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A Enfermagem e o Gerenciamento de Recursos Financeiros nos Serviços de Sáude 1

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A Enfermagem e o Gerenciamento de Recursos Financeiros nos Serviços de Sáude1

GRECO, ROSANGELA MARIA2 1- Objetivos

 Destacar a relevância da política de recursos financeiros para a qualidade da assistência nas instituições de saúde;

 Discutir o papel do enfermeiro no gerenciamento de recursos financeiros nos Serviços de Enfermagem;

 Conhecer a importância da participação do enfermeiro no gerenciamento de recursos financeiros;

2 - Introdução

Para desempenhar bem qualquer trabalho é necessário ter conhecimento sobre o que se pretende fazer, delimitar os objetivos aos quais se quer chegar, estabelecer as prioridades, desenvolver um plano de ação, executar e avaliar o que se planejou. E além disso, para realizar uma ação é necessário, considerar também uma etapa muito importante, principalmente no que diz respeito às ações voltadas para a assistência à saúde de indivíduos e comunidades, que é a fase de delimitação de recursos disponíveis e necessários, sejam eles materiais, humanos e financeiros. Nós já estudamos o gerenciamento de recursos humanos e materiais e nesta aula iremos tratar do gerenciamento de recursos financeiros, da gestão de custos.

Na área da saúde a crescente elevação dos custos, tem feito com que os profissionais busquem cada vez mais a racionalização da alocação de recursos e o equilíbrio entre custos e recursos financeiros, visando à eficiência e eficácia3.

Segundo Marquis e Huston (2010, p.228)4 a falta ou limitação de recursos financeiros e os altos custos

da assistência a saúde “são uma realidade em todos os sistemas contemporâneos de prestação de serviços de saúde”, isto faz com que as organizações de saúde tenham que lançar mão de uma adequada gestão de recursos.

É necessário, portanto ter conhecimentos e desenvolver habilidades no gerenciamento de custos, como instrumento que pode vir a auxiliar no processo de planejamento e de tomada de decisão.

3 – Recursos Financeiros e o Sistema único de Saúde

No Brasil, os recursos financeiros do Sistema Único de Sáude de acordo com a legislação vigente, composta pela Constituição Federal de 1988, Leis n° 8080, 8142 e a EC 29, é de responsabilidade de Estados, União e Municípios.

Os dados abaixo foram retirados do documento Orientações sobre aplicação dos recursos financeiros do SUS, repassando fundo a fundo, elaborado pelo Ministério da Saúde e o Departamento Nacional de Auditoria do SUS, no ano de 2001.5

A origem dos recursos para saúde vem do Fundo Nacional da Saúde que é composto da verba pré determinada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e pela Lei Orçamentária Anual (LOA), que devem respeitar às leis federais Lei n° 8080 e Lei n° 8142 e a Emenda Constitucional (EC) 29.

Os recursos são retirados de variadas fontes provenientes de impostos e são repassados através de transferência regular e automática para os Fundos Municipais e Estaduais de Saúde

Os recursos dos Fundos Municipal ou Estadual são denominados de Teto Financeiro Global (TFG),

1Este texto foi elaborado como material instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem II, para os acadêmicos do

Curso de Graduação em Enfermagem do 7º período da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Pedimos que caso haja o interesse em utilizar este material para outro fim seja citada a referência, outras informações podem se solicitadas pelo seguinte e-mail: rosangela.greco@ufjf.edu.br

2 Enfermeira, Doutora em Saúde Pública, Professor Associado do Departamento de Enfermagem Básica da Faculdade de Enfermagem

da Universidade Federal de Juiz de Fora.

3FRANCISCO, I. M. F.;CASTILHO, V. A enfermagem e o gerenciamento de custos. Rev Esc. Enf da USP, 2003. 4MARQUIS, B.L.; HUSTON, C. J. Administração e Liderança em Enfermagem. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

5BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento Nacional de Auditoria do SUS. Orientações sobre aplicação

dos recursos financeiros do SUS, repassando fundo a fundo. Esplanada dos Ministérios, Brasília, 2001.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICA DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM II

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que é dividido em três partes, sendo elas:

1) Teto de Financiamento da Assistência que se subdivide em - Piso da Atenção Básica – PAB, composto pela parte fixa (atenção básica ambulatorial) e parte variável que são incentivos para programas de atenção básica específicos (inclusive de vigilância sanitária e epidemiologia); Assistência Ambulatorial de Médio e Alto Custo/complexidade e Atenção Hospitalar.

