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Relatório Final de Estágio Profissional

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Academic year: 2021

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Universidade do Porto Faculdade de Desporto

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro).

Orientadora:

Professora Doutora Paula Maria Leite Queirós

Marco Tiago Pinto Couto Porto, Julho de 2011

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II

Ficha de catalogação

Couto, M. (2011). Relatório de Estágio Profissional. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ESTÁGIO PROFISSIONAL, REFLEXÃO, DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL, FORMAÇÃO INICIAL, AUTOIMAGEM.

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III

Agradecimentos

Este Relatório de Estágio (RE) é o culminar de um processo de formação e de um objetivo de vida ao qual me propus alcançar e que não seria possível sem a ajuda e auxílio de um largo número de pessoas, às quais devo uma palavra de gratidão e apreço. À Professora Doutora Paula Queirós, minha orientadora, pelo seu apoio, sentido crítico e por um vasto conjunto de sugestões e dicas que me fizeram evoluir e trabalhar no sentido correto.

À Professora Laura Lopes, minha professora cooperante, por todo o trabalho de orientação, mas sobretudo pela partilha de conhecimentos e experiências profissionais, que se revelaram manifestamente benéficas no meu percurso.

Às minhas colegas de estágio, Sofia e Diana, pela sua amizade e pelos momentos passados na escola, todo o intercâmbio de informações e conhecimentos por nós partilhados.

À minha família, por todo o amor que sempre me deram, por estarem comigo e me apoiarem em todos os momentos da minha vida.

À Filipa, meu amor, que soube, pacientemente, suportar todos os momentos em que não estivemos juntos em prol de um objetivo.

A todos os meus professores que, desde o primeiro ao último ano, me transmitiram conhecimentos, valores, comportamentos e alegria.

E a todos aqueles que, não sendo mencionados especificamente, me ajudaram e apoiaram ao longo deste ano, um enorme OBRIGADO.

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IV

Índice Geral

Agradecimentos………... III Resumo……….. IX Abstract……….. X 1. Introdução……….… 1

1.1 Caracterização geral do estágio e o(s) respetivo(s) objetivo(s)……….…. 3

1.2 Finalidade e processo de realização do relatório……….. 5

2. Enquadramento Biográfico………...…… 9

2.1 A minha caminhada até ao presente……….….. 9

2.2 As minhas expectativas em relação ao Estágio Profissional………….…. 10

3. Enquadramento da Prática Profissional………... 15

3.1 Referências ao Contexto Legal, Institucional e Funcional………... 15

3.2 Caracterização da Escola e do meio envolvente……….. 16

3.3 Enquadramento daTurma P1TR1……… 19

3.4 O papel da orientação pedagógica……….. 20

3.4.1 Professor reflexivo (a importância da reflexão)………. 24

3.5 Relação pedagógia a estabelecer com os alunos – Como comunicar….. 27

4. Realização da Prática Profissional………. 32

4.1 Organização e gestão do ensino e da aprendizagem (área 1)……… 32

4.1.1 Confronto entre a Preparação de base e o contexto real………... 33

4.1.2 Conceção e Planeamento, o guião de atuação………..……… 35

4.1.3 Controlo da turma, o primeiro passo………..…...…... 38

4.1.4 Entre a planificação e a realização (aula propriamente dita)…….…... 40

4.1.5 Maximizar a gestão da aula (gerir os diferentes períodos – categorias de gestão, instrução, fora da tarefa, atividade)…………..…... 43

4.1.5.1 Criação de Rotinas…..……….……….…....…………. 46

4.1.6 Diversidade de alunos, especificidade pedagógica……..…...…....… 47

4.1.6.1 Aperfeiçoamento da Instrução e aplicação do Feedback…….…….... 49

4.1.7 Avaliação! Dificuldade de avaliar……….……….……...……...…. 53

4.1.7.1 Um conhecimento mais profundo das individualidades que compõem a turma, respeitante à sua autoimagem.……...….. 58

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V

4.1.7.1.2 Objetivos/Amostra/Procedimentos…..……..……... 60

4.1.7.1.3 Resultados do BIQ…..……….…...……. 61

4.1.7.1.4 Discussão dos resultados do BIQ..………...…. 65

4.1.7.1.5 Resultados….……….………... 68

4.1.7.1.6 Discussão dos Resultados das Escala de Silhuetas... 70

4.1.8 Autonomia profissional, uma procura essencial……….……… 72

4.1.9 Observar e ser observado…….…….……… 74

4.2 Participação na Escola (área 2)……… 77

4.2.1 Organização e participação/colaboração de atividades escolares……. 77

4.2.2 Desporto escolar…………...………..……… 81

4.2.3 O papel do diretor de turma………...………….…….. 82

4.3 Relação com a Comunidade (área 3)………... 85

4.3.1 Atividades conjuntas com a comunidade e associação de pais……….. 85

4.3.2 Ação de formação…………...………... 86

4.4 Desenvolvimento Profissional (área 4)………. 89

4.4.1 Da previsão e expectativas à concretização de um plano (do PFI ao Relatório de Estágio).……….….. 89

4.4.2 Construção de documentos extraordinariamente enriquecedores...… 91

5. Conclusão……….……….… 95

Referências Bibliográficas………. 99 Anexos……… XII

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VI

Índice de Figuras

Figura 1 – Modelo de Reação ao Desempenho (Pieron, 1984)..……… 51

Figura 2 - Relação entre a perceção de corpo atual com a desejada, por cada Aluno questionado (Proposto por Kakeshita)……….….. 68 Figura 3 - A figura considerada como a ideal para o género e idade, por cada Aluno questionado (Proposto por Kakeshita)………….……...……… 68 Figura 4 - Relação entre a perceção de corpo atual com a desejada, por imagem.

(Proposto por Stunkard)………..…….……….……… 69

Figura 5 - A imagem considerada como a ideal para o género e idade. Proposto por Stunkard)...……….. 69

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VII

Índice de Quadros

Quadro 1: Descrição da idade, do peso, da altura e do IMC da cada aluna da

Turma P1TR1……….. 60

Quadro2: Média e desvio-padrão do BIQ……… 61

Quadro 3: Resultados individuais do Questionário de Imagem Corporal………….. 63

Quadro 4: Resultados individuais das aplicações da Escala de Silhueta para Adultos (proposta por Kakeshita) e a Escala de Silhueta (proposta por Stunkcard).. 67

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VIII

Índice de Anexos

Questionário: “A IMAGEM DO CORPO” de Bruchon-Schweitzer……….………...XIV Significado dos parâmetros do questionário……….……….XV Escala de Silhueta para Adultos - proposta por Kakeshita………XVI Escala de Silhueta - proposta por Stunkard……….XVI

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IX

Resumo

O presente relatório foi realizado com o objectivo de descrever e refletir sobre todo o percurso efectuado por mim durante o Estágio Profissional, no papel de Professor de Educação Física na Escola Secundário de Fontes Pereira de Melo, situada na cidade do Porto. Com este documento pretendo relatar os acontecimentos mais marcantes, bem como as funções desempenhadas e as dificuldades sentidas ao longo do ano letivo e, igualmente, efetuar um enquadramento de todo o processo de ensino levado a cabo com a turma do Curso Profissional de Turismo do primeiro ano (P1TR1). Ao longo deste percurso a reflexão assume um papel importante, pois é a partir dela que todo o processo formação profissional se desenvolve.

