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eBook Do Curso Internacional de Teologia

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Academic year: 2021

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3 A PAZ DO SENHOR JESUS SEJA CONVOSCO

Estamos vivendo tempos de sede espiritual, onde heresias têm procurado se instalar no meio da Igreja. Não basta apenas termos talentos naturais ou compreensão das conseqüências das crises que o mundo atravessa.

Precisamos, exercer influências com nosso testemunho perante os que dispomos a ensinar a Palavra de Deus. Esse treinamento compacto e objetivo da Teologia Sistemática é muito importante porque nos dará ampla visão da teologia Divina, atrairá futuros líderes ao aprendizado e criará um ambiente mais espiritual na nossa Igreja (Koinonia). Aprendizados errados geram desastres e resistência à Obra de Deus.

Somente o correto de forma correta leva ao sucesso, na consciência e submissão ao Espírito Santo que rege a Igreja. Temos que combinar estratégias de ensino com o nosso caráter revelado em nossas vidas; devemos incentivar a confiança dos alunos na Escritura, com coerência e potencial.

Temos capacidade, em Deus, de mudarmos o mundo, começando do mundo interior das consciências humanas dos alunos, que se tornarão futuros evangelizadores capacitados na Palavra de Deus.

Não preguemos a verdade para ferirmos os outros ou para destruir, mas para ajudar e corrigir as almas, com amor, esperando que Deus lhes conceda o entendimento do Reino dos Céus.

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4 DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM RESPONSABILIDADE

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM ORAÇÃO.

A Palavra de Deus é discernida espiritualmente. Por isso, devemos orar pedindo a Deus que abra os nossos olhos para podermos ver as maravilhas de sua lei (1 Co 2.14; Sl 119.18). Entender a Bíblia é uma virtude espiritual que somente Deus pode nos dar (Ef 1.17-19). A qualidade de nosso estudo teológico passa pela qualidade de nossa espiritualidade, que se manifesta numa vida de dependência de Deus pela oração.

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM HUMILDADE.

A Bíblia diz que ―Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes‖ (1 Pe 5.5). À medida que aprendemos das Escrituras, devemos ter o cuidado de não nos orgulharmos, assumindo assim uma atitude de superioridade em relação àqueles que não conhecem o que temos estudado. Para evitar o orgulho, devemos associar o conhecimento ao amor (1 Co 8.1).

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM A RAZÃO.

Podemos e devemos usar nossa razão para estudar e tirar conclusões do estudo das Escrituras Sagradas, mas nunca fazer deduções que contradiga o que a própria Bíblia diz. Nossas conclusões lógicas podem muitas vezes ser errôneas, pois os pensamentos de Deus são mais altos que os nossos pensamentos (Isaias 55.8-9). A Bíblia é a essência da verdade, e todo o seu conteúdo é justo e permanente (Salmos 119.160). Toda conclusão lógica que

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5 tivermos ao estudar teologia, deve estar em harmonia com toda a Bíblia. Caso contrário, nossa lógica está enganada, pois a Bíblia não se contradiz jamais.

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM A AJUDA DE OUTROS.

Deus estabeleceu mestres na igreja e seminários de teologia (1 Co 12.28). Isso significa que devemos ler livros escritos por teólogos e seminários preparados como o Seminário Gospel. Conversar com outros cristãos sobre teologia é também uma excelente maneira de conhecer mais sobre Deus.

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COMPILANDO PASSAGENS BÍBLICAS.

O uso de uma boa concordância bíblica nos ajudará a procurar palavras-chave sobre determinado assunto. Resumir versículos relevantes e estudar passagens difíceis também ajuda. É grande a alegria ao descobrir temas bíblicos. É a recompensa do próprio estudo.

DEVEMOS ESTUDAR TEOLOGIA COM ALEGRIA.

Não podemos estudar teologia de forma fria, pois ela trata do Deus vivo e de suas maravilhas. O estudo da Bíblia é uma maneira de amar a Deus de todo o coração (Dt 6.5), pois seus ensinamentos ―dão alegria ao coração‖, são grandes riquezas (Sl 19.8; 119.14). No estudo da teologia somos levados a dizer: ―Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Quem primeiro lhe

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6 deu, para que ele o recompense? Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém‖ (Rm 11.33-36).

CURIOSIDADES BÍBLICAS:

A palavra Bíblia vem do grego, através do latim, e significa: livros.

Os primeiros materiais utilizados para as escrituras foram: a pedra, usada por Moisés para receber os dez mandamentos (Êxodo 24:12 e 34:1); o papiro, material extraído de uma planta aquática desse mesmo nome (Jó 8:11; Isaías 18:2); de papiro deriva o termo papel (II João 12) e o pergaminho, pele de animais, curtida e preparada para escrita, usado a partir do início do século i, na Ásia menor (II Timóteo 4:13).

A Bíblia inteira foi escrita num período que abrange mais de 1600 anos.

A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo após a invenção do prelo, em 1452 em Mainz, Alemanha.

A primeira Bíblia em português foi impressa em 1748, a tradução foi feita a partir da vulgata latina e iniciou-se com d. diniz (1279-1325).

A divisão em capítulos foi introduzida pelo professor universitário parisiense Stephen langton, em 1227, que viria a ser eleito bispo de cantuária pouco tempo depois.

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7 A divisão em versículos foi introduzida em 1551, pelo impressor parisiense Robert Stephanus. Ambas as divisões tinham por objetivo facilitar a consulta e as citações bíblicas, e foi aceita por todos, incluindo os judeus;

O versículo central da Bíblia é o Salmo 118:8, o qual divide a mesma ao meio.

Os livros de Ester e cantares de Salomão não possuem a palavra ―Deus‖.

A frase ―não temas‖, ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada dia do ano!

Há 3573 promessas na Bíblia.

O antigo testamento encerra citando a palavra ―maldição‖, o novo testamento encerra citando ―a graça de nosso Senhor Jesus Cristo‖.

A Bíblia completa pode ser lida em 70 horas e 40 minutos, na cadência de leitura de púlpito. O antigo testamento leva 52 horas e 20 minutos. O novo testamento, 18 horas e 20 minutos. Para ler a Bíblia toda em um ano basta ler 5 capítulos aos domingos e 3 nos demais dias da semana.

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8 COMO PODEMOS SABER SE A BÍBLIA É INFALÍVEL?

A PRÓPRIA BÍBLIA O AFIRMA:

A Bíblia afirma em várias passagens acerca de si mesma que ela é a palavra de Deus e não contem erros (II Timóteo 3:16-17; II Pedro 1:20-21; Mateus 24:35)

A expressão "assim diz o senhor" e equivalentes encontram-se cerca de 3.800 vezes na Bíblia.

Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano, como tradução mal feita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem estuda, falsa aplicação quanto aos sentidos do texto, etc. saibamos refletir como Agostinho, que disse: ―num caso desse, deve haver erro do copista, que não consigo entender...‖

A BÍBLIA FAZ REFERÊNCIA A FATOS ATUAIS:

A primeira citação da redondeza da terra é feita na Bíblia, e não por Galileu Galileu (Isaías 40: 22).

O trânsito pesado e veloz, os cruzamentos e os faróis acesos aparecem descritos exatamente como são hoje (Naum 2:4).

A mensagem através de "out-doors" é uma citação bíblica detalhada (Habacuque 2: 2).

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9 A primeira referência a impressões digitais aparece no livro mais antigo da Bíblia (Jó 37:7).

