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A ESSÊNCIA DA AMOROSIDADE NA EDUCAÇÃO PARA FREIRE

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Academic year: 2021

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A ESSÊNCIA DA AMOROSIDADE NA EDUCAÇÃO PARA

FREIRE

Cleuza Maria Camargo Dutra de Siqueira1; Aline Edlinger2; Magda Simone Barboza3

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) cleu_cd@yahoo.com.br

aedlingerpf@gmail.com magda.b@outlook.com

Eixo Temático: Humanização, Diálogo e Amorosidade

Resumo

Este artigo trata sobre o tema amorosidade para Paulo Freire. Nossa intenção é entender e compartilhar um pouco da importância desta temática em nossas vidas, em especial na educação. Temos a princípio o processo ensino-aprendizagem e as questões envolvidas como a amorosidade, bem como, as problemáticas que envolvem a escola, a violência escolar, os professores com autoridade excessiva gerando baixa autoestima nos estudantes, e baixo desempenho escolar, causando dificuldade na compreensão de conceitos básicos dos pré-requisitos nos componentes curriculares, comprometendo o processo de entender o mundo. Neste contexto, apresentamos Paulo Freire com a oportunidade de reconhecer o conceito de amorosidade como resgate do educar tendo outro sentido, recebendo e acolhendo a geração da atualidade com uma nova perspectiva do processo ensino e aprendizado, levando em consideração a cultura desta geração. Considerando o conceito de amor mundi, conforme Hannah Arendt, o professor assume o papel de mediador entre os estudantes e o mundo, procurando despertar nos estudantes o amor pela Gaia.

Palavras-chave: Paulo freire; amorosidade; educação.

Introdução

O presente texto aborda o tema amorosidade na concepção de Paulo Freire. Compreende-se que para educar é preciso reconhecer o outro como sujeito e não objeto. É necessário admitir que não se sabe tudo, e que quando não se sabe há ali uma oportunidade de aprender. Nas palavras de Paulo Freire a “educação é um ato de amor”, onde homens e

1

Graduada em Psicologia, pós-graduada em Psicologia Jurídica e graduanda em Formação Pedagógica de Docentes para Educação Básica e Profissional

2

Graduada em Gestão Ambiental e graduanda em Formação Pedagógica de Docentes para a Educação Básica e Profissional

3 Graduada em Gestão Ambiental e graduanda em Formação Pedagógica de Docentes para a Educação Básica e

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mulheres reconhecem-se como seres inacabados e, portanto, passíveis de aprender, sendo que “não há diálogo [...] se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que o funda [...]. Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo” (FREIRE, 1987, p. 79-80).

A amorosidade na educação para Paulo Freire

Na ideologia freireana a relação entre estudante e professor pauta-se na amorosidade. É regida pelo diálogo aberto, se fazendo valer da empatia recíproca para despertar no outro a vontade de ser mais. Ela instiga a troca de saberes oriundos das vivências de cada sujeito, assim, cada indivíduo contribui com o seu saber empírico, influenciado pela sua cultura, seu meio social, e traz para o diálogo reflexivo e crítico a sua subjetividade, podendo aí, existir uma identificação com o outro, reforçando a relação de ambos, norteada por vínculos afetivos.

“é na convivência amorosa com seus alunos e na postura curiosa e aberta que assume e, ao mesmo tempo, provoca-os a se assumirem enquanto sujeitos sócio-histórico-culturais do ato de conhecer, é que ele pode falar do respeito à dignidade e autonomia do educando. Pressupõe romper com concepções e práticas que negam a compreensão da educação como uma situação gnoseológica.” (FREIRE, 1996, p. 11).

O professor não precisa abrir mão da rigorosidade para ter amorosidade. Não é possível aprender quando se sente medo, pois quando se tem troca afetiva existe uma cumplicidade no processo de ensino-aprendizagem facilitando a horizontalidade entre eles. A liberdade é algo essencial ao desenvolvimento intelectual do ser humano, pois a educação engessada inibe a criatividade e consequentemente limita o saber, assim ela pode não deixar desenvolver as habilidades natas do sujeito. O professor autoritário e egoísta, desse modo, acaba tolindo o desejo de autonomia do estudante limitando a sua curiosidade e inquietude.

“O autoritarismo e a licenciosidade são rupturas do equilíbrio tenso entre autoridade e liberdade. O autoritarismo é a ruptura em favor da autoridade contra a liberdade; e a licenciosidade, a ruptura em favor da liberdade contra a autoridade. Autoritarismo e licenciosidade são formas indisciplinadas de comportamento que negam o que vinham chamando a vocação ontológica do ser humano. Assim como inexiste disciplina no autoritarismo ou na licenciosidade, desaparece em ambos, a rigor, a autoridade ou a liberdade. Somente nas práticas em que autoridade e liberdade se afirmam e se preservam enquanto elas mesmas, portanto no respeito mútuo, é que se pode falar de práticas disciplinadas como também em práticas favoráveis à vocação para o ser mais.” (FREIRE, 1996, p. 99).