A divisão deste relatório de estágio foi efetuado em 4 capítulos, constituindo-se as quatro áreas fundamentais de desempenho do estagiário que estão definidas pela FADEUP, nesta etapa da formação académica.

No primeiro capítulo realiza-se uma breve introdução. No segundo dá-se o enfoque da minha caminhada até ao momento em que me encontro, bem como um conjunto de expetativas traçadas em relação ao Estágio Profissional. No terceiro evidencia-se o enquadramento do mesmo no Contexto Legal, Institucional e Funcional, assim como a caraterização do meio e a própria turma. O quarto capítulo é dedicado à reflexão da minha atuação profissinal como professor estagiário, contento neste os pressupostos nos quais desenvolvi, baseei e fundamentei as minhas tomadas de decisão. Ainda, neste capítulo, está incluído um trabalho de investigação sobre a noção de autoimagem, que me permitiu descobrir quais os alunos com maiores problemas com a sua imagem corporal. Por fim é enfatizada a importância que este ano teve no meu crescimento e desenvolvimento profissional, assim como encarar futuramente a profissão de Professor de Educação Física.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ESTÁGIO PROFISSIONAL, REFLEXÃO, DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL, FORMAÇÃO INICIAL, AUTOIMAGEM.

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X

Abstract

This report was carried out to describe and reflect on all the way done by me during the Internship, the role of Teacher of Physical Education in Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, located in Porto. With this document I intend to report the most significant events, as well as the functions performed and the difficulties experienced during the school year and also a framework to make the whole process of teaching carried out with the class of the course of the first Professional Tourism years (P1TR1). Along this route reflection plays an important role because it´s from the whole training process develops.

The division of this report was done in stage four chapters, constituting the four key areas of performance that are defined by the intern FADEUP at this stage of academic training.

In the first chapter makes a brief introduction. In the second gives it the focus of my walk to the moment I am in, as well as a set of expectations outlined in relation to the Placement. The third is evident even in the framework of legal, institutional and functional as well as the characterization and the middle class itself. The fourth chapter is devoted to reflection of my professional who works as a teacher trainee satisfaction in developing the assumptions on which I relied and justify my decision making. Still, this chapter is included a research paper on the notion of self-image, which allowed me to find out which students with major problems with their body image. Finally, it is emphasized the importance which this year had in my professional growth and development, as well as the future face the profession of Physical Education Teacher.

KEYWORDS: PHYSICAL EDUCATION, VOCATIONAL TRAINING, REFLECTION, PROFESSIONAL DEVELOPMENT, TRAINING, SELF-IMAGE.

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XI

Abreviaturas

RE – Relatório de Estágio

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto PFI – Projecto de Formação Individual

EP – Estágio Profissional UP – Universidade Porto NE – Núcleo de Estágio

PIT – Plano Individual de Trabalho

MEC – Modelo de Estrutura e conhecimento TPA – Tempo Potencial de Aprendizagem AI – Avaliações Iniciais

MS – Membros Superiores IMC – Índice de Massa Corporal BIQ – Body-Image Questionnaire EF – Educação Física

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3 1. Introdução

O presente relatório está inserido no âmbito da disciplina de Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundários da FADEUP - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

O estágio decorreu na Escola Secundária de Fontes Pereira de Melo, na cidade do Porto, num núcleo de estágio constituído por três elementos, tendo o acompanhamento sido realizado ao longo de todo o ano letivo por duas professoras, uma professora da escola denominada de Professora Cooperante, e uma da faculdade denominada de Professora Orientadora.

Neste documento será espelhado um percurso, o meu percurso. É o culminar de vários meses de aprendizagem, de trabalho e de desenvolvimento de uma identidade profissional, e também, identidade pessoal.

É minha intenção que este documento retrate o meu processo de formação individual, que foi basicamente conduzido pela minha introspeção/reflexão acerca de um percurso e de uma evolução à qual estive sujeito durante este ano letivo como professor de Educação Física. Tentarei abranger todos os aspetos que me foram relevantes durante o ano de estágio, assim como episódios que de um modo ou de outro promoveram uma reflexão mais profunda, marcando, naturalmente, a minha atuação docente.

O ano de estágio revela-se uma experiência muito gratificante e desgastante, mas, sobretudo, considerado como uma experiência enriquecedora a vários níveis (humanos, sociais e profissionais), sendo o ano em que se dá a maior e mais significativa evolução como futuro docente, pois é um processo que é pensado cuidadosamente e criteriosamente, é um período em que os erros cometidos são alvo de uma reflexão e análise profunda.

1.1 A caracterização geral do estágio e o(s) respetivo(s) objetivo(s)

O EP surge como um meio de integração na vida docente de forma orientada, ou seja, através da prática de ensino supervisionado em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e

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reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão. O EP engloba todas as exigências pedagógicas que devem ser analisadas, pelo que todas as áreas de intervenção devem ser abrangidas:

Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem Área 2 – Participação na Escola

Área 3 – Relações com a Comunidade Área 4 – Desenvolvimento Profissional

O EP funciona durante os terceiro e quarto semestres do 2º ciclo de estudos. As atividades do mesmo iniciam-se no dia 1 de setembro e prolongam-se até ao final do ano letivo nas escolas básicas e secundárias da própria escola.

As atividades do EP são categorizadas consoante as 4 áreas de desempenho acima referidas englobando diferentes tarefas das quais:

Cumprir todas as tarefas previstas nos documentos orientadores do EP; Elaborar e realizar o PFI;

Prestar o serviço docente nas turmas que lhe forem designadas realizando as tarefas de planificação, realização e avaliação inerentes;

Participar nas reuniões dos diferentes órgãos da Escola, destinadas à programação, realização e à avaliação das atividades educatias;

Participar nas sessões de natureza científica, cultural e pedagógica, realizadas na Escola ou na Faculdade;

Elaborar e manter atualizado o portefólio do EP;

Observar aulas regidas pelo professor cooperante e pelos colegas estagiários; Assessorar os trabalhos de direção de turma, de coordenação de grupo, de departamento de modo a percorrer os diferentes cargos e funções do professor de Educação Física;

Elaborar e defender publicamente o Relatório de Estágio.

O EP pode ser entendido como um processo de formação do estudante/professor, com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário para a promoção de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização, gestão, investigação e de cooperação.

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1.2 Finalidade e processo de realização do relatório de estágio

Pretendo que este relatório seja um documento reflexivo e descritivo da minha atividade desenvolvida durante o EP, tendo como principal objetivo a justificação de toda a minha ação profissional desenvolvida ao longo do ano.

