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III-220 PROGRAMA DE COLETA SELETIVA EM GRANDES INSTITUIÇÕES DE ENSINO: OS RESÍDUOS SÓLIDOS ANALISADOS E VALORIZADOS SOB A ÓTICA DA GESTÃO AMBIENTAL

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

III-220 – PROGRAMA DE COLETA SELETIVA EM GRANDES INSTITUIÇÕES

DE ENSINO: OS RESÍDUOS SÓLIDOS ANALISADOS E VALORIZADOS SOB

A ÓTICA DA GESTÃO AMBIENTAL

Régia Lúcia Lopes(1)

Engenheira Civil pela UFRN em 1986. Mestre em Engenharia Química pela UFRN em 1992. Engenheira da CAERN de 1987 a 1989. Professora da Gerência de Recursos Naturais do CEFET-RN desde 1991.

Luzimar Pereira da Costa

Técnico em Controle Ambiental pelo CEFET-RN em 1999. Tecnóloga em Meio Ambiente pelo CEFET-RN em 2004.

Renata Ubarana Lins Nascimento

Assistente Social do CEFET-RN. Especialista em Gestão Ambiental pela UFRN em 2002. Gerente do Programa de Coleta Seletiva do CEFET-RN.

Endereço(1): Rua Presb. Porfírio Gomes da Silva, 1496 – Capim Macio – Natal/RN – CEP 59.082-420 – Brasil – Tel.

(84) 642-2594 - e-mail: regia@cefetrn.br

RESUMO

Este trabalho se constituiu em analisar a experiência do Programa de coleta seletiva existente no CEFET-RN, inserido num projeto maior de gestão ambiental em grandes estabelecimentos de ensino. O programa de coleta seletiva se insere no contexto de gerenciamento integrado, buscando alternativas ambientalmente adequada para cada tipo de material produzido e descartado e foi de forma gradativa o indutor de um programa de educação ambiental na Instituição através de oficinas de reaproveitamento de materiais recicláveis, cursos de multiplicadores ambientais e elaboração de material educativo para que toda comunidade do CEFET-RN divulgando seus resultados e informações acerca dos benefícios de um bom gerenciamento de resíduos. Dessa forma a Instituição é responsável pela transferência do conhecimento técnico de forma simples e direta para a toda a comunidade fazendo com que esta participe efetivamente de programas de coleta seletiva porta a porta ou por entrega voluntária que a cidade dispõe assim como se mostra como uma Instituição formadora de profissionais sensibilizados para a temática ambiental, conhecedor de suas responsabilidades perante a sociedade e ao meio ambiente. Este trabalho apresenta os resultados dos dois últimos dois anos do programa com quantidades de resíduos coletados, descrição das oficinas e reuniões realizadas, diagnóstico de resíduos gerados e implantação de um plano simplificado de gerenciamento para gerenciamento de resíduos baseado na perspectiva elaboração de um sistema de gestão ambiental para a instituição

PALAVRAS-CHAVE: Coleta Seletiva, Educação Ambiental, Gestão Ambiental e Resíduos Sólidos.

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a gestão ambiental vem ganhando um espaço crescente em vários setores da economia. Incorporar a variável ambiental ao desenvolvimento das atividades nas instituições públicas é uma questão importante para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Vários são os motivos que levam as instituições de ensino a pensar num programa de coleta seletiva de resíduos sólidos inseridos num programa de gestão ambiental. Em linhas gerais, estes motivos são as preocupações voltadas à falta de espaço para disposição do lixo, à preservação da paisagem, à economia de recursos materiais e o desenvolvimento de programas de educação ambiental dentro da própria instituição para sensibilização de toda a comunidade.

Independentemente da diversidade de estratégias de implantação dos programas de coleta seletiva, percebe-se que há uma certa interação entre as experiências dos grandes estabelecimentos de ensino, fazendo com que vários programas inspirarem-se em outros. As trocas de idéias são bastante difundidas, especialmente graças ao espírito de investigação dos interessados em iniciar programas dessa natureza e a uma série de eventos.

Merecem menção os programas implantados na UEFS (NUNESMAIA, 1997), UFSC (KUHNEN, 1997), UFMG (CINTRA, 1997), onde a preocupação em realizar estudos aliados as atividades didáticas é de fundamental importância para melhoria da qualidade de ensino e conseqüentemente da melhoria na qualidade ambiental das Universidades.