A UNIDADE DA BÍBLIA É UM MILAGRE:

Unidade da Bíblia só pode ser explicada como um milagre. Há nela 66 livros, escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses homens tinham diferentes atividades e escreveram sob diferentes situações.

Na maior parte dos casos não se conhecem e nada sabiam sobre o que já havia sido escrito pelos outros. Tudo isto somando num livro puramente humano daria uma babel indecifrável!

A BÍBLIA TEM UM ÚNICO TEMA CENTRAL:

É o Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo declara em Lucas 24: 27, 44 e João 5:39. Considerando Cristo como o tema central da Bíblia, os 66 livros apontam para Ele:

Gênesis: Jesus é o descendente da mulher (3:15) Êxodo: é o cordeiro pascal (12:5-13)

Levíticos: é o sacrifício expiatório (4:14,21) Números: é a rocha ferida (20:7-13)

Deuteronômio: é o profeta (18:15)

Josué: é o príncipe dos exércitos do senhor (5:14) Juízes: é o libertador (3:9)

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10 Reis e Crônicas: é o rei prometido (I Reis 4:34)

Ester: é a providência divina (4:14) Jó: é o nosso redentor (19:25)

Salmos: é o nosso socorro e alegria (46:1) Provérbios: é a sabedoria de Deus (8:22-36) Cantares: é o nosso amado (2:8)

Eclesiastes: é o pregador perfeito (12:10) Profetas: é o messias prometido (Mateus 2:6) Evangelhos: é o salvador do mundo (João 3) Atos: é o cristo ressurgido (2:24)

Epístolas: é a cabeça da igreja (Efésios 4:14) Apocalipse: é o alfa e o ômega (22:13)

Podemos afirmar que a Bíblia é a palavra de Deus, nossa única regra de fé e prática e infalível, nenhuma de suas promessas jamais falhou e seguir suas orientações é garantia de sucesso em todas as áreas da vida.

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PRIMEIRO MÓDULO

INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA

A Teologia Sistemática é uma importante ferramenta em nos ajudar a compreender e ensinar a Bíblia de uma forma organizada.

DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA

A palavra ―teologia‖ é derivada dos termos gregos theos, que significa ―Deus‖ e iogos, que significa ―palavra‖, ―discurso‖, ―tratado‖ ou ―estudo‖. A Teologia pode então ser conceituada, do modo mais simples, como ―a ciência do estudo de Deus‖. O seu campo é estendido não apenas à pessoa de Deus, mas também às Suas obras, de forma que ela tem sido chamada de ―o estudo de Deus e de sua relação para com o Universo‖,―Sistematizar‖, por sua vez, é ―reduzir diversos elementos a um sistema‖ ou ―agrupar em um corpo de doutrina‖. Sistemático, portanto, é aquilo que segue um sistema, uma ordenação, um método.

Quando se aplica o adjetivo a essa disciplina da enciclopédia teológica não se quer dizer que outras disciplinas (como a exegese ou a teologia bíblica) não seguem qualquer sistema, mas que é a Teologia Sistemática que procura oferecer a verdade acerca de Deus e sua obra, apresentada na Bíblia, como um todo, como um sistema unificado.

Teologia Sistemática é qualquer estudo que responda à pergunta: ―O que a Bíblia toda nos ensina hoje?‖ sobre qualquer assunto. (John Frame,

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12 Westminister Seminary, Escondido, Califórnia – EUA). Essa definição índica que Teologia Sistemática envolve coletar e compreender todas as passagens relevantes na Bíblia sobre vários assuntos e então resumir seus ensinos claramente de modo que conheçamos aquilo que cremos sobre cada assunto.

OUTRAS DEFINIÇÕES DE TEOLOGIA

ALEXANDER:

A ciência de Deus. Um resumo da verdade religiosa cientificamente arranjada, ou uma coleção filosófica de todo o conhecimento religioso (W. Lindsay Alexander).

CHAFER:

Teologia sistemática pode ser definida como a coleção, cientificamente arrumada, comparada, exibida e defendida de todos os fatos de toda e qualquer fonte referentes a Deus e às Suas obras. Ela é temática porque segue uma forma de tese humanamente idealizada, e apresenta e verifica a verdade como verdade (Lewis Sperry Chafer).

HODGE:

A teologia sistemática tem por objetivo sistematizar os fatos da Bíblia, e averiguar os princípios ou verdades gerais que tais fatos envolvem (Charles Hodge).

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13 THOMAS:

A ciência é a expressão técnica das leis da natureza; a teologia é a expressão técnica da revelação de Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos espirituais da revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo de ensinamentos. A doutrina, assim, corresponde às generalizações da ciência (W. H. Griffith Thomas)

STRONG:

A ciência de Deus e dos relacionamentos de Deus com o universo (A. H. Strong).

SHEDD:

Uma ciência que se preocupa com o infinito e o finito, com Deus e o universo. O material, portanto, que abrange é mais vasto do que qualquer outra ciência. Também é a mais necessária de todas as ciências (W. G. T. Shedd).

DEFINIÇÕES ERRADAS:

Para definir teologia foram empregados alguns termos enganadores e injustificados. Já se declarou que ela é "a ciência da religião"; mas o termo religião de maneira nenhuma é um sinônimo da Pessoa de Deus e de toda a Sua obra. Da mesma forma já se disse que ela é "o tratamento científico daquelas verdades que se encontram na Bíblia; mas esta ciência, embora extrai porção maior do seu material das Escrituras, extrai também o seu material de toda e qualquer fonte. A teologia sistemática também tem sido definida como o

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14 arranjo ordeiro da doutrina cristã; mas como o cristianismo representa apenas uma simples fração de todo o campo da verdade relativa à Pessoa de Deus e o Seu universo, esta definição não é adequada.

OUTRAS AREAS DA TEOLOGIA ABORDADAS EM CURSOS DE

BACHAREIS EM TEOLOGIA DO SEMINÁRIOGOSPEL.COM

TEOLOGIA BÍBLICA:

Investiga a verdade de Deus e o Seu universo no seu desenvolvimento divinamente ordenado e no seu ambiente histórico conforme nos apresentados diversos livros da Bíblia. A teologia bíblica é a exposição do conteúdo doutrinário e ético da Bíblia, conforme originalmente revelada. A teologia bíblica extrai o seu material exclusivamente da Bíblia, seu período compreende somente até o final da era apostólica.

TEOLOGIA DOGMÁTICA:

É a sistematização e defesa das doutrinas expressas nos símbolos da Igreja. Assim temos "Dogmática Cristã", por H. Martensen, com uma exposição e defesa da doutrina luterana; "Teologia Dogmática", por Wm. G. T. Shedd, como uma exposição da Confissão de Westminster e de outros símbolos presbiterianos; e "Teologia Sistemática", por Louis Berkhof, como uma exposição da teologia reformada.

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15 TEOLOGIA EXEGÉTICA:

Estuda o Texto Sagrado e assuntos relacionados, através do estudo das línguas originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da teologia bíblica.

TEOLOGIA HISTÓRICA:

Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também investiga as variações sectárias e heréticas da verdade. Ela abrange história bíblica, história da igreja, história das missões, história da doutrina e história dos credos e confissões. A teologia histórica tem seu período compreendido desde a era apostólica até os dias atuais.

TEOLOGIA NATURAL:

Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo que se encontra revelado na natureza.

TEOLOGIA PRÁTICA:

Trata da aplicação da verdade aos corações dos homens trazidas pelos outros ramos da teologia, sobretudo a sistemática. Ela busca aplicar à vida prática os ensinamentos das outras teologias, para edificação, educação, e aprimoramento do serviço dos homens. Ela abrange os cursos de homilética, administração da igreja, liderança liturgia, educação cristã e missões.

