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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI FACULDADES IDEAU PARÂMETRO HEMATOLÓGICO EM UM OVINO COM VERMINOSE: RELATO DE CASO

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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1

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PARÂMETRO HEMATOLÓGICO EM UM OVINO COM VERMINOSE: RELATO DE CASO

GIARETTA, Ronise Stella* giaretta2012@hotmail.com FERREIRA, Lívia de Cássia¹

MARSIGLIO, Elizandra¹ SEEMANN, Fernanda¹ VIEIRA, Victória Luiza¹ RIBEIRO, Ticiany Maria Dias²

MAYER, Andrei Retamoso² SEBEM, Juliana Gottlieb²

GALLIO, Miguel² GRANDO, Rodrigo de Oliveira² OLIVEIRA, Daniela dos Santos ²

RESUMO: Uma das principais enfermidades que acometem ovinos são as verminoses gastrointestinais, que tem

relação com o manejo inadequado, falta de higiene no local onde os animais se encontram e resistência de princípios ativos de determinados vermífugos. O objetivo desse trabalho foi realizar a avaliação clínica, hematológica e parasitária em um ovino de uma propriedade no município de Getúlio Vargas, RS com suspeita de verminose. Por isso, realizou-se a anamnese, auscultação, aferiu-se a temperatura, técnica do FAMACHA® e ainda se coletou amostras de sangue e fezes para exames específicos. Obtendo-se o resultado de haemonce ovina, devido o animal apresentar umquadro de anemia, pela diminuição de eritrócitos totais, hemoglobina e hematócrito, juntamente com seus sinais clínicos, foi verificado também a possibilidade de uma anemia macrocítica/normocrômica através dos resultados do VCM e CHCM, respectivamente.

Palavras-chave: Anemia; Haemonchus contortus; FAMACHA®.

ABSTRACT: One of the main diseases affecting sheep is gastrointestinal verminoses, which is related to poor management, lack of hygiene at the place where animals are found and resistance of active principles of certain worms. The objective of this study was to perform the clinical, hematological and parasitic evaluation in an ovine of a property in the municipality of Getúlio Vargas, RS, with suspected verminosis. For this reason, anamnesis, auscultation, temperature calibration, FAMACHA® technique were performed, and blood and stool samples were collected for specific tests. Obtaining the result of haemonce ovine, due to the fact that the animal presented a frame of anemia, by the reduction of total erythrocytes, hemoglobin and hematocrit, together with its clinical signs, the possibility of macrocytic / normochromic anemia was also verified through the results of MCV and CHCM, respectively.

Keywords: Anemia; Haemonchus contortus; FAMACHA®.

1 INTRODUÇÃO

A ovinocultura tem grande importância econômica para o sul do Brasil, responsável por grande parte da produção pecuária de corte mundial, porém alguns fatores influenciam diretamente no seu desenvolvimento como manejo, alimentação, instalações e higienização. Dentro de todos esses fatores o clima e o ambiente são extremamente importantes para estes animais, onde o calor excessivo pode afetar a produção de algumas raças e a umidade pode induzir algumas anormalidades no animal.

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Hoje sabe-se que as principais doenças que acometem ovinos são verminoses gastrointestinais (Haemconchus contortus, Trichostrongylus colubriformis, Strongyloides papillosus e Oesophagostomum colubianum), viroses, doenças bacterianas e ectoparasitoses como a sarna. Entretanto, a verminose é facilmente encontrada em qualquer rebanho ovino, sendo que essa enfermidade possui graus de infecção onde, quanto maior esses valores maiores são as perdas econômicas pois o animal perde peso, diminui a produção, e sem o tratamento adequado a verminose pode levar à morte do animal.

