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Castelo Rodrigo: exemplo de valorização do património cultural

Autor(es):

Universidade de Coimbra. RevCEDOUA

Publicado por:

CEDOUA

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/8540

Accessed :

2-May-2021 18:57:10

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Revista do Centro de Estudos de Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente RevCEDOUA 2. 2002

> Dossier

C

astelo Rodrigo

Exemplo de valorização do

património cultural

Situação geográfica, demográfica e admi-nistrativa

Castelo Rodrigo situa-se em território de Riba-Côa. Trata-se de uma antiga vila medie-val secular, muralhada, que se ergue no topo de um monte com cerca de 800m de altura. Pertence à província da Beira Interior, distrito da Guarda, Concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. A localização privilegiada no cimo de um morro, cuja altitude apenas é supe-rada pela Serra da Marofa (975m), e sua proximidade com a fronteira, são requisitos, em si, justificativos da importância que esta povoação assumiu ao longo dos tempos como praça-forte. Do castelo é possível avis-tar toda a área do vale, onde sobressaem Figueira de Castelo Rodrigo (a cerca de 5 km de distância), o antigo Convento de Santa Maria de Aguiar (hoje transformado em turis-mo de habitação) e as áreas de cultivo que se estendem até à fronteira com a Espanha. A antiga vila medieval conta actualmente com cerca de 200 habitantes (segundo resul-tados do referendo de 1998, eram 240 os eleitores inscritos). Nela se situa a Junta de Freguesia de Castelo Rodrigo, cujo edifício renovado mantêm a traça medieval da vila, a Igreja Matriz, fundada em 1192 pelos frades Hospitalários e alguns estabeleci-mentos hoteleiros e de apoio ao turismo.

A história1

Nem sempre alinhada com o “lado certo da história”, é ainda hoje possível “ouvir” das ruínas de Castelo Rodrigo as histórias das duras e sangrentas batalhas que ali se travaram. É difícil precisar com rigor as origens de Castelo Rodrigo. Sabemos que o território de Riba-Côa foi ocupado desde o Paleolítico. Em Castelo Rodrigo foram

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en-contrados vestígios romanos (restos de materiais de construção e moedas) e árabes (cisterna), a somar aos vestígios megalíticos e da cultura castreja que se encontram um pouco por toda a região. Em 1039, segundo o relato da história dos Godos, Castelo Rodrigo é libertada do poder dos Árabes, ficando subordinada ao poder dos Reis de Leão. A origem do nome (“Castelo Rodrigo”) associa-se ao de alguns nobres do Reino de Leão, embora não exista consenso quanto à identidade concreta do nobre em questão. Alguns historiadores defendem que é possí-vel que o nome de Cuidad Rodrigo, conquis-tada e fundada pelo Conde Rodrigo Girão, esteja ainda associado ao de Castelo Rodrigo. A primeira carta de foral de Castelo Rodrigo foi concedida, em 12 de Setembro de 1209, por D. Afonso IX, rei de Leão, contendo, em oito livros, toda a legislação que regula-rizava todos os aspectos da vida familiar, social e económica dos respectivos habitantes. O território manteve-se sob a jurisdição de Leão, durante quase 100 anos, até que o Reino veio a ser integrado no de Castela, cerca de 1295.

Castelo Rodrigo passa a território português por força do tratado de Alcanices, assinado a 12 de Setembro de 1297. Neste tratado o Rei de Castela (D. Fernando IV) cedeu a Portugal as praças de Olivença, Campo Maior, San Felices dos Galegos e os territó-rios de Riba-côa. Em troca, D. Dinis cedeu as praças de Arronches e Aracena. Embora só em 1297 Castelo Rodrigo tenha integrado o território português por efeito das negocia-ções do Tratado de Alcanices, cabe salientar que na sequência da conquista daquelas terras algum tempo antes da assinatura do referido Tratado de paz, D. Dinis havia já concedido foro à vila de Castelo Rodrigo a 8 de Novembro de 1296. D. Fernando, re-conhecendo a importância das fortalezas da raia, mandou restaurar Castelo Rodrigo. Mas Castelo Rodrigo continuaria a ser palco de duras batalhas. Com a morte de D. Fernando, Portugal viria a mergulhar numa dura crise política que pôs em causa a própria independência nacional e à qual Castelo Rodrigo não ficou alheio. Segundo