O PAB é repassado ao município de acordo com o calculo PAB anual = População (IBGE) x valor

“per capita nacional”, sendo que o valor “per capita” atual Mínimo é de R$ 10,00 e o Maximo é de R$ 18,00.

2) Teto Financeiro para Vigilância Sanitária (TFVS), que é composto por ações de media e alta complexidade e o Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS).

3) Teto Financeiro de Epidemiologia e Controle de Doenças (TFECD).

A comprovação da aplicação dos recursos financeiros destinados à saúde transferidos Fundo a Fundo, se faz através de um Relatório de Gestão, aprovado pelo respectivo Conselho de Saúde e enviado para o Ministério da Saúde e para o Tribunal de contas a que estiver jurisdicionado o órgão executor.

Também é apresentado pelos Municípios aos respectivos Estados, o relatório de gestão composto por: Programação e execução física e financeira do orçamento, de projetos de planos e de atividades; Comprovação dos resultados alcançados quanto à execução do plano de saúde; Quantitativo de recursos financeiros próprios aplicados no setor saúde, bem como das transferências recebidas de outras instancias do SUS e Documentos adicionais avaliados pelos órgãos colegiados de deliberação própria do SUS.

Além disso, é apresentado trimestralmente pela direção do SUS em cada esfera de governo, um relatório detalhado contendo: montante e fonte de recursos, auditorias concluídas ou iniciadas, oferta e produção de serviços na rede assistencial própria, contratada ou conveniada. Tal relatório é destinado ao conselho de Saúde correspondente (municipal ou estadual).

4 – Recursos Financeiros e a Enfermagem

Ao olharmos a evolução histórica da enfermagem, percebemos que seu papel na determinação e monitoramento da alocação de recursos nas instituições de saúde, tem sido limitado, entretanto nos últimos 30 anos, isto vem se modificando, e as instituições de saúde passaram a reconhecer a importância da participação dos enfermeiros na administração dos recursos financeiros e na gestão dos custos 6

Segundo Castilho; Fugullin; Gaidzinski (2010)7 isto vem ocorrendo como uma consequência do

aumento progressivo dos gastos com saúde, da falta de recursos e da dificuldade no ocntrole dos custos, o que vêm acontecendo tanto em países em desenvolvimento como em países desenvolvidos sendo portanto um fenômeno mundial.

Para falarmos sobre a participação da enfermagem no gerenciamento de custos nos serviços de saúde iremos nos basear no trabalho realizado por Francisco; Castilho (2003)8.

No Brasil, assim como ocorre em outros países, o grande desafio do nosso sistema de saúde é buscar um equilíbrio entre a qualidade da assistência e seus custos.

Mas, o que se observa é que há um crescimento dos gastos com a assistência à saúde de indivíduos e coletividades acompanhado de uma crescente restrição orçamentária. Assim, é cada vez mais necessário que se tomem medidas em relação à adoção de um sistema de gerenciamento de custos, ou seja, a criação de metodologias de aferição e controle dos custos para os serviços de saúde, tendo em vista a realização das ações com qualidade e eficiência.

E neste sentido, desde 1982 a Organização Mundial de Saúde, já afirmava ser o enfermeiro o profissional da área de saúde com o maior potencial para assegurar uma assistência de qualidade e com custos racionais. O que pode ser explicado pela presença desse profissional nos serviços de saúde a maior parte do tempo e pela proximidade aos usuários, o que faz com que o enfermeiro seja o profissional com capacidade para estar avaliando a assistência e, portanto devendo ser ouvido nos debates sobre gerenciamento de recursos financeiros.

Além disso, segundo Marquis e Huston (2010, p.228)9 “os orçamentos da enfermagem costumam ser

responsáveis pela maior parcela dos gastos totais das instituições de saúde e a participação no planejamento fiscal passou a ser uma ferramenta fundamental e poderosa para a enfermagem”.

6Op cit.MARQUIS, B.L.; HUSTON, C. J

7CASTILHO,V., FERNANDA, M. T. F., GAIDZINSKI, R. R. Gerenciamento de custos nos serviços de enfermagem. In: Kurcgant,

P. (Coord) Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

8 Op cit.FRANCISCO, I. M. F.;CASTILHO, V.

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Entretanto, ao mesmo tempo em que a enfermagem é reposnsável por significativa parcela de gastos dos serviços segundo Aburdene; Naisbitt (1993) apud Francisco; Castilho (2003), as enfermeiras também são responsáveis por 40 a 50% do faturamento dos hospitais, uma vez que estudos comprovam que o trabalho da enfermagem contribui para a qualidade e redução dos custos da assistência.