Os ovinos de raças mestiças são resultantes do cruzamento com outras raças que são criadas para comercialização de carne e classificado como rústicos, ou seja, que se adaptam ao ambiente facilmente sendo mais tolerantes às verminoses. Por possuir a característica de rusticidade em alguns casos são oferecidas dietas com baixa quantidade de proteína bruta acometendo o sistema imunológico destes animais, limitando a capacidade de resistir contra as infecções por verminoses gastrointestinais. O uso intenso de medicamentos antiparasitários pelos criadores de ovinos tem sido feito a cada 30 ou 60 dias em todo rebanho, tornando preocupante a ocorrência da sobrevivência de vermes resistentes aos medicamentos utilizados. A identificação de qualquer doença requer uma sequência de atos para chegar a um possível diagnóstico, sendo inicialmente a anamnese /coleta de dados realizada com o proprietário, a contenção adequada do animal, o exame clínico (auscultação, aferição da temperatura, observação das mucosas) e a coleta de materiais necessários para o exame laboratorial como sangue e fezes, sendo que na verminose ovina uma técnica essencial é o FAMACHA®.

A necessidade de manter um animal de produção saudável não cursa somente com aspectos econômicos, mas está diretamente ligado com o bem-estar animal. Independente da produção que esse animal esteja designado, as condições de vida devem ser adequadas para garantir a saúde seguidamente de uma boa produtividade.

O objetivo desse trabalho foi realizar a avaliação clínica, hematológica e parasitária em um ovino de uma propriedade no município de Getúlio Vargas, RS com suspeita de verminose.

2 DESENVOLVIMENTO

A partir deste tópico serão retratadas respectivamente características da enfermidade, exames clínicos e laboratoriais realizados em busca de um diagnóstico.

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2.1 Referencial Teórico

A criação de ovinos a alguns anos atrás no Rio Grande do Sul era voltada para a produção de lã e nos atuais dias a produção é para carne, sendo ela explorada de forma extensiva e produzida juntamente com outras espécies como os bovinos. O Estado está localizado no topo da ovinocultura nacional, o que identifica um crescimento contínuo (SILVA, et al. 2013).

A principal perda econômica característica de pequenos ruminantes está relacionada com as verminoses, onde os estados fisiológicos e nutricionais do hospedeiro atuam diretamente sobre a intensidade da infecção. As espécies desses nematoides são da família Trichostrongylidade, e os principais são o Haemonchus contortus, Trichostrongylus colubriformis, Strongyloides papillosus e Oesophagostomum colubianum sendo que se localizam respectivamente no abomaso, instestino delgado e intestino grosso (VIEIRA, 2008). O Haemonchus contortus é considerado com maior patogenicidade, pois os vermes adultos presentes no abomaso se alimentam de sangue, secretam também uma substância anticoagulante que provoca intensa hemorragia e ulcerações na mucosa do local (FORTES, 1993).

Os principais sintomas caracterizados são anemia de fácil visualização na mucosa ocular, diarreia, hemorragia, prostração, fraqueza e perda de condição corporal. São sinais considerados não específicos. A forma crônica pode apresentar edema submandibular, debilidade e perda na produção (CAVALCANTI, et al., 2007). Ao se analisar o leucograma de animais com leucopenia por linfopenia evidenciam que a intensa anemia verminótica. Pois as perdas sanguíneas causadas pela atividade hematófaga do parasita Haemonchus contortus também podem gerar um quadro de intensa anemia. (CADORE et al., 2010).

O exame de fezes é o diagnóstico correto para essa infecção onde se encontra os ovos. Esses ovos têm um tamanho bem reduzido e aspecto multicelular, já a cultura a partir desse material possibilita a identificação de larvas que possuem suas peculiaridades para cada espécie (UENO & GONÇALVES, 1998).

O método FAMACHA® é uma avaliação da mucosa ocular de ovinos que cursa com valores de hematócrito indicando a necessidade de tratamento anti-helmíntico. Esta técnica é considerada um auxílio para o diagnóstico, não podendo identificar a ocorrência de parasitas hematófagos, por isso posteriormente indica-se realizar o hematócrito (VAN WYK, et al., 1997).

