• Nenhum resultado encontrado

o assistente de direção 4

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "o assistente de direção 4"

Copied!
75
0
0

Texto

(1)

oo

 ASSISTENTE  ASSISTENTE DE DE DIREÇAO DIREÇAO CINEMATOGRÁFICA CINEMATOGRÁFICA Pierre Ma Pierre Malfilllfill ee

Procurando ampliar e Procurando ampliar e preocupan-do-se cada vez mais com os rumos do do-se cada vez mais com os rumos do mercado cinematográfico brasileiro, a mercado cinematográfico brasileiro, a Artenova/Embrafilme lança o Artenova/Embrafilme lança o "AS-SISTENTE DE DIREÇAO SISTENTE DE DIREÇAO CINEMA-TOGRÁFICA", no qual se conjungam TOGRÁFICA", no qual se conjungam expoentes de várias especialidades expoentes de várias especialidades como Karel Reisz, John Halas, o como Karel Reisz, John Halas, o brasi-leiro Jorge Monclar e o próprio autor leiro Jorge Monclar e o próprio autor Pierre Malfille.

Pierre Malfille.

Uma das metas prioritárias do Uma das metas prioritárias do tradutor foi a adaptação da obra à tradutor foi a adaptação da obra à realidade cinematográfica brasileira, realidade cinematográfica brasileira, pretendendo oferecer mais recursos pretendendo oferecer mais recursos técnicos uma vez que, dentro da área, técnicos uma vez que, dentro da área, são poucos os

são poucos os livros encontrados sobrelivros encontrados sobre a temática, contendo poucas a temática, contendo poucas informa- informa-ções ou fragmentários embasamentos ções ou fragmentários embasamentos teórico e prático.

teórico e prático.

A luta do cineasta é grande e esta A luta do cineasta é grande e esta obra vem fortalecer caminhos abertos obra vem fortalecer caminhos abertos por vários diretores brasileiros, que por vários diretores brasileiros, que realizaram filmes de carater realizaram filmes de carater competiti-vo internacional.

vo internacional.

O tradutor Jorge Monclar tem O tradutor Jorge Monclar tem curso de especialização em assistente curso de especialização em assistente de direção pelo Instltute dês Hautes de direção pelo Instltute dês Hautes Etudes Cinematographiques, Etudes Cinematographiques, ministra-do em Paris, e um livro editaministra-do pela do em Paris, e um livro editado pela Artenova, cujas finalidades são Artenova, cujas finalidades são tam-bém a de acrescentar e aprimorar os bém a de acrescentar e aprimorar os conhecimentos técnicos adquiridos conhecimentos técnicos adquiridos por nossos diretores.

por nossos diretores.

Álvaro

(2)
(3)

O ASSISTENTE

O ASSISTENTE

DE DIREÇAO CINEMATOGRÁFICA

DE DIREÇAO CINEMATOGRÁFICA

(4)

Em convénio com a EMBRAFILME Em convénio com a EMBRAFILME Copyright

Copyright © © 1970 1970 Pierre Pierre MalfilleMalfille/IDHEC/IDHEC Copyright

Copyright da da edição edição brasileira brasileira © © 1979 1979 Editora Editora ArtenovaArtenova S/A

S/A

Tradução de Jorge Monclar  Tradução de Jorge Monclar 

Revisão de Jorge Uranga e Paulo Roberto Uranga Revisão de Jorge Uranga e Paulo Roberto Uranga

Capa de Eugênio Hirsch Capa de Eugênio Hirsch

Reservados todos os direitos. Reprodução proibida, mesmo Reservados todos os direitos. Reprodução proibida, mesmo parcial, sem expressa autorização da Editora artenova S/A parcial, sem expressa autorização da Editora artenova S/A

PIERRE MALFILLE

PIERRE MALFILLE

Diretor de Cinema e Televisão Diretor de Cinema e Televisão

graduado pelo l DHEC e graduado pelo l DHEC e ex-professor do mesmo ex-professor do mesmo InstitutoInstituto

O ASSISTENTE

O ASSISTENTE

DE

DE DIREfiAO

DIREfiAO

CINEMATOGRÁFICA

CINEMATOGRÁFICA

4? Edição 4? Edição

tradução e adaptação de Jorge MONCLAR tradução e adaptação de Jorge MONCLAR

Instituto de Altos Estudos Cinematográficos Instituto de Altos Estudos Cinematográficos

RuaChamps Elysées, 92 RuaChamps Elysées, 92 Paris — Franca Paris — Franca

ccBtora artenova

ccBtora artenova

SÁSÁ

||

Composto

Compostoe ímprvssoe ímprvssono Brasilno Brasil — Prínted  — Prínted in Bruilin Bruil

editora artenova

editora artenova

SÁSÁ

riu «ipitlo atxjala ctiam*. 25í riu «ipitlo atxjala ctiam*. 25í «U..

«U.. 23S-S198 / 23S-S198 / 24B~Sy67 . 24B~Sy67 . riorio dep. joriuluticodep. joriuluticod*p. gráficod*p. gráfico dep. rdiioriil dep. rdiioriil iludia de iru iludia de iru

(5)

CINEBIBL IOTECA EMBRAFILME

VOLUMES PUBLICADOS

FILME E REALIDADE

Alberto Cavalcanti, 1977

CENOGRAFIA E VIDA EM FOGO MORTO

Rachel Sisson, 1977

MERCADO COMUM DE CINEMA

(uma proposta brasileira

aos países de expressão portuguesa e espanhola), 1977

 A TÉCNICA DA MONTAGEM CINEMAT OGRÁ FICA

Karel Reisz e Gavin Millar, 1978

HUMBERTO MAURO:

SUA VIDA, SUA ARTE, SUA TRAJETÔRIA NO CINEMA

(Depoimentos sobre a riqueza da filmografia maureana

e sua importância na moderna cultura brasileira), 1978

O

CINEMA EM FESTIVAIS E OS CAMINHOS

DO CURTA-METRAGEM NO BRASIL

Míriam Alencar, 1978

LEGISLAÇÃO DO CINEMA BRASILEIRO

(Vols. l e II), Alcino Teixeira de Mello, 1978

MACUNAl'MA:DA LITERATURA AO CINEMA

Heloísa Buarque de Hollanda, 1978

MINHAS MEMÓRIAS DE CINEASTA

LuizdeBarros, 1978

 A EXPERIÊNCIA

BRASILEIRA NO CINEMA DE ANIMAÇÃO

António Moreno, 1978

BIBLIOGRAFIA DE CINEMA

(Catalogação do acervo bibliográfico da Embrafilme), 1978

MANUAL DO ASSISTENTE DE CÂMERA

Jorge Mondar, 1979

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CUL TURA

Ministro

PROFESSOR EURO BRAMDAO

Diretor Geral

Do Departamento de Assuntos Culturais

PROFESSOR MANUEL DIEGUES JÚNIOR

EMPRESA BRASILEIRA DE FILMES S/A

EMBRAFILME

Diretor Geral

ROBERTO

FIGUEIRA DE FARIAS

Diretor Administrativo

ANTONIOSÉRGIO LOUREIRO

Diretor de Operações Não-Comerciais

LEANDRO GÓES TOCANTINS

EMBRAFILME — Diretoria de Operações Nao-Comerciais

Departamento de Documentação e Divulgação Av.

13 de Maio 41/l49andar - Rio de Janeiro

(6)

l

ÍNDICE

tf Parto:Aspectos Gerais - Descrição da função do Assistente de Direcao

Capítulo l — Advertências iniciais e objetivos da obra Capftulo II — Apresentação da f unção do 19 Assistente

de Direcao

Capítulo III — Dificuldades da limitação das funções do Assistente de Direcao

Capítulo IV - A profissão de Assistente de Direcao: Resumo histórico O assistente na equipe Sua relação com o diretor do filme Principais qualidades de um bom Assistente de Direcao Formação de Assistentes

Mercado de trabalho

Capítulo V — Panorama das atividades do Assistente de Direcao na pós-produção de um filme. Período de preparação e da contratação do assistente

O assistente durante as filmagens O assistente na pós-produção

/c/Vfrffl: Estudo detalhado dos aspectos ou documentos mais Impor-tantes do trabalho de um Assistente de Direcao

Capítulo l — Uma jornada de trabalho de um Assistente de Direcao durante as filmagens.

