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PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO COM PEDIDO LIMINAR

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Academic year: 2021

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EXMO. SENHOR DOUTOR CONSELHEIRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA DOS CONCURSOS PARA CARTÓRIOS - ANDECC, com sede na Capital Federal, no

Setor Comercial Sul – SCS, Quadra 1, Bloco G - Edifício Baracat, Sala 801, CEP 70.309-900, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 09.619.532/0001-86, neste ato representada por seu presidente, por seu procurador, infra assinado (mandato incluso), advogado inscrito na OAB/DF, sob nº 22.098, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 103-B, § 4º, II, da Constituição Federal c/c art. 91 e seguintes do Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça, interpor o presente

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO

COM PEDIDO LIMINAR

em face de ato do PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA

BAHIA (TJBA), consubstanciado no Edital nº 01 – TJ/BA, de 17 de julho de 2013, o

que faz em atenção aos fatos e com o fundamento no que passa a expor:

1. FATOS

Na data de 17/07/2013 o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia publicou o Edital nº 01-TJ/BA, que tornou pública “a realização de concurso público de

provas e títulos para outorga de delegações de serventias extrajudiciais de notas e de registro do estado da Bahia”1.

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Por meio desse Edital o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia também tornou público o conteúdo programático e as demais regras pertinentes ao Concurso.

Ao longo de todo o Edital se observa uma série de regras inerentes ao concurso de ingresso e também a um suposto concurso de remoção. De igual forma, as Serventias foram divididas 2/3 para o concurso de ingresso e 1/3 para o concurso de remoção.

Especificamente no que tange ao concurso de remoção (objeto deste PCA), o item 5.5 do Edital prevê como requisito básico para a investidura na outorga de delegação que “o candidato deverá comprovar que já exerce a titularidade plena de

serventia extrajudicial em qualquer localidade do estado da Bahia por mais de dois anos”2.

Ocorre que, como bem se sabe, o Estado da Bahia possui condição impar no Brasil, sendo o único Estado que NUNCA REALIZOU CONCURSO DE

PROVAS E DE TÍTULOS PARA OUTORGA, EM REGIME PRIVADO, DE DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO!

Assim, conforme demonstraremos, face às peculiaridades do exercício da atividade notarial e de registro no Estado da Bahia, não existem oficiais titulares que possuam outorga de delegação, em regime privado, há mais de dois anos. Logo, não há qualquer candidato que se habilite ao concurso de remoção, motivo pelo qual este não possui motivos para ser realizado.

Desse modo, o presente Procedimento de Controle Administrativo tem por objeto questionar a legalidade da realização de concurso de remoção pelo Estado da Bahia, em especial pois será o primeiro concurso público de provas e títulos para outorga de delegação em regime privado a ser realizado no Estado.

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5 DOS REQUISITOS BÁSICOS PARA A INVESTIDURA NA OUTORGA DE DELEGAÇÃO (...) 5.5 No caso de candidato por remoção, o candidato deverá comprovar que já exerce a titularidade plena de serventia extrajudicial em qualquer localidade do estado da Bahia por mais de dois anos.

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3 2. DA DECISÃO PROFERIDA PELO CNJ NOS AUTOS DO PP

2008.10.000021537

Inicialmente, ressaltamos novamente que a Bahia é o único Estado que ainda possui Serventias Extrajudiciais estatizadas, todas elas coordenadas por servidores ocupantes de cargos públicos e remunerados pelo Estado.

Diante disso, e face às inúmeras denúncias de irregularidades nas Serventias daquele Estado, em 05/09/2008 o Conselho Nacional de Justiça instaurou ex

officio o Pedido de Providências nº 2008.10.0000.21537.

Naquele Pedido de Providências verificou-se a existência de 3 (três) situações distintas:

a) existência de serventias vagas;

b) agentes que estavam no exercício do cargo de escrivão ANTES da Constituição Federal de 1988;

c) servidores públicos aprovados em concurso apenas de provas APÓS a Constituição Federal de 1988.