Torna-se importante referir, salientar e refletir alguns dos aspetos e acontecimentos mais marcantes, que influenciaram toda a minha prática pedagógica de modo positivo ou negativo, que sustentaram a minha tomada de decisão, que me fizeram investigar mais sobre determinados assunto durante o ano. Como é evidente há aspetos que contribuíram determinantemente, para enfrentar os problemas, para proporcionar boas aprendizagens e um clima de aula positivo e benéfico para todos os intervenientes no processo educativo dos meus alunos.

Fundamentalmente, o relatório de estágio pretende desenvolver a capacidade reflexiva, relacionar a teoria à prática num contexto real de aprendizagem, refletir sobre as várias experiências e vivências adquiridas de modo a (re)construir novos conhecimentos, contribuindo fortemente para o meu enriquecimento a vários níveis.

É um documento constituído por 5 partes:

A primeira reporta-se à caracterização geral do estágio, referindo os seus principais objetivos. Juntamente é mencionado a sua finalidade e a forma como se processará.

A segunda etapa diz respeito ao enquadramento biográfico, onde será espelhado o meu caminho até ao presente, descrevendo um pouco das minhas características e o meu percurso de vida que me levou até este momento da minha vida. Por fim será feita uma breve exposição das minhas expectativas em relação ao EP (já efetuadas no Projecto de Formação Individual – PFI).

Na terceira parte será efetuada um enquadramento da prática profissional. Inicialmente começarei por uma breve caracterização legal, institucional e funcional do estágio. Caracterizar, brevemente, a escola e o meio envolvente, caracterizar a minha turma. Sendo ainda enfatizado o papel da orientação pedagógica nesta fase de um estudante estagiário, assim como evidenciar a importância da reflexão e do professor reflexivo.

A quarta parte refere-se à realização da prática profissional. Aqui vai ser referido tudo aquilo que foi efetuado e desenvolvido durante o ano letivo nas 4 áreas de desenvolvimento. Será também nesta parte que refletirei direta e profundamente na

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prática pedagógica supervisionada, em todos os objectivos alcançados, na progressão e evolução no meu método educativo, assim como nos entraves, nos erros que foram acontecendo, e posteriormente alvo de reflexão, sendo este um dos modos que levam à busca da minha identidade profissional.

Por fim, na quinta e última parte, será elaborada uma retroespectiva sobre o meu ano como estudante estagiário e, ainda, perspetivar os meus objetivos profissionais para o futuro.

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2.ENQUADRAMENTO

BIOGRÁFICO

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9 2. Enquadramento Biográfico

2.1 A minha caminhada até ao presente

Eu, Marco Tiago Pinto Couto, nasci a 15 de julho de 1986 em Fiães. Usualmente sou mais conhecido por Couto, visto ser este o nome que “adotei” no mundo futebolístico, ao qual faço parte e com o qual me identifico. Porém, Marco é um nome que cada vez mais utilizam para me identificar.

É importante referir que desde os meus 8 anos que sou federado em futebol. Desde esse momento que tenho um gosto tremendo por esta prática, logo não faria sentido nenhum estar a abandoná-la. Desde os 8 anos até ao presente momento, 24 anos, que não deixei de praticar e de representar o clube da minha terra, o Fiães.

A paixão pelo desporto surgiu naturalmente em mim, pois a minha infância foi repleta de experiências e vivências ao nível da atividade física e desportiva. Na minha rua haviam bastantes vizinhos, entre os quais 9 deles (todos rapazes) tinham pouco mais que a minha idade, diferença até 5 anos. Ao longo dos anos da nossa adolescência foi criada uma espetacular relação entre nós e atualmente ainda nos encontramos e partilhamos laços de amizade, e até profissionais. No início da nossa juventude éramos muito irreverentes e mexidos, não conseguíamos ficar em casa parados. O nosso ponto de encontro passou a ser a rua ou um pequeno “mato” que se situava em frente das nossas casas. Nesses espaços fizemos de tudo, campos de futebol, de voleibol, de basebol, hóquei em campo, pistas de bicicletas, etc, ou seja, de tudo o que nos lembrávamos ou que víamos na televisão e achávamos que seria divertido. Portanto, esta foi uma fase que me permitiu variar bastante e percorrer muitas experiências, sem nunca perder de vista o Futebol, porque isso era a única modalidade que se praticava todos os dias, sem exceção.

Com o passar dos anos vi os meus irmãos tomarem as suas opções futuras. Ambos seguiram desporto, um na faculdade que agora represento e o outro no ISMAI. Quando chegou o momento da minha decisão pensei que deveria tomar outro percurso, outro caminho e foi nisso que apostei, na transição do 9º para o 10º ano decidi entrar pelo mundo das artes. Foi um ano diferente, desenvolvi coisas que julgava que não conseguia e fiquei a perceber que tinha qualidades para a área, porém, com o passar do tempo cheguei à conclusão que não poderia seguir esse caminho. Antes do ano acabar já tinha tomado a decisão de mudar para o curso tecnológico de desporto, pois não fazia sentido

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continuar numa área, que apesar de gostar bastante, não me preenchia totalmente. Foi a melhor decisão que tomei.

A partir daí segui o meu percurso na escola sempre com os olhos postos na FCDEF. Já sabia exatamente o que pretendia para o meu futuro.

O meu percurso fora do âmbito escolar sempre se relacionou com o desporto, passando por algumas experiências como treinador de escalões de formação de futebol (escolas e infantis), professor de uma classe de iniciação de ginástica de trampolins (dos 3 aos 6 anos), Personal Trainer no Holmes Place e treinador adjunto de futsal feminino (sénior), sempre mantendo em plano de fundo jogador de futebol (sendo esta atividade a “titular” em relação a qualquer uma das outras).

Rseumindo, estes foram o trajeto e opções que tomei ao longo da vida e que me colocaram na posição que pretendo e acredito que devo estar. Ser docente de Educação Física.

O Desporto ensinou-me que devo lutar pelos resultados, não me acomodar, não esperar que as coisas apareçam feitas, mas, sim a procurar e tentar alcançar os meus objetivos através do meu esforço. Foi isso que pretendi deste ano, dedicar-me para poder melhorar e alcançar um nível de mestria elevado, para que os alunos beneficiem com a minha presença, e eu com a deles.

2.2 As minhas expetativas do Estágio Profissional

Como já referi sou o mais novo de três irmãos, ambos são licenciados em Educação Física e ambos passaram pelo ano de Estágio. Nesses momentos eu tive a oportunidade de perceber um pouco do trabalho necessário, das noites mal dormidas, do esforço que aplicaram, mas também da satisfação, da entreajuda, camaradagem e apoio criado entre os colegas de estágio. Portanto, as minhas expetativas em relação ao Estágio Profissional passavam muito pelo trabalho, interação e amizade a desenvolver no núcleo de estágio, uma vez que fiquei colocado com colegas que pouco ou nada conhecia, e pouco me relacionei durante a licenciatura e 1º ano de mestrado. Porém, pelo que já me havia apercebido até aquele momento, estava plenamente confiante que tudo correria pelo melhor e que o trabalho a desenvolver seria muito gratificante e bem executado, pois era uma caraterística que as minhas colegas demonstraram durante a

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licenciatura e primeiro ano de mestrado, sendo também essa a minha forma de estar e de pensar.