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16 OBJETIVO DA TEOLOGIA

―A coleção, o arranjo lógico, a comparação, a exposição e a defesa de todos os fatos de todas as fontes com respeito a Deus e Suas relações com o Universo‖ (Paul Davidson, Vol. I, p. 2).

―O papel da Teologia como ciência não é criar fatos, mas descobri-los e apresentar a relação deles entre si. Os fatos com que lida a Teologia estão na Bíblia‖ (Paul Davidson, idem).

LIMITAÇÕES AO CONHECIMENTO TEOLÓGICO

Limitações da mente humana (Rm 11:33; 2 Pe 3:16); Limitações da linguagem humana (2 Co 12:4);

Restrições colocadas pelo próprio Deus (Deuteronômio 29:29; Provérbios 25:2; Marcos 13:32; Jô 16:12; Atos 1:7).

Para chegarmos à organização que temos hoje, foram necessários anos de estudos e combate às heresias. Após a era apostólica (morte dos apóstolos) surgiram figuras de muita importância no cenário cristão, os apologistas, estudiosos cristãos que defendiam a fé diante das heresias que surgiam em sua época, como Justino Mártir, Tertuliano, Irineu entre outros (100 – 451 d.c.). Essa apologética contribuiu em muito para a organização das doutrinas bíblicas como as temos hoje.

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A NATUREZA DA DOUTRINA

A Bíblia Sagrada dá grande relevância à doutrina, e afirma fornecer o material próprio para seu conteúdo. Ela é enfática em sua condenação contra o que é falso. Adverte contra as "doutrinas dos homens" (Cl. 2.22); contra a "doutrina dos fariseus" (Mt. 16.12); contra os "ensinos de demônios" (I Tim. 4.1); contra os que ensinam "doutrinas que são preceitos de homens" (Mc. 7.7); contra os que "são levados ao redor por todo vento de doutrina" (Ef.4.14).

No entanto, se por um lado a Bíblia condena o falso profeta, por outro exorta e recomenda a verdadeira doutrina. Entre outras coisas para a doutrina que "da Escritura é... útil para o ensino" (2 Tim. 3.16). Portanto, nas Escrituras a doutrina é reputada como "boa" (I Tim. 4.6); "sã" (I Tim. 1.10); "segundo a piedade" (I Tim. 6.3); "de Deus" (Tt. 2.10), e "de Cristo" (II Jo.9).

Para alguns cristãos, a palavra "doutrina" pode se mostrar um tanto ameaçadora. Ela evoca visões de crenças muito técnicas, difíceis e abstratas, talvez apresentadas de forma dogmática. Doutrina, entretanto, não é isso.

A doutrina cristã é apenas a declaração das crenças mais fundamentais do cristão: crenças sobre a natureza de Deus; sobre sua ação; sobre nós, que somos suas criaturas; e sobre o que Deus fez para nos trazer à comunhão com ele.

Longe de serem áridas ou abstratas, são as espécies mais importantes de verdades. São declarações sobre as questões fundamentais da vida, ou seja, quem sou eu? Qual é o sentido último do universo? Para onde vou? A doutrina cristã, portanto, constitui-se

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18 das respostas que o cristão dá àquelas perguntas que todos os seres humanos fazem.

A doutrina lida como verdades gerais ou atemporais sobre Deus e sobre o restante da realidade. Não é apenas um estudo de eventos históricos específicos tais como o que Deus fez, mas da própria natureza do Deus que atua na história.

Crenças doutrinárias corretas são essenciais no relacionamento entre o cristão e Deus. Assim, por exemplo, o autor de Hebreus disse: ―De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, portanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hb. 11.6).

Também importante para um relacionamento adequado com Deus é a crença na humanidade de Jesus; João escreveu: " Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus" (I Jo 4.2).

Paulo destacou a importância da crença na ressurreição de Cristo: " Se você confessar com a boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação" (Rom. 10.9,10,NIV).

A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA

É comum em nossas igrejas, principalmente as pentecostais, existir um sentimento de negativismo em relação à teologia, certa vez ouvi um obreiro

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19 dizer o seguinte: “eu não compro uma Bíblia de estudo porque contém teologia de homens”, Bíblias de estudo à parte, esta opinião equivocada tem contribuído para que o ensino teológico seja colocado à margem, talvez por um desconhecimento da teologia e seus efeitos na vida cristã individual e da igreja. A importância da teologia se dá em alguns aspectos:

SATISFAZ A MENTE HUMANA

Deus quando criou o homem, deu-lhe uma capacidade especial, o intelecto, a razão, ou raciocínio, é da mente humana querer entender o que está ao seu redor, o homem não concebe viver sem entender a vida, já dizia o filósofo Sócrates ―uma vida sem reflexão não merece ser vivida‖. A teologia como ciência humana, vem para tentar preencher a lacuna do entendimento humano acerca de Deus, fundamentando-se no que Ele revelou em sua Palavra, a Bíblia, que é a fonte primária da teologia (Mateus 22.37).

AJUDA NA FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO

A teologia injeta em nosso intelecto um conhecimento sobre Deus que influi no desenvolvimento do nosso caráter cristão, moldando a nossa mente para tornar-se parecida com a de Cristo, ter uma mente cristã é ver o mundo com a lente dos ensinamentos de Cristo.

―Ter a mente cristã é compreender o mundo ao nosso redor, influenciados pela verdade de Deus, a ponto de, mesmo imperfeitamente, pensarmos os pensamentos de Deus a respeito de qualquer assunto: desde o salário digno de uma empregada doméstica que tem duas crianças para cuidar e alimentar até as implicações éticas da biogenética. Entre outras coisas, ter a mente cristã é

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20 também fazer a análise de um filme ou de uma novela, à luz do ensino do evangelho.” (R. RAMOS, 2003, p. 20)

SERVE PARA PUREZA E DEFESA DO CRISTIANISMO

Ao longo da história da Igreja, surgiram, e ainda surgem muitas teorias, doutrinas, correntes, heresias e afins. Para que a igreja esteja preparada para combater isso e manter uma doutrina bíblica pura, sua teologia precisa estar fundamenta da Bíblia, alguns movimentos religiosos têm sua doutrina fundamentada em teorias que foram combatidas ainda pelos pais da igreja, a doutrina da trindade é um exemplo disso.

CONTRIBUI PARA O AVANÇO DO EVANGELHO

A Igreja avança de forma sadia quando compreende o significado do evangelho, sendo capaz de dar uma explicação inteligível da verdade a outrem. Os líderes da Igreja têm a responsabilidade de cuidar do desenvolvimento do rebanho (Ef. 4.11-14).

FUNDAMENTA A PRÁTICA CRISTÃ

Para o cristão é imprescindível entender as escrituras para por em prática os seus mandamentos, a qualidade da nossa espiritualidade é proporcional à qualidade do nosso entendimento da Bíblia.

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21 AS ESCRITURAS

2 Timóteo 3.16,17 ―Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.‖

O termo ―Escritura‖, conforme se encontra em 2 Timóteo 3.16, refere-se principalmente aos escritos do Antigo Testamento(3.15). Há evidências, porém, de que escritos do Novo Testamento já eram considerados Escritura divinamente inspirada por volta do período em que Paulo escreveu 2 Timóteo (1Tm 5.18, cita Lc 10.7; 2Pe 3.15,16). Para nós, hoje, a Escritura refere-se aos escritos divinamente inspirados tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento. São (os escritos) a mensagem original de Deus para a humanidade, e o único testemunho infalível da graça salvífica de Deus para todas as pessoas.