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O controle dessas parasitoses é feito a partir de anti-helmínticos, contudo o uso desses fármacos de maneira indiscriminada e incorreta gerou o aparecimento de cepas resistentes a maioria dos princípios ativos presentes no mercado. A produção de novas moléculas mais eficazes busca a associação de diferentes princípios a fim de reduzir a resistência anti-helmíntica (BUZZULINI et al., 2007).

A verminose é responsável pelas grandes perdas na ovinocultura, podendo causar diminuição no ganho de peso e diarreia. Assim, ao utilizar o hemograma é possível interpretar o resultado na observação do número de hemácias, quantidade hemoglobina, percentual de hematócrito, quantidade albumina e valores de globulinas, chegando a um diagnóstico presuntivo (MOLENTO, et al, 2004).

2.2 Material e Métodos

As práticas envolvendo o experimento foi conduzido em uma propriedade localizada no interior do município de Getúlio Vargas/RS, onde foi utilizado um macho inteiro, da raça Texel com aptidão para carne, com 1 ano e nove meses de idade e pesando aproximadamente 40 kg.

Foram feitas duas visitas à propriedade, no primeiro momento foi realizado a anamnese relatando algumas perguntas selecionadas pelo grupo ao proprietário, qual a idade, alimentação, higienização, quando ocorre o estro, época de parição, sistema de pastagem, quais os fármacos utilizados e após foi realizado o exame clínico e físico dos animais, desde o aferimento da temperatura, coloração da mucosa mucosa através do método FAMACHA®, palpação de linfonodos, ausculta dos movimentos respiratórios e por fim coleta de sangue e fezes.

Para a realização do hemograma foram coletadas amostras de sangue do ovino na propriedade da cidade de Getúlio Vargas do Rio Grande do Sul. Assim, chegando na propriedade logo pela manhã os animais foram alojados em um local fechado, ao identificar o animal que iriamos realizar o exame, no primeiro momento fizemos a contenção no mesmo, para a coleta de sangue onde foi utilizado uma seringa e agulha (25x7) descartável que foi coletado da veia femoral, logo transferindo esse de forma cuidadosa no frasco contendo EDTA, em seguida, realizou-se o hemograma no Hospital Veterinário São Francisco da Faculdade IDEAU na máquina de Hemacounter.

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No momento da coleta de sangue venoso (Figura 1), observou-se um sangue mais espesso e viscoso que é normal, devido a desidratação de 12%, dificultando as coletas. No exame físico, a mucosa apresentava coloração pálida, no método FAMACHA® onde o mesmo é utilizado para o controle de verminoses em pequenos ruminantes, identificou-se o grau 5 de anemia. Na aferição de temperatura retal os animais apresentavam 39,9ºC, sendo realizada exercício moderado durante o aferimento, e na ausculta cardíaca foi notado uma taquicardia 160bpm e taquipnéia 42mrm na ausculta pulmonar devido aos procedimentos feito no animal.

Figura 1. Coleta de sangue e aferição da temperatura retal do ovino macho da raça Texel.

Foto: MARSIGLIO, E.2017.

Feita a coleta de sangue e transferida para um frasco com anticoagulante (EDTA), que preserva o volume celular e mantêm as características das células no momento do esfregaço como também tendo um baixo custo na sua utilização, foi acondicionado em uma caixa de isopor refrigerada em temperatura entre 2°C a 8°C, onde o mesmo foi processado no laboratório de Análises Clínicas da Faculdade IDEAU-Getúlio Vargas, para sim ser realizado o exame laboratorial de hemograma, extensão sanguínea e o hematócrito (Figura 2).

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Figura 2. Coleta de material e realização de hemograma. Foto: MARSIGLIO, E. 2017.

Realizou-se também a extensão sanguínea, onde a técnica consistiu basicamente em utilizar duas lâminas de modo que uma foi sobreposta uma gota de sangue na extremidade da lâmina, e utilizando outra lâmina inclinada a 45º a frente da gota de sangue, deixando a mesma tocar na gota e o sangue escorrer em seu bordo, deve-se fazer voltar a lâmina inclinada para trás, formando-se então a película de sangue com uma espessura fina. Feito isso a mesma foi corada pelo método de Panótico. (Figura 3).

