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TÍTULO II DO CONDENADO E DO INTERNADO CAPÍTULO I DA CLASSIFICAÇÃO

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2017

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|LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984| ART. 5º

ATENÇÃO: Nos termos da Lei Complementar 135/10, são inelegíveis os que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição análoga à de escravo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados por organização criminosa (Lei 12.850/13) ou quadrilha ou bando (associação criminosa, art. 288 do CP).

Outros direitos

– Inúmeras questões envolvendo direitos do preso pululam diariamente

nos tribunais brasileiros e estrangeiros. A obrigatoriedade de raspar a barba ao entrar no

estabelecimento penal, por exemplo, gera discussões que extrapolam nosso território. Juízes

brasileiros entendem que raspar a barba não somente é legal como recomendável, já que

evita doenças e ajuda a impedir a proliferação de pragas. Porém, uma das Câmaras da

Cor-te Europeia de Direitos Humanos, em junho de 2016, aCor-tendeu ao apelo de um condenado

na Lituânia e considerou arbitrário proibir um preso de deixar a barba crescer, pois não há

motivos razoáveis que justifiquem tamanha interferência na individualidade das pessoas.

Por fim, o parágrafo único do artigo em comento reforça preceitos garantidos

constitu-cionalmente: art. 3º, IV, art. 4º, VIII, e art. 5º, XLII, todos da Carta Magna.

Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança.

Ressocialização e a participação da comunidade –

É de suma importância a

coopera-ção da comunidade no que toca a execucoopera-ção da sancoopera-ção penal (pena e medida de segurança),

importância essa ressaltada no artigo 25 da Exposição de Motivos da Lei de Execução Penal:

“Muito além da passividade ou da ausência de reação quanto às vítimas mortas ou

trau-matizadas, a comunidade participa ativamente do procedimento da execução, quer através

de um Conselho, quer através das pessoas jurídicas ou naturais que assistem ou fiscalizam

não somente as reações penais em meios fechados (penas privativas da liberdade e medida

de segurança detentiva) como também em meio livre (pena de multa e penas restritivas de

direitos)”.

Para o auxílio da execução da pena e medida de segurança, a LEP prevê dois importantes

órgãos (setores de participação): Patronato (vide arts. 78 e 79) e Conselho da Comunidade

(vide arts. 80 e 81), ambos estudados mais adiante.

`

TÍTULO II

– DO CONDENADO E DO INTERNADO

`

CAPÍTULO I

– DA CLASSIFICAÇÃO Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal.

(3)

Classificação dos condenados –

A individualização da pena está

expressamente

prevista

no art. 5º, XLVI, da Constituição da República. Como bem observa Mirabete (Execução

Penal, Ed. Atlas, p. 48), “é uma das chamadas garantias repressivas, constituindo postulado

básico de justiça. Pode ser ela determinada no plano legislativo, quando se estabelecem e

se disciplinam as sanções cabíveis nas varias espécies delituosas (individualização in

abs-tracto), no plano judicial consagrada no emprego do prudente arbítrio e descrição do juiz,

e no momento executório, processada no período de cumprimento da pena e que abrange

medidas judiciais e administrativas, ligadas ao regime penitenciário, à suspensão da pena,

ao livramento condicional etc.”.

Seguindo esse espírito, o art. 5º determina que os condenados serão classificados segundo

os seus

antecedentes

e

personalidade

, buscando, desse modo, separar os presos primários dos

reincidentes, os condenados por crimes graves dos condenados por delitos menos graves etc.

a)

antecedentes:

retratam o “histórico de vida” criminal do reeducando.

b)

personalidade:

envolve uma estrutura complexa de fatores que determinam as formas

de comportamento da pessoa do executado. Conforme lição de Guilherme de Souza Nucci,

“é um conjunto somatopsíquico (ou psicossomático) no qual se integra um componente

morfológico, estático, que é a conformação física; um componente dinâmico-humoral ou

fisiológico, que é o temperamento; e o caráter, que é a expressão psicológica do temperamento.