Paulo afirma que toda a Escritura é inspirada por Deus. A palavra ―inspirada‖ (gr. theopneustos) provém de duas palavras gregas: Theos, que significa ―Deus‖, e pneuo, que significa ―respirar‖. Sendo assim, ―inspirado‖ significa ―respirado por Deus‖. Toda a Escritura, portanto, é respirada por Deus; é a própria vida e Palavra de Deus. A Bíblia, nas palavras dos seus manuscritos originais, não contém erro; sendo absolutamente verdadeira, fidedigna e infalível. Esta verdade permanece inabalável, não somente quando a Bíblia trata da salvação, dos valores éticos e da moral, como também está isenta de erro em tudo aquilo

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22 que ela trata, inclusive a história e o cosmos cf. 2Pe 1.20,21; veja também a atitude do salmista para com as Escrituras no Salmos 119).

Os escritores do Antigo Testamento estavam conscientes de que o que disseram ao povo e o que escreveram é a Palavra de Deus (ver Dt 18.18; 2Sm 23.2). Repetidamente os profetas iniciavam suas mensagens com a expressão: ―Assim diz o Senhor‖.

Jesus também ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de Deus até em seus mínimos detalhes (Mateus 5.18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele disse foi recebido da parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19, 30,31; 7.16; 8.26). Ele falou da revelação divina ainda futura (a verdade revelada do restante do Novo Testamento), da parte do Espírito Santo através dos apóstolos (Jo 16.13; cf. 14.16,17; 15.26,27).

Negar a inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é desprezar o testemunho fundamental de Jesus Cristo (Mateus 5.18; 15.3-6; Lc 16.17; 24.25-27, 44,45; Jo 10.35), do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13; 1Co 2.12-13; 1Tm 4.1) e dos apóstolos (3.16; 2Pe 1.20,21). Além disso, limitar ou descartar a sua inerrância é depreciar sua autoridade divina.

Na sua ação de inspirar os escritores pelo seu Espírito, Deus, sem violar a personalidade deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro (3.16; 2Pe 1.20,21; ver 1Co 2.12,13 notas).

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23 A inspirada Palavra de Deus é a expressão da sabedoria e do caráter de Deus e pode, portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em Cristo (Mateus 4.4; Jo 6.63; 2 Timóteo 3.15; 1Pe 2.2).

As Sagradas Escrituras são o testemunho infalível e verdadeiro de Deus, na sua atividade salvífica a favor da humanidade, em Cristo Jesus. Por isso, as Escrituras são incomparáveis, eternamente completas e incomparavelmente obrigatórias. Nenhuma palavra de homens ou declarações de instituições religiosas igualam-se à autoridade delas.

Qualquer doutrina, comentário, interpretação, explicação e tradição deve ser julgado e validado pelas palavras e mensagem das Sagradas Escrituras (ver Dt 13.3).

As Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus devem ser recebidas, cridas e obedecidas como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mateus 5.17-19; Jo 14.21; 15.10; 2 Timóteo 3.15,16; ver Êx 20.3). Na Igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (2 Timóteo 3.16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso a Deus e à sua Palavra como a autoridade máxima (Jo 8.31,32, 37).

Só podemos entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia com o Espírito Santo. É Ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o seu sentido, e quem dá testemunho em nosso interior da sua autoridade (ver 1Co 2.12).

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24 Devemos nos firmar na inspirada Palavra de Deus para vencer o poder do pecado, de Satanás e do mundo em nossas vidas (Mateus 4.4; Ef 6.12,17; Tg 1.21).

Todos devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como a única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo. Devemos manter puras as suas doutrinas, observando fielmente os seus ensinos, proclamando a sua mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e defendendo-as contra todos que procuram destruir ou distorcer suas verdades eternas (ver Fp 1.16; 2 Timóteo 1.13,14 notas; 2.2; Jd 3). Ninguém tem autoridade de acrescentar ou subtrair qualquer coisa da Escritura (ver Dt 4.2 nota; Apocalipse 22.19 nota).

Um fato final a ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua inspiração somente no texto original dos livros que lhe são inerentes. Logo, sempre que acharmos nas Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de pressupor que o escritor daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter em mente três possibilidades no tocante a um tal suposto problema:

(a) as cópias existentes do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão;

(b) as traduções atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem conter falhas; ou

(c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser incompleta ou incorreta.

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A DOUTRINA DE DEUS

DEFINIÇÕES BÍBLICAS:

As expressões "Deus é Espírito" (Jo. 4: 24) e "Deus é Luz " ( I Jo.1:5), são expressões da natureza essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é amor" ( I Jo. 4:7) é expressão de Sua personalidade. ( I Tm.6:16)

DEFINIÇÃO CRISTÃ DO BREVE CATECISMO:

Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.

DEFINIÇÃO FILOSÓFICA DE PLATÃO:

Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem.

DEFINIÇÃO COMBINADA: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas têm sua origem, sustentação e fim (Jo. 4:24; Ne. 9:6; Apocalipse l:8; Is. 48:12; Apocalipse 1:17).

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A EXISTÊNCIA DE DEUS

TEORIAS SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS:

ATEÍSMO: Nega a existência teórica e prática de Deus.

DEÍSMO: Deus criou, mas se retirou e deixa a criação à sua própria sorte. Não interfere.

PANTEÍSMO: Deus é uma força impessoal que está presente em tudo.

TEÍSMO: Existe um Deus, vivo e pessoal, que criou e governa todas as coisas.

Não se pode duvidar da existência de ateus práticos, visto que tanto a Escritura como a experiência a atestam. A respeito dos ímpios o Salmo 14.1 declara: ―Diz o insensato no seu coração: não há Deus‖ (Salmos 10.4b). E Paulo lembra aos Efésios que eles tinham estado anteriormente ―sem Deus no mundo‖, Efésios 2.12. A experiência também dá abundante testemunho da presença deles no mundo. Eles não são necessariamente ímpios notórios aos olhos dos homens, mas podem pertencer aos assim chamados ―homens decentes do mundo‖, embora consideravelmente indiferentes para com as coisas espirituais.

Tais pessoas muitas vezes têm a consciência do fato de que estão em desarmonia com Deus, tremem ao pensar em defrontá-lo e procuram esquecê-lo. Parecem Ter um secreto prazer em exibir o seu ateísmo quando tudo vai bem, mas é sabido que dobram os seus joelhos em oração quando sua vida entra repentinamente em perigo. Na época presente, milhares desses ateus práticos pertencem à Associação Americana para o Progresso do Ateísmo.

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27 Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da teologia. Não há sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se não se admite que Deus existe. A pressuposição da teologia cristã é um tipo muito definido. A suposição não é apenas de que há alguma coisa, alguma idéia ou ideal, algum poder ou tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que há um ser pessoal auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em cada parte da criação.

Pode-se levantar a questão se esta suposição é razoável, questão que pode ser respondida na afirmativa. Não significa, contudo, que a existência de Deus é passível de uma demonstração lógica que não deixa lugar nenhum para dúvida; mas significa, sim, que, embora verdade da existência de Deus seja aceita pela fé, esta fé, se baseia numa informação confiável.

Embora a teologia reformada considere a existência de Deus como pressuposição inteiramente razoável, não se arroga a capacidade de demonstrar isto por meio de uma argumentação racional.

