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As orientações curriculares de Música no 1º Ciclo apresentam dois blocos: "Jogos de exploração" e "Experimentação, desenvolvimento e criação musical". O primeiro passa pela exploração da voz, do corpo e de instrumentos musicais; o segundo aborda o desenvolvimento auditivo, a expressão e criação musical e a representação do som.
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No âmbito dos jogos de exploração,dizer e entoar rimas e lengalengas, cantar canções e reproduzir pequenas melodias, experimentar todos os sons vocais que a criança possa reproduzir são
actividades previstas para os quatro anos do 1º Ciclo. Instrumento primordial, a voz é, na criança, "um modo natural de se expressar e comunicar, marcado pela vivência familiar e pela cultura. A entoação, a extensão vocal, o timbre, a expressão, a capacidade de inventar e reproduzir melodias, com e sem texto, a aquisição de um reportório de canções, rimas e lengalengas, são partes constituintes de um modo pessoal de utilizar a voz". Obviamente tanto as rimas como as lengalengas e canções podem ser objecto de exploraçoes diversas no que se refere à intensidade, andamento e dinâmica.
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Relativamente ao corpo, experimentar percussão corporal, batimentos, palmas; acompanhar canções com gestos e percussão corporal; movimentar-se a partir de sons vocais e instrumentais, melodias e canções, e gravações; associar movimentos a pulsação, andamento, dinâmica, acentuação, divisão binária/ternária, dinâmica; fazer variações bruscas de andamento (rápido,
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lento) e intensidade (forte, fraco); fazer variações graduais de andamento («acelerando», «retardando») e de intensidade (aumentar, diminuir); participar em coreografias elementares inventando e reproduzindo gestos movimentos, passos, vão evoluindo ao longo dos quatro anos do
1º Ciclo.
"O movimento, a dança, a percussão corporal são meios de que o professor dispõe para, com pleno agrado das crianças, desenvolver a sua musicalidade."
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No que se refere a instrumentos,experimentar as potencialidades sonoras de materiais e objectos e utilizar instrumentos musicais fazem parte das orientações curriculares para todo o 1º Ciclo.
Construir fontes sonoras elementares introduzindo modificações em materiais e objectos é proposta para as crianças desde o 2º ano, e construir instrumentos musicais elementares seguindo indicações ordenadas de construção aplica-se ao 3º e 4º anos.
"Os brinquedos musicais regionais da tradição popular portuguesa merecem especial referência por poderem ser integrados nos instrumentos musicais elementares. O recurso a artífices, a familiares das crianças, a fabricantes de instrumentos e brinquedos musicais da região, são uma preciosa ajuda para o professor. Nos instrumentos musicais não construídos pelas crianças, estão incluídos os instrumentos musicais didácticos, caso as escolas estejam equipadas, e também alguns brinquedos musicais generalizados no País, passíveis de uma utilização de grande interesse educativo."
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No que diz respeito ao Bloco 2, identificar sons e ambientes sonoros do meio próximo e da natureza; identificar e marcar a pulsação e/ou ritmo de lengalengas, canções, melodias e danças, utilizando percussão corporal, instrumentos, voz, movimento; reproduzir com a voz ou com instrumentos: sons isolados, motivos, frases, escalas, agregados sonoros, canções e melodias (cantadas ou tocadas, ao vivo ou de gravação); dialogar sobre meio ambiente sonoro, produções próprias e do grupo e encontros com músicos acompanham todo o ciclo.
Desde o 2º ano, está previsto que a criança consiga, relacionar e classificar conjuntos de sons segundo o timbre, a duração, a intensidade, a altura e localização.
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Para o 3º e 4º anos está reservado reconhecer ritmos e ciclos da vida (pulsação, respiração), da natureza (noite-dia, estações do ano), de máquinas e objectos, de formas musicais (AA, AB, ABA) e dialogar sobre audições musicais.
Dialogar sobre sonoplastia nos meios de comunicação com que tem contacto (rádio, televisão, cinema, teatro) está reservado para o 4º ano.