(7)

Antes do início das filmagens

Durante as filmagens propriamente ditas Após um dia de filmagem

Problemas particulares de filmagens

exter-PREFACIO

nas

Capítulo II - O detalhamento

Definição. Qualidade de um bom detalha-mento

Estudo detalhado dos 4 principais docu-mentos de um detalhamento Resumo da ação Lista geral das locações Detalhamento por locação e cenário Lista das roupas por ator e personagens Como se realiza um detalhamento Que recebe um detalhamento e utiliza-o na equipe Outras formas de detalhamento

Capítulo II l - O plano de trabalho

Algumas ressalvas sobre a elaboração de um plano de trabalho

O plano de trabalho e as fichas técnicas Capítulo IV - A folha de serviço

Ressalvas sobre adaptação l DHEC da folha d

e s e

rviço e do plano de trabalho Capítulo V

Capítulo Vt

CapítuloVIM- A figuração Bibliografia

O aparecimento deste segundo "manual" (o primeiro foi o de assistente de câmera) vem comprovar nossa preocupação de oferecer aos que trabalham no cinema brasileiro opções, caminhos, especiali-dades várias: desde a História, à Estética, à Política, à Crítica, à Filo-sofia Artística, aos assuntos essencialmente técnicos. Nestes se incluem: "A Técnica da Montagem Cinematográfica", de Karel Reisz, "A Técnica do Cinema de Animação", de John Halas, ''Manual do Assistente de Câmera", de Jorge Mondar, e, por último, "O Assistente de Direção Cinematográfica", de Pièrre Ma ffiflê, tradução e adaptação a situações brasileiras, de Jorge Mondar.

Pela primeira vez, entre nós, tenta-se estabelecer uma bibliografia especializada, em selecionamento de ordem prática, objetiva, para que o cineasta brasileiro aperfeiçoe sua visão, seu conhecer, seu sentir, seu trabalhar. Na verdade, representa nossas preocupações com os destinos da arte cinematográfica brasileira — como arte, como cultura, como indústria, como comércio.

Nem só de pão vive o homem — dizem os Evangelhos. E nem só de arte pode viver o cinema. Não será arbitrária a afirmação, porque o cinema, como o entendemos, e outros países, de economia forte, enten-dem do mesmo modo, é um instrumento hábil na movimentação de recursos. Além de seu peso social, cultural, de pronta comunicação, tem 3 sua grande importância na geração de rendas, e precisa, assim, de uma  justa consideração para encará-lo também na estrutura económica e

fi-nanceira do país.

São as fronteiras: a arte, a cultura, a educação social, o económico, onde não deve haver choques nem retraimentos no terreno cinema-tográfico. Fronteiras de atrações, nunca de repulsão.

Este é o ritmo de comportamento que marca a ação do Estado, em seu papel de estimular, conciliar, cooperar, jamais interferir na cria-A ficha de locação "Exteriores"

(8)

cão artística. Se/a ela qual for. Ritmo de comportamento que sempre desejamos manter integro em nossa ação à frente de responsabilidades administrativas na EMBRAFILME.

 A tradução de "O Assistente de Dírecão Cinematográfica", com o devido consentimento doInstitute dês Hautes Études Cinématographi-ques, está entregue ao cineasta (e admirável fotógrafo) Jorge Mondar, que, por sinal, foi aluno do IDHEC e nos aconselhou a edição em língua portuguesa. Jorge Mondar, além de traduzir a obra, adaptou-a às condi-ções brasileiras, pois ela faz parte do currículo profissionalizante do IDHEC.

Por coincidência, visitamos o IDHEC, em Paris, no mês de novem-bro passado, sob o patrocínio do /tamaraty. Lá estivemos observando, analisando e aprendendo.

No IDHEC há cursos regulares para estudantes, com um currí-culo definido em dois campos distintos: o da formação de atores para o cinema e o da formação de técnicos. Além de organizar cursos notur-nos para operários de cinema que desejam ascender a um posto de técnico, cursos de aperfeiçoamento para os próprios cineastas e também para os professores de liceus, interessados no cinema.

Ouvimos de um de seus diretores, durante a visita, em companhia do Conselheiro da Embaixada do Brasil, J. Villa Lobos, que a postura do IDHEC vai além da formação profissional: ele procur a exercer em Franca uma irradiação cultural por intemédio do Cinema. E enfatizou: a dupla missão de formar novos técnicos, novos artistas e de assegurar uma inteligente propaganda a favor da Sétima Arte.

Verificamos que as tarefas que pretendíamos dar ao CENTRO-CINE (Fundação Centro Modelo do Cinema), por nós redigido em anteprojeto na Comissão Interministerial, mas posto de lado por ser desaconsethável, naquela ocasião, quase se ajustam às do IDHEC. Aliás, chegam a se identificar em princípios gerais, que foram incorporados ao anteprojeto da EMBRAFILME, também por nós redigido e relatado, princípios dos quais resultou a atual Díretoria de Operações Não-Co-merciais.

Há, na Franca, como também propusemos aqui, uma cooperação do IDHEC com cinematecas, cinedubes, instituições culturais, re-sultando numa saudável política global de cinema.

Esperemos que, em breve, ressuscite a ideia da criação do CEN-TROCINE, adaptado aos tempos novos que começamos a viver, quando o próximo Governo Federal inteligentemente compreendeu o valor e a necessidade de uma Comunicação Social ajustável aos fatores psicossociais deste continente Brasil, tão essencialmente longe e vário em suas expressões regionais. Comunicação social nem de longe naquele molde propagandístico, ufanfstico — e até em distorções políticas.  Afinal, coisas estas passadas e enterradas.

12

O cinema, comunicação social por excelência, dentro de um com-plexo de arte e de técnica de expressão, um instrumento de cultura, de educação, de boa informação. Ele reúne parte do capital criativo da Nação. Atinge de modo direto o p úblico, produz o impacto da imagem sensitiva. Daí sua magna importância no contexto político e social de um país.

Por isso, quando entrávamos em contacto com o Instituto Luce, em Roma, espécie de IDHEC italiano, vimos em grandes letras a defi-nição da lei nacional: "O cinema é meio de expressão artística, educa-cional, cultural e de comunicação social".

Depois de excursionarmos em maratona cultural pela Itália, Franca e Alemanha, vendo, ouvindo, observando instituições culturais cine-matográficas, fortaleceu-nos a convicção de que o Brasil não está tão aquém das attvidades lá desenvolvidas.

Temos iniciativas que, ainda, modestas, nos dão o melhor cunho filosófico em matéria de desenvolvimento cultural e educacional cine-matográfico. Uma das provas, entre tantas outras, é a lista de obras que compõe a Cl N E BIBLIOTECA EMBRAFILME. A essa lista incorpora-se, agora, um livro essencial: "O Assistente de Díreção Cinematográfica".

LEANDRO TOCANTINS

(9)

 APRESENTAÇÃO

Com os meus companheiros da Comissão de Técnicos de Cinema,

através de nosso órgão de classe, o Sindicato dos Artistas Técnicos em

Espetácuíos e Diversões do Rio de Janeiro, procuramos fortalecer o

cinema brasileiro na sua luta de sobrevivência perante a invasão em

massa do cinema internacional que não deixa lugar para a expressão de

nossa cultura. O fortalecimento deste cinema, ao nosso ver, deveria ser

atacado em duas frentes. No âmbito mais geral uma defesa política do

nosso cinema lutando com as outras entidades que trabalham pelo cin ema

na defesa do mercado de exibição para o filme nacional, o

curta-me-tragem, o espaço para formação de novos valores e de

manutenção de um cinema cultural, sem ob/etivos puramente

comerciais. Por outro lado para realizarmos filmes em nível de

competição com o produto importado que realiza um "dumping" em nossa

produção é necessário manter o nível de formação profissional para que

possamos elaborar um produto cultural bem acabado e resistir na

competição comercial que se estabelece com o produto importado. Não

fabricar um similar nacional mas um com elementos que possam resistir a

essa invasão. Esse problema só poderia ser atacado procurando realizar

cursos de formação profissional onde as informações fossem dadas pelos

profissionais que militam na realidade concreta de nosso cinema.

Juntamos nossos esforços aos da Empresa Brasileira de Filmes S/A

através da sua Diretoria de Operações Não-Comerciais e estabelecemos

um programa para esses cursos, sobretudo nas áreas mais deficitárias da

mão-de-obra. Em seguida constatamos quanto a literatura em língua

portuguesa sobre o assunto era minguada e como isto elitizava o nosso

cinema. Este livro é a tradução df? um livro de Assistente de Direção do

Instituto de Altos Estudos Cinematográficos adaptado ao nosso processo

de produção e o resumo

Í

/

O

.