Na configuração da personalidade congregam-se elementos hereditários e socioambientais,

o que vale dizer que as experiências da vida contribuem para a sua evolução.” (Leis Penais e

Processuais Comentadas, ed. RT, p. 458).

1. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (Promotor de Justiça – MPE-SC – 2013) Julgue o item a seguir.

Consoante a Lei nº 7210/84, os condenados serão classificados, na sua totalidade, segundo os seus antecedentes, personalidade e culpabilidade, para orientar a individualização da execução penal. 02. (Analista Jurídico – TJ-SC – 2009) De acordo a Lei nº 7210 de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução

Penal), assinale a alternativa correta:

I. Os condenados serão classificados, por Comissão Técnica de Classificação, segundo os seus antece-dentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal.

II. Constituem sanções disciplinares: advertência verbal; repreensão; suspensão ou restrição de direitos; incomunicabilidade; inclusão no regime disciplinar diferenciado.

III. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença.

IV. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado. Também o preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal ficará em dependência separada.

a) Somente as assertivas I, III e IV estão corretas. b) Somente as assertivas I, II e III estão corretas. c) Somente as assertivas II, III e IV estão corretas. d) Somente as assertivas III e IV estão corretas. e) Todas as assertivas estão corretas.

(4)

|LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984| ART. 7º

Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o progra-ma individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presi-dida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.

Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será inte-grada por fiscais do serviço social.

Comissão Técnica de Classificação –

Com o objetivo de orientar a individualização da

execução penal, os condenados serão classificados segundo seus antecedentes e personalidade.

Essa classificação deve ser feita por uma Comissão Técnica de Classificação (CTC),

incum-bida de elaborar o programa individualizador adequado ao reeducando. Para tanto, contará

com a ajuda do Centro de Observação Criminológica, que realizará os exames necessários

para que a CTC tenha subsídios suficientes para construir seu estudo de execução da pena

com foco na reinserção social do apenado.

Todo estabelecimento possuirá uma Comissão, cuja composição depende do tipo de

pena a ser executada:

Pena privativa e liberdade Demais casos 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um)

psicólogo, 1 (um) assistente social e será presidida pelo diretor

Atuará junto ao Juízo da Execução e será composta dos fiscais do serviço social

1. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (Inspetor de Segurança e Administração Penitenciária – SEAP-RJ – 2012) Consoante a Lei de Execu-ção Penal, os condenados serão classificados, segundo seus antecedentes e sua personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Essa classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação presidida pelo:

a) Diretor do estabelecimento b) Juiz da Execução

c) Promotor de Justiça d) Secretário de Justiça

e) Presidente do Conselho Criminal

02. (Analista de Promotoria I – VUNESP – 2010 – MP/SP) Determina a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84) que, a fim de orientar a individualização do cumprimento da pena do sentenciado conde-nado à privação de liberdade, os estabelecimentos prisionais devem contar com Comissão Técnica de Classificação, a qual obrigatoriamente deve ser composta, entre outros, por

I. psiquiatra; II. psicólogo; III. assistente social.

É correto o que se afirma em a) I, apenas.

b) III, apenas. c) I e II, apenas.

(5)

d) II e III, apenas. e) I, II e III.

03. (Promotor de Justiça – ES – 2009 – Adaptada) Eduardo foi condenado a 25 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, pela prática do crime de homicídio qualificado com o uso de veneno. Transitada em julgado a condenação, o sentenciado foi recolhido a estabelecimento prisional em Vitória, no Espírito Santo. A partir dessa situação hipotética e com base na legislação aplicável às execuções penais, analise o item a seguir:

Para orientar a individualização da execução penal, Eduardo deve ser submetido à classificação a cargo de comissão técnica, presidida pelo juízo das execuções, responsável por elaborar o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado. A aplicação desse programa condiciona-se à aquiescência e aprovação do membro do MP com atuação junto à vara de execuções penais.