No que se refere à criação e expressão musical só a participação em danças de roda, de fila, tradicionais, infantis se aplica a todos os anos do ciclo.
Inventar/utilizar gestos, sinais e palavras para expressar/comunicar (timbre, intensidade, duração, altura, pulsação, andamento, dinâmica); inventar/utilizar códigos para representar o som da voz, corpo e instrumentos; utilizar vocabulário adequado a situações sonoro/musicais vivenciadas aplica-se a todo o ciclo exceptuando o 1º ano.
Inventar/utilizar gestos, sinais e palavras para expressar/comunicar; inventar/utilizar códigos para representar sequências e texturas sonoras; identificar e utilizar gradualmente/dois símbolos de leitura e escrita musical bem como contactar com várias formas de representação sonoro/musical em partituras adequadas ao seu nível etário em publicações musicais nos encontros com músicos estão indicados para o 3º e 4º anos.
Utilizar diferentes maneiras de produzir sons com a voz, com percussão corporal, com objectos, e utilizar texturas/ambientes sonoros em canções e danças, bem como adaptar textos para melodias aplica-se ao 2º e 3º anos.
Utilizar aparelhos electro-acústicos na produção de sons está reservado para o 4º ano.
"As actividades musicais a desenvolver devem atender à necessidade de a criança participar em projectos que façam apelo às suas capacidades expressivas e criativas. Pretende-se também que a criança seja capaz, por si só ou em grupo, de desenvolver projectos próprios, contando com a ajuda do professor na escolha e domínio dos meios utilizados."
"A representação gráfica do som faz parte de um percurso que se inicia pelo registo do gesto livre, ganha gradualmente concisão e poder comunicativo, organizando-se em conjuntos de sinais e símbolos. A utilização de símbolos de leitura e escrita musical e o domínio de géstica adequada, decorrentes da
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A música é uma prática relevante nas sociedades contemporâneas como o tem sido, aliás, ao longo da História. Por motivos antropológicos e psico-pedagógicos, a música e o canto continuam a desempenhar um papel fundamental no ensino, sobretudo no 1º Ciclo. A música contribui para o desenvolvimento global da criança, em termos intelectuais, físicos, emocionais, sociais, estéticos.
Foi dito: "quando falo, digo o que penso; quando canto, digo o que sinto". O aforisma é questionável. Podemos dizer o que pensamos a cantar, e a expressão dos sentimentos não é necessariamente mais verdadeira quando é feita de forma cantada. Todavia, é verdade que através da música podemos revelar o que pensamos e sentimos a um nível diferente da linguagem falada.
Assim se entende que Música esteja interligada com o Estudo do Meio e a Matemática, com a Língua Portuguesa e o Inglês, com a Expressão Plástica e a Expressão e Educação Fisico-motora e, obviamente, com as tecnologias da Informação e Comunicação.
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Através do ritmo, da rima, da melodia, da repetição de palavras ou ideias, da sequência lógica das afirmações, o texto é apreendido mais facilmente. A rima cruzada, (ABA'B', ou ABCB') tão importante na poesia popular, e a organização do poema em versos regulares de 7 sílabas (chamado redondilha maior), ajuda à memorização.
Mas há que ter em conta que cantar com crianças é diferente de cantar com adultos. Os mais pequenos têm um âmbito mais reduzido, o vocabulário é mais limitado, o ritmo cardíaco é mais rápido e a caixa torácica é menor que a dos adultos. O andamento não pode ser lento, devendo permitir às crianças cantar as frases sem esforço.
"Parece que muitas crianças (ocidentais) seguem uma sequência faseada na qual o acto de cantar completamente afinado é precedido por comportamentos mais simples, menos complexos. Estas fases parecem estar relacionadas com o foco percepcional da criança, que tende a evoluir do texto da canção para um contorno melódico, depois para uma exactidão baseada em expressões e finalmente para uma
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correcção generalizada mais desenvolvida. As crianças pequenas têm também um limitado alcance de tom vocal confortável. Este alcance tende a expandir-se à medida que a criança cresce, com as raparigas a apresentarem alcances mais vastos do que os rapazes, para grupos etários consecutivos". (Graham Welsh,Somos musicais).