Y

encontros dos profissionais de nosso cinema

durante o Curso de Assistente de Direção realizado em 1978. Esperamos

que nosso esforço

(10)

se/a co-empreendido por todos os que amam o cinema como atividadè, os que dele vivem profissionalmente e para todos os que defendem o cinema nacional como meio de expressão democrática de nosso povo,

Jorge Mondar Tradutor e adaptador da obra

16

Aspectos Gerais

 — Descrição da Função

do Assistente de Direçâb

(11)

CAPITULO l

 Adv ertências iniciais e objeti vos da ob ra

Nós trataremos aqui essencialmente do IPAssistente de Direção

das grandes produções, na produção francesa atual, supondo que ele é o

único Assistente de Direção do filme.

Diremos então que:

a) 1? Assistente ÚNICO: o 19 Assistente único torna-se feliz

mente cada vez mais frequente. Trabalhando com ele um

segundo ou mais assistentes estagiários. É evidente que o 19

Assistente se encarrega e é o responsável pela divisão de

suas obrigações com estes colaboradores. Mais adiante de

monstraremos quais dessas obrigações são

normalmente

confiadas aos demais assistentes.

b) Nós definiremos apenas o Assistente de Direção do

longa-metragem porque no caso do curta-longa-metragem suas tarefas são

muito imprecisas para que se delimite numa definição. O

Assistente de Direção em filmes de curta metragem ocupa

efetivamente uma função mais simples pois todos os proble

mas se apresentam numa escala mais reduzida mas ao mes

mo tempo mais envolvente pelo fato de acumular (nesse ti

po de filme) mais funções, tendo em vista ser uma equipe

mais reduzida. Ele torna-se às vezes Assistente de Direção,

Contra-Regra e Guarda-Roupa, um pouco cenógrafo,

Dire-tor de Produção, Continufsta. . . e em alguns casos Fotógra

fo, Maquiador ou mesmo maquinista! No entanto, nós esta

mos convencidos que as indicações aqui fornecidas para o

Assistente de Direção do filme de longa metragem são per

feitamente válidas para os Assistentes de Direção em filmes

de curta metragem. Elas podem servir de base para as fun

ções propriamente ditas de "Assistente" no seu trabalho,

(12)

c) O 19 ASSISTENTE NA PRODUÇÃO ATUAL FRANCESA: efetivamente, estas considerações são válidas para outros países, sobretudo os europeus, que possuem sensivelmente o mesmo tipo de produção. Mas existem também os países onde a divisão das responsabilidades é um pouco diferente; e "atualizadas", pois, sabe-se, o cinema está em perpétua evo-lução. Por exemplo, notamos particularmente de uns anos para cá que certos filmes utilizam equipes mais leves dando maior mobilidade tendo em vista o rendimento do filme, em função do tema. Percebe-se também o aumento gradual de filmagens em exterior e locações naturais em relação às realizadas em estúdio.

CAPITULOU

 Apr esent ação d a fun ção d o As sis tent e de Dir eção

Definição:

Como definir o Assistente de Direção?

Robert Edward Lee, em "Silêncio, rodando!"1  denomina "o ho-mem de ligação da produção". E acrescenta que "o assistente é pratica-mente o responsável por tudo o que acontece no local de filmagem, exce-to da direção de atores propriamente dita e do estilo de interpretação dos atores principais".

"Atrasos de qualquer origem, interrupções das filmagens, falhas dos equipamentos ou humanas, erros de roupas ou maquiagem, atrasos nas locações, pequenos papéis ou figurantes incapazes de realizarem o que a eles solicitamos: não importa qual o esquecimento cometido por qualquer pessoa, recaem todos nas costas do Assistente".

Apesar de fora de moda podemos aqui repetir que muitas de suas atribuições são um tanto quanto militarizadas. Daí o aspecto delicado, complexo e ingrato do trabalho de Assistente de Direção e a dificuldade de uma definição precisa de sua função.

A convenção Coletiva de Trabalho é, por seu lado lacónica. EJa diz somente: "O 19 Assistente de Direção auxilia o Diretor na preparação e na realização artística do filme. Ele está subordinado diretamente ao diretor do filme".

Nós propomos aqui uma definição um pouco mais completa: DEFINIÇÃO: O Assistente de Direção é, como o seu nome indica, o co-laborador imediato do Diretor que lhe assiste do triplo ponto de vista material, técnico e artístico durante a preparação e filmagem. Mas é também, antes de tudo, o homem de ligação e de coordenação entre a Direção de um

EdiçõesPayot- 1938.

(13)

lado, a Produção e o conjunto da equipe do outro lado. Seu papel é prever, organizar e pôr em execução tudo que é necessário para c riar as condições de trabalho as mais favoráveis possíveis para a direção e realização do filme. Esta definição sublin ha o lado da "or ganização d o trabalho" que não parece ficar muito evidente no próprio título do

Assistente de Direção. Efetivamente, como percebeu René LEPROHONI:2 "na medida onde sua c ompetência é real, o assistente

parece convocado a assumir cada vez mais tarefas até então reservadas a Produção e notadamente ao Diretor de Produção."

CAPITULO III

Dificuldades da limitação precisa das funções do Assistente de Direção.

No cinema, existe, no nível da divisão das responsabilidades, dois tipos técnicos:

a) os que se ocupam de funções técnicas mais especializadas, com limites bem determinados: eles realizam um trabalho, que o tema se renova de um filme para outro, mas que sem pre será idêntico o campo de atuação e intervenção e que ninguém poderá dificultar ou intervir. É o caso por exemplo do Diretor de Fotografia, do operador de câmera, do ma-quiador, do técnico de som, do fotógrafo de cena. .. b) aqueles que a função técnica tem sua atividade mais amplia

da do ponto de vista responsabilidades. Existem entre as fun ções vizinhas e sua própria atividade numerosas possibilida des de interferência. Por esta razão (o Assistente de Direção é o tipo específico dessa 2a. categoria) o limite de suas res ponsabilidades é bem elástico e varia de filme para filme. Cada equipe necessita entre seus membros de um equilí-brio que lhe é próprio e que resulta da interacão de um com outros de diferentes personalidades que as compõe. Cada equipe é um caso particular onde a fórmula de trabalho é determinada pelo que podemos chamar de "relações de forças presentes".

4

"Los mille et un métiers du cinema" (Meloj, 1947)

22

FÓRMULA DA "RELAÇÃO DE FORÇAS" ENTRE OS

MEMBROS DE UMA EQUI PE DE UMFI LME

Tomemos como exemplo um caso evidente: o filme em que o Di-retor é por princípio, por definição, "o criador da obra" e o criador ar-tístico do filme. Efetivamente seria ele sempre isto? Entre outras

(14)

quali-dades, o verdadeiro Diretor deve conseguir contrabalançar um certo nú-mero de forças exteriores que tendem naturalmente a dificultar cada qual por seu lado suas funções. Ora, mesmo que o Diretor, por uma razão qualquer, não exerça o peso suficiente para se impor realmente, e que diante dele trabalhe com pessoas mais preparadas (por exemplo: um produtor intransigente, com ideias fixas, ou um autor invasor), o equilí-brio, que é a base da divisão das responsabilidades-padrão, é rapidamente rompido em benefício de um outro equilíbrio próprio a es ta equipe e que influenciará consideravelmente sobre as características do trabalho de cada um. É assim, segundo por quem ele se deixar dominar (pelo produtor, pelo autor literário ou os atores), o Diretor pode, de criador responsável, ser levado no caso extremo, a um simples empregado de fabricação comercial, ou a função de tradutor técnico anónimo de um romancista, ou ainda aquele que valoriza uma vedete. A profissão de di-retor tão rica e extraordinária pode ser diminuída, empobrecida se rea-lizada sob forma truncada, segundo fórmulas e acomodações. Em outros aspectos o trabalho do Assistente de Direcão muito se assemelha de um filme para outro.

Principais fatores que alteram as responsabilidades de um Assis-tente de Direcão:

Como afirma precisamente Pierre LEPROHON1  a propósito do Assistente de Direcão:

"Esta profissão vai do melhor ao pior segundo o interesse que lhe atribui o Diretor do filme" — e acrescentemos — "e a qualidade desta pessoa que desempenha tal função".