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A lâmina sanguínea ao ser analisada em microscópio óptico, no primeiro momento em uma objetiva menor de aumento 10x a 40x, posteriormente em uma objetiva de maior aumento 100X. A contagem diferencial das células é realizada em forma de ‘’zig-zag’’ identificando: hemácias, linfócitos, neutrófilos bastonetes, eosinófilos, basófilos, monócitos e plaquetas até totalizar uma contagem de 100 células.

Para a leitura do hematócrito, foi utilizado um micro-capilar preenchido de sangue e estancado em um dos lados das extremidades, sendo levado para a centrifuga de micro-capilar a 12.000RPM por 5 minutos onde a mesma separa o plasma do sangue dividindo por uma capa leucocitária, em seguida feita a leitura do hematócrito assim como a leitura de concentração de proteína plasmática total (PPT), utilizando um refratômetro (Figura 4).

Figura 4. Leitura do Hematócrito e Concentração de proteína plasmática total (PPT). Foto:

VIEIRA, V.L. 2017.

Após a esse procedimento, foi concretizado a coleta de fezes para o OPG constituiu no momento em que o animal iria defecar a realização da coleta num recipiente estéril, e posteriormente realizado no laboratório de Análises Clínicas da Faculdade IDEAU (Figura 5).

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Figura 5. Coleta de fezes após coleta de sangue. Foto: MARSIGLIO, E, 2017.

Para a realização do exame parasitológico de fezes foi utilizado dois métodos, a técnica de Hoffmann e a de Willis. A primeira técnica é utilizada para ovos de helmintos que sofrem decantação, sendo assim um procedimento mais demorado. Já a segunda técnica preza o reconhecimento de ovos que flutuam dentro da solução, sendo um processo rápido. As fezes do ovino foram analisadas pelos dois métodos.

O Método de Hoffman consistiu basicamente em diluir 2 g ou mais de fezes em um recipiente. Posteriormente, as fezes foram colocadas em um frasco de Becker e pesadas na balança antes de serem diluídas em água destilada. Em seguida, foram acrescentados 10 mL de água destilada e dissolvido o conteúdo com o auxílio de um bastão de vidro. Após o conteúdo foi filtrado com quatro gazes no cálice de borel para a separação da suspenção fecal do líquido, adicionado assim mais 200 mL de água destilada e deixado o mesmo em repouso por até 2 horas para que os ovos em decantação descessem até o fundo do cálice. Passadas 2 horas utilizou-se uma pipeta para aspirar ao fundo do recipiente e coletar a somente a suspensão ali presente. O líquido foi sobreposto em uma lâmina e posto uma lamínula para posteriormente ser analisado no microscópio óptico em 10X e 40X. Nesta técnica não foi possível encontrar nenhum tipo de endoparasitas (Figura 6).

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Figura 6. Confecção da técnica de Hoffman no laboratório. Foto: MARSIGLIO, E. 2017.

Para o Método de Willis que é um método mais prático e rápido também foram pesadas as fezes em 2g, e foram diluídas em solução saturada (Na Cl). Esta solução foi realizada, utilizando 100 mL de água destilada para cada 36 gramas de sal, homogeneizando os mesmos, em seguida retirando 10 mL da solução para diluir e triturar as fezes. Após o conteúdo foi filtrado com o auxílio de gazes para outro recipiente e então acrescentado mais solução até formar uma borda de menisco para que então a lâmina entrasse em contato com a solução (Figura 7).

Figura 7. Lâminas sobrepostas sobre Becker de vidro. Foto: FERREIRA, L.C.2017.

Posteriormente, foi deixada a lâmina sobreposta no recipiente de cinco a dez minutos para que os ovos ascendessem até a borda. Passados os cinco minutos a lâmina foi analisada

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no microscópio óptico em um aumento de 10X e 40X. Onde os ovos identificados de acordo com o parasita especifico, juntamente com as informações da coprocultura e do exame clínico constatando a anemia, apresentando a leucopenia, concluindo-se que a verminose do ovino é Haemonchus contortus.