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autonomia e a dignidade, pois ambas são subjetivas, não dependem do professor, ou de qualquer outro indivíduo, a decisão de ter ou não ter. É algo que pertence a cada sujeito, este precisa se expressar, deixar fluir sua curiosidade, sua forma de compreensão dos saberes, pois não há como ensinar pessoas diferentes, de culturas e vivências distintas, todas da mesma maneira, utilizando o mesmo método massante e repetitivo.

“O respeito à autonomia e à dignidade de cada um como um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros [...] o professor que desrespeita a curiosidade do educando, seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que “ele se ponha em seu lugar” ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento do seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência.” (FREIRE, 1996, P.66).

O professor deve ser sempre aluno, ensinando e aprendendo um sujeito dialógico em constante crescimento e aprendizado com as diferenças, é deste modo que a amorosidade é importante no processo educativo e não autoritário, assim fica mais fácil para os estudantes despertarem para o mundo, descobrindo sua verdadeira vocação.

“um professor que não leva a sério sua prática docente, que, por isso mesmo, não estuda e ensina mal o que mal sabe, que não luta para que disponha de condições materiais indispensáveis à sua prática docente, se proíbe de concorrer para a formação da imprescindível disciplina intelectual dos estudantes. Se anula, pois como professor.” (FREIRE, 2003)

A educação é entendida como parte fundamental para a libertação. É através dela que temos a oportunidade de desenvolver nosso intelecto e compreender melhor o mundo, percebendo nós mesmos e o outros, nos tornando sujeitos autônomos e emancipados. A libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo reconhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela (ZATTI, 2007).

O educador, na concepção tradicional de educação, age na forma de transmitir saberes, como se isso fosse possível. Nessa linha de pensamento ensina-se a escrever uma palavra, por exemplo, através do uso da gramática, aprende-se a escrevê-la, separar as sílabas, a identificar as consoantes e as vogais, mas não se discute o significado da palavra na vida da pessoa, percebe-se um ensino segregado. Os educandos apenas armazenam essas informações, não refletem, não criticam, não pensam no contexto social de cada termo, enfim, não compreendem o mundo em que vivem. Entede-se aqui, que quando o ensino é

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trazido para o dia-a-dia do indivíduo e problematizado conforme a realidade, se torna muito mais fácil a compreensão dos conceitos e do sentido dessas informações, pois elas deixam de ser apenas palavras soltas, para constituírem forma e sentido.

“A narração, de que o educador é sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem dócilmente “encher”, tanto melhores educandos serão. Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam, e repetem. Eis aí aconcepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos” (FREIRE, 1987, P.66).

Para Paulo Freire o docente não deve se fechar para o novo, deve ir além, ensinar a pensar e não somente limitar-se aos conteúdos educacionais, sobretudo, pois “pensar é não estarmos demasiado certos de nossas certezas” (FREIRE, 1996, p. 28). O pensar oportuniza aos estudantes o crescimento, a libertação, é assim que eles se reconhecem como sujeitos históricos, podendo intervir sobre o ele, percebendo o meio em que vivem. Assim, a verdadeira aprendizagem é aquela que transforma o sujeito, educadores e educandos trocam saberes e aprendem entre si, dialogando, questionando. “Nas condições de verdadeira aprendizagem, os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador igualmente sujeito do processo” (FREIRE, 1996, p. 26).

Conclusão

Conclui-se que, educar com amorosidade é proporcionar condições de ensino-aprendizagem, por meio das quais, estudantes possam ter acesso ao conhecimento, de modo, a serem livres para descobrirem a verdadeira vocação, se tornarem serem livres para criar, para escolher, para participar efetivamente das suas vidas, conhecendo e assumindo seu papel no mundo por meio da afetividade e do respeito, desenvolvendo suas potencialidades somando aos seus saberes, por meio da palavra e da ação, é desta educação que aqui falamos, mantemos a esperança da transformação dessa realidade digna e feliz.

O sujeito em diferentes contextos deve estar envolvido, sobretudo, se o ensino for orientado junto às praticas cotidianas, criando um comprometimento do aluno com a comunidade à qual pertence. Nessa práxis da amorosidade, nessa troca de afetividade e de saber, o professor também desenvolve constantemente seus potencias, crescendo todos os

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dias com seus alunos em suas vivências. Quem ensina sempre aprende e quem aprende sempre ensina.

Amorosidade e autonomia constituem-se como a base da educação, podendo ser livre não autoritário, aprendendo no cotidiano a ensinar, buscando permanentemente formação, conhecimento e interação, pois é este processo da natureza educativa, refletir sobre nossos saberes.

Educar é, portanto, uma oportunidade única de construir um conhecimento, aumentando seu repertório educacional, ampliando seu saber. O professor orienta o aluno, fazendo uso da cultura de cada indivíduo e dos conteúdos, das interações em sala de aula, assim permite que se situem no mundo e desenvolvam suas potencialidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Vanessa Sievers. Amor mundi e educação. Reflexões sobre o pensamento de

Hannah Arendt. São Paulo: USP, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança – um reencontro com a pedagogia do

oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

____________. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

____________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

ZATTI, Vicente. Autonomia e Educação em Immanuel Kant & Paulo Freire. Porto Alegre 2007.

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