Da escola propriamente dita, esperava que me fornecesse todas as condições necessárias para que a minha prática docente decorresse de modo saudável e seguro, com materiais suficientes e de qualidade para a prática das diferentes modalidades. No momento em que pela primeira vez cheguei à escola esta encontrava-se na fase final da sua remodelação, no entanto, julgo que não haveria problemas com os pavilhões destinados à educação física e mesmo quanto à disponibilização dos materiais necessários. Das condições humanas não esperava menos, ou seja, que o corpo docente fosse dinâmico e interessado com a evolução dos alunos, que pensasse nas questões da educação, que facilitasse a minha integração na comunidade escolar e me ajudasse na minha caminhada e descoberta do mundo docente e das funções que cabem ao professor de educação física cumprir.

Ter como professora cooperante a Professora Laura Lopes foi um privilégio, porque do que me havia apercebido até ao momento, previa que esta fosse muito organizada, participativa e experiente, portanto, penso que seria uma mais-valia tremenda para a minha evolução e processo de estágio, e muito se deve aos anos de experiência que possui e dessa forma se constituiria uma boa ajuda, no cruzamento e interação de toda uma panóliade conhecimentos que fui adquirindo nos anos de faculdade e, mais concretamente, na sua aplicação num contexto real de escola e ambiente de aprendizagem em que a falta de motivação para a prática de Educação Física surge como um problema basilar.

Naquele momento possuía algumas preocupações, mas julgava que com o passar do tempo estas se dissipariam para que outras surgissem. Pois ao longo do ano tinha como pretensão evoluir como professor e para que isso acontecesse seria fundamental experienciar diferentes problemas e realidades para que fosse necessária uma adaptação e um modo distinto de atuar.

Antes de entrar nesta escola (pois não foi a minha primeira opção) tive conhecimento de algumas referências, que não foram muito animadoras nem agradáveis. Os alunos eram problemáticos, o ambiente não era muito inspirador para que desenvolvessem um bom comportamento. No entanto, após um breve período de adaptação apercebi-me que a realidade já não era essa, e desse modo o meu prisma alterou-se, positivamente. Em relação à minha turma e dos contactos iniciais com a mesma sentia-me com preocupações. Até aquele momento a turma tinha-se revelado

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algo complicada em todas as disciplinas, os alunos faltavam muito e eram mal-educados para os professores e não adotavam atitudes corretas para se desenvolverem numa sala de aula. Portanto, foram aspetos para os quais me tive de preparar desde o início, para não permitir que esses comportamentos não se passassem ao longo das minhas aulas, sendo, também, minha ambição procurar que alterrassem esses comportamentos inadequados para as aulas. Ciente que não seria uma tarefa fácil, mas com o objetivo de englobar os alunos para esse espírito.

Em relação à Orientadora destacada pela FADEUP, Dra. Paula Queirós, esperava que desenvolvesse um ambiente que fosse favorável à minha aprendizagem e desenvolvimento como futuro professor. Que através da sua análise, criticasse aspetos que fossem relevantes para a minha evolução e transformação em professor de qualidade.

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3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

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15 3. Enquadramento da Prática Profissional

3.1. Referências ao Contexto Legal, Institucional e Funcional

Este EP, enquanto marco fundamental para a formação como futuros professores, encontra-se estruturado pela interação tanto de orientações legais, como de institucionais e funcionais.

A regulamentação legal deste modelo de Estágio foi implementada pela primeira vez no ano letivo de 2009/2010 e considera os princípios das orientações legais constantes no Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e no Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro, além de ter em conta o Regulamento Geral dos segundos Ciclos da UP, o Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física, que se reporta ao grau de Mestre e à obtenção de habilitação profissional para a docência.

A implementação do processo de Bolonha, pretende promover uma dimensão europeia do ensino superior coerente, regida pela mobilidade, cooperação, comparabilidade e transparência. Visa que as faculdades aumentem a eficiência dos seus sistemas de ensino promovendo uma formação de qualidade a todos os seus alunos e consequentemente o aumento da competitividade e empregabilidade dos mesmos.

O Estágio decorre num Núcleo de Estágio (NE), no contexto da escola somos diariamente acompanhados pelo professor cooperante, que é o professor a quem foi atribuída a turma, e, ainda, pela professora orientadora da faculdade. O estudante estagiário conduz o processo de ensino/aprendizagem do ensino básico ou secundário, ao longo de todo o ano letivo. Todo o processo de conceção, planeamento e realização é supervisionado pelo professor cooperante, acompanhado juntamente pelo professor orientador de estágio.

A nível institucional o EP é uma unidade curricular do segundo ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da FADEUP e decorre nos terceiro e quarto semestres do ciclo de estudos.

Enquanto no primeiro e segundo semestres, as unidades curriculares deste ciclo de estudos estão direcionadas para o sistema de ensino na escola e para a “arte” de ensinar, o terceiro e quarto semestres são destinados para a Prática Pedagógica Supervisionada, desempenhando o papel de professor de Educação Física num contexto real.

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Os documentos orientadores do EP são o regulamento geral do 2º Ciclo, o regulamento do EP, bem como as normas orientadoras.

A nível funcional, importa evidenciar que a principal função do EP é de encaminhar o estudante estagiário para a prática docente. Este terá de desempenhar todo um conjunto de funções que o atual professor deve desempenhar, ou seja, o estudante estagiário encara o papel de professor numa prática supervisionada. É fundamental que os estudantes estagiários reconheçam que a prática pedagógica não se baseia só na lecionação, mas também abarca um vasto conjunto de tarefas que devem ser desempenhadas, pois são responsáveis por toda uma turma e individualmente, cada aluno que a compõe. Para além de uma formação didática, esta deve, também, ser total, ou seja, são pessoas que se estão a formar e o nosso papel passa por promover nos alunos comportamentos de boa conduta, de excelência, de superação que os ajudem no seu dia a dia.

É importante referir que este Estágio se encontra inserido num NE, constituído por três estagiários. Cada um assume a responsabilidade de lecionar a disciplina de Educação Física a uma turma durante o ano letivo. Logo, é evidente a importância do trabalho em grupo, onde a cooperação e espírito de grupo são valores indispensáveis para obter um trabalho de sucesso, e que nos farão evoluir efetivamente.

Procurei criar um ambiente positivo na turma que me foi atribuída, onde tentei fomentar a aprendizagem diária, num clima positivo, motivante e desafiante, que os levou a gostar mais do desporto e atividade física.

Por fim, a orientação de toda esta prática, assegurada pela supervisão da Orientadora da FADEUP, a Professora Paula Queirós e pela Professora Cooperante Laura Lopes. Estas duas orientações são importantes, uma vez que é delas que podemos retirar experiências e conhecimentos, para tornar esta prática mais reflexiva e orientada, características fundamentais para promover uma melhor identidade profissional.