Efetivamente dois fatores principais influenciam a determinação da área e a importância efetiva do Assistente de Direcão:

a) a confiança que lhe deposita o Diretor (que na maioria das vezes é ele mesmo que escolhe o seu assistente)

Ela resulta de um recíproco entendimento (método de trabalho, afinidades comuns, personalidades coincidentes) e também a maneira co-mo o Assistente deco-monstrará suas qualidades pessoais.

b) A verda deira competência do Assistente de Direcão que o levará não somente a obter a confiança do seu diretor e de toda a equipe,mas também a da produção com a qual ele deve constantemente e estreitamente colaborar.Se ele é realmente competente, a produção perceberá as vantagens de lhe permitir grande parte da iniciativa de organização, em função dos imperativos da direção e que ele é o melhor situado para saber os detalhes de organização material do trabalho. É a condição sine qua non da total atuação da função do Assistente de Direção. Acrescentemos a isto que

"Lês rnilleet un métiers du cinema" (Ed. Melot, 1947) 24

inicialmente um acavalamento bem normal das responsabi-lidades do Assistente de Direção com as funções vizinhas se dará.

Particularmente.quais são?

1) com o Diretor: Certos diretores que depositam uma imensa confiança em seu Assistente de Direção podem em certas situações transferir-lhes suas próprias responsabilidades. Por exemplo: frequente-mente, a filmagem de planos secundários (planos de ambientação ou si-tuação, detalhes, inserções etc.). E nos filmes com figuraçã o, sobretudo nas grandes figurações, é comum que o Assistente de Direcão assuma, nos planos de fundo onde se realiza a ação dramática principal uma verdadeira direção dos elementos secundários (evidentemente em har-monia com as intenções gerais do diretor). Em certos casos, onde o diretor é mais autor que técnico, o assistente assume essa deficiência ou complementa este trabalho que é uma das prerrogativas do diretor. Ele pode mesmo nesta situação ser chamado a atuar como um "conselheiro técnico" (oficial ou oficiosamente). Nestes casos as responsabilidades são um pouco deslocadas e o 29 Assistente assume um papel mais importante atuando onde o l P Assistente de Direção deveria fazê-lo (e o assistente estagiário passa então a receber o título de assistente de direção).

Enfim, em casos excepcionais, o Assistente poderá ser chamado (e isso poderá ser a chance de sua vida) a continuar o trabalho de um filme em curso onde o diretor afastou-se (por doença ou qualquer imprevisto) e assumindo assim o lugar do diretor. O Assistente de Direção ideal deve poder eventualmente substituir o seu diretor.

2) Com a continuísta

A colaboração do Assistente de Direção e a continuísta é perma-nente tanto durante o período de preparação (detalhamento, pré-mi-nutagem, previsão de equipamentos técnicos, pesquisas.. .) como durante a filmagem propriamente dita (problemas de encadeamento técnico, continuidade de acao dramática, figuração, sons ambientais, acces-sórios de cena). Suas preocupações são quase sempre comuns ou paralelas e o bom entendimento tradicional entre o Assistente de Direção e a Continuísta éumelemento importante para o bom andamento do filme. Aliás, um boa continuísta deve estar suficientemente informada do trabalho do Assistente de Direção, a recíproca é verdadeira e o bom Assis-tente deve poder em caso de ausência (curto afastamento: doença) subs-tituir momentaneamente a continuísta.

b) No setor administração — produção

É certamente nesta área que o problema de acavalamento das res-ponsabilidades se apresentam mais concretamente.

(15)

1} Com o Diretor de Produção: o acavalamento se dá quando se realiza o "detalhamento" e tudo que toca a elaboração do "plano de trabalho" e a organização da filmagem.

2) Com o cenógrafo, contra-regra e seus auxiliares:

Éigualmente na elaboração do "plano de trabalho" que se misturam

as funções, sobretudo no "detalhamento", na escolha dos atores de segundo plano, pequenos papéis e figuração e certos elementos mate-riais especiaispara a direcão {escolha de accessórios importantes para a construção dramática)OLJainda nas visitas e procura de locações e

pre-paração dos exteriores (condições materiais de hospedagem e de filma-gem etc.).

Tudo isto permite compreender as variações bem desconcertantes que observamos com frequência de uma produção a outra relativas às responsabilidades das quais se incumbem os Assistentes de Direcão.

No caso extremo, as responsabilidades podem ser imensas. Sua responsabilidade pode ser reduzida ao mínimo quando o Diretor, o Di-retor de Produção, o Contra-Regra.. . que têm a tendência de absorver em suas funções uma parte mais ou menos importante das funções do Assistente de Direcão

Eis porque é difícil definir precisamente uma vez por todas de maneira rígida as responsabilidades-padrão do Assistente de Direcão. Mas, face a este equilíbrio de responsabilidades que se cria em cada pro-dução e que nós acabamos de explicar, uma das qualidades primordiais do Assistente de Direcão será de se adaptar e ser capaz de dosar o peso das coisas em qualquer circunstância. Aliás, se ele é realmente compe-tente e para que ele saiba se fazer ao mesmo tempo simpático e eficiente, o Assistente conseguirá logo se impor, e sentirá o apoio quando lhes são confiadas as máximas responsabilidades.Éo que nós suporemos em todo o

caso para o estudo que faremos aqui. Sobretudo porque é normal que cada profissional apresente sua especialidade sob o seu aspecto o mais completo e também é bom lembrar a expressão popular "quem tudo faz, pouco faz.. ."

P.S. De qualquer maneira não nos devemos impressionar que nas, con-dições apresentadas, entre as diversas funções desenvolvidas segundo seu fator máximo de atuação, existam (nas matérias de uma escola de cinema por exemplo) certos acavalamentos de atividades reproduzindo na-turalmente o que ocorre na produção.

É por isto, para apenas citar um exemplo, que o "plano de trabalho" será abordado e explicado nas aulas de Assistente de Direcão, Dire-de Produção ou mesmo de Cenógrafo {ordem de construção dos cenários).

26

CAPITULO l V

 A Prof iasf fo doAssistente de Direcão

l -RESUMO HISTÓRICO:

A função Assistente de Direcão não é daquelas que se impôs de uma maneira evidente desde o início do cinema (como foi a de operador de câmera),

Nas épocas heróicas, tudo conduzia a duas áreas comportando cada uma um responsável: a de direcão artística {roteiro, direcão de atores e os atores propriamente ditos) e a da imagem. Para todo o resto, ou os dois responsáveis se encarregavam eles mesmo de realizarem, ou então eles comandavam — sem que existisse nenhuma regra precisa sobre isso — aos seus colaboradores, "pau para toda obra", que podiam se ocupar tanto da maquiagem como da construção dos cenários, sem falar da colocação dos móveis ou da procura de atores e figurantes: o todo aliás ainda muito ligado aos métodos teatrais.

Depois, pouco a pouco, os Diretores se habituaram a trabalhar com a ajuda de um colaborador nomeado mas se tratava efetivamente de um "braço direito", de um secretário particular que de um Assistente de Direcão técnico tal qual se concebe nos dias de hoje.

A complexidade crescente da técnica cinematográfica conduzia progressivamente a uma especialização cada vez mais acentuada. A apa-rição do cinema sonoro no início dos anos 30, com todas as complica-ções técnicas que o som traz, fez desaparecer definitivamente os que po-diam ainda subsistir dos primitivos métodos artesanais, ou familiares de produção cinematográfica, e fez deslocar o Assistente da área das secre-tárias, quase sempre "ajudante submisso", a de um verdadeiro colabo-rador técnico. Então se estabeleceram as funções oficiais do cargo de Assistente ou mais habitualmente, como no momento atual, o Assistente de Direcão.

(16)

- O ASSISTENTE NA EQUIPE

De uma maneira esquemátic a, a produção de um filme supõe a reunião de 7 categorias de serviços ou colaboradores (ver o quadro). A —  Administração —O produtor e seus financiadores

 — Os serviços Administrativos e de contabilidade contratados fixos na produtora.