Dr. Kuyper fala como segue da tentativa de fazê-lo: ―A tentativa de provar a existência de Deus ou é inútil ou é um fracasso. É inútil se o pesquisador acredita que Deus recompensa aqueles que O procuram. É um fracasso se, se trata de uma tentativa de forçar, mediante argumentação, ao reconhecimento, num sentido lógico, uma pessoa que não tem esta pistis‖

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28 ACEITAR A EXISTENCIA DE DEUS PELA FÉ

O Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. A prova bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus.

O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6 ―… é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam‖. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, ―No principio criou Deus os céus e a terra‖. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas também como o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivíduos e nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa realização do Seu grandioso propósito de redenção.

O preparo para esta obra, especialmente na escolha e direção do povo de Israel na velha aliança, vê-se claramente no Velho Testamento, e a sua culminação inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas páginas do Novo testamento. Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável.

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29 Deve-se notar, contudo, que é somente pela fé que aceitamos a revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo. Disse Jesus, ―Se alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo‖, João 7.17. É este conhecimento intensivo, resultante de íntima comunhão com Deus, que Oséias tem em mente quando diz, ―Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor‖, Oséias 6.3.

O incrédulo não tem nenhuma real compreensão da palavra de Deus. As palavras de Paulo são pertinentes nesta conexão: ―Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela loucura da pregação‖, 1 Coríntios 1.20, 21.

PROVAS RACIONAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS.

No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existência de Deus. Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela influência de Wolff. Alguns deles já tinham sido sugeridos, em essência, por Platão e Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por estudiosos da filosofia da religião. Somente os mais comuns podem ser apresentados aqui.

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30 Este argumento foi apresentado em várias formas por Anselmo, Descartes, Samuel Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por Anselmo. Este argumenta que o homem tem a idéia de um ser absolutamente perfeito; que a existência é atributo de perfeição; e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir. Mas é evidente que não podemos tirar uma conclusão quanto à existência real partindo de um pensamento abstrato.

O fato de que temos uma idéia de Deus ainda não prova a Sua existência objetiva. Além disto, este argumento pressupõe tacitamente como já existente na mente humana o próprio conhecimento da existência de Deus que teria que derivar de uma demonstração lógica. Kant declarou, com ênfase, insustentável este argumento, mas Hegel o aclamou como um grande argumento em favor da existência de Deus. Alguns idealistas modernos sugeriram que ele poderia ser proposto de forma um tanto diferente, como a que Hocking chamou, ―O registro da experiência‖. Em virtude podemos dizer: ―Tenho idéia de Deus: portanto, tenho experiência de Deus‖.

O ARGUMENTO COSMOLÓGICO.

Este argumento tem aparecido em diversas formas. Em geral se apresenta como segue: Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada; sendo assim, o universo também tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa indefinidamente grande. Contudo, o argumento não produz convicção, em geral. Hume questionou a própria lei de causa e efeito, e Kant assinalou que, se tudo que existe tem uma causa adequada, isto se aplica também a Deus, e, assim, somos suposição de que o cosmo teve uma causa única, uma causa pessoal e absoluta, e, portanto, não prova a existência de Deus. Esta dificuldade

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31 levou a uma construção ligeiramente diversa do argumento como, por exemplo, a que B.P.Bowne fez.

O universo material aparece como sistema interativo e, portanto, como uma unidade que consiste de várias partes. Daí, deve haver um Agente Integrante que veicule a interação das várias partes ou constitua a base dinâmica da existência delas.

O ARGUMENTO TELEOLÓGICO.

Este argumento também é causal e, na verdade, é apenas uma extensão do imediatamente anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda parte o mundo revela inteligência, ordem, harmonia e propósito, e assim implica a existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como este. Kant considera este argumento o melhor dos três que mencionamos, mas alega que ele não prova a existência de Deus, nem de um criador, mas somente a de um grande arquiteto que modelou o mundo.

É superior ao argumento cosmológico no sentido de que explicita aquilo que não é firmado no anterior, a saber, que o mundo contém evidências de inteligência e propósito. Não se segue necessariamente que este ser é o Criador do mundo. ―A prova teológica‖. Diz Wright. ―indica apenas a provável existência de uma mente que, ao menos em considerável medida, controla o processo do mundo, suficiente para explicar a quantidade de teleologia que nele transparece‖. Hegel considerava este argumento válido, mas o tratava como um argumento subordinado. Os teólogos sociais dos nossos dias rejeitam-no, juntamente com todos os outros argumentos, como puro refugo, mas os neoteístas o aceitam.

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32 O ARGUMENTO MORAL.

Como os outros argumentos, este também assumiu diferentes formas. Kant tomou seu ponto de partida no imperativo categórico, e deste deferiu a existência de alguém que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de dominar o homem. Em sua opinião, este argumento é muito superior a qualquer dos outros. É o argumento em que se apóia principalmente, em sua tentativa de provar a existência de Deus.

Esta pode ser uma das razões pelas quais este argumento é mais geralmente reconhecido do que qualquer outro, embora nem sempre com a mesma formulação. Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes observada entre a conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam na vida presente, e acham que isso requer um ajustamento no futuro que, por sua vez, exige um árbitro justo. A teologia moderna também o usa amplamente, em especial na forma de que o reconhecimento que o homem tem do Sumo Bem e a sua busca de uma ideal moral exigem e necessitam a existência de um ser santo e justo, não torna obrigatória a crença em um Deus, em um Criador ou em um Ser de infinitas perfeições.

O ARGUMENTO HISTÓRICO OU ETNOLÓGICO.

Em geral este argumento toma a seguinte forma: Entre todos os povos e tribos da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores. Visto que o fenômeno é universal, deve pertencer à própria natureza do homem. E se a natureza do homem naturalmente leva ao culto religioso, isto só pode achar sua explicação num ser superior que constituiu o homem um ser religioso. Todavia,

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33 em resposta a este argumento, pode-se dizer que este fenômeno universal pode ter-se originado num erro ou numa compreensão errônea de um dos primitivos progenitores da raça humana, e que o culto religioso referido aparece com mais vigor entre as raças primitivas e desaparece à medida que elas se tornam civilizadas.

Ao avaliar estes argumentos racionais, deve-se assinalar antes de tudo que os crentes não precisam deles. Sua convicção a respeito da existência de Deus não depende deles, mas, sim, da confiante aceitação da auto-revelação de Deus na Escritura. Se muitos em nossos dias estão querendo firmar sua fé na existência de Deus nesses argumentos racionais, isto se deve em grande medida ao fato de que eles se negam a aceitar o testemunho da palavra de Deus. Além disso, ao usar estes argumentos na tentativa de convencer pessoas incrédulas, será bom ter em mente que de nenhum que nenhum deles se pode dizer que transmite convicção absoluta.

Ninguém fez mais para desacreditá-los que Kant. Desde o tempo dele, muitos filósofos e teólogos os têm descartado como completamente inúteis, mas hoje os referidos argumentos estão recuperando apoio e o seu número está crescendo. E o fato de que em nossos dias tanta gente acha neles indicações satisfatórias da existência de Deus, parece indicar que eles não são inteiramente vazios de valor. Têm algum valor para os próprios crentes, mas devem ser denominados testimonia, e não argumentos.

Eles são importantes como interpretações da revelação geral de Deus e como elementos que demonstram o caráter razoável da fé em um ser divino. Além disso. Podem prestar algum serviço na confrontação com os adversários.

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34 Embora não provem a existência de Deus além da possibilidade de dúvida e a ponto de obrigar o assentimento, podem ser elaborados de maneira que estabeleçam uma forte probabilidade e, por isso, poderão silenciar muitos incrédulos.