Quanto às Serventias Vagas, o CNJ determinou ao TJBA que cumprisse a previsão constitucional e realizasse concurso público de provas e de títulos para a sua outorga para o exercício em caráter privado no prazo de 06 meses.

Em relação ao segundo grupo, e em atenção ao contido no art. 32 da ADCT, o Conselho Nacional de Justiça decidiu que aqueles que ocupavam o cargo de

escrivão ANTES da Constituição Federal de 1988, independentemente da forma de provimento, continuariam a responder pela função, sob o regime que se a que se submeteram, até a sua vacância:

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Com relação àqueles que já estavam no exercício do cargo de escrivão antes da promulgação da Carta de 1988, seja qual for a forma de provimento, continuarão no cargo até sua vacância, sendo que esses cargos deverão ser considerados cargos em extinção, nos termos a contrario sensu dos precedentes exarados por ocasião do julgamento dos PPs nºs 200710000014814 e 200810000000777 (rel. Cons. Paulo Lôbo), continuando com o regime a que submeteram. (grifamos)

Nota-se, portanto, que o Conselho Nacional de Justiça acertadamente observou o contido no art. 32 da ADCT, respeitando o direito dos escrivães que já ocupassem o cargo quando da vigência o art. 236 da constituição federal de 1988 a

continuarem na função sob o regime estatizado até a vacância da Serventia.

Por fim, em relação àqueles que ingressaram por concurso público somente de provas APÓS a Constituição Federal de 1988. Observe-se a decisão proferida (grifamos):

Com respeito aos que após a CF/88 ingressaram nos cargos de subescrivão, subtabelião e de suboficial do registro civil das pessoas naturais, do registro de imóveis, do registro de títulos e documentos e das pessoas jurídicas de protesto de títulos, esses continuam com os cargos estatizados, porque foi a regra do concurso que se submeteram. Tais cargos serão igualmente considerados cargos em extinção. Evidentemente que, por decorrência lógica disso, serão inaplicáveis as normas dos arts. 222 e 223, da Lei estadual nº 3731/79, a qual assegurava acesso daqueles servidores aos cargos de escrivão, tabelião e oficial3, vez que não há direito adquirido à manutenção de regime jurídico anterior, consoante tem decidido o Supremo Tribunal Federal (MC na ADI nº 2135-DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA, DJE de 07.03.2008; RE 575089/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE de 22.09.2008).

3 Art. 222 - Aos titulares dos cargos, de Subescrivão, de Subtabelião e de Suboficial do Registro Civil das Pessoas Naturais, do Registro de Imóveis, do Registro de Títulos e Documentos e das Pessoas Jurídicas e de Protesto de Títulos, será assegurado o acesso, respectivamente, aos cargos de Escrivão, de Tabelião, de Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais, do Registro de Imóveis, do Registro de Títulos e Documentos e das Pessoas Jurídicas e de Protesto de Títulos, nos Cartórios da mesma especialização da Comarca.

§ 1º - Nas Comarcas de Salvador, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna e Vitória da Conquista só poderão ter acesso aos cargos de Tabelião, de Oficial do Registro de Imóveis, do Registro de Títulos e Documentos e das Pessoas Jurídicas e de Protesto de Títulos os subtabeliães e suboficiais, que tiverem concluído o curso de graduação em Direito.

§ 2º - Não havendo serventuário da Justiça na Comarca que faça jus, ao cargo vago, este será provido por nomeação, mediante concurso público.

Art. 223 - O acesso previsto no artigo anterior será efetuado pelos critérios alternados de antigüidade e merecimento, este apurado segundo as normas estabelecidas em provimento da Corregedoria-Geral, precedendo, nesse caso, indicação do Conselho da Magistratura, sempre que possível, em lista tríplice.