Como justificativa para este fato esses autores afirmam que isto se deve ao conhecimento que o enfermeiro possui sobre administração hospitalar o que supera o conhecimento de outros profissionais. Entretanto eles colocam que o enfermeiro precisa complementar sua experiência administrativa com novas habilidades, entre elas, sobre finanças e marketing.

Ainda a este respeito, também em 1993, O Conselho Internacional de Enfermagem (CIE), no documento “A qualidade, os custos e a enfermagem”, sinalizou para a necessidade e importância dos enfermeiros considerarem os custos quando avaliam os resultados de suas ações, frente às pressões econômicas, vivenciadas pelos sistemas de saúde de todo o mundo10.

Assim, atualmente os enfermeiros estão cada vez mais sendo cobrados em relação à gestão de custos, no planejamento orçamentário das instituições de saúde, tendo que gerir recursos humanos, materiais e financeiros escassos.

E segundo Francisco; Castilho (2003), a pergunta que surge é: Quais os conhecimentos e habilidades necessárias para poder gerir os recursos da melhor forma possível?

Neste sentido, como um inicio da reflexão sobre esta questão é que estaremos desenvolvendo o conteúdo desta aula.

5 - Finalidade e objetivos do gerenciamento de custos em enfermagem

A gerencia de custos consiste em manter o equilíbrio entre receitas e despesas, de modo a que a organização possa cumprir sua finalidade a atingir as suas metas.

Nos serviços de saúde, como em qualquer instituição, há a necessidade de se conhecer os custos, controlar os gastos e eliminar os desperdícios. Mas diferentemente de outros serviços, na saúde, os gestores, devem administrar os custos, sem prejuízo da qualidade, com eficiência na distribuição dos recursos, garantia de oferta de serviços qualificados e compatibilidade entre custos e orçamentos11.

Em relação ao gerenciamento de custos a enfermagem de modo geral, e em particular o enfermeiro por seu papel gerencial na equipe, tem uma função importante, podendo contribuir para o faturamento, a redução dos gastos e a utilização racional dos recursos.

Os enfermeiros, tem um papel importante no nível decisório sobre a alocação de recursos, o que fica evidente por exemplo, quando estes em seus locais de trabalho, ao determinarem as prioridades de seus serviços, decidem quem prestará e quanto tempo será dedicado aos cuidados, e quais os recursos que deverão ser empregados12.

Podemos concluir então que a gerencia de custos em enfermagem deve ser realizada tendo como finalidade tanto a economia como a otimização dos recursos, não se perdendo de vista a qualidade, a eficácia e a eficiência com baixo custo.

Assim, segundo Francisco e Castilho (2003, p. 6 )13, o Gerenciamento de Custos em Enfermagem pode

ser definido como sendo “um processo administrativo que visa à tomada de decisão dos enfermeiros em relação a uma eficiente racionalização na alocação de recursos disponíveis e limitados, com o objetivo de alcançar resultados coerentes às necessidades de saúde da clientela e às necessidades/finalidades institucionais. Para tanto, se faz necessário à compreensão de um conjunto de princípios e conhecimentos de análise econômica que viabilizem a escolha de decisões mais convenientes”.

6 – Realizando o Gerenciamento de Custos em Enfermagem

Conforme já vimos, para que possamos realizar o gerenciamento de custos na enfermagem temos que conhecer, compreender e utilizar conhecimentos de contabilidade de custos entendida como a área da

10Consejo Internacional de Enfermeras. La calidad los costos y la enfermería. Ginebra: CIE; 1993. [Carpeta del Dia Internacional de la Enfermera]

11 CASTILHO,V., FERNANDA, M. T. F., GAIDZINSKI, R. R. Gerenciamento de custos nos serviços de enfermagem. In: Kurcgant, P. (Coord) Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

12 FRANCISCO, I. M. F.;CASTILHO, V. O ensino de custos nas escolas de graduação em enfermagem. Rev. Esc. Enf. USP. 2003. 13Op cit.