3.2 Caracterização da Escola e do meio envolvente

A Escola

A 15 de dezembro de 1960 foi criada na cidade do Porto, pelo Decreto-Lei n.º 43 410 a Escola Industrial Conde Ferreira que nunca chegou a funcionar. Esta escola passou

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a denominar-se Escola Industrial Fontes Pereira de Melo, conforme consta da Portaria 23 551, de 21 de agosto de 1968. Situa-se na freguesia de Ramalde, em frente ao conhecido Estádio do Bessa XXI. Freguesia localizada na parte oriental da cidade, foi por cá que se instalou um pólo de desenvolvimento industrial, que, naturalmente, se foi diversificando, até se transformar numa enorme zona empresarial abrangendo a mais vasta gama de todas as atividades. Simultaneamente, também a população foi crescendo com a instalação de uma série de complexos habitacionais que torna, hoje, Ramalde a freguesia com mais bairros camarários de todo o Concelho. Atualmente, vivem em Ramalde cerca de 53 mil pessoas distribuídas por uma área de cerca de 580 hectares confinados, a Norte, pelo concelho de Matosinhos, a Sul pela freguesia de Lordelo do Ouro, a Este pelas freguesias de Paranhos e Cedofeita, e a Oeste pela freguesia de Aldoar.

Hoje o número de indivíduos que trabalham no setor primário é praticamente nulo (nos "Census" de 91 eram apenas 55) e os traços culturais dessa ruralidade quase se perderam, sendo desconhecidos entre a população mais jovem. Atualmente, 61,7% da população trabalha no setor terciário, seguindo-se 38,4% no setor secundário.

Esta é uma escola que se designava por muito problemática, com alunos pouco educados e disciplinados, que apresentavam atitudes incorretas para com as instalações, com os materiais e com o corpo docente e não docente. Este foi o feeback que obtive no momento em que questionei os meus colegas sobre esta escola. Desde logo ficou “pintado” um cenário um pouco obscuro em relação ao que se poderia passar ao longo do ano. No presente momento a minha opinião é muito diferente deste quadro, para melhor, pois não se verifica a idade de caos que me foi passada.

A Escola Secundária de Fontes Pereira de Melo rege a sua proposta de Oferta de Formação com base nas necessidades do Mercado Empresarial, nos Equipamentos com que se tem vindo a equipar nos últimos anos e ainda nas expectativas dos jovens e Encarregados de Educação. Assim, a Escola oferece um grande conjunto de cursos em diversas modalidades (Científico-Humanístico, Tecnológico, Profissional e Educação e Formação). A oferta desta é muito vasta, abrangendo alunos do 5º até ao 12º ano, a Cursos Profissionais, a Cursos de Educação e Formação de Adultos e, ainda, Centro de Novas Oportunidades. Portanto, desde logo fica patente a grande diversidade de oportunidades que a escola apresenta para os alunos.

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18 Instalações desportivas

A escola possui um pavilhão e uma sala de ginástica em muito boas condições de preservação. Em relação aos espaços foi criado um sistema de rotação. Este sistema serve para os professores orientarem a sua prática conforme o espaço que estarão. Esta foi uma forma encontrada para que todas as turmas passem pelo espaço do pavilhão e pela sala de ginástica. O espaço exterior estará ocupado com as aulas de educação física da escola ao lado, Agrupamento Vertical Clara de Resende, pois a sua escola encontra-se em obras e este espaço foi disponibilizado para que pudesencontra-sem deencontra-senvolver as suas aulas.

Materiais e recursos disponíveis para lecionar as aulas de educação física são suficientes para uma boa prática das aulas, no entanto possui alguns materiais já muito gastos e que podem, ou não, dificultar a prática dos alunos (algumas bolas muito danificadas).

O Grupo de Educação Física

Mesmo sabendo que o estágio pedagógico é sobretudo um percurso individual, é natural que um clima positivo e propício poderá ser extremamente benéfico para a minha integração na escola e em toda a comunidade educativa.

Como é natural foi continuamente criada uma relação mais pessoal com a comunidade escolar ao longo do meu percurso, sendo, sobretudo, com o agrupamento de educação física que mais me relacionei. O grupo era constituído por vários professores, que se caracteriza por uma grande heterogeneidade de ensino, com diferentes formas de estar e atuar nas suas aulas, que me foi possível verificar durante as observações que efetuei ao longo deste ano, e desse modo. Todas as aulas observadas foram alvo de análise e reflexão, sendo todos os momentos aproveitados para a promoção de novas aprendizagens, vivências e formas de atuar.

Desde cedo todos os professores do agrupamento de Educação Física disponibilizaram a máxima ajuda e apoio no meu trajeto como estagiário nesta escola, portanto, como se trata de uma experiência de elevado cariz individual mas também de grupo, nas tarefas que são produzidas pelo NE, é fundamental que haja um bom ambiente entre os professores de Educação Física e os estagiários, pois considero que seja uma mais-valia no processo de formação. Considero ainda, que nesta escola há

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bons profissionais, no que diz respeito à Educação Física e neste sentido também podem ser considerados como modelos a seguir para o meu futuro na docência.

3.3 Enquadramento da Turma P1TR1

Cada indivíduo deverá ser considerado como único e tratado de acordo com as suas especificidades, de carácter físico, psicológico, social e desempenho motor. Quanto mais profundo for o conhecimento sobre cada aluno, mais específicas e ajustadas poderão ser as situações de aprendizagem, tornando-se, portanto, mais significativas.

A minha turma, P1TR1, insere-se nos Cursos Profissionais, mais precisamente no Curso Profissional de Técnicas de Turismo. Por ser um Curso Profissional já se torna um processo algo distinto, visto que este tipo de ensino está mais elaborado e estruturado, ou seja, os alunos são avaliados por módulos, que se caracterizam por distintas matérias que ao longo do ano foram lecionadas em 6 módulos distintos.

No que concerne à própria composição da minha turma, pode-se afirmar que esta sofreu bastantes oscilações, com algumas entradas e muitas saídas de alunos ao longo de todo o ano, havendo entradas e saídas de alunos em todos os períodos do ano letivo. A turma inicou com 23 alunos e terminando-o com 29 inscritos, porém, as presenças nas aulas em nada tiveram a ver com o número de inscrições, uma vez que os alunos revelaram problemas graves de assiduidade. Alguns deles nunca realizaram as aulas, outros, sem motivo aparente decidiram “desaparecer” das aulas de educação física durante meses, voltando a realizar as aulas a partir do momento em que tinham de cumprir com um Plano Individual de Trabalho (PIT). A tarefa de prever as presenças sempre me foi dificultada, uma vez que a discrepância de semana para semana era, por vezes, esmagadora. Em certas aulas presenciaram 18 alunos, assim como, em outras aulas apenas 6 alunos realizavam a componente prática.