CONCLUSÃO:

Nada podemos saber de Deus, se Ele mesmo não quiser revelar. Todo nosso conhecimento de Deus é derivado de sua auto-revelação na natureza e nas escrituras sagradas, precisamos de um relacionamento pessoal intimo com ELE.

ESSÊNCIA, NATUREZA DE DEUS:

Quando falamos em essência de Deus, queremos significar tudo o que é essencial ao Seu Ser como Deus, isto é, substância e atributos.

SUBSTÂNCIA DE DEUS:

Há duas substâncias: matéria e espírito.

Deus é uma substância simples: A substância de Deus é puro espírito, sem mistura com a matéria (Jo.4:24).

ATRIBUTOS DE DEUS:

Sua substância é Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades dessa substância. Atributos é a manifestação do Ser de Deus.

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35 CLASSIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS:

NATURAIS E MORAIS:

Também chamados de "intransitivos e transitivos", "incomunicáveis e comunicáveis", "absolutos e relativos", "negativos e positivos" ou "imanentes e emanentes".

ATRIBUTOS NATURAIS:

VIDA:

Deus tem vida; Ele ouve, vê, sente e age, portanto é um Ser vivo (Jo.10:10; Salmos94:9,l0; IICr.16:9; At.14:15; ITs.1:9). Quando a Bíblia fala do olho, do ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de antropomorfismo. Deus é vida (Jo.5:26; 14:26) e o princípio de vida (At.17:25,28).

ESPIRITUALIDADE:

Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais (Jo.4:24; Dt.4:15-19,23; Hb.12:9; Is.40:25; Lc.24:39; Cl.1:15; ITm.1:17; IICo.3:17)

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36 PERSONALIDADE:

Existência dotada de auto-consciência e auto-determinação (Ex.3:14; Is.46:11). a) Volição ou vontade = querer (Is.46:10; Ap. 4:11).

b) Razão ou intelecto = pensar (Is.14:24; Salmos92:5; Is.55:8).

c) Emoção ou sensibilidade = sentir (Gêneses 6:6, IRs.11:9, Dt.6:15; Provérbios .6:16; Tg.4:5)

TRI-UNIDADE:

UNIDADE DE SER:

Há no Ser divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em sua natureza constitucional. A palavra hebraica que significa um no sentido absoluto é yacheed (Gêneses 22:2), isto é, uma unidade numérica simples. Essa palavra não é empregada para expressar a unidade da divindade. A unidade da divindade é ensinada nas palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30). Jesus está falando da unidade da essência e não de unidade de propósito. (Jo.17:11,21-23, IJo.5:7)

TRINDADE DE PERSONALIDADE:

Há três Pessoas no Ser divino: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A palavra hebraica que significa um no sentido de único é echad que se refere a uma unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a unidade da divindade. Esta palavra é usada em Dt.6:4; Gêneses 2:24 e Zc.14:9 (Veja

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37 também Dt.4:35;32:39; ICr.29:1; Is.43:10;44:6;45:5; IRs.8:60; Mc.10:9;12:29; ICo.8:5,6; ITm.2:5; Tg.2:19; Jo.17:3; Gl.3:20; Ef.4:6).

ELOHIM:

Este nome está no plural e não concorda com o verbo no singular quando designativo de Deus (Gêneses 1:26;3:22; 11:6,7;20:13;48:15; Is.6:8)

HÁ DISTINÇÃO DE PESSOAS NA DIVINDADE:

Algumas passagens mostram uma das Pessoas divinas se referindo à outra (Gêneses 19:24; Os.1:7; Zc.3:1,2; IITm.1:18; Salmos110:1; Hb.1:9).

AUTO EXISTÊNCIA

Jerônimo disse: Deus é a origem de Si mesmo e a causa de Sua própria substância. Jerônimo estava errado, pois Deus não tem causa de existência, pois não criou a Si mesmo e não foi causado por outra coisa ou por Si mesmo; Ele nunca teve início.

Ele é o Eterno EU SOU (Ex.3:14), portanto Deus é absolutamente independente de tudo fora de Si mesmo para a continuidade e perpetuidade de Seu Ser. Deus é a razão de sua própria existência (Jo.5:26; At.17:24-28; ITm.6:15,16).

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38 INFINIDADE OU PERFEIÇÃO

É o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em seu Ser e em seus atributos (Jó.11:7-10; Mt.5:48). A infinidade de Deus se contrasta com o mundo finito em sua relação tempo-espaço.

ETERNIDADE

A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade. Deus é Eterno (Salmos 90:2; 102:12,24-27; Salmos 93:2; Ap.1:8; Dt.33:27; Hb.1:12). A eternidade de Deus não significa apenas duração prolongada, para frente e para traz, mas sim que Deus transcende a todas as limitações temporais (IIPe.3:8) existentes em sucessões de tempo. Deus preenche o tempo. Nossa vida se divide em passado, presente e futuro. mas não há essa divisão na vida de Deus. Ele é o Eterno EU SOU. Deus é elevado acima de todos os limites temporais e de toda a sucessão de momentos, e tem a totalidade de sua existência num único presente indivisível (Is.57:15).

IMENSIDÃO

A infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou imensidade. Deus é imenso (Grande ou Majestoso; Jó.36:5,26; Jó.37:22,23; Jr.22:18; Salmos145:3). Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele transcende (ultrapassa) todas as limitações espaciais e, contudo está presente em todos os pontos do espaço com todo o seu Ser PESSOAL (não é panteísmo).

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39 A imensidão de Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa extensão ilimitada no espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente no espaço (intramundano ou imanente = dentro do mundo – Salmos 139:7-12; Jr.23:23,24) e fora do espaço (supramundano = acima do mundo; extramundano = além do mundo; emanente = fora do mundo - IRs.8:27; Is.57:15).

ONIPRESENÇA:

É quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no espaço enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é imanente em todas as Suas criaturas e em toda a criação. A imanência não deve ser confundida com o panteísmo (tudo é Deus) ou com o deísmo que ensina que Deus está presente no mundo apenas com seu poder (per portentiam) e não com a essência e natureza de ser Ser (per essentiam et naturam) e que age sobre o mundo à distância.

Deus ocupa o espaço repletivamente porque preenche todo o espaço e não está ausente em nenhuma parte dele, mas tampouco está mais presente numa parte que noutra (Salmos 139:11,12). Deus ocupa o espaço variavelmente porque Ele não habita na terra do mesmo modo que habita no céu, nem nos animais como habita nos homens, nem nos ímpios como habita nos piedosos, nem na igreja como habita em Cristo (Is.66:1; At.17:27,28; Compare Ef.1:23 com Cl.2:9).

IMUTABILIDADE:

É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua natureza, em seus atributos e em seu conselho.

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40 A "BASE" PARA A IMUTABILIDADE DE DEUS:

É Sua simplicidade, eternidade, auto-existência e perfeição. Simplicidade porque sendo Deus uma substância simples, indivisível, sem mistura, não está sujeito a variação (Tg.1:17). Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e circunstâncias do tempo, por isso Ele não muda (Salmos 102:26,27; Hb.1:12 e 13:8). Auto-existência porque uma vez que Deus não é causado, mas existe em Si mesmo, então Ele tem que existir da forma como existe, portanto sempre o mesmo (Ex.3:14). E perfeição porque toda mudança tem que ser para melhor ou pior e sendo Deus absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio, mais santo, mais justo, mais misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável como a rocha (Dt.32:4).