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Na escolha das canções para o 1º Ciclo, devem colocar-se previamente algumas questões. O texto possui boa qualidade literária? A música é bem construída e interessante? Apresenta um aspecto didáctico novo a desenvolver? O texto é adequado à faixa etária, compreensível e exequível? Na relação texto - música, as sonoridades e rimas são naturais ou forçadas? A passagem de uma estrofe a outra está bem construída? A memorização é fácil? A componente textual adapta-se à psicologia da criança?
O património etnográfico é muito importante, mas não será a única fonte de canções do repertório musical de AEC. Quanto às traduções, a verdade é que há traduções muito mal feitas. Peçam aos pequeninos para cantar a canção do Noddy ("Abram alas p'rò Noddy", e tentem perceber o que eles efectivamente dizem! Antes de mais, não me parece que "abrir alas" seja linguagem adequada aos mais pequenos; em segundo lugar, "abram alas p'rò Noddy tem de ser dito tão depressa que os próprios educadores e professores terão dificuldade em dizer o texto no andamento próprio da canção.
Nem no Jardim de Infância nem no 1º Ciclo se canta uma canção para ocupar o tempo. Deve pensar-se no contexto, a idade e contexto socio-cultural das crianças, a época ou festa do ano. Obiviamente o regresso às aulas, Outono, a proximidade do Natal, o Inverso, o Carnaval, o Dia de São Valentim, a Páscoa, a Primavera, os santos populares e o final de ano fornecem temas que podem orientar a escolha das canções a utilizar e que podem ser exploradas de diversos modos, salientado aspectos rítmicos, melódicos, textuais.
Cantar em cânone e em terceiras é uma possibilidade enriquecedora para os alunos do 4º ano, podendo-se iniciar a leitura por podendo-semínima-colcheia-mínima, podendo-podendo-se trabalhar a divisão binária e usar sílabas rítmicas (tá, táá, ti-ti). As pausas e as sílabas tái, tiririri, timri, trioula devem ser ensinadas numa fase posterior.
Pouco a pouco, o professor vai criando um processo de consciencialização e amadurecimento da linguagem musical, introduzindo noções como andamento, intensidade, altura. Pode cantar pontualmente pequenas frases e representá-las de modo não convencional, por curvas. Por exemplo, dó ré mi fá sol,
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olha o caracol. As crianças ganham consciência em relação ao movimento melódico ascendente e descendente. Pode trabalhar-se também o desenvolvimento rítmico utilizando figuração, percussão corporal, objectos e instrumentos. A transposição de uma melodia simples favorece a compreensão do sistema tonal e a afinação.
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A dimensão intercultural da Música é essencial numa sociedade cada vez mais multicultural e etnicamente diversificada. Através da música são incutidos valores como o respeito pelo outro e a tolerância relativamente a culturas diferentes. A utilização de canções e danças de outros povos, o conhecimento de instrumentos musicais torna a educação musical mais completa. Nas AEC, acrescenta factores de surpresa e pode ser condição de sucesso em determinados contextos sociais.
A adição étnica de conteúdos, o desenvolvimento do auto-conceito, o ensino/aprendizagem das línguas de origem, a luta contra o racismo e a discriminação, a promoção do pluralismo musical, a valorização das diferenças culturais, a assimilação livre da cultura nacional, "A educação monocultural revela poucas hipóteses no desenvolvimento da imaginação, não lhes proporcionando, dessa forma, a capacidade de conhecer alternativas. Eliminando a conciência de alternativas, a educação monocultural limita a imaginação e cultiva a ilusão de que o mundo se restringe ao seu próprio mundo e que a única forma natural de fazer estas coisas é a forma tradicional"(Sousa, 16).