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Já aqueles que ingressaram por concurso público após a Constituição Federal de 1988 nos cargos de titulares, mas que, por força da lei estadual, seu regime é estatizado, continuarão mediante tal regime, porquanto também foi a regra que se submeteram, ao participarem do certame.

Após a vacância desses cargos, deverá ser efetuado concurso público, sendo que o exercício desses ofícios deverá ser efetuado de forma privada por delegação, nos termos do art. 236 da Constituição Federal.

Verifica-se, portanto, que o Conselho Nacional de Justiça já decidiu a respeito da situação das Serventias da Bahia, tendo manifestado o entendimento de que os servidores públicos aprovados após a Constituição Federal de 1988 em concursos apenas de provas poderiam continuar a exercer as funções para as quais foram aprovados sob o regime estatizado!

O CNJ foi pontual em sua decisão ao determinar que estes servidores públicos POSSUEM REGIME ESTATIZADO, E “CONTINUARÃO MEDIANTE TAL REGIME, PORQUANTO TAMBÉM FOI A REGRA A QUE SE SUBMETERAM, AO PARTICIPAR DO CERTAME”!

Ora, da supracitada decisão inequivocamente extrai-se que todos os agentes “titulares” de Serventias no Estado da Bahia exercem a função sob o regime ESTATIZADO, E NÃO PRIVADO.

Logo, se todos exercem a função sob o regime estatizado, então

consequentemente NENHUM dos “titulares” de Serventias exerce a função EM CARÁTER PRIVADO, de modo que NÃO HÁ QUALQUER CANDIDATO QUE PREENCHA O REQUISITO DA REMOÇÃO (dois anos do exercício da atividade em regime privado)4!

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Lei 8935/94 - Art. 17. Ao concurso de remoção somente serão admitidos titulares que exerçam a atividade por mais de dois anos.

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Se assim não o for – o que se diz somente para argumentar – então se estará permitindo que agentes titulares de serventias estatizadas concorram a concurso de remoção para serventias em regime privado, O QUE NÃO SE PODE ADMITIR!

Diante do exposto, tendo em vista que este será o primeiro concurso público para provimento de Serventias Extrajudiciais em regime privado DA HISTÓRIA DO ESTADO BAHIA, vem r. a presença de V. Excelência requerer determine ao TJBA que retifique o Edital nº 01 – TJ/BA, de modo que todas as Serventias disponíveis sejam ofertadas por meio de concurso público de ingresso (face à inexistência de candidatos habilitados ao concurso de remoção).

3. DA LEI ESTADUAL 12.352/2011

O TJBA, em suas informações, certamente alegará que, em decorrência da Lei Estadual nº 12.352, de 08 de setembro de 2011 (anexa), há agentes titulares de serventias extrajudiciais em regime privado.

Referida Lei garantiu aos servidores “investidos na titularidade das

serventias oficializadas a opção de migrar para a prestação do serviço notarial ou de registro em caráter privado” sem a necessidade de se submeter ao concurso público de

provas e títulos.

Diante dessa inconstitucional previsão de migração de regimes (do estatizado para o privado, sem a realização de concurso público), foi proposta pelo Procurador-Geral da República a Ação Direita de Inconstitucionalidade nº 4851, na qual se discute precisamente a constitucionalidade do caput e §§ 1º, 4º e 5º do art. 2º da Lei nº 12.352/2011, do Estado da Bahia.

OCORRE QUE, AINDA QUE VENHA A SER JULGADA IMPROCEDENTE A ADI 4851 - o que se diz somente para

argumentar - DE IGUAL MODO NENHUM DOS

TITULARES QUE TENHA OPTADO POR MIGRAR PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM REGIME PRIVADO

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7 POSSUI 2 (DOIS) ANOS DE EXERCICIO NESSE REGIME,

UMA VEZ QUE REFERIDA LEI FOI PUBLICADA APENAS EM 08/09/2011!