IMUTABILIDADE NÃO SIGNIFICA IMOBILIDADE:

Nosso Deus é um Deus de ação (Is.43:13).

IMUTABILIDADE IMPLICA EM NÃO ARREPENDIMENTO:

Alguns versículos falam de Deus como se Ele se arrependesse (Ex.32:14, IISm.24:16, Jr.18:8; Jl.2:13). Trata-se de antropomorfismo (Nm.23:19; Rm.11:29; ISm.15:29; Salmos110:4).

IMUTABILIDADE DE DEUS EM SUA NATUREZA:

Deus é perfeito em sua natureza por isso não muda nem para melhor nem para pior (Ml.3:6).

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41

IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEUS ATRIBUTOS:

Deus é imutável em suas promessas (IRs.8:56; IICo.1:20); em sua misericórdia (Salmos103:17; Is.54:10); em sua justiça (Ez.8:18); em seu amor (Gêneses 18:25,26).

IMUTABILIDADE DE DEUS EM SEU CONSELHO:

Deus planejou os fatos conforme a sua vontade e decretou que este plano seja concretizado. Nada poderá se opor à sua vontade. O próprio Deus jamais mudará de opinião, mas fará conforme seu plano predeterminado (Is.46:9,10; Salmos33:11; Hb.6:17).

ONISCIÊNCIA

Atributo pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples. O conhecimento de Deus tem suas características:

É ARQUÉTIPO:

Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria idéia anterior à sua existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não é obtido de fora, como o nosso (Rm.11:33,34).

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42 É INATO E IMEDIATO:

Não resulta de observação ou de processo de raciocínio (Jó.37:16)

É SIMULTÂNEO:

Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade, e não de forma fragmentada uma após outra (Is. 40:28).

É COMPLETO:

Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente (Salmos 147:5).

CONHECIMENTO NECESSÁRIO:

Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de sua onipotência. É chamado necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina.

Por exemplo: O conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque não é da vontade de Deus que o mal lhe seja conhecido (Hc.1:13) Deus não pode nem quer ver o mal, mas o conhece, não por experiência, que envolve uma ação de Sua vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato do intelecto divino (veja II Co.5:21 onde o termo grego ginosko é usado).

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43 CONHECIMENTO LIVRE:

É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que existiram no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É também chamado visionis, isto é, conhecimento de vista.

PRESCIÊNCIA:

Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como Deus pode conhecer previamente as ações livres dos homens? Deus decretou todas as coisas, e as decretou com suas causas e condições na exata ordem em que ocorrem, portanto sua presciência de coisas contingentes (ISm.23:12; IIRs.13:19; Jr.38:17-20; Ez.3:6 e Mt.11:21) apoia-se em seu decreto.

Deus não originou o mal mas o conheceu nas ações livres do homem (conhecimento necessário), o decretou e preconheceu os homens. Portanto a ordem é: conhecimento necessário, decreto, presciência. A presciência de Deus é muito mais do que saber o que vai acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é empregado como na LXX que inclui Sua escolha efetiva (Nm.16:5; Jz.9:6; Am.3:2).

Veja Rm.8:29; IPe.1:2; Gl.4:9. Como se processou o conhecimento necessário de Deus nas livres ações dos homens antes mesmo que Ele as decretasse? A liberdade humana não é uma coisa inteiramente indeterminada, solta no ar, que pende numa ou noutra direção, mas é determinada por nossas próprias considerações intelectuais e caráter (lubentia rationalis = auto-determinação

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44 racional). Liberdade não é arbitrariedade e em toda ação racional há um porquê, uma razão que decide a ação.

Portanto o homem verdadeiramente livre não é o homem incerto e imprevisível, mas o homem seguro. A liberdade tem suas leis - leis espirituais - e a Mente Onisciente sabe quais são (Jo.2:24,25). Em resumo, a presciência é um conhecimento livre (scientia libera) e, logicamente procede do decreto, "...segundo o decreto sua vontade" (Ef.1:11).

SABEDORIA:

A sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de meios e fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios possíveis para a consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o Seu atributo através do qual Ele produz os melhores resultados possíveis com os melhores meios possíveis.

Uma definição ainda melhor há de incluir a glorificação de Deus: Sabedoria é a perfeição de Deus pela qual Ele aplica o seu conhecimento à consecução dos seus fins de um modo que o glorifica o máximo (Rm.ll:33-36; Ef.1:11,12; Cl.1:16). Encontramos a sabedoria de Deus na criação (Salmos19:1-7; Salmos104), na redenção (ICo.2:7; Ef.3:10) . A sabedoria é personificada na Pessoa do Senhor Jesus ( Provérbios .8 e ICo.1:30; Jó.9:4; veja também Jó 12:13,16).

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45 ONIPOTÊNCIA

É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer qualquer coisa que Ele queira.

A onipotência de Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente com a natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do passado não tenha acontecido, ou traçar entre dois pontos uma linha mais curta do que uma reta. Deus possui todo o poder que é coerente com Sua perfeição infinita, todo o poder para fazer tudo aquilo que é digno dEle. O poder de Deus é distinguido de duas maneiras:

Potentia Dei absoluta = absoluto poder de Deus Potentia Dei ordinata = poder ordenado de Deus.

- HODGE E SHEDD

Definem o poder absoluto de Deus como a eficiência divina, exercida sem a intervenção de causas secundárias, e o poder ordenado como a eficiência de Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias.

- CHANOCK

Define o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer o que Ele não fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenado como o poder pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou ou

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46 marcou para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas um e o mesmo poder.

O seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto, pois se Ele não tivesse poder para fazer tudo que pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo o que Ele deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus como a perfeição pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode realizar tudo quanto está presente em Sua vontade ou conselho.

E' óbvio, porém, que Deus pode realizar coisas que a Sua vontade não desejou realizar (Gêneses 18:14; Jr.32:27; Zc.8:6; Mt.3:9; Mt.26:53). Entretanto há muitas coisas que Deus não pode realizar: Ele não pode mentir, pecar, mudar ou negar-se a Si mesmo (Nm.23:19; ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17; Hb.1:13; Tt.1:3), isto porque não há poder absoluto em Deus, divorciado de Sua perfeições, e em virtude do qual Ele pudesse fazer todo tipo de coisas contraditórias entre Si (Jó.11:7). Deus faz somente aquilo que quer fazer (Salmos115:3; Salmos135:6).

EL-SHADDAI:

A onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El-Shaddai traduzido por Todo-Poderoso (Gêneses 17:1; Ex.6:3; Jó.37:23 etc).

EM TODAS AS COISAS:

A onipotência de Deus abrange todas as coisas (ICr.29:12), o domínio sobre a natureza (Salmos107:25-29; Na.1:5,6; Salmos33:6-9; Is.40:26; Mt.8:27; Jr.32:17;

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47 Rm.1:20), o domínio sobre a experiência humana (Salmos91:1; Dn.4:19-37; Ex.7:1-5; Tg.4:12-15; Provérbios .21:1; Jó.9:12; Mt.19:26; Lc.1:37), o domínio sobre as regiões celestiais (Dn.4:35; Hb.1:13,14; Jó.1:12; Jó 2:6).

NA CRIAÇÃO, NA PROVIDÊNCIA E NA REDENÇÃO:

Deus manifestou o seu poder na criação (Rm.4:17; Is.44:24), nas obras da providência (ICr.29:11,12) e na redenção (Rm.1:16; ICo.1:24).