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contabilidade que trata da determinação, análise e controle dos gastos, que ocorrem na saúde especificamente na prestação dos serviços14,15.

Vejamos então a definição de alguns termos que podem nos ajudar nesta tarefa.

Gasto - é o investimento, um custo ou uma despesa (normalmente em dinheiro) que uma instituição faz para

obter um produto ou realizar um serviço. Exemplo: compra de matéria prima, recursos humanos, aquisição de equipamentos entre outros.

Investimento – é o gasto realizado tendo em vista a aquisição de bens ou serviços que irão ser incorporados ao

patrimônio. Exemplo: aquisição de móveis, máquinas, matéria prima entre outros.

Despesas - são os gastos não utilizados no processo de produção das atividades fins da organização, ou seja,

que não tem relação direta com a prestação do serviço ao paciente. São os bens consumidos ou serviços prestados direta ou indiretamente para a obtenção de receitas, relacionados à função administrativa do serviço como, por exemplo: pagamento de juros, taxas bancárias, materiais de uso administrativo.

Desembolso - aquilo que se paga por adquirir um bem ou serviço.

Custo – gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços, serve para a

formação do preço, como por exemplo: medicamentos, recursos humanos, energia elétrica, água, entre outros. Os custos podem ser classificados em:

Custos diretos – são os gastos que são aplicados diretamente na produção de um bem ou serviço, é aquele

facilmente identificado no produto, que eu posso mensurar. Não precisa de critérios de rateio. Exemplo: materiais, equipamentos, recursos humanos.

Custos indiretos - são os gastos que não são aplicados diretamente na produção de um bem ou serviço, mas

sim estão relacionados ao processo de produção, é aquele não identificado no produto, aqueles que eu não tenho como medir exatamente. Necessita de critérios de rateios para locação. Exemplo: depreciação, água, luz, telefone, entre outros.

Custo Variável - depende da quantidade de atendimento realizado ou produzido. Ex.: material, medicamentos

e etc.

Custo Fixo - independe da quantidade de atendimento realizado ou produzido. Ex.: aluguel, salários, encargos,

etc.

Rateio – divisão proporcional dos custos apurados.

Segundo Gama (2003) 16 “uma das finalidades do conhecimento de custos está na condição de se poder

elaborar a previsão orçamentária para o Serviço de Enfermagem – SE, quando o enfermeiro poderá obter: mapeamento de seu serviço para demonstração de resultados; fornecimento de informações do SE aos administradores para controle global da instituição, para o planejamento e processo de tomada de decisões”.

Vejamos então o que é como elaborar um orçamento.

7 - Elaborando um Orçamento

Para que se possa ter os recursos humanos e materiais necessários para o desempenho de nosso trabalho, ou seja, o desenvolvimento de ações voltadas para a assistência à saúde de indivíduos e comunidades, é necessário que se delimitem os recursos financeiros disponíveis e necessários.

Portanto para o funcionamento de uma unidade de assistência em saúde é preciso que se faça o planejamento, organização e controle de recursos financeiros, é necessário que se faça um ORÇAMENTO17 .

Assim, um orçamento é um plano que de modo resumido envolve a aquisição e o dispêndio de verbas, incluindo o preparo e controle durante o período para o qual está destinado18.

O orçamento afeta as políticas de pessoal que influenciam à qualidade e a composição da equipe de enfermagem, desta forma, a qualidade de assistência ao paciente; determina a quantidade e tipo de equipamento, recursos de planta física e outros recursos que estarão disponíveis para pesquisa e atividades de enfermagem “19.

O orçamento afeta também, o espírito da equipe de enfermagem, orçamentos muito justos e apertados costumam anular a criatividade da equipe, já ao contrário um orçamento que de condições para a equipe

14 Op cit. CASTILHO,V., FERNANDA, M. T. F., GAIDZINSKI, R. R (2010) 15 ZORZO, C. Contabilidade de Custos. www.estudaqui.com.br.

16 GAMA, B. M. B. De M. O gerenciamento de custos em enfermagem. Apostila de curso. 2003 (mimeo) 17CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. São Paulo, MAKRON BOOKS, 1993.

18ARNDT, C.; HUCKABAY, L. M. D. Administração em enfermagem. Rio de Janeiro, Interamericana, 1983. 19 Op cit.

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desempenhar suas funções com qualidade, experiência e pesquisa, estimula a criatividade e o espírito investigativo20.