 — O distribuidor (em regra geral co-produtor}

 — O agente de publicidade (quase sempre ligado ao distribuidor)

B — os Autores —roteiristas, adaptadores, dialoguistas a quem devemos acrescentar 

 — o diretor do filme que inspira e coordena o con  junto do trabalho apo iando-se no roteir o  — o autor da música original

Salvo o que compete evidentemente ao Diretor, o Assistente de Direção em princípio pouco tem a fazer com essas duas categorias. Ha-bitualmente para o Administrador os contactos são feitos pelo interme-diário da Direção de Produção. Algumas vezes, o Assistente de Direção pode manter contacto direto com o agente de publicidade (fotos, docu-mentos, anedotas, jornalistas). Quanto aos autores literários e o músico o Assistente de Direção trava conhecimento e tem um contacto através do Diretor do Filme.

4) Cenogr afia - Cenógrafo ou Diretor de Arte. Assistente de Cenografia, Desenhista, Maquetista, Contra-Regra, Tapetei-ro, Decorador, Contra-Regra de Externa. (Os 4 últimos tra balham diretamente com a Produção através do Produtor Executivo).

5) Som — Técnico de som, microfonista.

6} Montagem — montador, assistente de montagem. Existem outros dois subsetores:

7) Guarda-Roupa (ligado ao Cenógrafo) Tem uma função mui to importante nos filmes históricos, comédia musical ou ficção científica etc.. . .; figurinistas (criador de roupas), costureiras e guarda-roupeiras (no caso onde esta última trabalhe só — filmes sem roupas especiais — elas estão dire tamente ligadas aos Diretor de Produção e ao Cenógrafo). 8) Maquiagem (ligado ao Diretor de Produção sobre o plano

administrativo e ao Diretor de fotografia no nível técnico-artístico) Maquiador - Maquiadores auxiliares, cabeleireiros e peruqueiros.

Nesta categoria "Equipe Técnica", o Assistente de Direção como se desenvolveu na definição tem um papel importante de ligação e coor-denação no seio da equipe técnica, com uma ligação com todo os seto-res técnicos.

C — A Equipe Técnica

—São os técnicos da equipe de filmagem que comporta ela mes-ma 6 setores (cada um deles sob a direcão de um responsável geral) e um ou dois subsetores ou cargos auxiliares.

1} Direção — Diretor. Assistente de Direção, Continuísta.Éo

setor ao qual pertence o Assistente de Direção e nós voltaremos a falar e desenvolver.

2) Ad ministração — Produção — Diretor de Produção (Admi nistrador de Produção), Produtor Executivo, Assistente de Produtor Executivo, Secretário de Produção, Caixa-Conta-dor.

3) Imagem - Diretor de Fotografia - Operador de Câmera , Assistente de Câmera (foguista), 29Assistente de Câmera -Agente Técnico de ligação com o laboratório e o Fotógrafo de Cena {que está também vinculado ao Diretor de Produ ção), além dos subsetores Maquinistas e Eletricístas. 28

D —O Pessoal do Estúdio (Operários):

1) Operários de Montagem

a) Marcenaria: Carpinteiros, Carpinteiros especializados (esca das, esquadrisas etc.). Marceneiro especialista em móveis de época.

b) trabalhadores em gesso c) escultores e pedreiros

d) pintores (a pistola, letristas de cenários) e) Maquinistas de montagem de cenários

Todos estes operários dependem do estúdio e sâb contratados pela produção. Eles estão a serviço do Cenógrafo.

f) Eletricista de equipamentos do cenário: passarelas ou pon tes (dependem igualmente do estúdio mas sob a supervisão do Diretor de Fotografia).

N.B. — Todos estes operários estão em princípio em parte ou não em contato direto com o Assistente de Direção.

(17)

2) Operários de Filmagem:

Eles estão em contacto permanente com a equipe de filmagem da qual eles fazem parte e estão em relação constante com o Assistente (so-bretudo os maquinistas)

a) Maquinistas: Chefe Maquinista, Maquinista auxiliar.

b) Eletricista: Chefe Eletric ista, Eletricis ta (à disposição do Diretor de Fotograria}

E — A Inte rpr etaçã o:Todos os atores do filme, atores principais aos figurantes.

O Assistente de Direcão está em contacto permanente com todos e rnais diretamente encarregado das silhuetas e figuração.

F — Os Vendedores ou Locadores de Equipamento e Materiais: Negativo, Cârnera, Estúdio, Auditório, Móveis, Accessórios etc. . . . Em princípio sem relação com o Assistente de Direcão.

G —Laboratórios: (trabalhos e tratamentos da película de imagem e som)

Em princípio sern relação com o Assistente de Direcão.

O Assistente de Direcão pertence então à Equipe Técnica ligado ao setor de Direcão Artística que está assim composta:

O Diretor — Alma da equipe e criador do filme, o seu encargo está assim definido pela Convenção Coletiva: Colaborador contratado pelo Produtor — sua atividade tem início quando adapta cinematografica-mente sobre o ponto de vista artístico e técnico um tema. Elabora o de-talhamento técnico desta adaptação. Terá a responsabilidade de determinar as tomadas de imagem e som, da montagem e da sonorização do filme, segundo o que determinou no roteiro e no detalhamento técnico e no plano de trabalho estabelecido em comum acordo com o produtor.

19Assistente de Direcão (que já definimos)

29Assistente de Direcão — que a Convenção Coletiva diz laconica-rnente: "Ajuda o IPAssistente de Direcão em todas as suas funções."

39Assístente de Direcão (raro: existe somente em grandes pro-duções)

Os Assistentes Estagiários. Oficialmente somente h^á um (assalaria-do) mas de fato ocorre haver dois, três, quatro ou mais. . . Suas respon-sabilidades e encargos são relativos a sua capacidade de realizá-los. A Continuísta — Hierarquicamente depois do Diretor do Filme e o

Aiilitinto do Dlreçlo. A Convenção Coletiva a define: "Auxiliar do Diiitt ... (| <i Ih ii -i ur di- l'ro(lu(;ao. TUi t:onlroki ;i continuidade do Filme (relaçío antre os planos) e estabelece essa mesma continuidade a tudo que compõe a locação filmada. Faz o relatório artístico diário (para montagem) e administrativo (gasto de negativo, rendimento e planos rodados etc.. .}.

Il l - A COLABORAÇÃO DO DIRETOR -ASSISTENTE DE D1REÇAO

Pareceria que a fórmula ideal seria a constituição e uma corrente permanente, homogénea e eficaz porque são consequência de afinidades comuns e de uma confiança recíproca e que o rendimento crescerá de filme para filme. Algumas vezes isso acontece e dá excelentes resultados. Mas, infelizmente, não é sempre possível e não acontece de maneira regular e sistemática. A causa principal é que o Assistente de Direcão necessita de um ritmo de trabalho três vezes maior do que o Diretor. Se um Diretor faz em m édia um filme por ano, o Assistente de Direcão necessita fazer ao menos três. Ora, então acontece frequentemente do Assistente não poder dispor das datas para os filmes desejados. E, em alguns casos, ele exerce pressões externas ao Diretor: quando por exemplo ele é imposto no filme.

Mas, uma coisa é certa, quando o Diretor forma sua equipe com o seu Assistente e que ele tem plena confiança nele, o trabalho do Assistente de Direcão se enriquece de maneira extraordinária: o diretor pode lhe pedir conselhos ou sugestões sobre seus próprios problemas de dire-ção e fazê-lo participar. O papel do Assistente então se duplica de auxiliar e de conselheiro.

IV-PRINCIPAIS QUALIDADES NECESSÁRIAS PARA FORMAR UM BOM ASSISTENTE

Quais são as qualidades que merecem ser sublinhadas entre as que podem delinear como o retraio do Assístente-padrão?

a) Ao n ível de formação geral e de conhecimento

 — C onheci mentos do co njunt o gera l do trabal ho téc nico, material e artístico do filme.