GAB 01 A 02 E 03 FALSO

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto.

Exame criminológico

– O exame criminológico, usado para individualizar determinadas

execuções envolvendo fatos mais graves e/ou presos rotulados como perigosos, serve, não raras

vezes, para orientar o Magistrado nos incidentes de progressão e livramento condicional,

não se confundindo com o exame de classificação tratado no art. 5º da LEP. Vejamos, em

resumo, as diferenças no quadro abaixo:

Exame de Classificação Exame Criminológico

Amplo e genérico Específico

Orienta o modo de cumprimento da pena, guia seguro visando a ressocialização.

Busca construir um prognóstico de periculosida-de – temibilidapericulosida-de – do reeducando, partindo do binômio delito-delinquente.

Envolve aspectos relacionados à personalidade do condenado, seus antecedentes, sua vida familiar e social, sua capacidade laborativa.

Envolve a parte psicológica e psiquiátrica, ates-tando a maturidade do condenado, sua disciplina e capacidade de suportar frustrações (prognóstico criminológico).

Antes da Lei 10.792/03, o exame criminológico era considerado obrigatório na execução

da pena no regime fechado, e facultativo na pena cumprida no regime semiaberto, em

es-pecial quando se tratava de condenação por crime doloso praticado com violência ou grave

ameaça à pessoa.

Hoje, porém, o entendimento que prevalece nos Tribunais Superiores é de que se trata de

estudo facultativo (não importando o regime de cumprimento de pena), devendo o

Magistra-do fundamentar sua necessidade aquilatanMagistra-do as peculiaridades Magistra-do caso concreto (gravidade

da infração penal e condições pessoais do agente). Nesse sentido STF e STJ:

(6)

|LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984| ART. 8º

STF – Súmula Vinculante 26. Para efeito de progressão de regime no cumpri-mento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e sub-jetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

STJ – Súmula 439. Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.

1. ENUNCIADOS DE SÚMULAS DE JURISPRUDÊNCIA

` STF – Súmula Vinculante 26. Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisi-tos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.

` STJ – Súmula 439. Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.

2. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

` STF – 687 – Exame criminológico e livramento condicional

A 1ª Turma extinguiu habeas corpus, uma vez que substituto de recurso constitucional, mas concedeu, de ofício, a ordem para restabelecer decisão do juízo das execuções que implementara o livramento condicional do paciente. Na situação dos autos, após o citado deferimento, o parquet interpusera agravo em execução, provido pelo Tribunal local, ao entender que se imporia o exame criminológico. Qualificou-se que, com a edição da Lei 10.792/2003, o mencionado exame teria sido expungido da ordem jurídica. Além disso, repisou-se que o magistrado admitira o livramento condicional. Alfim, ponderou-se ter havido o desprezo às condições impostas pela lei para a benesse: decurso do tempo e certidão de bom comportamento carcerário. HC 109565/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 6.11.2012. (HC-109565)

` STJ – 435 – Exame criminológico. Série. Crimes.

A jurisprudência do STJ já se firmou no sentido de que, embora a referida lei não o exija mais, o exame criminológico pode ser determinado pelo juízo mediante decisão fundamentada (Súm. 439/STJ), pois cabe ao magistrado verificar os requisitos subjetivos à luz do caso concreto. Ao juízo também é lícito negar o benefício quando recomendado pelas peculiaridades da causa, desde que também haja a necessária fundamentação, em observância do princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, da CF). Na hipótese, a cassação do benefício encontra-se devidamente fundamentada, pois amparada na aferição concreta de dados acerca do paciente, condenado, pela prática de uma série de crimes, a uma longa pena a cumprir, o que recomenda uma melhor avaliação do requisito subjetivo mediante a submissão ao exame criminológico. HC 159.644, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 18.5.10. 5ª T.

3. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (Defensoria Pública da União – 2015 – CESPE) Gerson, com vinte e um anos de idade, e Gilson, com dezesseis anos de idade, foram presos em flagrante pela prática de crime. Após regular tramitação de processo nos juízos competentes, Gerson foi condenado pela prática de extorsão mediante sequestro e Gilson, por cometimento de infração análoga a esse crime. Com relação a essa situação hipotética, julgue o item a seguir:

Conforme entendimento dos tribunais superiores, tendo sido condenado pela prática de crime he-diondo, Gerson deverá ser submetido ao exame criminológico para ter direito à progressão de regime.

(7)

02. (Agente Penitenciário – CESPE – 2009 – SEJUS-ES) Em relação à Lei de Execução Penal (LEP), julgue o item a seguir.

O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade e restritiva de direitos deve

ser submetido a exame criminológico a fim de que sejam obtidos os elementos necessários à

adequada classificação e individualização da execução.

GAB 01 ERRADO 02 ERRADO

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, obser-vando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:

I – entrevistar pessoas;

II – requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado;

III – realizar outras diligências e exames necessários.

Dados para o exame

– Andou bem o legislador ao ampliar as possibilidades de obter

dados reveladores da personalidade do preso, verdadeiro estranho aos membros da Comissão.

Quanto mais informações, mais preciso será o seu trabalho.

Como bem observa Mirabete (ob. cit. p. 60):

“Os exames do condenado constituem, como já visto, o estudo científico da cons-tituição, temperamento, caráter, inteligência e aptidão do preso, ou seja, da sua personalidade. Assim, os membros da Comissão Técnica de Classificação devem recolher o maior número de informações a respeito do examinado, não só através de entrevistas e peças de informação do processo, o que restringiria a visão do condenado a certo trecho de sua vida, mas não a ela toda, mas de outras fontes. Por essa razão, concede à lei a possibilidade ao perito de entrevistar pessoas, requisitar de repartições ou estabelecimentos privados dados e informações a respeito do condenado ou realizar outras diligências e exames necessários”.

Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.

§ 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.

§ 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético.

Identificação do perfil genético

– Com o advento da Lei 12.654/12, os condenados

por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por

qualquer dos crimes etiquetados como hediondos, a identificação do perfil genético é

obri-gatória, mediante extração de DNA, devendo seguir técnica adequada e indolor.

A identificação aqui imposta (tratando-se da fase de execução da pena) não serve,

ne-cessariamente, para subsidiar qualquer investigação criminal em curso, muito menos para

esclarecer dúvida eventualmente gerada pela identificação civil (ou mesmo datiloscópica),

(8)

|LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984| ART. 9º-A

tendo como fim principal abastecer banco de dados sigiloso, a ser regulamentado pelo Poder

Executivo (podendo servir para investigação futura).

Constitucionalidade

– Para muitos, a inovação é inconstitucional, configurando

verda-deiro direito penal do autor (remontando ao conceito de “criminoso nato” de Enrico Ferri),

ferindo a segurança jurídica, desequilibrando a balança da punição x garantias, sendo campo

fértil para abusos.

Pensamos diferente. A medida é salutar quando se pensa num Estado que deve ser

eficiente no combate à crescente criminalidade (garantismo positivo), sem desconsiderar as

garantias do cidadão (garantismo negativo). Criticamos, apenas, aqueles que já se

pronun-ciam interpretando a novel lei no sentido de ser obrigatório o fornecimento do material pelo

condenado. Isso nos parece inconstitucional e inconvencional. É assegurado a todos o direito

de não produzir prova contra si (nemo tenetur se detegere). Logo, deve o Estado, através de

métodos não invasivos (salvo se o preso concordar com tais procedimentos) colher material

desprendido do corpo do reeducando para servir à identificação genética. O Estado não está

impedido de usar vestígios para colher material útil na identificação do indivíduo. Não há

nenhum obstáculo para sua apreensão e verificação (ou análise ou exame). São partes do corpo

humano (vivo) que já não pertencem a ele. Logo, todas podem ser apreendidas e submetidas

a exame normalmente, sem nenhum tipo de consentimento do agente ou da vítima (ex:

exa-me do DNA, da saliva que se achava nos cigarros fumados e jogados fora pelo condenado).