2.3 Resultados e Discussão

As doenças parasitárias são uma variável entre o hospedeiro, o parasita e o ambiente, o equilíbrio ou desequilíbrio de uma dessas variáveis pode levar a ocorrência da doença (ANASTÁCIO, 2011). Na maioria das vezes os animais não manifestam a doença clínica somente diminuem a capacidade de produção, causando perdas econômicas, e quando manifestada clinicamente pode ocorrer a morte dos ovinos jovens, como consequência não acontece a reposição do plantel (MOLENTO et al., 2004).

Os principais nematódeos que acometem os ovinos no Brasil são: Haemonchus contortus, Trichostrongylus colubriformis, Cooperia spp., Nematodirus spp., Ostertagia circumcincta (OLIVEIRA-SEQUEIRA & AMARANTE, 2001).

Foto 1. Ovo de Haemonchus contortus. Foto 2. Ovos de Haemonchus contortus. Fonte: MARSIGLIO, E,2017. Fonte: HASSAN, et. al, 2012.

Por meio da microscopia identificou-se ovos do parasita, juntamente com as informações da coprocultura e do exame clínico constatando a anemia, apresentando a leucopenia, concluindo-se que a verminose do ovino estudado pelo paeasita é Haemonchus

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contortus. Os resultados de uma pesquisa realizada no Mato Grosso por Silva et al., (2010) comprovaram que durante a Coprocultura um dos gêneros mais encontrados é o Haemonchus spp.

Existem três tipos de Haemoncose: a primeira chamada de hiperaguda é quando ocorre a ingestão maciça de larvas infectantes em um curto prazo e os animais com uma boa condição corporal vão á óbito rapidamente; já a segunda é aguda, quando o rebanho é infectado em grande proporção e dura de uma a seis semanas; a terceira é a fase crônica da doença, que perdura de 2 a 6 meses, onde permanece em estado subclínico e leva a morte de alguns animais, essa fase está associada com a má nutrição dos animais (ANDERSON, 1982). Pode-se observar então que a propriedade analisada nesse presente artigo possuía muitos de seus animais na forma crônica da doença, a alimentação deles era inadequada para sua espécie, constituía apenas de fibras e não possuía concentrado, alguns animais apresentavam diarreia, outros eram subclínicos e ainda assim ocorriam mortes principalmente de animais jovens.

Além disso, os cordeiros nascidos apresentavam uma grande fraqueza desde o primeiro dia de vida, acredita-se que isso ocorria devido a escassez de nutrientes fornecidos á fêmea no pré-parto, pois é no terço final da gestação que a mãe necessita de alimentos ricos em energia.

De acordo com Oppitz, (2011) o alimento oferecido ao ovino pobre em proteína, proporciona sinais clínicos mais articulados, ou seja, a doença pode ser intensificada pela baixa qualidade na dieta dos animais. Assim, a alimentação do ovino era rica em fibras, contribuindo para o desenvolvimento da doença.

Segundo Amarante em 2009, a alimentação nutricionalmente adequada está diretamente ligada com a habilidade de defesa do organismo contra o parasitismo. Os animais acometidos por essas parasitoses necessitam de uma dieta relacionada com proteínas metabolizáveis que irão auxiliar na reparação de tecidos lesados e também para enviar nutrientes para o sistema imunológico.

No ano de 2004, Molento e colaboradores, já afirmava que a resistência dos parasitos gastrointestinais estava relacionada com a frequência de administração do anti-helmíntico, as subdosagens do mesmo, o manejo inadequado e as alterações da biodisponibilidade da droga no animal. Devido a frequente administração de fármacos nos ovinos da propriedade (cerca de

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uma vez ao mês), com os princípios ativos Closantel 10% e Albendazol, acredita-se que o parasita Haemonchus spp. criou uma determinada resistência.