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Dessa forma, percebe-se que um programa de coleta seletiva é uma atitude imprescindível numa instituição de ensino do porte do CEFET – RN, fazendo parte do seu papel educacional. A implantação de um sistema de coleta diferenciada aliada a um programa de educação ambiental pode fazer com que o conhecimento e a experiência venham a ser úteis a outros setores da sociedade, servindo de laboratório para pequenas comunidades.

Em linhas gerais este trabalho apresenta os resultados do Programa de Coleta Seletiva do CEFET-RN observados sob a ótica da gestão ambiental da Instituição. Desde 1996 que os estudos na área de resíduos vem se desenvolvendo no CEFET-RN, no entanto até setembro de 1998, a coleta seletiva se deu de modo informal só sendo conhecedores da mesma alguns professores e alunos da área de Tecnologia Ambiental sendo observada pouca mudança de hábitos por parte de alguns setores da instituição (LOPES, 1999).

Após aproximadamente três anos de trabalho, verificou-se que somente a formatação de diretrizes, sem o gerenciamento e/ou acompanhamento regular das ações dela decorrentes, poderiam comprometer a continuidade e o sucesso do Programa frente aos seus objetivos. Assim, em 2000, surgiu uma nova proposta que consistiu na construção de um modelo de intervenção onde todos os projetos relacionados aos resíduos sólidos do CEFET – RN deveriam seguir num direcionamento único através da institucionalização do projeto. Esta nova estruturação procurou, também, clarear melhor a articulação do Programa com todos os segmentos da Instituição envolvidos com a questão do lixo seja na área administrativa, operacional, acadêmica, de extensão e de pesquisa.

Tendo como suporte esse novo Projeto, em junho de 2002, através de uma Portaria do Gabinete da direção é que o Programa de Coleta Seletiva foi institucionalizado, sendo oficializada a equipe formada para dar suporte técnico e acompanhamento às atividades, a partir daí estabelecido um embrião de um sistema de gestão ambiental para o CEFET-RN.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado através de uma metodologia baseada na investigação – ação, utilizando-se as etapas de implantação de um sistema de gestão ambiental: comprometimento da administração, formação de equipe multidisciplinar, análises preliminares identificando os aspectos e impactos ambientais, estabelecimentos dos roteiros de coleta, padronização dos acondicionadores nas cores pré estabelecidas, identificação de comprador de recicláveis, treinamento dos colaboradores, implantação do programa e monitoramento a partir das atividades a serem desenvolvidas, promoção de oficinas educativas, reativação da oficina de reciclagem artesanal de materiais e ampliação do depósito para armazenar os recicláveis , sempre procurando estabelecer uma melhoria contínua.

RESULTADOS

O CEFET-RN ainda não possui uma política de gestão ambiental, mas os objetivos do programa de coleta seletiva foram estabelecidos, sendo um passo inicial para elaboração de um sistema de gestão ambiental da instituição. Inicialmente foi estabelecido o comprometimento da administração da instituição através da formação da equipe composta de professores, pedagogas, assistente social, Gerência de Administração e Manutenção, funcionários da limpeza e estagiários dos cursos técnico e superior em Controle Ambiental.

Após a formação da equipe foram realizados estudos com relação aos processos existentes e uma avaliação ambiental que permitiu identificar os pontos fortes e fracos do programa de coleta seletiva, as ameaças e tendências e as oportunidades de melhoria. Essa avaliação ambiental foi realizada através de entrevistas, inspeção direta, medição, análise e revisão de registros anteriores.

No que se refere à operacionalização foram realizados estudos para levantamento de um diagnóstico quali-quantitativo da produção de lixo, e estabelecidos os roteiros de coleta com freqüências definidas além da padronização de coletores e trabalho de capacitação de servidores para as atividades de coleta. A administração enviou memorando a todos os setores informando a existência do programa e a necessidade de cooperação de todos, inclusive para empresas terceirizadas que atuam dentro da instituição.

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Para maior divulgação entre os professores, o programa foi apresentado nas reuniões pedagógicas de todos os cursos e na reunião do comitê de qualidade total. O grupo gestor mantém sempre cartazes nos murais informando da coleta seletiva, seus benefícios, como se pode ajudar, tempo de decomposição dos materiais, dentre outras informações. Paralelo a essas ações foram realizadas atividades de sensibilização com alunos e servidores técnico-administrativos objetivando uma eficiência melhor do sistema já implantado.