ATENÇÃO: Prevendo a judicialização da discussão acima, foi editada a Resolução de nº 3, de 26 de março de 2014, do Comitê Gestor da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, que trata do “procedimento unificado” para a coleta do material genético a informar o banco nacional de perfis genéticos. Referida resolução proíbe a coleta de sangue como técnica a ser empregada (art. 2º, § 2º) e, principalmente, determina que havendo recusa, será consignada em documento próprio e informada à autoridade judiciária.

Percebe-se, agora, movimento questionando a constitucionalidade do próprio banco de

dados. O tema está em debate no Supremo Tribunal Federal, com repercussão geral

reco-nhecida (Recurso Extraordinário 973837).

ATENÇÃO: O Tribunal Europeu de Direitos Humanos já enfrentou alguns casos envolvendo o mesmo assunto, onde decidiu que as informações genéticas encontram proteção jurídica na inviolabilidade da vida privada. Em um dos casos, julgado em 2008, o Reino Unido foi condenado pela Corte Europeia de Direitos Humanos (caso S. AND MARPER vs. THE UNITED KINGDOM – UK, 2008), A Corte decidiu que os Estados que possuem amostras de DNA de indivíduos presos, mas que foram posteriormente absolvidos ou tiveram suas ações retiradas, não devem manter as informações dos custodiados, devendo destruí-las.

1. QUESTÃO DE CONCURSO

01. (Promotor de Justiça – MP/SC – 2016) Assinale se verdadeira ou falsa:

A Lei n.7.210/84 (Execução Penal) tratou em capítulo próprio acerca da classificação dos condenados, com o objetivo de orientar a individualização da execução penal. Quanto à identificação dos con-denados, todavia, a referida lei padece pela desatualização, inexistindo previsão de coleta de perfil genético como forma de identificação criminal, a exemplo do que já ocorre em outros países.

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CAPÍTULO II – DA ASSISTÊNCIA

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SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.

Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. Art. 11. A assistência será:

I – material; II – à saúde; III – jurídica; IV – educacional; V – social; VI – religiosa.

Da assistência –

Visando evitar a reincidência, criando condições suficientes ao preso

ou internado retornar ao convívio social (transformando o criminoso em não criminoso),

o Estado deve prestar-lhe assistência material, saúde, jurídica, educacional, social e religiosa,

estendendo-se o tratamento especial também ao egresso (liberado definitivo, pelo prazo de

1 ano a contar da saída do estabelecimento, e liberado condicional, durante o período de

prova, nos termos do art. 26, desta Lei).

A realidade nos mostra, entretanto, cenário bem diferente, onde a maioria dos presos

não trabalha, não estuda e não tem assistência efetiva para a sua ressocialização, manifesta

contradição quando lembramos dos itens 38 e 48, ambos da exposição de motivos da LEP:

38. A assistência aos condenados e aos internados é exigência básica para se conceber a pena e a medida de segurança como processo de diálogo entre os seus destinatários e a comunidade.

48. A assistência ao egresso consiste em orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade e na concessão, se necessária, de alojamento e alimentação em estabelecimento adequado, por dois meses, prorrogável por uma única vez mediante comprovação idônea de esforço na obtenção de emprego.

ATENÇÃO: À pessoa travesti, mulher ou homem transexual em privação de liberdade, serão garantidos a manutenção do seu tratamento hormonal e o acompanhamento de saúde específico (art. 7º, parágrafo único, da Resolução Conjunta nº 1 “que define novas regras para acolhimento da comunidade LGBT em unidades prisionais”, do Conselho Nacional de Combate à Discriminação).

