Prof. Leonardo Rodrigues
Ceres, 18 de out. de 2008
Olavo Bilac (1865-1918) nasceu no Rio de
Janeiro, estudou Medicina e Direito, mas não
concluiu nenhum desses cursos. Exerceu as
atividades de jornalista e inspetor escolar, tendo
devotado boa parte de seus escritos à educação.
Foi defensor da instrução primária, da educação
física e do serviço militar obrigatório. Patriota,
escreveu a letra do Hino à Bandeira e dedicou-se
a temas de caráter histórico-nacionalista.
Poesias (1888);
Crônicas e novelas (1894);
Crítica e fantasia (1904);
Conferências literárias (1906);
Dicionário de rimas (1913);
Tratado de versificação (1910);
Ironia e piedade, crônicas (1916);
Tarde (1919);
Foi um movimento essencialmente poético que reagiu
contra os abusos sentimentais dos românticos;
Teve início na França, em 1866, com a publicação de O
Parnaso, que faz referência a uma montanha existente na
Grécia onde, segundo a lenda, moravam o deus Apolo (da
luz e das artes) e as musas inspiradoras das artes;
No Brasil, surgiu no fim do século XIX quando da
publicação de Fanfarras, de Teófilo Otoni. Os principais
autores do Movimento foram Olavo Bilac, Alberto de
QUANTO À FORMA QUANTO AO CONTEÚDO
Busca pela perfeição formal
Objetivismo
Vocabulário culto
Racionalismo
Gosto pelo soneto
Universalismo
Rimas raras, métrica, chaves
de ouro
Apego à tradição clássica
Gosto pelas descrições :
natureza, história, amor,
poesia
Mitologia greco-latina
Não caracteriza a estética parnasiana:
a) A oposição aos românticos e distanciamento
das preocupações sociais dos realistas.
b) A objetividade, advinda do espírito cientificista,
e o culto da forma.
c) A obsessão pelo adorno e contenção lírica.
d) A perfeição formal na rima, no ritmo, no metro
e volta aos motivos clássicos.
Enfocando os temas e atitudes parnasianos, marque a
ERRADA:
a) A poesia parnasiana é alienada, no sentido de que ignora
as questões que não sejam essencialmente estéticas.
b) Há um acentuado desprezo pela plebe e pelas
aspirações populares.
c) O artesanato poético é sua principal preocupação.
d) Os parnasianos diferem da atitude impassível e
anti-sentimental dos realistas.
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...
E conversamos toda a noite, enquanto A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido
"O/ra/ (di/reis/) ou/vir/ es/tre/las!/ Cer/to (A)
Per/des/te o/ sen/so!“ E eu/ vos/ di/rei,/ no en/tan/to, (B)
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto (A) E abro as janelas, pálido de espanto ... (B)
E conversamos toda a noite, enquanto (B) A via láctea, como um pálio aberto, (A)
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, (B) Inda as procuro pelo céu deserto. (A)
Direis agora: "Tresloucado amigo! (C)
Que conversas com elas? Que sentido (D)
Tem o que dizem, quando estão contigo?" (C)
E eu vos direi: "Amai para entendê-las! (E) Pois só quem ama pode ter ouvido (D)
Analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das
proposições abaixo sobre o poema “Via láctea”, de
Olavo Bilac.
a) ( ) O sujeito poético, através do uso de aspas,
simula um diálogo com um interlocutor que o
interroga sobre a sua capacidade de ouvir estrelas.
b) ( ) Em “Via láctea”, Olavo Bilac assume uma
postura mais intimista e subjetiva, afastando-se da
objetividade parnasiana.
c) ( ) O poema descreve, em um tom irônico, uma
situação vivida pelo sujeito lírico.
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha... E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece, Nem te comove a dor da despedida. E eu, solitário, volto a face, e tremo, Vendo o teu vulto que desaparece
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
Carlos Drummond de Andrade
Nel mezzo del cammin de nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura
chè la diritta via era smarritta
Chegas, com os olhos úmidos, tremente A voz, os seios nus, – como a rainha
Que ao ermo frio da Tebaida vinha Trazer a tentação do amor ardente.
Luto: porém teu corpo se avizinha
Do meu, e o enlaça como uma serpente... Fujo: porém a boca prendes, quente,
Cheia de beijos, palpitante, à minha...
Beija mais, que o teu beijo me incendeia!
Aperta os braços mais! que eu tenha a morte, Preso nos laços de prisão tão doce!
Aperta os braços mais, – frágil cadeia Que tanta força tem não sendo forte, E prende mais que se de ferro fosse!
Ermo: fechado;
O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.
O ângelus plange ao longe em doloroso dobre. O último ouro do sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre, O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu... A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,
Como uma procissão espectral que se move... Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Faz referência ao declínio do Ciclo do Ouro
(Séc. XVIII);
Local: Minas Gerais, Vila Rica;
A voz poética apresenta o declínio
XXXI
Longe de ti, se escuto, porventura, Teu nome, que uma boca indiferente
Entre outros nomes de mulher murmura, Sobe-me o pranto aos olhos, de repente... Tal aquele, que, mísero, a tortura
Sofre de amargo exílio, e tristemente A linguagem natal, maviosa e pura, Ouve falada por estranha gente... Porque teu nome é para mim o nome De uma pátria distante e idolatrada, Cuja saudade ardente me consome: E ouvi-lo é ver a eterna primavera E a eterna luz da terra abençoada,
a) objetividade do eu lírico.
b) predominância de descrição.
c) utilização de universo mitológico.
d) erudição do vocabulário.
Dá-me pétalas de rosa Dessa boca pequenina:
Vem com teu riso, formosa! Vem com teu beijo, divina! Transforma num paraíso O inferno do meu desejo... Formosa, vem com teu riso! Divina, vem com teu beijo! Oh! tu, que tornas radiosa Minh’alma, que a dor domina, Só com teu riso, formosa,
Só com teu beijo, divina! Tenho frio, e não diviso
Luz na treva em que me vejo: Dá-me o clarão do teu riso! Dá-me o fogo do teu beijo!