A percentagem de raparigas na turma sempre foi bastante superior em relação aos rapazes. Ao todo tive 8 rapazes inscritos na turma, mas nunca mais de 3 estiveram, ao mesmo tempo, numa mesma aula. Este é um pequeno exemplo da irregularidade acentuada dos alunos, mas que considero que me foi, de certa forma, positiva, pois obrigava-me, muitas vezes, a pensar em planos e estruturas alternativas, de modo a colmatar eventuais faltas. Durante as aulas tive que desenvolver bastante flexibilidade em refletir no momento da própria aula, ou seja, reflexão na ação, o que nem sempre correu

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da melhor forma, nem sempre foram tomadas as melhores decisões, contudo, foi um aspeto que foi bastante solicitado e trabalhado durante este ano.

A turma apresenta um elevado nível de heterogeneidade, sendo composta por alunos de 15 até 21 anos, sendo a média de idades de 17 anos, porém, 15 anos é a idade “normal” para o ano que esta turma frequenta. Tanto as habilitações literárias dos pais como das mães encontram-se, maioritariamente, no 4º ano de escolaridade, apenas um pai concluiu o 12º ano e apenas uma mão finalizou 10º ano. A maioria dos alunos apenas necessita de um meio de transporte, no entanto, uma parte destes utilizam dois transportes para chegarem até à escola. Em média os alunos demoram cerca de 37 minutos a chegar à escola, contudo, há 4 casos em que o tempo necessário para realizar esse percurso se encontra de 60 a 90 minutos. Como apenas leciono uma aula por semana e essa aula é às 8h30m, foi evidente o problema da pontualidade em alguns dos alunos. De todos os inscritos apenas duas alunas nunca tinham reprovado, todos os restantes já tinham pelo menos uma reprovação. O 6 º e 7º anos foram aqueles em que se verificaram maior percentagem de reprovações, 13% e 34%, respetivamente.

Os alunos foram questionados relativamente aos seus antecedentes desportivos, uma parte destes afirma que já praticou desporto federado, porém a grande maioria nunca o realizou, e afirmam que têm poucas experiências desportivas. Apenas um aluno necessitaria de um acompanhamento especial, porém acabou por não ser necessário, pois não comparecia às aulas, acabando por anular a matrícula durante o segundo período. Ninguém apresentava problemas graves de saúde, apenas foram ressalvados acidentes que poderiam causar alguns impedimentos em determinados movimentos ou exercícios.

3.4 O papel da orientação pedagógica

Os professores devem possuir um sólido conjunto de conhecimentos teóricos que, aliado à sua personalidade deve desenvolver um conjunto de características, que permita uma atitude crítica sobre o currículo, sobre o ensino, aprendizagem e sobre as próprias ações pedagógicas. Os professores devem desenvolver uma (a sua) identidade profissional, ou seja, um processo de (re)construção dinâmico, que se prolonga por toda a vida docente. Dela fazem parte o envolvimento em conflitos, a ocupação de diversos

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espaços, e a capacidade de assumir diferentes papéis, normas, valores e códigos associados ao grupo profissional em questão.

Atualmente a sociedade vive em constante alteração, logo é natural que o ensino se adapte e se ajuste face às necessidades que a própria sociedade impõem, ou seja, a educação deve ser encarada como um organismo vivo que é fundamental rever e melhorar, pois este tem uma importante influência no futuro, sobretudo dos mais novos, daqueles que ainda não conhecem o mundo. Por exemplo, um aluno que entre para o ensino primário em 2010 e que cumpra a escolaridade obrigatória só sairá em 2022. As propostas definidas em 2010, caso fossem imutáveis, seriam ajustadas no momento em que finaliza o seu percurso? Sairia suficientemente preparado e de acordo com o momento social de 2022? A resposta é simples, NÃO. É fundamental a constante atualização. Pois o ensino é uma das formas mais preponderantes para que se conheça a sociedade, ou seja, a formação que os alunos auferem nas escolas serve como uma preparação para a sua integração social, para desenvolverem determinadas características, construírem a sua identidade pessoal, dominarem saberes que se enquadram com o ambiente social onde se inserem. Neste sentido, torna-se pertinente apreciar o trabalho dos professores, uma vez que estes são uns dos principais mediadores da relação sociedade / escola.

Alarcão e Tavares (2003) definem “supervisão ou orientação da prática pedagógica como o processo em que um professor, em princípio mais experiente e mais informado, orienta um outro professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e profissional” (p. 16).

Um professor que realiza a transição (no caso dos estudantes estagiários uma dupla condição de professor e aluno), de discente para docente, é natural que erros ocorram, que muitas vezes poderão passar despercebidos, ou mesmo não ser entendidos através da introspeção e análise própria. Neste âmbito, e na fase da carreira em que me encontro torna-se fundamental o papel de uma orientação pedagógica, visando uma integração progressiva no papel da docência, desenvolvendo e promovendo um conjunto de características e exigências que um professor deverá, largamente dominar. Portanto, esta fase inicial poderá ser determinante para a criação de uma identidade profissional, sendo um auxílio e uma transição que terá um contributo fundamental para a minha busca pela competência profissional.

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No papel da orientação pedagógica há dois intervenientes que se assumem como um fator decisivo durante este processo. Ao professor cooperante, como professor mais experiente e habilitado, que é o principal responsável pela turma e pelo processo que se desenvolverá em conjunto com o estagiário e os seus alunos, cabe a função principal de orientar o seu “discípulo”, ou seja, como professor que está sempre presente, que acompanha e interage no dia a dia todo o processo do estagiário, que o auxilia num conjunto de decisões que são tomadas, que essencialmente potência e promove a evolução profissional e, em certa medida, pessoal.

A tarefa do professor cooperante deve ser, fundamentalmente, preparar o estagiário, futuro professor, para a imprevisibilidade e o acaso que determinam a ação docente, para o efeito devem ser realizados desafios que estimulem o pensamento e a reflexão. Este deve desenvolver um forte cariz autónomo, pois é uma condição central da função docente. Esta é uma medida essencial para o desenvolvimento das ideias e de pensamentos próprios, que posteriormente serão materializados e operacionalizados no exercício da nossa função docente, sendo uma forma importante de tomada de decisões de modo sustentado e responsável.

“A autonomia é a capacidade de ter um projeto, uma ideia e de ter a capacidade, as condições e a liberdade de as desenvolver” (Gauche & Tunes, 2002, p. 36). Pelo fato do professor estar a liderar uma turma, um processo e um conjunto de decisões, no que respeita à condução de um processo educativo, mantendo uma relação pedagógica com os alunos, é notório que o professor seja detentor de uma forte componente autónoma e, consequentemente, responsável pois é o professor o principal ator nas tomadas de decisão ao nível da organização do processo de ensino-apendizagem, das matérias de ensino a abordar pela escola e utilização das estatégias de ensino a implementar, assim como a realização da avaliação (Goodlad, 1984; Rosenholtz, 1989).

“…ninguém é autónomo, primeiro, para depois decidir. A autonomia vai-se construindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que se vão sendo tomadas (…) A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é um processo, é vir a ser. Não ocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade” (Freire, 2007, p. 107).