Os limites do orçamento fazem com que a enfermagem redefina a extensão de suas metas, seus objetivos.

No que diz respeito às vantagens e desvantagens do orçamento pode-se citar que:

 Possibilita que se critique o próprio planejamento sendo um importante instrumento de avaliação do mesmo, mostrando quais os aspectos em que as estimativas foram adequadas ou não; ao mesmo tempo pode possibilitar a defesa do planejamento contra ataques injustificados;

 Seu uso como um meio de pressionar para obter resultados pode estimular problemas de relacionamento humano;

 Quando se torna a meta, ou seja, o próprio fim, e não um meio para o alcance dos fins, seus objetivos são anulados;

 Bem elaborado um plano orçamentário evita desperdícios, mal elaborado leva a desperdícios;  Proporciona qualidade no serviço, ao possibilitar a provisão de recursos;

 Evita a falta de materiais e o estresse da equipe;

8 – O Serviço de Enfermagem e a definição de um plano orçamentário

Para o Serviço de Enfermagem, o planejamento orçamentário diz respeito à parte relativa à assistência de enfermagem aos pacientes, ou seja, a fração do orçamento da instituição que é aplicada em enfermagem, sendo que a definição de um orçamento e um sistema de controle orçamentário são funções que estão inseridas no papel do enfermeiro como administrador da assistência de enfermagem..

O enfermeiro deve fazer um bom planejamento orçamentário, levando em conta as necessidades do paciente, a necessidade de pessoal, equipamentos e materiais adequados de acordo com cada unidade, com apresentação de argumentos que sejam convincentes demonstrando a necessidade de recursos para a manutenção da qualidade dos programas da instituição.

Ao se elaborar um plano orçamentário é importante que se combinem os objetivos e as metas que se quer alcançar com os custos para a realização de tais propostas, pois segundo ARNDT, HUCKABAY (1983), “a eficiente operação de uma unidade de assistência em saúde somente pode ser realizada pela adoção de uma filosofia de trabalho adequada às disponibilidades financeiras da instituição”.

Portanto, uma vez que a enfermagem é quem permanece na unidade hospitalar, 24 horas, ininterruptamente, cobrindo todas às necessidades do paciente, a equipe de enfermagem deve ser considerada como o elemento central no controle e redução dos custos21.

Os custos, em uma unidade hospitalar, são “a soma de todos os gastos gerais, com pessoal e material, destinados ao atendimento e construção dos objetivos do hospital e da sua finalidade. Portanto, todo investimento em bens, serviços, drogas e similares destinados ao uso e consumo do paciente” 22.

Assim sendo, considerando que no gerenciamento de custos em enfermagem como objetivo final se espera um retorno financeiro segundo Marx; Morita23, alguns aspectos devem ser considerados: “pessoal

qualificado e capacitado desempenha tarefas com menos desperdício e maior eficiência e rapidez; adequação de pessoal gera menos estresse e maior produtividade; material adequado e de boa qualidade reduz a margem de erros e agiliza os procedimentos e controle de material, pessoal e equipamentos, evita desperdício de tempo e dinheiro”.

O enfermeiro deve ainda, manter a equipe informada sobre o custo hospitalar da assistência, visando com isto obter destes o apoio no sentido da racionalização da utilização de materiais e equipamentos, evitando desperdícios, sem perder de vista a qualidade da assistência.

De modo geral, não se dispõe de todos os recursos necessários para o desenvolvimento e a realização de atividades e programas, tendo-se com freqüência que se estar definindo prioridades.

Para FONSECA (1995)24, “os programas orçamentários devem ser desenvolvidos dentro de uma

metodologia compatível, elegendo aqueles que digam mais respeito à sua organização de trabalho. A distribuição orçamentária variará de acordo com as prioridades estabelecidas no planejamento, por ex.: 60% para pessoal; 20 a 30% para suprimentos, 10% equipamentos e treinamentos; 5% viagens e atualizações”.

20 Op cit.

21ALMEIDA, M. H. Custos hospitalares na enfermagem. Rio de Janeiro, Cultura Médica, 1984. 22 Op cit.

23 MARX, L.C.; MORITA, L.C. Manual de Gerenciamento de Enfermagem. São Paulo: EPUB, 2003.

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Deve-se prever ainda, o desenvolvimento de programas específicos de educação continuada que mantenham o pessoal de enfermagem informado sobre os recursos econômico-financeiros da instituição, e que ao mesmo tempo motivem e capacitem o pessoal para implementar o cuidado ao paciente, relacionando-o com o seu custo.