SOBERANIA OU SUPREMACIA

Atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas as coisas criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gêneses 14:19; Ne.9:6; Ex.18:11; Dt.10:14,17; ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24-26; Jd.4; Salmos22:28; 47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5; 145:11-13; Ap.19:6).

VONTADE OU AUTO-DETERMINAÇÃO:

A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente simples, dirige-se à Si mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal) e às Suas criaturas por amor do Seu nome (Is.48:9,11,14; Ez.20:9,14,22,44; Ez.36:21-23). A vontade de Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas diferentes palavras hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule, thelema).

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48 Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a vida de Suas criaturas racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com freqüência (At.13:22; IJo.2:17; Dt.8:20).

VONTADE DECRETÓRIA:

Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a acontecer, quer pretenda realizá-lo causativamente, quer permita que venha a ocorrer por meio da livre ação de suas criaturas (At.2:23; Is.46:9-11). A vontade decretória é sempre obedecida. A vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao propósito em realizar algo.

VONTADE DE EUDOKIA:

Na qual Deus deleita-se com prazer em realizar um fato e com desejo de ver alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione com o propósito de fazer algo, mas sim com o prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo que será realizado com certeza, tal como acontece com a vontade decretória (Salmos115:3; Is.44:28; Is.55:11).

VONTADE DE EURESTIA:

Na qual Deus deleita-se com prazer ao vê-la cumprida por Suas criaturas. Esta vontade abrange aquilo que a Deus apraz que Suas criaturas façam, mas que pode ser desobedecido, tal como acontece com a vontade preceptiva (Is.65:12).

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49 Não se refere somente ao bem, e nela não está sempre presente o elemento de deleite (Mt.11:26). A vontade de eudokia e a vontade de eurestia relacionam-se ao prazer em realizar algo.

VONTADE DE BENEPLACITUM:

Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o conselho secreto e oculto de Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela torna-se na Vontade do Signum ou Vontade Revelada. A distinção entre a vontade de beneplacitum e a vontade de signum encontra-se em Deuteronomio.29:29.

A VONTADE SECRETA:

É mencionada em Salmos 115:3; Dn.4:17,25,32,35; Rm.9:18,19; Rm.11:33,34; Ef.1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mt.7:21; Mt.12:50; Jo.4:34; Jo.7:17; Rm.12:2). Esta vontade está mui perto de nós (Dt.30:14; Rm.10:8). A vontade secreta de Deus pertence a todas as coisas que Ele quer efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade decretória, sendo portanto, absolutamente fixa e irrevogável.

LIBERDADE:

A perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há também uma voluntas necessária = vontade necessária e uma voluntas libera = vontade livre. Na vontade necessária Deus não está sob nenhuma compulsão,

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50 mas age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si próprio e quer a Sua natureza santa.

Deus necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições. As Suas criaturas são objetos de Sua vontade livre, pois Deus determina voluntariamente o que e quem Ele criará; e os tempos, lugares e circunstâncias de suas vidas. Ele traça as veredas de todas as Suas criaturas, determina o seu destino e as utiliza para Seus propósitos (Jó.ll:10; Jó.23:13,14; Jó.33:13. Provérbios .16:4; Provérbios .21:1; Is.10:15; Is.29:16; Is.45:9; Mt.20:15; Ap.4:11;Rm.9:15-22; ICo.12:11).

ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS

SANTIDADE:

É a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém a Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em suas criaturas. Ser Santo vem do hebraico qadash que significa cortar ou separar. Neste sentido também o Novo testamento utiliza as palavras gregas hagiazo e hagios. A santidade de Deus possui dois diferentes aspectos, podendo ser positiva ou negativa (Hb.1:9;Am.5:15; Rm.12:9).

SANTIDADE POSITIVA:

Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é absolutamente perfeito, puro e íntegro em Sua natureza e Seu caráter (IJo.1:5; Is.57:15; IPe.1:15,16; Hc.1:13). A santidade positiva é amor ao bem.

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SANTIDADE NEGATIVA:

Significa que Deus é inteiramente separado de tudo quanto é mal e de tudo quanto o aborrece (Lv.11:43-45; Dt.23:14; Jó.34:10; Provérbios .15:9,26; Is.59:1,2; Lc.20:26; Hc. 1:13; Provérbios .6:16-19; Dt.25:16; Salmos5:4-6). A santidade negativa é ódio ao mal. Além de possuir dois aspectos a santidade de Deus possui também duas maneiras diferentes de manifestar-se:

RETIDÃO:

Também chamada justiça absoluta, é a retidão da natureza divina, em virtude da qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade legislativa). Salmos145:17; Jr.12:1; Jo.17:25; Salmos116:5; Ed.9:15.

JUSTIÇA:

Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a expressão da justiça absoluta (santidade judicial). Strong a chama de santidade transitiva. A retidão é a fonte da Santidade de Deus, a justiça é a demonstração de Sua santidade.

A justiça de Deus pode ser retributiva e remunerativa. A justiça retributiva se divide em punitiva e corretiva. A justiça punitiva é aquela pela qual Deus pune os pecadores pela transgressão de Suas leis. Esta justiça de Deus exige a execução das penalidades impostas por Suas leis (Salmos 3:5;11:4-7 Dt.32:4;

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52 Dn.9:12,14; Ex.9:23-27;34:7). A justiça corretiva é aquela pela qual Deus "pune" Seus filhos para corrigi-los (Hb.12:6,7).

Aqueles que não são Seus filhos, Deus pune como um Juiz Severo (Rm.11:22; Hb.10:31), mas aos Seus filhos, Deus "pune" (corrige) como um Pai Amoroso (Jr.10:24;30:11;46:28; Salmos89:30-33; ICr.21:13) A justiça remunerativa é aquela pela qual Deus recompensa, com Suas bênçãos, aos homens pela obediência de Suas leis (Hb.6:10; IITm.4:8; ICo.4:5;3:11-15; Rm.2:6-10; IIJo.8)

IRA:

Esta deve ser considerada como um aspecto negativo da santidade de Deus, pois em Sua ira Deus aborrece o pecado e odeia tudo quanto contraria Sua santidade (Dt.32:39-41; Rm.11:22; Salmos95:11; Dt.1:34-37; Salmos95:11). Podemos, então, dizer que a ira é a manifestação da santidade negativa de Deus (Rm.1:18; IITs.1:5-10; Rm.5:9 etc). A ira é também designada de severidade (Rm.11:22).

BONDADE:

É uma concepção genérica incluindo diversas variedades que se distinguem de acordo com os seus objetos. Bondade é perfeição absoluta e felicidade perfeita em Si mesmo (Mc.10:18; Lc.18:18,19; Salmos33:5; Salmos119:68; Salmos107:8; Na.1:7).

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53 BENEVOLÊNCIA:

É a bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. E' a perfeição de Deus que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas criaturas (Salmos145:9,15,16; Salmos36:6;104:21; Mt.5:45;6:26; Lc.6:35; At.14:17).

THIESSEN

Define benevolência como a afeição que Deus sente e manifesta para com Suas criaturas sensíveis e racionais. Ela resulta do fato de que a criatura é obra Sua; Ele não pode odiar qualquer coisa que tenha feito (Jó.14:15) mas apenas àquilo que foi acrescentado à Sua obra, que é o pecado (Ec.7:29).

BENEFICÊNCIA:

Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada em sua intenção ou disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando seus atributos são conferidos.

COMPLACÊNCIA:

É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus que aprova todas as Suas próprias perfeições como também aquilo que se conforma com Ele (Salmos35:27; Salmos51:6; Is.42:1; Mt.3:17; Hb.13:16).

Referências

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