A realização das oficinas de reaproveitamento de materiais recicláveis está sendo uma forte ferramenta de Educação Ambiental para todo processo de revalorização e sensibilização frente aos problemas ambientais, principalmente os relacionados com o consumo e descarte de resíduos sólidos.

Durante os anos de 2003 e 2004 foram realizadas várias oficinas, entre elas a de reaproveitamento de caixas tipo longa vida (tetraPak), reutilização de garrafas tipo PET na confecção de pufes, a de cestaria com jornal e a de caixas confeccionadas com papel reciclado estando duas dessas oficinas mostradas na figuras 1.

Figura 1 – Oficina de reaproveitamento de caixas de papel longa vida e de pufes com PET

A prática dessa oficina tem oportunizado aos participantes a reflexão acerca de matéria-prima de cada componente do lixo ou resíduo sólido urbano e uma análise sobre o ciclo de vida de cada produto. É salientado que além de se reduzir impactos ambientais pelo descarte, também, estar se reduzindo a utilização de matéria-prima, de energia, de água, e minimização da degradação ambiental provocada pela extração dos recursos naturais e pela poluição.

Com relação à coleta e a destinação final dos resíduos sólidos, até dezembro de 2003, estava ocorrendo apenas a coleta diferenciada do papel nos setores administrativos, e aleatoriamente, de alguns tipos de plásticos e metais. Isso se devia à falta de espaço para fazer a triagem e armazenar os recicláveis. No ano de 2004 percebe-se que poucas coisas mudaram, pois a grande dificuldade que ainda persiste é a falta de pessoal para a coleta, uma vez que os dois únicos funcionários destinados para coletar os resíduos não dispõem de tempo para fazer o trabalho de triagem, de limpeza e de armazenamento de todo material coletado, o que demonstra que a Instituição ainda considera o programa, na área administrativa, como um apêndice, pois esses funcionários além dessas atividades ainda são designados para outras, sendo isso o principal entrave na área operacional.

Após um certo tempo de armazenamento, normalmente em torno de 10 dias úteis de coleta, os materiais recicláveis são comercializados livremente sem interferência da administração do CEFET, sendo aproveitado apenas uma pequena parcela do papel na oficina de reaproveitamento e reciclagem.

A figura 2 apresenta a fase de triagem que os materiais sofrem no local de armazenamento para poderem ser comercializados.

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Figura 2 – funcionários separando o material

Os que são resíduos considerados rejeito foram definidos durante a fase de planejamento e manutenção do projeto, devido as suas particularidades. São especificamente a fração de lixo que não é reciclável, que não tem mercado para comercialização em Natal e a que ainda não é reaproveitada completamente como parte dos resíduos orgânicos, assim como os resíduos da carpintaria entre eles serragens e sucatas de madeiras.

Esses materiais são acumulados nos pontos de produção e coletados três vezes por semana (nas segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras) no período da tarde por dois funcionários, utilizando coletores móveis basculante de 240 litros e o trator. Os materiais coletados são posteriormente encaminhados ao bosque e desse ponto de concentração, os resíduos acumulados são retirados pelo veículo da empresa de coleta da cidade – URBANA, três vezes por semana, e conduzidos ao aterro sanitário localizado no distrito de Massaranduba em Ceará-Mirim /RN. A figura 3 apresenta o local onde os resíduos ficam expostos para a coleta convencional.

Figura 3 – Ponto e concentração de resíduos para coleta convencional

Atualmente uma parte da fração orgânica é separada nas fontes geradoras que são a cantina e o refeitório e, destinada à produção de adubo através da vermicompostagem. Essa atividade é realizada de forma empírica, mas já está fazendo parte de um projeto de pesquisa exatamente para demonstrar as características desse composto e tentar implementar, se necessário, tecnologias de monitoramento e assim constituir mais um produto Institucional, sendo necessário estar dentro do programa de gestão da instituição. A figura 4 mostra os tanques utilizados para a produção do húmus.

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Figura 4 – Tanques utilizados para produção de húmus através de vermicompostagem.