É importante ainda ressaltar que a preocupação com os custos pelo enfermeiro não deve ser tomada como “uma fuga do seu papel profissional, já que o mesmo deve estar inserido na política administrativa de saúde e na filosofia institucional, cabendo ressaltar que a redução de custos gera ganhos para o hospital aplicar em pessoal, material e equipamentos, beneficiando toda a população usuária dos serviços hospitalares” 25.

9– Auditoria de Custos

Nós já discutimos sobre a auditoria de enfermagem em outra aula, e vocês viram que ela é um processo no qual realiza-se a avaliação sistemática da qualidade da assistência de enfermagem, através da comparação entre a assistência que esta sendo prestada e os padrões pré-determinados.

Mas existem outros tipos de auditoria, como por exemplo a auditoria de custos, que na área de saúde esta voltada para a avaliação das contas hospitalares principalmente por operadoras de planos de saúde.

A participação de enfermeiros neste tipo de auditoria tem crescido, pois como já discutimos anteriormente, a enfermagem tem uma importante participação nos custos hospitalares.

Neste tipo de auditoria são verificadas as cobranças efetuadas pelos serviços credenciados para garantir que o pagamento seja realizado de forma correta e no prazo acordado26.

Segundo Motta (2003)25 a enfermeira tem um papel relevante neste tipo de auditoria por conhecer todo o

processo assistencial e administrativo relacionado a assistência dos usuários de serviços de saúde.

Como ferramentas que podem auxiliar o enfermeiro na análise das contas hospitalares pode-se citar as seguintes 25 :

• Tabela da Associação Médica Brasileira;

• Contratos e Tabelas Hospitalares;

• Protocolos;

• Custos Hospitalares.

• Revista Simpro – publicação trimestral com orientações farmacêuticas dos medicamentos mais atuais e tradicionais usados no mercado;

• Revista Brasíndice – publicação quinzenal de orientação farmacêutica, que apresenta preços atualizados dos medicamentos;

• Resoluções do Conselho Regional de Enfermagem (COREn) ou Conselho Federal de Enfermagem (COFEn);

• Resoluções do Conselho Regional de Medicina (CREMESP) ou Conselho Federal de Medicina (CFH);

• Tabela própria.

Apesar de neste tipo de auditoria o foco ser o controle de custos, é importante ressaltar que a qualidade da assistência também é avaliada.

10 – A titulo de conclusão

Nossa sociedade esta estruturada sob a forma de organizações e para que elas desempenhem suas atividades de modo estruturado e racional é necessário que estas sejam administradas. Faz parte das funções administrativas, o planejamento e dentro dele o plano orçamentário.

Para que o Enfermeiro possa atuar eficaz e eficientemente ele necessita utilizar os conhecimentos administrativos e dentre eles ressaltamos a delimitação de recursos disponíveis e necessários para a assistência à saúde de indivíduos e comunidades.

Além disso, segundo Gama (2003) 27 “é preciso que o enfermeiro tenha consciência de sua

responsabilidade para com a qualidade da assistência e que o gerenciamento de custos ocupe aí lugar de destaque. Precisamos ter claro para todos nós que gerenciar custos não significa pensar e fazer uma assistência que não seja qualificada, mas muito ao contrário – saber de fato as reais necessidades e buscar provê-las”.

25 PADILHA, M. I. C. S. A qualidade da assistência de enfermagem e os custos hospitalares. Rev. Hosp. Adm. Saúde, São Paulo. Vol. 14 (03), 1990, p.128-30

26MOTTA, A L. C. Auditoria de Enfermagem – nos hospitais e operadoras de planos de saúde. São Paulo: Iátria, 2003. 27 GAMA, B. M. B. De M. O gerenciamento de custos em enfermagem. Apostila de curso. 2003 (mimeo)

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11 - Exercícios para fixação do conteúdo

1. Explique por que estudar e discutir o gerenciamento de custos em enfermagem? 2. Defina com suas palavras o que é gasto, custo, despesa e receita?

3. O que significa gerenciar custos? Dê um exemplo. 4. Exemplifique o que são custos diretos e indiretos? 5. Explique o que é um orçamento?

6. Quais são as vantagens e desvantagens de um orçamento em enfermagem?

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