivos  e  cumprir  a  missão  do  seu  setor  de  forma  mais  efetiva.   

   

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Governo de Resultados – preocupação com resultados, e não recursos  

A  administração  e  o  controle  dos  resultados  são  fundamentais  para  que  os  governos  possam  atender  melhor  aos  seus  cidadãos.  Normalmente  os  governos  burocráticos  não  controlam resultados, somente os recursos destinados. Desta forma acabam incentivando não  os órgãos eficientes, mas os ineficientes. 

Um hospital, por exemplo, deveria ser remunerado não pelo número de atendimentos,  mas pela redução do número de casos de doença em sua localidade. Uma delegacia de polícia  deveria  ser  avaliada  por  reduzir  a  criminalidade,  e  não  por  número  de  prisões.  Ou  seja,  os  órgãos devem ser avaliados pelos resultados concretos, e não pelos recursos que dispõem.  

O  mesmo  deve  acontecer  com  os  servidores.  Como  os  governos  não  sabem  medir  resultados,  remuneram  por  outros  critérios,  como  tempo  de  casa  e  volume  de  recursos  e  empregados  subordinados,  de  modo  que  os  servidores  não  buscam  atingir  resultados  melhores, mas crescer sua esfera de poder e manter seus cargos.  

Governo e sua Clientela – atendendo às necessidades do cliente e não da burocracia  

Como  os  órgãos  públicos  não  recebem  seus  recursos  diretamente  dos  seus  clientes  (cidadãos), e sim do Legislativo, normalmente não se importam com eles e muitas vezes nem  sabem  direito  quem  são  ou  quais  são  suas  necessidades.  Outro  fator  é  que  normalmente  os  clientes não têm escolha, ou seja, existe um monopólio na prestação daquele serviço.  

A  administração  deve  criar  mecanismos  que  façam  os  servidores  voltarem  suas  atenções aos clientes de seus serviços e que estes tenham condições de escolha na prestação  destes serviços.   

 Governo Empreendedor – gerando receitas e não despesas  

A  busca  de  novas  receitas  deve  ser  incentivada  para  que  o  governo  recupere  sua  capacidade de investir e de gerar mais receitas no futuro. Uma das idéias de Gaebler e Osborne  é a instituição de taxas para os serviços públicos. Outra noção é a de considerar os gastos sob  uma perspectiva de investimento, ou seja, considerando o benefício futuro de cada despesa.  Governo Preventivo – prevenção ao invés da cura   Os governos devem deixar de se preocupar apenas com a resolução dos problemas para  se concentrar nas causas dos problemas. Ao invés de tratar os sintomas, deve‐se buscar evitar  que os problemas apareçam. O estudo e o enfrentamento da origem dos principais problemas  levam o governo a gastar seus recursos de maneira mais eficiente.  Governo Descentralizado – da hierarquia à participação e ao trabalho de equipe  

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Atualmente  as  tecnologias  de  informação  possibilitam  que  exista  uma  descentralização  de  poderes  para  os  níveis  mais  baixos  na  hierarquia  sem  que  a  cúpula  perca  o  controle.  A  descentralização  também  eleva  a  flexibilidade,  a  eficiência  e  o  comprometimento  dos  servidores envolvidos. 

Governo Orientado para o Mercado – construindo mudanças através do mercado 

Os governos devem buscar atuar através de mecanismos de mercado, em vez de tentar  atuar  diretamente.  Ao  criar  incentivos  e  direcionar  a  iniciativa  privada  eles,  podem  ser  mais  efetivos na solução dos problemas da sociedade.  

Os  mercados  não  são  perfeitos,  e  existem  serviços  que  não  se  prestam  à  iniciativa  privada, mas sempre que possível o governo deve induzir e não executar, ou seja, estruturar e  induzir o mercado, e não administrar sozinho. 

Vamos analisar agora umas questões sobre este tema: 

1. (CESPE – TRE‐MA / ANAL JUD – 2005) Os clientes‐alvo a quem o administrador público  de  uma  gestão  tradicional  mais  procura  satisfazer  são  aqueles  ligados  aos  Poderes  Legislativo e Executivo, pois é deles que os recursos se originam.  

 

2. (CESPE – TRE‐BA  /ANAL JUD ‐ ADMINISTRATIVA – 2010)  A construção de uma área de  lazer  destinada  à  promoção  de  atividades  turísticas  e  culturais  por  meio  de  parcerias  com  empresas  privadas  é  um  exemplo  de  empreendedorismo  governamental,  pois  promove a integração entre o governo e determinado grupo social.     3. (CESPE – SENADO / CONSULTOR ADM – 2002) A noção de empreendedorismo público  denota uma postura estratégica proativa de organizações públicas e do próprio Estado  como um empreendedor seletivo.    

4. (CESPE  –  TRE‐MA  /  ANAL  JUD  –  2005)  A  comunicação  pode  fluir  verticalmente  ou  lateralmente. Sob a ótica de um governo empreendedor, a comunicação só deverá fluir  via rede de comunicação formal; sob a ótica da iniciativa privada, a comunicação pode  ser formal ou informal.  

 

5. (CESPE  –  TRE‐MA  /  ANAL  JUD  –  2005)  O  governo  caracteristicamente  empreendedor  fomenta  a  transferência  do  poder  decisório  da  burocracia  para  as  comunidades,  possibilitando a efetiva participação da população de modo a ser eficiente na resolução  dos  problemas  e  no  alcance  dos  objetivos  consensualmente  determinados  por  cada  comunidade.  

 

6. (CESPE – TRE‐MA / ANAL JUD – 2005) Considere que determinada cidade teve aumento  considerável  da  criminalidade  nos  últimos  6  meses.  Em  decorrência  dessa  nova  realidade,  o  governo  decidiu  aumentar  a  contribuição  financeira  para  a  polícia  da  localidade.  Nessa  situação,  é  correto  afirmar  que  tal  atitude  é  característica  de  uma  gestão tradicional de governo.   

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7. (CESPE – TRE‐MA / ANAL JUD – 2005) Quando um governo estadual investe na reforma  dos  holofotes  de  um  campo  de  futebol  para  implantar  um  programa  de  esporte  destinado  a  crianças  de  risco  de  delinqüência  jogarem  à  noite,  tal  ação  é  de  cunho  estratégico.  

 

8. (CESPE – TRE‐MA / ANAL JUD – 2005)  Um princípio inerente ao governo empreendedor  é a sua orientação para missões. Isto significa que as organizações públicas devem ser  rigidamente  dirigidas  por  objetivos,  regulamentos  e  normas  para  que  suas  missões  possam ser eficazmente atingidas.     Gabaritos:    1 – C  2 – C  3 – C  4 –E  5 – C  6 – C  7 – C  8 – E    Bibliografia:    Osborne, D; Gaebler, T. Reinventing Government: how the enterpreneurial spirit is transforming the public  sector. Ed. Addison‐Wesley, 4º Ed. 1992.  Paludo, A.P. Administração Pública. Ed. Campus, 1º Ed. 2010.        Por hoje é só!  Qualquer dúvida estarei disponível no e‐mail abaixo.  Bons estudos e sucesso!!    Rodrigo Rennó  rodrigorenno@euvoupassar.com.br                                     

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