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os costumes e leis da época, os alcaides juraram fidelidade à filha do falecido rei, no caso, D. Beatriz, e assim o fez Álvaro Gil Cabral, alcaide de Castelo Rodrigo. Mesmo depois da derrota dos castelhanos em Aljubarrota, a 15 de Agosto de 1385, o Mes-tre Aviz viu recusada a sua entrada em Castelo Rodrigo, em 1386, pelo respectivo alcaide que ainda continuava fiel ao Rei de Castela. Apenas em 1387, D. João I conseguir assentar arraiais naquela vila, que, pelo Tratado de Monção de 1389, o qual esta-belecia mais uma trégua entre os dois reinos, regressaria à soberania portuguesa, assim como Olivença, Mértola, Castelo Mendo e Castelo Melhor, por troca com Tui e Salvaterra do Minho.

Até ao domínio espanhol iniciado em 1580 apenas cabe assinalar a reforma do castelo em 1499, por ordem de D. Manuel. Este também renovou o foral de Castelo Rodrigo, em 1508, e doou o termo ao filho, o infante D. Duarte o diploma de 1527 impunha aos moradores do concelho a conservação da fortaleza através de contribuições em tra-balho para as obras de restauro. D. Sebas-tião doou a fortaleza a D. Luís de Moura, pai de Cristóvão de Moura. O segundo viria a assumir um papel relevante na entrega do trono de Portugal a Espanha após a morte de D. Sebastião e de D. Henrique. Cristóvão de Moura estava nessa altura ao serviço do rei espanhol, D. Filipe II (I de Portugal) e foi por este elevado à categoria de Conde de Castelo Rodrigo, como paga-mento dos seus bons ofícios. Com a morte daquele monarca perdeu os cargos que exercia em Lisboa e foi proibido de regressar a Espanha, pelo que viveu alguns anos no palácio que mandara erguer em Castelo Rodrigo e cujas ruínas são hoje visitáveis.

Quando, em 1 de Dezembro de 1640, a no-breza portuguesa se revoltou e pôs fim ao domínio espanhol, ainda Castelo Rodrigo continuava fiel a Espanha. Segundo a tra-dição, a notícia apenas chegou àquela vila 10 dias depois. Os populares invadiram a vila e dirigiram se ao castelo, entrando pela porta da traição, para se vingarem dos espanhóis, mas só nessa altura descobriram que estes

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haviam fugido por um túnel secreto que fazia a ligação com o convento de Santa Maria de Aguiar. Mais uma vez o castelo, e agora também o palácio, foram destruídos, ficando a arder por vários dias. D. João IV ao subir ao trono mandou reparar as muralhas. Mais tarde, em 1762, Castelo Rodrigo após duras batalhas, volta a ficar sobre o domínio espanhol (na altura em que aquele reino assinara o “Pacto de Família” com a França e a Itália), apenas regressando à coroa portuguesa, com a assinatura da paz em Fontainebleau, em 1763.

Em 1797, a defesa de Castelo Rodrigo é novamente reforçada, desta feita por causa da crise com a França, após a subida ao poder de Napoleão. A defesa não foi, porém, eficiente, até porque o castelo, já em ruínas, não estava no pleno das suas potencia-lidades. Ficaram os registos da passagem dos franceses por aquela terra e das suas pilhagens, em especial no Convento de Santa Maria de Aguiar.