Em outras palavras, ainda que fosse constitucional a migração do regime estatizado para o regime privado SEM CONCURSO PÚBLICO DA PROVAS E TÍTULOS – o que não se espera –, e mesmo que algum interessado tivesse formalizado sua opção no primeiro após a publicação de referida Lei (09/09/2011), ainda assim

inexistem candidatos que preencham o requisito de dois anos no exercício da função em regime privado até a data de publicação do Edital nº 01 – TJ/BA (17/07/2013)!

Portanto, completamente injustificável e inútil a realização de um concurso público para remoção no Estado da Bahia.

4. DA LIMINAR

Conforme exposto, Na data de 17/07/2013 o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia publicou o Edital nº 01-TJ/BA, que tornou pública “a

realização de concurso público de provas e títulos para outorga de delegações de serventias extrajudiciais de notas e de registro do estado da Bahia”.

Em referido Edital, no entanto, o TJBA equivocamente previu a realização de um concurso de remoção, com inscrições previstas para o período entre 14/08/2013 e 12/09/2013.

Ocorre que, conforme amplamente exposto, não há candidatos que exerçam a titularidade de Serventias, em regime privado, há mais de dois anos. Logo, não há qualquer concorrente que possa vir a preencher os requisitos para a investidura na outorga de delegação do concurso de remoção.

Diante disso, a ora Requerente vem r. à presença de V. Excelência requerer seja deferida a medida liminar para suspender as inscrições para

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8 o concurso de remoção, previstas para o período entre 14/08/2013 e 12/09/2013, permitindo assim a análise da questão posta em evidência.

Para tanto, faz-se necessária a comprovação do fumus boni

juris (relevância dos motivos) e o periculum in mora (possibilidade de lesão irreparável ao

direito se vier a ser reconhecido na decisão do mérito).

O fumus boni juris está amplamente demonstrado ao longo de toda esta peça, à qual se remete por amor à brevidade, sendo evidente a inexistência de titulares de Serventias Extrajudiciais no Estado da Bahia que exerçam a função em regime

privado há mais de dois anos.

Por sua vez, o periculum in mora está manifesto à medida que se aproxima a data de início do período de inscrições (14/08/2013). Assim, sem a liminar pleiteada – o que se diz somente para argumentar – quando do julgamento pela

procedência deste PCA haverá a necessidade de anulação de todas as inscrições e de eventuais provas de candidatos inscritos para o concurso de remoção.

Posto isso, evidentes o “periculum in mora” e o “fumus boni

juris”, motivo pelo qual requer seja determinada liminarmente a suspensão das inscrições

para o concurso de remoção deflagrado pelo Edital 01-TJ/BA, até o julgamento do mérito do presente Procedimento de Controle Administrativo.

5. DOS PEDIDOS

Diante dos fatos e argumentos expostos, vem. r. a presença de V. Excelência requerer LIMINARMENTE:

a) determine a suspensão das inscrições para o concurso de remoção deflagrado pelo Edital 01 - TJ/BA, até o julgamento do mérito do presente Procedimento de Controle Administrativo.

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9 NO MÉRITO, nos termos da fundamentação apresentada, e

confirmando a r. decisão liminar deferida, requer:

a) determine ao TJBA que não realize o concurso de remoção previsto no Edital 01 – TJ/BA, tendo em vista a inexistência de quaisquer possíveis candidatos que preencham o requisito de dois anos de exercício da atividade em regime privado, bem como determinando que todas as Serventias vagas

existentes sejam ofertadas única e exclusivamente por meio do concurso de ingresso (tendo em vista ser este o primeiro concurso público de provas e

títulos para outorga de delegações em regime privado da história do TJBA);

b) acaso não tenha sido concedida a medida liminar – o que não se espera –

requer a nulidade de todas as inscrições e provas realizadas para o concurso

de remoção;

c) seja notificada a autoridade praticante do ato impugnado para que, querendo, preste as informações que entender cabíveis.

Termos em que,

P. E. deferimento

Brasília, 31 de julho de 2013.

___________________________ Marconi Miranda Vieira

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