Neste sentido, julgo que o estagiário deve ser dotado de uma certa liberdade de experimentar, de procurar os seus métodos e da sua forma de lecionar, dentro de uma certa segurança e enquadramento supervisionado pela professora cooperante. Durante a

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minha experiência como estagiário a professora cooperante assumiu, principalmente, um papel de questionadora, levantando problemas quando estes se justificavam, no sentido de me fazer refletir, preparar e procurar antecipar alguns dos problemas que poderiam emergir.

“Se tomarmos a reflexão como um fim em si mesma, o objetivo da supervisão é ensinar os formandos a refletir bem, e ela aparece como uma competência a desenvolver: aprender a refletir” (Amaral et al., 1996, p. 89 - 120).

Numa fase inicial foi um bom suporte e uma benéfica ajuda para variadas discussões sobre os exercícios que intencionava utilizar, do modo como pretendia abordar as unidades didáticas, dando a sua opinião, porém era minha a decisão final de alterar, ou não, a proposta do exercício, já que, por vezes é necessário aplicá-los para realmente perceber se estes são ajustados em função do objetivo para que foram elaborados, tendo em consideração o contexto próprio da minha turma e as suas necessidades.

Uma das assunções fundamentais que se pode retirar é que na profissão docente não há receitas pré-estabelecidas e com resultados garantidos face a um ambiente imprevisível e irrepetível que pauta a atuação do professor com cada turma. Portanto, a reflexão deve ser a capacidade fundamental que o professor possui para dar resposta e encontrar as soluções e utilizar os métodos de ensino adequados e em função da necessidade que cada situação exige.

O professor não é o elemento central do processo educativo, mas este é o principal mediador e condutor deste, ou seja, é sobre este que recai a responsabilidade de forma organizada, conceptual, contextualizada, balizada pelos programas e diretrizes que cada escola adopta, nos métodos e condições disponíveis, de dirigir os alunos, de os desenvolver e formar pessoas autónomas e responsáveis no seio social. Julgo que um contributo importantíssimo na identidade profissional de um docente se deve ao período de formação a que este é sujeito, pois como afirma Albuquerque (1998), do que for adquirido no processo de formação inicial, dependerão as capacidades e competências que irão definir o desempenho do professor ao longo da sua vida profissional. Considero que a ação do professor cooperante é de extrema importância, no entanto, não se revela determinante, face à bagagem e conhecimentos que o estagiário já possui, com experiências adquiridas e um modo próprio de atuar, ou seja, não é formar no vazio. Contudo, e como é natural, o primeiro contato com uma turma mediante certas condições e orientação do professor cooperante molda, de certa forma, o desenvolvimento de um

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professor ainda com pouca experiência, preenchendo alguns espaços que se encontravam vazios, oferecendo uma nova perspetiva e modo de olhar para os acontecimentos e situações reais de ensino. É neste tipo de “diálogo” e de confrontação (no sentido de levantar problemas e questões relevantes) que o estagiário se vai apoderando da tarefa docente, desenvolvendo então a sua identidade profissional. A busca de identidade profissional não se deve revelar como terminada, pois como já foi referido o ambiente social e, consequentemente, escolar é denotado de constantes alterações, sendo fundamental ajustar e reajustar conforme as necessidades impostas pelo meio em que vivemos.

“Os Professores reflexivos são também autónomos na sua atividade, dado que são críticos em relação aos papéis que desempenham. Práticas de supervisão aplicada à sua formação terão de ser feitas no sentido de fornecer ideias novas, sugestões, opiniões que poderão ser sujeitas ao julgamento do próprio professor” (Cardoso et al., 1999, p. 83).

3.4.1 Professor reflexivo (a importância da reflexão)

“Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”. (Paulo Freire, 1991, p. 58).

O próprio modelo de estágio criado pela faculdade, promove um desenvolvimento profissional que assenta numa elevada capacidade reflexiva na formação de professores críticos, que procurem constantemente novos conhecimentos, pois, como Freire afirma, “não há docência sem discência”, ou seja, é fundamental o compromisso entre os saberes adquiridos e a busca contínua por novos. Neste sentido, a reflexão surge como um instrumento indispensável para a (re)construção da uma identidade profissional que não pode ser considerada como estática e pré-determinada.

Um professor reflexivo será aquele que é capaz de se interrogar, analisando criticamente a sua própria prática e fazendo juízos de valor sobre o seu trabalho e o produto que dele resulta (Amaral et al., 1996).

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Portanto, a reflexão deve englobar toda a atividade que influência a tomada de decisão do professor: contexto escolar, métodos e estratégias de ensino, finalidades e objetivos, conhecimento e capacidades que os alunos estão a desenvolver, fatores que influenciam a aprendizagem, o processo avaliativo, em suma, a razão de ser professor (Alarcão, 1996).

Então a reflexão desenvolve-se sobre a prática docente e de tudo que a condiciona. Verificando uma imagem mais alargada, deve ser alvo, de um bom professor, uma análise crítica e reflexiva do sistema educativo, dos programas nacionais, do contexto real da escola em que leciona, assim como o seu enquadramento no meio social, promovendo uma consciência crítica que contribui para a conquista da autonomia e desenvolvimento de uma identidade. A reflexão crítica sobre a prática, propriamente dita, coloca em evidência o trabalho realizado pelo professor, o que correu bem ou mal, se a preparação foi suficiente ou insuficiente, se as propostas de aprendizagens são adequadas, e como é natural, o professor não é detentor de todo conhecimento e deverá recorrer à pesquisa sempre que for necessário.

O bom professor deverá ser capaz de uma enorme flexibilidade, uma vez que cada turma coloca um desafio distinto, uma nova meta e modo de estar, assim como situações de aprendizagem ajustadas às necessidades de cada turma. Para que tal aconteça é essencial que se dê lugar à reflexão durante todo o processo educativo, pois, no ensino, não há receitas, a aplicação de determinadas técnicas não pode ser imutável, rígida e inflexível. É fundamental que se analise o contexto real de cada situação, de cada momento, de modo a agir em conformidade com a necessidade.

"If the only tool you have is a hammer, to treat everything as if it were a nail." (Abraham Maslow, 1966, p. 15-16)

Ou seja, quanto maior for a bagagem de conhecimentos teóricos e científicos melhor poderá ser a atuação do professor, visto que o domínio dos conteúdos se encontra plenamente assegurado. Contudo, isto só não basta, os professores devem realizar o seu juízo próprio de cada situação, daquilo que deve ou não fazer, já que estes são os responsáveis pelas decisões e ações a desenvolver em função da sua capacidade reflexiva (Pearson, 1989).