A partir da segunda metade do século XVIII, Castelo Rodrigo começou a entrar em deca-dência, em especial por se tratar de um lugar muito exposto ao frio e ao vento e pela escassez de água. O fim dos conflitos na Península Ibérica fazia desaparecer a ne-cessidade de defesa e, com isso, as popu-lações podiam procurar outro tipo de confor-to estabelecendo-se no vale (na que agora é Figueira de Castelo Rodrigo) sem medo de guerras. É natural, assim, que a 6 de Novembro de 1836, tivesse sido promulgado o decreto que destronou Castelo Rodrigo da qualidade de sede de concelho.

As intervenções actuais

A história de Castelo Rodrigo, só em si, já seria motivo suficiente para uma visita a este lugar. A paisagem que se avista do cimo do monte é suficientemente eloquente da importância estratégica do local no contexto das guerras medievais. Mas o fundamento deste trabalho é muito mais rico do que a descrição de um simples conjunto de ruínas de importante valor histórico, testemunha-doras de várias civilizações

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e gentes. O que justificou nossa atenção prende-se com a recuperação de Castelo Rodrigo segundo um conceito dinâmico de património cultural. A transferência da maioria da população para a vila situada no vale (Figueira de Castelo Rodrigo) obrigou à adopção de medidas tendentes a evitar a total desertifi-cação da vila medieval. Assim, a vila conta hoje com uma rede eléctrica, de abasteci-mento de água e de saneamento, bem como com uma rede de telecomunicações, todas elas enterradas no chão de forma a evitar que fios aéreos pudessem prejudicar a beleza e o aspecto medieval. No âmbito da protecção e conservação dos bens culturais, são de assinalar a classificação das muralhas como monumento nacional, tendo as mesmas sido submetidas a trabalhos de consoli-dação, iluminação e arranjos exteriores; a Igreja Matriz classificada como imóvel de interesse público; a fonte de Casqueira classificada como imóvel de interesse con-celhio. Para além do empenho da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, foi ainda possível contar com os apoios do FEDER e INTERREG para as obras de conso-lidação das paredes do arruinado palácio de Cristóvão de Moura e da porta Nascente da fortaleza, bem como a construção de uma circular externa que facilita o acesso e a circulação automóvel.

Para além das intervenções estaduais, são de assinalar também, como muito positivos, os investimentos privados que permitem dotar a vila medieval de outras infra-estru-turas necessárias à fixação de turistas e visitantes, fazendo daquela vila mais do que um monumento, um verdadeiro regresso ao passado. Assim, a vila conta com três cafés, um restaurante, uma casa de turismo rural, uma moradia turística e algumas lojas de artesanato e produtos gastronómicos regio-nais, tudo enquadrado, exteriormente, na traça medieval da vila. Para além destes elementos, são ainda de assinalar a reali-zação de eventos culturais (ex. concertos) nas ruínas do castelo e do palácio e a inte-gração da vila no circuito de provas de todo o terreno. A participação

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dos privados no projecto de recuperação da vila é importante e mesmo o repovoamento, potencia-lizado pelo facto de estarem acessíveis na vila todas as infra-estruturas da cidade (saneamento, água canalizada, electricidade e telefone), é fundamental para o desenvol-vimento de um conceito de património vivo. Hoje, é possível ter na vila medieval uma casa que por fora é medieval e por dentro tem todas as comodidades das habitações de luxo da cidade.

Da visita a Castelo Rodrigo, da envolvência secular que as ruas nos trazem, da imagi-nação em que a paisagem nos mergulha, da intervenção humana que tem sido feita e ainda está em curso, trazemos a esperança e a certeza que aquela vila, após tantos desencontros com a História e tantas narra-tivas de traição, está hoje, quase no nosso tempo, potencializando uma reconciliação com o nosso passado e uma vivência histórica de grande significado.

CEDOUA

1 Sobre a história de Castelo Rodrigo vide, Júlio António Borges, Castelo Rodrigo, Ed. Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, 2001.

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