1. QUESTÃO DE CONCURSO

01. (Agente Penitenciário – CESPE – 2009 – ES) Em relação à Lei de Execução Penal (LEP), julgue o item a seguir.

A assistência ao preso e ao egresso é dever do Estado, e visa prevenir o crime e orientar o retorno do indivíduo à convivência em sociedade.

(10)

|LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984| ART. 13

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SEÇÃO II – DA ASSISTÊNCIA MATERIAL

Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimen-tação, vestuário e instalações higiênicas.

Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração.

Assistência material –

De acordo com as Regras Mínimas da ONU para Tratamento de

Reclusos (atualizadas pelas Regras de Mandela), o Estado é encarregado de fornecer aos presos

alimentação (preceito 22), vestuário (preceitos 19 a 21) e instalações higiênicas (preceito 17).

As roupas (normalmente, uniformes) devem ser limpas, mantidas em bom estado, não

atentando contra a dignidade do preso. Quando o preso se afastar do estabelecimento para fins

autorizados, ser-lhe-á permitido usar suas próprias roupas (Regras de Mandela, preceito 19.3).

A alimentação deve ser preparada conforme as normas de higiene e de dieta, controlada

por nutricionista, devendo apresentar valor nutritivo suficiente para manutenção da saúde e

do vigor físico do habitante do sistema prisional (Regras de Mandela, preceito 22).

Citando Luiz Garrido Guzman, alerta Mirabete:

“O tema de alimentação nas prisões é de grande importância, não só porque o interno tem direito a uma alimentação sã e suficiente para sua subsistência normal, podendo ressentir-se sua saúde da sua insuficiência ou baixa qualidade, mas tam-bém porque é esse um poderoso fator que pode incidir positiva ou negativamente, conforme o caso, no regime disciplinar dos estabelecimentos penitenciários” (ob. cit. p. 66).

Em ocasiões especiais (ou nos dias reservados às visitas), autoriza-se a família, por

exem-plo, a fornecer comida ao preso.

Para o egresso, prevê a LEP a concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em

estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses (art. 25).

Necessidades pessoais do preso

– Há determinadas necessidades naturais particulares

de cada preso, não previstas pelo legislador. Na busca da manutenção da ordem e da

discipli-na interdiscipli-nas, bem como da eficiência do processo de ressocialização, deve o estabelecimento

dispor de instalações e serviços que atendam aos habitantes do sistema prisional nas suas

necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e

não fornecidos pela Administração (cigarros, por exemplo).

1. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (Inspetor de Segurança e Administração Penitenciária – SEAP-RJ – 2012) A assistência material ao preso e ao internado, nos termos da Lei de Execução Penal, consistirá no fornecimento de:

a) jornais e revistas b) alimentação e vestuário

c) remuneração e instalações higiênicas d) esporte e lazer

(11)

02. (Promotor de Justiça – 2012 – MP/TO) De acordo com a Lei de Execução Penal, incumbe ao:

a) serviço de assistência material colaborar com o egresso do sistema prisional para que ele obtenha trabalho.

b) serviço de assistência social relatar, por escrito, ao diretor do estabelecimento os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo preso assistido.

c) serviço de assistência jurídica acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas tempo-rárias dos presos.

d) serviço de assistência social acompanhar a formação profissional do preso e do internado. e) serviço de assistência à saúde conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames.

GAB 01 B 02 B

`

SEÇÃO III – DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, com-preenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.

§ 1º (Vetado).

§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento.

§ 3º Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009).

Assistência à saúde

– O provimento de serviços médicos é responsabilidade do Estado.

De acordo com as Regras Mínimas da ONU (atualizadas pelas Regras de Mandela, preceitos

24 e ss):

I) os presos devem usufruir dos mesmos padrões de serviços de saúde disponíveis à

comu-nidade, e os serviços de saúde necessários devem ser gratuitos, sem discriminação motivada

pela sua situação jurídica.