 — C ultura e formaçã o geral b em ampla mas que dev e lhe complementar de uma maneira inteligente, discreta e 31

(18)

bem organizada permitindo-lhe reunir e assimilar rapidamente toda a informação sobre qualquer tema útil à realização do filme (por exemplo: documentação sobre a vida dos marinheiros se o filme se passa num barco: hábitos, termos da marinhagem, manobras, rou-pas, usos a bordo. ... ~ ou questionar sobr e os meios da época se o filme se trata de um filme histórico etc.). Deve não somente reunir informações mas também poder selecioná-las guardando o espírito geral e os detalhes aplicáveis sob o ponto de vista prático e que poderão ser úteis à filmagem.

b) Qualidades Profissionais:

Além do entusiasmo e a consciência profissional que são necessários em qualquer profissão sobretudo o cinema, podemos citar:

1) Iniciativa, senso prático e espírito "virador"

Esta profissão coloca o profissional diante da realidade con-creta da vida e defrontar-se-á o tempo todo com inúmeras dificuldades sempre novas e imprevisíveis as quais deverá sempre rapidamente resolver de forma inteligente e eficaz. 2) Sentido de organização, de método, de ordem, de precisão e objeti-vidade do detalhe :

As complexidades dos encargos do Assistente de Direção e a influência considerável de seu trabalho sobre o ritmo da fi lmagem — e logicamente sobre o custo do filme — exigem a utilização de um método rigoroso baseado sob um estudo aprofundado de todos os elementos da produção. Para o assistente não há problemas menores: cada urn tem sua im-portância própria e deve ser examinado e resolvido racionalmente e no tempo desejado. 3} Senso de Antecipação:

O Assistente de Direção deve saber imaginar e prever todas as dificuldades que podem surgir e então dar a maior margem possível, resolvê-las antecipadamente ou pelo menos preparar uma alternativa. O Assistente deve sempre pensar ao mesmo tempo no momento presente e segundo os problemas — na hora, no dia ou na semana que vem: (por exemplo: as folhas a desmontar e a praticabilidade dos accessórios a serem previstos para o plano seguinte, as dificuldades de filmagem do dia seguinte etc...}.

32

1) Hti|il<ln/ do compreensão e execução:

O Assistente de Direção deve ser claro, rápido e preciso. Seus reflexos devem lhe permitir a perceber instantanea-mente a situação e reagir bem rápido . . , na boa direção. 5) Autoridade:

Sendo o Assistente de Direção um pouco o chefe do canteiro de atividades, que é a locação poder impor aos membros da equipe e ao pessoal do estúdio o bom método, isto de-terminado mais pela liderança do que pela rigidez da disci-plina mantendo uma boa atmosfera necessária ao local de filmagem.

6} Grande resistência física e moral:

É uma profissão que supõe período de desemprego e logica-mente descanso forçado entre dois filmes, mas que durante as filmagens necessita um esforço constante e muito duro. É necessário ao mesmo tempo uma saúde de ferro e um perfeito equilíbrio físico e moral e também sangue-frio e filosofia. 7) Um senso crítico desenvolvido mas sempre voltado para as soluções positivas:

A crítica negativa é estéril e o Assistente não tem tempo de se retratar.

8} Agilidade, Adaptação às circunstâncias, diplomacia e tato:

A profissão do Assistente de Direção é por excelência aquela onde nos encontramos constantemente entre "a cruze a espada". Deve saber enfrentar as perdas de humor donde quer que elas tenham origem (Diretor, atores, produção. . .) e se proporem todas as ocasiões a conciliar o inconciliável. O Assistente de Direção deve ser o diplomata da locação. 9) Dom de observação e memória visual e auditiva:

São as qualidades mestras da continuísta e do Assistente e durante o trabalho e, como nós já vimos, muito se tocam em vários postos. Deve saber tudo, tudo ver, tudo escutar e tudo guardar.

10)  Enfim, gosto e senso artístico:

Isto é tão evidente que nós não insistiremos ou desenvolve-remos.

V - FORMAÇÃO DOS ASSISTENTES

Antes da criação das escolas de cinema e particularmente o IDHEC (na França) a única via de acesso possível à profissão de Assistente de Direção era o aprendizado na prática das filmagens propriamente dita. O estagiário que integrava então uma equipe de cinema não sabia abso-lutamente nada sobre o assunto e devia apenas ter um pouco de

(19)

dade, obstinação e uma vontade de ferro para se manter nest a profissão e adquirir alguns conhecimentos. Mas efetivamente não basta boa vontade ea experiência mesmo renovada não é suficiente. Sobretudo no cinema onde os técnicos são ciumentos de seus conhecimentos e de seus cargos, e por outro lado o ritmo de produção é tão violento que durante o tra-balho torna-se impossível formar verdadeiramente "alunos". É por isso que 3/4 dos estagiários desaparecem da profissão desgostosos no final de dois filmes, e muitas vezes durante o primeiro.

Aliás, devemos ainda assinalar um outro handicap da profissão de Assistente de Direção. Como considerávamos e ainda infelizmente acha-mos que o Assistente de Direção é um cara que faz tudo e de nada en-tende é um lugar ideal para "encaixar" a namorada do produtor, ou do ator. É mesmo comum ouvir-se dizer: "Ele não dá pra nada.. . nem no Comércio nem na Indústria e se a gente colocasse ele no cinema.. . como Assistente de Direção, é lógico!" Isso durante muito tempo deu uma visão errada sobre a função e sobretudo dos bons assistentes que não se sentiam valorizados e esbarrando em incompetentes "com pisto-lão" que atravancam a profissão. E por isso que um diretor ou produtor que foi servido por um desses "assistentes" em outras produções extingui-ram essa função e que nós sabemos ser um elemento capital para o bom andamento do filme e consequente mente uma fonte de economia consi-derável.

O IDHEC (na França) compreendeu essa situação, e como era o seu papel, bastante contribuiu para normalizar essa situação. Os estu-dantes recebem uma formação cinematográfica ao mesmo tempo geral e especializada que lhes coloca em condições de se apresentarem para o seu primeiro estágio como técnicos sérios e competentes tendo apenas que ser colocados em contacto com a realidade concreta do cinema. A experiência demonstra em numerosas ocasiões que eles estavam antes a depositarem confiança isso é uma honra para eles para o IDHEC,

Eles podem efetivamente se impor rapidamente tendo sobre os outros, mesmo os veteranos, uma vantagem que lhes dão o estudoteorico racional e a visão de conjunto dos problemas de uma profissão. Efetiva-mente o que demonstra o aprendizado soEfetiva-mente pela prática é que ele é lento, trabalhoso, empírico e fragmentado. Não é suficiente conhecer as coisas, temos primeiramente de compreendê-las de uma maneira aprofundada e saber porque devemos dominá-la. Para perfeita eficacida-de devemos poder situar exatamente nosso trabalho dentro do complexo conjunto das atividades da equipe.

A regra oficial para os antigos alunos do IDHEC é um filme como "estagiário" no fim dos estudos, em seguida a ascensão ao cargo de se-gundo e em geral rapidamente ao de 19 Assistente de Direção. Mas as excecÔes brilhantes são numerosas e nós já vimos estudantes terminando em uma superprodução seu primeiro estágio com o título deco-rea 34

lizador e outros começarem diretamente com diretores premiados em filmes de curta metragem.

VI - MERCADO DE TRABAL HO DO ASSISTENTE DE DIREÇÃO Convém agora sublinhar um ponto importante. A profissão de Assistente de Direção contrariamente ao que poderíamos acreditar numa primeira abordagem, não prepara diretamente e automaticamente para a função de Direção. Função que representa portanto a ambição normal de quase todos os Assistentes de Direção. Em certos países como a América do Norte, onde as funções são ainda mais especializadas, a profissão de Assistente é uma função nitidamente diferenciada da do diretor e cada um admite que pode trabalhar toda a vida naquela função. Na França, salvo raras exceções, todos os Assistentes consideram esta função como um período transitório que lhes permitirá ascender a Direção. O que é afinal de contas bem compreensível e legítimo!

Mas o problema é que há uma descontinuidade entre as duas fun-ções (como aliás acontece por exemplo entre as do Assistente de Câme-ra e a de Diretor de Fotografia).

Podemos ser um perfeito Assistente de Direção e após muitos anos de experiência realizar um medíocre filme como Diretor. Inversamente porém podemos ser um Assistente de Direção de qualidades médias e ma-nifestar rapidamente qualidades incontestáveis no nível de criação. Infe-lizmente, neste último caso somos em geral obrigados primeiramente a "sobreviver" como assistente esperando um dia ter chance como diretor ou então adotar outra via de acesso o roteiro ou a montagem, por exemplo. Enfim, ter aqueles que reúnem qualidades enumeradas anteriormente para um perfeito assistente e que demonstrarão suas qualidades para ser diretor. É evidente que o ideal é que um diretor possua todas as boas qualidades de um Assistente de Direção.

Quais são, brevemente descritas, as aptidões suplementares do Dir etor?

- Uma grande cultura geral associada a uma maturidade de espírito.