Ao realizar o hemograma do animal que apresentou um quadro de anemia, sendo observado diminuição de eritrócitos totais, hemoglobina e hematócrito, juntamente com seus sinais clínicos, foi verificado também a possibilidade de uma anemia macrocítica/normocrômica através dos resultados do VCM e CHCM, respectivamente.

Tabela 1. Representação de eritrograma de um ovino. Faculdade IDEAU, 2017.

Eritrograma

Descrição / Sigla Unidade Resultado Referência

Eritrócitos totais 106/uL 5,57 8.3 – 17.9

Hemoglobina g/dL 6,6 8 – 11.5

Hematócrito % 17,2 23 – 35

VCM fL 30,8 14 – 25

CHCM % 38,5 30 – 39

PPT 105/uL 10 2,5 – 7,5

*CHCM = CONCENTRAÇÃO CORPUSCULAR MÉDIA DE HEMOGLOBINA *MCH = HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA

*PPT = PROTEÍNA PLASMÁTICA TOTAL

Tabela 2. Representação de leucograma de um ovino. Faculdade IDEAU, 2017.

Leucograma

Descrição / Sigla Unidade Resultado Referência

Leucócitos Totais % 1,2 5 – 14

Neutrófilo Bastonete % 0 raro

Neutrófilo Segmentados % 4 10 – 50

Eosinófilo % 19 0 – 10

Basófilo % 3 0 – 3

Monócito % 6 0 – 6

Linfócito % 68 40 – 75

O hemograma retratado por Birgel em 2013 associa valores de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito com a intensidade de anemias em ovinos. Um comparativo com o hemograma realizado neste artigo localizado na Tabela acima define que o ovino apresentava uma anemia moderada segundo os valores de referência do autor.

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Gráfico 2. Valores de Hemácias conforme a intensidade da anemia.

Fonte: BIRGEL, 2013.

Segundo, Molento et al., (2004), o método Famacha apresenta ter boa conexão com o hematócrito e pode ser utilizado com respectiva segurança na identificação de animais com sinais clínicos de anemia.

Gráfico 3. Valores de Hemoglobina conforme intensidade da anemia.

Fonte: BIRGEL, 2013.

De acordo com os trabalhos de Amaduci et al., (2016) os ovinos com intensa parasitose podem apresentar, além da anemia, leucopenia por linfopenia e perdas proteicas que caracterizam uma hipoproteinemia. Na qual, indicando que à medida que aumenta o OPG os animais apresentam maior grau de FAMACHA®.

A contagem diferencial dos leucócitos possibilitou observar como a presença do Haemonchus contortus altera os valores destas células. Na Tabela 2 se observou uma eosinofilia, ou seja, aumento dos eosinófilos. Segundo Oliveira-Sequeira & Amarante (2000), o aumento dos eosinófilos tem correlação com a resposta inflamatória contra parasitos gastrointestinais e também a frequência desse valor associa-se a resistência aos nematoides.

Os valores de neutrófilos apresentaram-se baixos, determinando uma neutropenia, entretanto, Birgel, (2013) analisou as alterações dos neutrófilos em ovinos com verminose

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intestinal e concluiu que nos 21 casos de anemia moderada 61,9% apresentavam padrão leucocitário neutrofílico. Os outros 13 casos possuíam neutrófilos normais ou uma neutropenia.

Os sinais clínicos que o ovino apresentava eram: desidratação severa, anemia, apatia, descoramento das mucosas, taquipneia e diarreia aquosa de coloração esverdeada além de uma condição corporal insatisfatória. O autor Rissi et al., (2010) considera palidez das mucosas oral e ocular, emagrecimento progressivo, apatia, decúbito e edema submandibular os principais sinais clínicos da Haemoncose.

Utilizou-se o FAMACHA® como método confirmativo para a anemia e constatou-se o grau 5, porém o valor do hematócrito estava 17,2%. Segundo Molento & Severo, (2004) o grau 5 condiz com um hematócrito menor que 13%, como observa-se na Tabela abaixo.