Quanto aos resíduos provenientes de reformas e construções realizadas na Instituição os mesmos são acondicionados em caçambas e gerenciados pela empresa construtora que presta serviço ao CEFET - RN. O material de poda de árvores é acondicionado em caçambas e/ou empilhado no bosque e posteriormente destinado também para área de disposição final de Cidade Nova – local de destino final da cidade para entulhos e podas.

Parte das folhas, aparas de grama e o pó de madeira são usados para a produção de húmus e os galhos grossos de árvores provenientes das podas são comercializados pelos funcionários, principalmente em épocas de festividades juninas. A figura 5 mostra os locais onde ficam expostas as folhas para secagem e como são armazenados os troncos de árvores para comercialização.

Figura 5 – folhas expostas para secagem e podas separadas para comercialização

Com relação a resíduos perigosos na Instituição são gerados lâmpadas fluorescentes, resíduos de oficinas, resíduos laboratoriais e resíduos tecnológicos tais como computadores e seus periféricos e outros equipamentos que se quebram e não tem consertos. Para esses resíduos ainda estão sendo feitos levantamento para quantificação e formas de destinação local.

Quanto as lâmpadas estas já foram corretamente separadas dos resíduos e por enquanto estão estocadas e acondicionadas em um depósito ventilado e protegido da chuva, devido não existir na cidade nenhuma forma de destino assim como empresas que façam a descontaminação. Esse é um fator preocupante e tem sido objeto de pesquisas para tentar solucionar esse problema assim como contribuir para que os grandes e pequenos geradores da cidade possam usufruir de forma segura da destinação final desse resíduo.

Os resíduos de saúde oriundos do setor de atendimento à saúde e laboratório de análises clínicas são coletados acondicionados em sacos identificados conforme norma, no entanto, por ser em pequena quantidade, cerca de

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5,7 kg/dia ainda estão sendo coletados juntamente com os demais. Há uma preocupação que já foi transmitida para a administração da Instituição da necessidade do encaminhamento desses resíduos para a coleta especial em cumprimento à Lei Municipal 187/02, que estabelece responsabilidade aos serviços de saúde efetuar a coleta, o transporte e o destino final dos resíduos dos serviços de saúde, sendo a determinação válida para os serviços públicos e privados. Mais uma vez ainda se tem aqui um descaso quanto ao programa de gestão ambiental, haja vista que há na cidade incineradores para esse tipo de resíduo e falta a administração consciência dessa necessidade e dos riscos que pode causar aos garis e pessoal do destino final, assim como das sanções a que está sujeita.

Com o objetivo de identificar as frações de lixo descartadas e a evolução da coleta seletiva na Instituição, a cada semestre é realizado um estudo da composição gravimétrica dos resíduos sólidos. A tabela 01 ilustra o resultado das caracterizações realizadas entre os anos de 1996 e 2003.

Tabela 01 - Composição gravimétrica dos resíduos sólidos produzidos no CEFET Ano / % em peso MATERIAL 1996 1998 2000 2002 2003 2004 Papel 8,6 16 50,4 18,7 9,2 7,1 Metal 2,5 1,9 1,6 5,6 2,5 0,9 Vidro 0,6 0,4 - - 1,1 - Plástico 5,5 1,6 1,6 16,2 14,4 6,8

Varrição (folhas e terra) 10,4 15,7 12,2 7,1 12,2 28,4

Orgânico 43,7 39 28,6 37,4 40,5 24,2

Rejeito 28,7 25,4 5,6 15 20,2 32,6

Total 100 100 100 100 100 100

Precisa que se diga que em 1996 não havia nenhum sistema de coleta diferenciada e que a geração de resíduos foi estimada em cerca de 10 m3/dia e que a partir das ações da coleta seletiva e segregação dos diversos materiais conforme citado anteriormente, atualmente a estimativa é de uma geração diária de 2,20 m3/dia, o que demonstra a importância do programa para a Instituição tantos nos aspectos econômicos quanto nos educacionais e ambientais.

Analisando as caracterizações após a implantação do Programa, nota-se que ainda se encaminha um percentual dos recicláveis para o lixo o que demonstra a necessidade de uma permanente fiscalização e sensibilização. No entanto há e se considerar a redução de geração ao longo do tempo e que mesmo assim houve reduções nos quantitativos e que essas caracterizações são sempre realizadas nos resíduos que estão dispostos para coleta.