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Em si mesmo, canto já é uma excelente actividade física. O corpo humano é o instrumento musical mais natural e mais acessível. Não se canta apenas com a boca: canta-se com a respiração, com a caixa torácica, com o cérebro, com os lábios. Todo o corpo vibra e respira. Mas a gestualidade é um elemento inevitável. Gestos, movimento e criatividade visual são exigência da própria psicologia das crianças. A expressão corporal revela o ser de cada um. Graças ao gesto, a corporeidade torna-se um símbolo, a pessoa comunica e comunica-se a si mesma e ao grupo. As canções mimadas desenvolvem a motricidade e o pensamento lógico, e favorecem a aprendizam do texto.
Há muitas palavras cuja representação por gestos não convencionais é muito fácil: eu, tu, nós, amar, sim, não, casa, sopro, passar, luz, estrelas, amigo, vida, subir, descer, dormir, ir, vir... Pedir às crianças sobre a géstica a utilizar pode também ser uma forma de aprofundar a mensagem e memorizar a canção.
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A fase da escuta é crucial no ensino/aprendizagem de canção. O modo de ensinar é fundamental para suscitar a adesão das crianças e ensinar-lhes correctamente a canção nas suas componentes. Se gostarem, as crianças fixam bem pois a memória é nelas uma faculdade em desenvolvimento. O professor deve estar atendo e dar indicações básicos às crianças: não gritar, articular as palavrase respirar bem. Deve conhecer perfeitamente a canção, sem desafinações, hesitações ou enganos. É muito difícil corrigir uma má entoação ou um ritmo distorcido.
A apresentação e ensaio poderão fazer-se de vários modos:
Cantar a canção seguida, primeiro, e depois por partes; Cantar frase a frase;
Fazer ouvir o texto e dizê-lo mentalmente, ou pianissimo; Bater o ritmo, frase por frase;
Ensinar de cor;
Escrever a canção no quadro e pedir às crianças que o passem; Começar pelo princípio, pelo refrão, ou por frases que se repetem; Utilizar um instrumento que dê a melodia;
Utilizar uma gravação para a aprendizagem;
Cantar com a gravação exige do professor que esteja muito seguro e atento para se manter no ritmo e andamento exactos. Escolher-se uma nota de partida que permita às crianças cantar naturalmente. O professor deve dar espaço às crianças, deixando-as cantar sozinhas, sem abafar a voz das crianças.
Há canções com certos intervalos semelhantes ou iguais. Em caso de necessidade, pode-se aproximar certos intervalos vizinhos, para realçar a diferença. Deve executar-se com precisão a duração de cada nota, exemplificando até o ritmo com o batimento da mão numa superfície ou com palmas.
Cantar a vozes é difícil, mas o cânone pode perfeitamente ser uma primeira experiência da polifonia, com grupos de crianças mais crescidas. Pode jogar-se com a alternância rapazes - meninas.
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As pedagogias musicais activas (Orff, Kodaly), dão preponderância à experiência vivida, tanto na voz como nos instrumentos, ao ritmo e movimento corporal. Promovem o desenvolvimento da improvisação, a partir da invenção de melodias simples e ritmadas, ou sob a forma de pergunta e resposta. Este diálogo musical pode fazer-se através da voz, de sons ou percussão corporal e de instrumentos tradicionais, pedagógicos ou reciclados.
Nas actividades musicais de Enriquecimento Curricular, cada professor poderá inspirar-se em elementos de pedagogias diferenciadas ou seguir uma delas, tendo sempre em conta o Currículo do 1º Ciclo e a programação musical proposta pelo Ministério. Mas não deverá esquecer que se trata de actividades de enriquecimento que têm uma componente lúdica incontornável. A atitude do professor de música nas AEC não é a de um professor de Conservatório, mas do músico que seriamente transmite a paixão, o prazer e a alegria de jogar com os sons.
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SOUSA, Maria do Rosário; Félix Neto, A educação intercultural através da música. Contributos para a redução do preconceito.(= Coleccção Ensaios). Gaia: Gailivro 2003, 1ª ed.
TORRES, Rosa Maria, As canções tradicionais portuguesas no ensino da música. Contribuição da metodologia de Zoltán Kodály.(=Cadernos O Professor). Lisboa: Caminho 1998.
António José Ferreira
CAPA