II) toda unidade prisional deve contar com um serviço de saúde incumbido de avaliar,

promover, proteger e melhorar a saúde física e mental dos presos, prestando particular atenção

aos presos com necessidades especiais ou problemas de saúde que dificultam sua reabilitação.

III) os serviços de saúde devem ser compostos por equipe interdisciplinar, com pessoal

qualificado suficiente, atuando com total independência clínica, e deve abranger a experiência

necessária de psicologia e psiquiatria. Serviço odontológico qualificado deve ser

disponibi-lizado a todo preso.

IV) o médico deve examinar cada preso, logo após o seu recolhimento, o quanto antes

possível e que, posteriormente, deverá fazê-lo sempre que seja necessário, tendo

principal-mente em vista: a) Identificar as necessidades de atendimento médico e adotar as medidas de

tratamento necessárias; b) Identificar quaisquer maus-tratos a que o preso recém-admitido

tenha sido submetido antes de sua entrada na unidade prisional; c) Identificar qualquer sinal

de estresse psicológico, ou de qualquer outro tipo, causado pelo encarceramento, incluindo,

mas não apenas, risco de suicídio ou lesões autoprovocadas, e sintomas de abstinência

resul-tantes do uso de drogas, medicamentos ou álcool; além de administrar todas as medidas ou

(12)

|LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984| ART. 14

tratamentos apropriados individualizados; d) Nos casos em que há suspeita de o preso estar

com doença infectocontagiosa, deve-se providenciar o asilamento clínico, durante o período

infeccioso, e tratamento adequado; e) Determinar a aptidão do preso para trabalhar, praticar

exercícios e participar das demais atividades, conforme for o caso.

Contudo, antevendo as dificuldades que enfrentaria o Estado para equipar-se como

mandam as regras internacionais, o legislador previu que, na falta de aparelhamento para

prover assistência médica necessária (acrescentamos a odontológica), esta será prestada em

outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento (art. 120 da LEP).

Ocorre que a rede pública de saúde também é carente de estrutura. Diante desse quadro,

em

casos

excepcionais,

os Tribunais têm concedido prisão domiciliar ao preso doente,

mes-mo que cumprindo sua pena em regime diverso do aberto (regime pressuposto dessa espécie

de prisão, nos exatos termos do que dispõe o art. 117 da LEP).

Permite-se ao não imputável internado ou em tratamento ambulatorial, por seus familiares

ou dependentes, contratar médico de confiança pessoal a fim de orientar e acompanhar o

tratamento (art. 43 da LEP).

A Lei 11.942/09, alterando vários dispositivos da LEP (arts. 14, 83, § 2º e 89), buscou

humanizar o tratamento dispensado às presas grávidas, com filhos recém-nascidos ou de

tenra idade, criando condições para que elas tenham acompanhamento médico necessário

desde o pré-natal (§ 3º) até o infante completar 07 anos (art. 89).

1. QUESTÕES DE CONCURSOS

01. (Agente Penitenciário Federal – DEPEN – 2015) Acerca das políticas de assistência à saúde de pessoas privadas de liberdade no Brasil, julgue o item a seguir.

Conforme previsto na LEP, a assistência à saúde devida à pessoa privada de liberdade no sistema prisional compreende atendimento médico, farmacêutico, odontológico e psicológico.

02. (Agente penitenciário – PR – 2013) Quanto aos atendimentos de caráter preventivo que integram a assistência à saúde do preso e do internado, considere os itens a seguir.

I. Psicológico. II. Médico. III. Farmacêutico. IV. Odontológico.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

03. (Promotor de Justiça – ES – 2009 – Adaptada) Eduardo foi condenado a 25 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, pela prática do crime de homicídio qualificado com o uso de veneno. Transitada em julgado a condenação, o sentenciado foi recolhido a estabelecimento prisional em Vitória, no Espírito Santo. A partir dessa situação hipotética e com base na legislação aplicável às execuções penais, analise o item a seguir:

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