Tabela 3. Relação do grau Famacha com a coloração da conjuntiva ocular e o hematócrito,

orientando ou não o tratamento.

Grau Famacha Coloração Hematócrito (%) Atitude clínica 1 vermelho robusto >27 não tratar

2 vermelho rosado 23 a 27 não tratar 3 rosa 18 a 22 tratar 4 rosa pálido 13 a 17 tratar 5 branco <13 tratar Fonte: Molento & Severo, (2004).

Os graus mais críticos do FAMACHA® é o 4 e 5, entretanto é recomendado o tratamento a partir do grau 3. Quando mais de 10% dos animais apresentarem os graus 4 e 5 sugere-se o tratamento do rebanho (CHAGAS et al., 2007).

As recomendações de manejo para evitar o parasitismo gastrointestinal iniciam desde um tratamento preventivo dos animais em meses secos para reduzir as formas infectantes, o uso do FAMACHA® para identificação do grau de infestação, evitar a associação de drogas e seguir o tratamento adequadamente caso ocorra casos de parasitismo (MOLENTO, 2004).

O sistema de pastejo rotacionado é um manejo muito indicado para diminuição das larvas dos parasitas porque determina-se um período de “descanso” da pastagem de 30 a 40 dias para reduzir a população de parasitos. Já o pastejo alternado geralmente ocorre entre bovinos e ovinos, espécies diferentes que possuem parasitas intestinais diferenciados, reduzindo a carga parasitária do ambiente (CAVELE, 2009).

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3 Conclusão

As verminoses intestinais é a principal causa de anemia em ovinos e geralmente são acometidos pelos nematoides de Haemonchus contourtus. Conclui-se que a incidência está com base nos dados descritos acima, com os resultados de exame físico, clínico, FAMACHA ® e exames complementares onde foram essenciais para o reconhecimento da doença, chegando a um diagnóstico e alcançando o principal objetivo do trabalho.

Sendo o método Famacha é uma ferramenta eficaz na estratégia de combate da hemoncose ovina, podendo ser utilizado associado com outros métodos de diagnóstico parasitário, como o OPG e os parâmetros sanguíneos.

REFERÊNCIAS

AMADUCI, A. G. et Al.Parâmetros sanguíneos e OPG (ovos por grama de fezes) de

ovelhas mestiças da raça Dorper em diferentes graus do método Famacha. Arq. Ciênc.

Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 19, n. 4, p. 221-225, out./dez. 2016.

AMARANTE, A.F.T. Nematóides gastrintestinais em ovinos. Embrapa, Brasília, 2009.

ANASTÁCIO, P. F. B. Parasitoses gastrointestinais em ovinos em regime Extensivo e

Intensivo em explorações do Ribatejo – Portugal. 2011.

ANDERSON, N. Sheep and goat production. 1982.

BIRGEL, Daniela Becker. Estudo da anemia em ovinos decorrente a verminose

gastrointestinal. 2013.

BUZZULINI. C et al. Eficácia anti-helmíntica comparativa da associação albendazole,

levamisole e ivermectina à moxidectina em ovinos. Brasília, 2007.

CADORE, C. A. et al. Parâmetros hematológicos de ovinos infectados experimentalmente

pelo haemonchus contortus e suplementados com cobre e selênio. Santa Maria: UFSM,

2010.

CAVALCANTI, A. S. R. et. al. Efeito demedicamentos homeopáticos no número deovos

de nematódeos nas fezes (OPG) e no ganho de peso em ovinos. Revista Brasileira de Saúde

e Produção Animal. v.8, n.3, p. 162-169, 2007.

CAVELE, A. Variáveis clínica, parasitológica, hematológica e Bioquímica de caprinos e ovinos infectados naturalmentePor nematóides gastrintestinais sob omesmo sistema de

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Produção. 2009.

CHAGAS, et. al, Método Famacha©: Um recurso para o controle da verminose em

ovinos. 2007.

FORTES, E. Parasitologia veterinária. Porto Alegre: Sulina, 1993.

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Referências

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