- As capacidades de autor dramático (senso de construção, de proporção no desenvolvimento, de ritmo, das leis dramá ticas, da situações dramáticas, da psicologia dos personagens de uma história de ficção e também. . . da psicologia do pú blico a quem tudo isto se destina)

- um conhecimento aprofundado (e não geral) da técnica de expressão quer dizer da linguagem cinematográfica

(20)

(de-talhamento em planos, direcão técnica da filmagem, monta-gem)

 — as qua lid ades do di reto r de inter pret ação (dir ecão de at o-res que umaspecto essencial da direcão)

 — um s enso artí sti co desen vol vid o su pond o te mper amen to, sensibilidade, personalidade, originalidade criadora.

 — qualid ades de lí der: autor idade moral sobr e a eq uipe, sen so de responsabilidade (que são um peso sobre o plano mo ral, artístico e financeiro).

Qualidades diferentes que a do Assistente e que este não a possui necessariamente em potencial. Os produtores sabem e é por isso, como eles acham que já correm suficientemente riscos filmando com o máximo de segurança, eles hesitarão sempre em confiar em um estreante, mesmo aparentemente capacitado, sua primeira direcão. Há um enorme vazio entre as duas funções de Assistente de Direcão e Diretor que sempre será muito difícil de saltar.

CAPITULO V

PANORAMA DA S ATIVIDADES DE UM ASSISTENTE DE DIRECÃO NO PERÍODO DE PRODUÇÃO DE UM FILME

l) PRÉ-PRODUÇÃO E PERÍODO INICIAL DE SUAS ATIVIDADES

36

 — ponto de parti da: ideia original e sinopse ou obra l iterári a de um la do e fonte de financiamento do outro.

 — contr ataç ão d o di ret or: cont rato pelo fil me ( ele pode já, nest e mo mento, solicitar o seu Assistente de Direcão) e o acordo comum sobre a vedete ou vedetes do filme.

 — Desenvolvi mento liter ário e ajuste do rotei ro ent re os autores (rotei -ristas, adaptadores, dialoguistas, diretor} daí sairá: adaptação final, diá logos definitivos e a primeira versão do roteiro — a "continuidade dia logada" (19 tratamento)

 — desenvolvimen to paralel o a estes t rabalhos os problem as financei ros e administrativos serão tratados (documentos para o Órgão Público fi-nanciador e obrigações legais etc.. .} e os contratos, laboratórios, estú dios etc.. .

 — contratação do pessoal t écnico de base: dir etor de pr odução exec uti va, diretor de produção, Cenógrafo, Diretor de Fotografia e o ASSIS TENTE DE DIRECÃO. (19)

 — os artistas princi pais  — o Assistente de Direc ão (IP)

contrato baseado sobre a convenção coletiva. Contrato por sema-na para a duração prevista do filme:

Preparação (mínima de duas semanas) dependendo do filme poder ser de 3 ou 4. Prorrogação (prevista caso se ultrapasse o plano de trabalho)

(21)

H -TRABALHO DO ASSISTENTE DE DIREÇAO DURANTE O PERÍODO DE PREPARAÇÃO (Pré-Produç ão)

Durante as 2 ou 4 semanas que precedem a filmagem o Assistente manter-se-á em perfeita ligação com o Diretor e a Produção. Terá inú-meras responsabilidades que enumeraremos abaixo. Na grande parte das vezes será obrigado a assumir simultaneamente diversas frentes de traba-lho.

OS TRABALHOS DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO

São efetuados pelo Diretor e podem incluir o estudo de documen-tos em bibliotecas sobre meios, accessórios, comportamento de uma época ou local ou ainda pesquisas, estudos e ajuste de accessórios delica-dos, de pequenas trucagens práticas etc. . .

PREVISÃO DE MINUTAGEM O DETALHAMENTO

Definição: É a operação que consiste, a partir da découpage definitiva levantar e determinar, em seguida classificando de maneira metódica to-dos os elementos necessários às filmagens. Seuobjetivo é duplo:

a) antes da filmagem: serve de guia aos diversos trabalhos pre paratórios e fornece dados úteis para a elaboração do plano de trabalho.

b) d urante a filmagem: permite colocar em funcionamento e controlar todos os elementos que condicionam um bom an damento do trabalho de Direção.

O detalhamento requer sobretudo a precisão, o método e bastante imaginação na valorização das previsões, é o trabalho essencial do Assis-tente de Direcão durante a preparação. De sua qualidade dependerá o bom andamento das filmagens. Este trabalho se efetua em ligação es-treita com o Diretor de Produção e a Produção Executiva.

Logo que o detalhamento é terminado deve ser distribuído a cada serviço técnico interessado.

A teoria e a técnica do detalhamento serão o tema na 2? parte onde estudaremos mais detalhadamente o assunto.

Operação que se faz habitualmente com a continuísta e que con-siste em, a partir de detalhamento em planos, avaliar com a maior preci-são possível a duração do futuro filme: isto tendo em vista adaptar o mais exatamente possível a duração efetiva do filme e a duração prevista pela Produção e pelo Diretor.

É um trabalho muito delicado e muito importante: é evidente-mente preferível (tanto do ponto de vista dramático como financeiro) modificar o roteiro antes de rodar do que ser obrigado a cortar ou acres-centar cenas no fim das filmagens).

Realiza-se a pré-minutagem cena por cena, esforçando-se por levar em conta todos os elementos de apreciação de que podemos dispor: ritmo geral desejado pelo diretor, ritmo particular de cada ator, ações descritas em algumas palavras mas que necessitam de um mínimo de tempo para os movimentos de cãmera (neste caso se revive a interpreta-ção) etc. . .

Enfim, para obter o máximo de precisão, é recomendável expor sua própria avaliação com outras pessoas (continu(sta, 29 assistente) tendo feito um trabalho anterior separadamente.

Esta pré-minutagem será durante as filmagens comparada pelo continuísta com a minutagem real obtida e informada ao Diretor quando apresentarem diferenças gritantes.

 A DIVISÃ O E A COL OCAÇÃ O E AÇA O DE DIVERSOS TRAB ALHOS PREPARATÓRIOS

Com a Direcão de Produção e a partir da découpage e do detalha-mento:

Cenários, roupas, maquetes, transparências a serem filmadas. . . Cada especialista deve receber em tempo hábil os documentos e incum-bências sobre o plano de trabalho preparatório que lhes toca.

É a partir dai' que cada um assume suas responsabilidades. O As-sistente deve ser informado de que cada um recebeu todas as informa-ções necessárias para os trabalhos terem início sem erro.

 A PROCURA DE LOCAÇÕES EM EXTERIOR EASPRÉ-FILMAGENS

a) Visita às locações:Éum trabalho que pode tomar dimensões

muito variáveis, segundo a importância dos exteriores no filme e o cui-dado dedicado pela produção á preparação. Se os planos em "exteriores" forem numerosos, é provável que quando o Assistente for engajado, a es-colha dessas locações já estejam definidas em linhas gerais. Neste caso, o trabalho do Assistente será sobretudo o de escolher entre locações mais ou

(22)

menos definidas, o que mais se adequa à escolha definitiva do diretor, do qual ele conhece os desejos e os imperativos (sobretudo de ordem técnica). Se por acaso nenhum estudo prévio das locações foi feito pela Produção, seja uma certa precipitação na preparação ou seja por terem esses exteriores importância secundária, o Assistente poderá procurar diretamente os lugares convenientes, segundo as indicações da

découpa-ge.O Assistente de Direção pode atuar sozinho {numa pequena produção) ou ser acompanhado de outros técnicos interessados, como o diretor de Fotografia, Diretor de Produção, Produtor Executivo e Cenógrafo (numa produção grande).

Nós estudaremos os dados das fichas de locação de exteriores na 2a parte deste trabalho.

b)Prê-fi!magem ~Trata-se habitualmente de tomadas (algumas vezes com som direto) que efetuamos antes das filmagens propriamente ditas e que por motivos óbvios tornar-se-ia m muito caras se reconstruídas.

(Por exemplo; cenas de rua no Carnaval — F ilme "Lira do Delírio").

Essas filmagens podem ser feitas exclusivamente para o Setor IMAGEM:  — Planos gerais de arnbientação (sem atores) ou para situar a cena em

determinado local, sobretudo os planos em que o aspecto ajuda a dar credibilidade aos cenários construídos em estúdio.