O metal encontrado durante a caracterização foi basicamente latas de óleo, de refrigerante e espiral de caderno, materiais esses oriundos da cantina, refeitório e sala de aula, que infelizmente, ainda não estão sendo desviados para o depósito, por não estar acorrendo à triagem devido a dificuldades citadas anteriormente. E com relação ao plástico (embalagens de alimentos, e principalmente copos descartáveis) nas três últimas caracterizações foi alta em relação aos anos anteriores em função da grande utilização de copos descartáveis e que a resina não tem mercado local, ou não é comercializado. Para minimizar essa geração no refeitório já foi substituído o uso de copos descartáveis por copo duráveis, além de se ter coletores diferenciados para papel, plástico, metal e vidro nesse setor, que não existia na época das caracterizações, o que proporcionará uma redução na porcentagem de plástico no “lixo”, uma vez que se notou a presença de uma quantidade considerável de embalagens.

A fração de matéria orgânica (tipo que mais contribui na composição do lixo) no último ano a quantia foi na ordem de 24,2%. Essa porcentagem do material orgânico do CEFET vem diminuindo devido a utilização de parte desse material na produção do húmus.

A porcentagem de rejeito encontrada no Centro foi de 32,6% (ano de 2004). Nesse componente, a porcentagem depende muito do que é considerado como rejeitos. Nesse caso específico, os rejeitos foram considerados como papel higiênico, absorventes, papel toalha, guardanapos, papel plastificado, papel carbono, palitos de picolés, canudos, papel alumínio, materiais de difícil identificação, entre outros. Somando ao que se

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pode considerar rejeito, está incluído o material de varrição – inerte e orgânico/terra e folhas (28,4%), valor sazonal. Esses valores somados mostram que a fração de rejeito tem aumentado e conseqüentemente diminuído a porcentagem dos recicláveis no “lixo” o que demonstra a eficácia do programa de coleta seletiva.

Após a quantificação dos resíduos, excetuando-se o material de podas de árvores, entulhos da construção, papel coletado separadamente nos setores administrativos e gerências, lâmpadas e a maioria dos metais, constatou-se que o CEFET - RN produz em média 0,22 toneladas/dia e um volume médio de 2,2 m3/dia, apresentando aproximadamente um peso específico de 100kg/m3.

Esses valores se aproximam aos do início do programa, apresentados no trabalho de LOPES (1999) que foram de 0,26 tonelada e aos 2,5 m3/dia e demonstra o avanço em relação a quantidade estimada no início dos estudos em 1996, cuja massa e volume eram de 2,7 toneladas/dia e 10 m3/dia respectivamente. O que demonstra o quanto tem sido eficaz a metodologia do programa de coleta seletiva e, conseqüentemente a evolução do CEFET na área de resíduos, pois se deve considerar que a clientela da instituição vem aumentando ao longo dos últimos cinco anos devido a criação de novos cursos técnicos e superiores, além das atividades de pesquisa e extensão. Essas atividades fazem com que a produção de lixo aumente, no entanto, o desvio de uma quantidade considerável desse material para comercialização e reciclagem artesanal, através do programa de coleta seletiva fez com que o descarte permanecesse em torno de 200kg a 250 kg por dia que é igual ao ano de 1999.

Desde a institucionalização do Programa, foram coletadas cerca de 46,4 toneladas de recicláveis, o índice de reaproveitamento foi na ordem de 41,7% no ano de 2002 e 37,8 % em 2003 e 38,7 % em 2004, sendo todo material, com exceção de uma pequena parcela do papel, encaminhado para depósitos que comercializam com as indústrias recicladoras. A tabela 2 mostra a quantidade de material coletado e vendido desde 1999 até 2004.

Tabela 02 – Materiais recicláveis coletados em 1999 a 2004

MATERIAL COLETADO 1999 (kg) 2000 (kg) 2001 (kg) 2002 (kg) 2003 (kg) 2004 (Kg) Papel 3.790 1.310 - 7.905 12.654 11.750 Metal 2.347,4 0 - 5.280 3.493 4.408 Plástico 0 0 - - 132 775 Vidro 32 0 - - - - Total 6.169,4 1.310 - 13.185 16.279 16.933

Como se observa, até o primeiro semestre de 2002, problemas como de acondicionamento inadequado, coleta irregular dos resíduos, deficiência na divulgação e orientação a alunos e servidores em geral e operacionalização da coleta dificultavam a realização plena do projeto de coleta seletiva proposto, fazendo com que a quantidade de material coletado fosse baixa em relação ao anos de 2002 a 2004, onde alguns problemas como padronização e distribuição parcial dos coletores, acompanhamento técnico, regularização da coleta e trabalhos com educação ambiental foram superados no decorrer do processo.

CONCLUSÕES

A implantação de programas de coleta seletiva em instituições de ensino deve ser considerada como um importante instrumento de gestão ambiental. A educação ambiental deve ser voltada para a questão do resgate da responsabilidade do lixo que cada um produz. O envolvimento da comunidade nas oficinas de reaproveitamento de materiais recicláveis promovidos pela equipe do programa tem proporcionado excelentes resultados, funcionando assim como uma peça essencial no trabalho educativo.

No início do programa os principais problemas observados foram relacionados coma parte operacional tais como acondicionamento inadequado, coleta irregular dos resíduos, falta de divulgação que dificultaram a implementação do projeto de coleta seletiva proposto. A adequação do Programa à política administrativa da Instituição a partir do 2º semestre de 2002 fez com que a maioria desses problemas fosse superada, permitindo assim, a construção de um ambiente educativo que potencializou a formação de conceitos cidadãos e a sensibilização de todos os segmentos para a preservação dos recursos naturais associados a minimização da geração de resíduos, sua reutilização e reciclagem, sendo a coleta seletiva o fator motivador.

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No que se refere à reação da comunidade do CEFET, nota-se que ela está disposta a reagir positivamente à proposta, apesar de que no início da institucionalização ter havido um certo descrédito em relação ao projeto da escola, existindo críticas pouco construtivas. O que estava impedindo a efetivação da coleta seletiva em toda Instituição era a demora na construção do depósito de reciclável. Agora, após o término da obra, o que está comprometendo a imagem do trabalho é a falta de recursos humanos para fazer a triagem, limpeza e armazenamento do material.

Apesar das dificuldades, as conquistas tais como a coleta regular do papel, ampliação do depósito de materiais recicláveis, realização das oficinas, limpeza do bosque, reativação do núcleo de reaproveitamento e reciclagem e outros feitos, são gratificantes para os que idealizaram e trabalham na proposta embora muito ainda falte. As principais metas a se trabalhar é estabelecer uma política que contemple os resíduos orgânicos, as lâmpadas fluorescentes, o material da construção civil (entulho) e os resíduos do serviço de saúde.

Alterar este quadro de forma consistente envolve não apenas a mobilização de recursos e o conhecimento de processos e tecnologias adequadas à realidade da escola, mas principalmente a percepção do lixo como um problema ambiental e social por parte de todos, incentivando a estruturação de modelos de gestão, com uma visão integrada que incorpore os múltiplos aspectos envolvidos.

A instituição tem que estar ciente de que este programa deve estar inserido num amplo programa de gestão ambiental que contemple os outros aspectos e impactos ambientais das atividades realizadas. Devem haver ações articuladas de planejamento, normativas, operacionais e financeiras baseadas em critérios sanitários, ambientais e econômicos e de cunho educacional de forma a atingir a função social da instituição na formação do profissional-cidadão, através de um processo de apropriação e da produção de conhecimentos científicos e tecnológicos, visando a uma atuação competente no mundo produtivo, de modo a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária (CEFET-RN, 1998).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CEFET-RN. Relatório de gestão 2002. Disponível em < http://www.cefetrn.br>. Acesso em 19 de maio de 2003. 3. ______. Programa de Coleta Seletiva de Lixo. Portaria n. 142, de 14 de junho de 2002. Lex:

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5. COSTA, Luzimar Pereira. Programa de coleta seletiva: os resíduos do CEFET/RN analisados e

valorizados sob a ótica da gestão ambiental. CEFET-RN. Relatório de estágio de graduação. Natal, 2005.

6. NUNESMAIA, M. F. S.; Lixo: soluções alternativas – projeções a partir da experiência UEFS. Feira de Santana; Universidade Estadual de Feira de Santana, 1997. 152 p.

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19., 1997, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: ABES, 1997.

8. LOPES, Régia Lúcia. Proposta de implantação da coleta seletiva e gerenciamento do lixo gerado

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