- Planos de Exteriores destinados às trucagens de transparência que serão utilizados em estúdio durante as filmagens propriamente ditas. Para estes planos é necessário ter informações precisas sobre as filmagens definitivas em estúdio. Por exemplo: para as clássicas imagens de uma paisagem que desfilam no vidro traseiro de um automóvel, deverá se saber qual o vidro em que veremos estas paisagens (lado direito, esquerdo, traseiro), a velocidade suposta do veículo, os elementos exte-riores necessários ou a serem eliminados, a inclinação do eixo da câmera, a lente etc. , .

Para o SOM:

Trata-se essencialmente de gravação de piay backque servirá de guia no momento das filmagens em estúdio. Essas filmagens se efetua-rão sem o som, mas sincronizadas com o play back gravado anteriormente.

A necessidade doplay backse faz sentir quando é fundamental a r:ominuidade sonora em sincronismo com a imagem que será detalhada cm planos descontínuos.Éo caso das canções (sincronismo dos lábios) ou tias danças (sincronismo dos movimentos) quando elas correspon-(lurri o um detalhamento em vários planos. Essas gravações são realiza-dir. <li> utriri maneira geral em estúdio.

40

O Assistente de Direcão recebe quase sempre a incumbência de su-pervisionar(play back)ou de dirigir pessoalmente essas pré-fílmagens (as tomadas para transparência são efetuadas pelo Assistente de Direcão com uma equipe reduzida de um Assistente de Câmera e um Diretor de Fotografia). Em certos casos, pode se tornar necessário a busca de docu-mentos filmados (stock shots — imagens de arquivo) planos de cinema-tecas colhidos nas imagens de cine-jornalismo (ex: explosão de um avi-ão), os quais o Assistente de Direção deverá procurar entre várias proje-ções para apresentar ao Diretor uma selecSo de documentos possíveis entre os quais ele fará a seleção.

ESTUDO COM OS ATORES DO SEU GUARDA-ROUPA

No caso de tratar-se de um filme histórico ou de época, o setor "guarda-roupa" se encarregará inteiramente deste problema e o Assistente de Direção assume apenas o papel de supervisão e de ligação com o Diretor. Mas nos casos mais frequentes que são os de roupa contem-porânea, e a equipe de guarda-roupa fica apenas reduzida à roupeira, é o Assistente de Direção que deverá estudar com os atores, a partir das indicações do Diretor e dos meios de produção, o problema dos costu-mes que cada ator deverá vestir durante as várias cenas do filme. O de-talhamento técnico deverá prever o número e a natureza deles, de maneira precisa. Segundo o orçamento do filme, as roupas masculinas podem ser fornecidas pelos atores (será apenas necessário então escolhê-las, determinar detalhes e numerá-las), caso sejam executadas especialmente para o filme. Neste caso o Assistente de Direção deve determinar definiti-vamente o nome e organizar as encomendas e os testes de roupa procu-rando observar que os atores não façam prevalecer seu gosto pessoal em detrimento do desejado pelo Diretor do filme.

O ELENCO

Casting,que significa distribuição em inglês, quer dizer no jargão técnico francês a distribuição de pequenos papéis, silhuetas e figuração. As vedetes e papéis principais são escolhidas pelo Produtor e o Diretor, de comum acordo com o distribuidor. Mas é habitualmente o Assistente de Direção (com o Produtor-Executivo) que dá busca em fichários diversos cursos de atores, anuários de cinema, agentes e agências tendo

(23)

como objetivo montar o elenco secundário, que submeterá em seguida á aprovação do Diretor. Ele apresenta os atores, convoca-os para fazer um  julgamento prévio e apresenta-os em seguida ao Diretor. Para os

fi-gurantes, dependendo da quantidade decidida pelo Diretor do filme e o Produtor, solicita ao Produtor Executivo para ele mesmo escolher, contratar e convocar para as filmagens, escolhendo logicamente aqueles cujo estilo e apresentação correspondem ao desejado pelo Diretor. Para o elenco, um fichário pessoal, regularmente atualizado e constante mente enriquecido com novos atores que ele teve a oportunidade de notar, ajudará as atividades do Assistente de Direção na montagem do elenco. Nós estudaremos na 2? parte deste livro a elaboração de uma ficha de ator.

O PLANO DE TRABALHO

Com o detalhamento técnico o plano de trabalho é a peça-mestra do trabalho de preparação do Assistente de Direção.

Ele é elaborado pelo Assistente de Direção, em estreita ligação com o Diretor de Pr odução, o Diretor de Produção Executiva e os outros chefes de setor da equipe.

Na sua redação deve-se levar em conta duas etapas: A)Folhas preparatórias do Plano de Trabalho

Primeiras selecão e classificação por grupo das indicações for-necidas pelo detalhamento. Previsão das linhas gerais. Apreciação e di-visão por cenário dos tempos de filmagem. Avaliação aproximativa dos planos por dia de filmagem. Revisão final do plano de trabalho para as modificações possíveis o mais rápido possível, pois o presente plano condicionará todo o resto do trabalho.

B)Redação Definitiva do Plano de T rabalho

Trata-se de um imenso quadro, dividido em dias de trabalho, com a planificação geral das filmagens e todas as previsões úteis (cenários, atores, planos, equipamentos especiais etc.)

O próprio Assistente de Direção deve desenhá-lo, mas pode ser feito também pelo Assistente do Cenógrafo, ou um de seus desenhis-tas, em comum acordo com o Diretor de Produção. Após este tr abalho a Produção manda fazer as cópias (reduzidas e mais funcionais) para serem distribuídas aos principais chefes de setor.

Observaremos diferenças inevitáveis entre o plano de trabalho e a realidade das filmagens. Por isso, é recomendável (embora pouco fre-quente na França) a utilização de fichas que podem ser constantemente modificadas.

Estudaremos na 2? parte de$te livro a elaboração e redação do pia no de trabalho.

OS TESTES

Há dois tipos de testes antes das.filmagens. A)Testes Para Escolha de Atores

Estes testes são feitos pelo diretor do filme, e o Assistente de Dire-ção, neste caso, assume o mesmo papel que na filmagem (observador e conselheiro).

B)Testes Técnicos

Geralmente destinados a que o Diretor de Fotografia e o Maquia-dor encontrem a melhor fórmula de iluminação e maquiagem em relação ao tipo de ator e a natureza do seu papel. Há também os testes para julgamento do resultado de uma roupa ou de uma maquiagem de composição (barbas, cavanhaques etc.}.Écomum chamar o Assistente de Direção para dirigir este tipo de teste.

Os testes técnicos do equipamentos sâb feitos pelo Diretor de Fo-tografia e Assistente de Câmera, sem participação dos Assistentes de Direção.

Durante todo este período de "Preparação-Assistência", cada técnico realiz^ por seu lado os trabalhos que lhes concernem e a produ-ção controla todos os problemas financeiros (contratos de toda a natu-reza: distribuidor, atores e técnicos, estúdios etc. . .),'administrativos (autorização definitiva do C.N.C.* e de material [aluguel de càmera, compra de negativo etc. . .]}. Quando a preparação termina, começa o segundo período, o da filmagem.

Ill-O ASSISTENTE DURANTE A FILMAGEM

Nós retomaremos na 2? parte deste trabalho uma Jornada-padrão do Assistente de Direção em estúdio. Mas queremos demonstrar aqui o panorama geral das atividades do Assistente e uma pequena mostra das' diferentes incumbências.

Primeiramente, notemos que existem duas categorias de fil-magem:

* N.' do T.: C.N.C. — Centro Nacional da Cinematografia, É o órgão estatal que controla a atividade cinematográfica francesa.

Referências

Documentos relacionados

[r]

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

Esta realidade exige uma abordagem baseada mais numa engenharia de segu- rança do que na regulamentação prescritiva existente para estes CUA [7], pelo que as medidas de segurança

A versão reduzida do Questionário de Conhecimentos da Diabetes (Sousa, McIntyre, Martins &amp; Silva. 2015), foi desenvolvido com o objectivo de avaliar o

Os dados referentes aos sentimentos dos acadêmicos de enfermagem durante a realização do banho de leito, a preparação destes para a realização, a atribuição

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e

8- Bruno não percebeu (verbo perceber, no Pretérito Perfeito do Indicativo) o que ela queria (verbo querer, no Pretérito Imperfeito do Indicativo) dizer e, por isso, fez