Durante uma aula ou tarefa prevista, muitas das vezes, é necessário intervir e alterar particularidades das situações de aprendizagem face a variados fatores e

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condicionalismos que a própria prática impõem ao professor, visto ser um ambiente de elevada imprevisibilidade. Nestes momentos o professor deverá ter a capacidade de refletir e atuar no próprio momento - reflexão na ação (Schön, 1983), quer sejam intervenções de carácter individual, caso um aluno demonstre claras dificuldades na compreensão ou execução do exercício, assim como para a generalidade da turma no caso de faltarem alunos, da tarefa se revelar pouco, ou demasiado, exigente, quando há recusas em realizar a atividade proposta. Esta capacidade é uma capacidade de importância extrema, e que, fundamentalmente distinguem as qualidades dos profissionais de educação. É necessário o domínio da matéria de ensino, triangular a situação momentânea com situações já vivenciadas, procurar encontrar a solução que se adeque à própria turma, tentando promover uma situação desafiante e com os conteúdos que haviam sido propostos a trabalhar. Deste modo o professor não é, apenas, um mero transmissor de conhecimentos, mas sim um promotor especializado de experiências e vivências enriquecedoras para os seus alunos. É indispensável, então, otimizar uma articulação dinâmica e flexível entre os conteúdos que se pretende desenvolver e as situações particulares de aprendizagem.

Schön (1983) afirma, um outro aspeto muito importante na atuação do professor, este prende-se com a análise após a realização da atividade/aula, ou seja, é um momento onde são evidenciadas situações relevantes para o processo educativo dos alunos, tanto de carácter positivo ou negativo, de modo a permanecerem determinadas estratégias e atuações que se consideram vantajosas, e por outro lado procurar soluções ou outras formas que permitirão uma aplicação futura do exercício mas de modo mais ajustado e significativo. Esta capacidade denomina-se de reflexão sobre a ação, é uma tarefa que todos os professores devem realizar, pois é o próprio mediador do processo do docente. Durante este ano letivo, ambos os tipos de reflexão estiveram muito patentes na minha atuação. A ação sobre a reflexão que foi acontecendo ao longo de todo o ano letivo, foi um marco, bastante importante, que me permitiu evoluir como professor, que me permitiu “avaliar” a minha prestação e dos alunos. A reflexão na ação, considero que foi uma das tarefas mais complexas, uma vez que é fundamental cruzar todo o tipo de informação, conhecimento e vivências de modo a tomar as decisões mais corretas e coerentes. Os meus alunos não tinham uma assiduidade regular, portanto, o trabalho prévio de formação de grupos e exercícios de acordo com o nível dos mesmos que era realizado, tinha por diversas vezes no momento real da aula de ser ajustado e alterado. Por vezes a

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tarefa não foi fácil, mas, sem dúvida que estas dificuldades me tornaram mais prático e mais ciente de qual é o papel que o professor deve desempenhar.

Como cita Bento (1995), “ não existem receitas que possam ser guardadas como soluções para futuras situações”, cada situação é irrepetível, e determinada estratégia para a turma A funciona como o pretendido, na turma B poderá ser a pior solução. Neste sentido a tomada de decisões, de qualquer nível, deve ser refletida sobre as suas vantagens e desvantagens para a situação e contexto que esta acontece. Uma das dificuldades que se apresentam e não nos podemos esquecer é que no processo de uma aula as decisões têm de acontecer no imediato, em que as decisões deverão ser tomadas em meros segundos ou até espontaneamente, sem nunca saber o resultado da intervenção antecipadamente. Por vezes as decisões terão de surgir quase automaticamente. O que se espera que seja uma solução poderá criar um outro problema inesperado. Então uma caraterística que o bom professor deve desenvolver prende-se com a capacidade de mobilizar e cruzar dados e informações, no mínimo tempo disponível, para que a sua atuação seja refletida, eficaz e ajustada. Cada uma destas situações deve ser alvo de posterior reflexão, aferindo então se a decisão tomada foi a mais acertada, pois afirma Domingos (2003) que, “a reflexão facilita o desenvolvimento de competências de resolução de problemas ao promover a capacidade de reformular a experiência, gerar alternativas e fazer interferências com base no conhecimento prévio, e ainda avaliar ações no sentido de construir novas aprendizagens”.

3.5 Relação pedagógia a estabelecer com os alunos – Como comunicar.

A relação depagógica que se deve estabelecer com os alunos é distinta de uma relação familiar, necessitando por isso de uma distância, pois a atuação pedagógica assume-se como um ato pedagógico (Alonso, 1998 e Bento, 1998), neste sentido, esta relação deve ser baseada em determinadas caraterísticas, específicas de uma relação entre o docente e o discente.

Este pode ser focado como um problema central no processo educativo devido à necessidade intrínseca de nos relacionarmos com os alunos, sendo essencial estabelecer direitos e deveres que os alunos devem respeitar, assim como as responsabilidades, comportamentos e atitudes que são tomadas durante a lecionação.

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Segundo Lopes (2006), a escola é um universo de novas experiências, contactos e atitudes. Deste modo, variados fatores podem influenciar a comunicação pedagógica, mais precisamente a qualidade dos vínculos relacionais que se estabelecem, o género e empatia. É na escola que as crianças estabelecem contatos com outras formas e tipos de comunicação, uma vez que o tipo de relação estabelecida numa escola é distinto de uma relação familiar às quais poderão estão mais habituados (Pinho, 1991).

O espaço de aula, é um espaço relacional privilegiado, já que é uma atuação mais próxima e no caso da educação física ainda se eleva este papel, face às próprias caraterísticas da disciplina. A utilização da comunicação, verbal ou não-verbal, na relação pedagógica é de extrema importância, pois é o meio mais utilizado para que esta se estabeleça. Numa fase inicial o professor não deve utilizar uma linguagem formal e abstrata, pois corre o risco de não fazer passar a sua mensagem para o grupo, sendo este um foco pessoal que fui desenvolvendo ao longo do meu ano de estágio, pois nas primeiras aulas utilizava um tipo de linguagem que não se adequava aos conhecimentos dos alunos, o que originava algumas dúvidas e necessidade de esclarecimentos. Portanto, a comunicação deve ser estabelecida através de uma linguagem simples, precisa, que todos os alunos percebessem, mas sem descurar o conteúdo da mensagem, nem a tornar menos rigorosa.

Rogers (2008) definiu algumas estratégias que se podem adoptar na relação com a turma. Sendo apresentadas as, que considero, principais:

a) Ignorando Taticamente: o professor ignora alguns comportamentos secundários, que não sejam determinantes no processo educativo, contudo, não se deve ignorar nenhum comportamento repetidamente perturbador, ou que envolva questões de segurança da integridade dos alunos.

b) Pausa Tática: o professor faz uma breve pausa no seu discurso ou ação no sentido de captar a atenção do aluno.

c) Sugestões Não-Verbais: a execução de um gesto, claro e perceptível, permite passar uma mensagem para o aluno.

d) Lembrete Sobre o Regulamento: são evidenciados aspetos relacionados com o regulamento, para a turma ou grupo.

A comunicação é uma necessidade elementar e indispensável para se estabelecerem relações sociais entre as pessoas, no meio escolar, que é constituído de

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múltiplas relações, o papel da comunicação é fundamental no estabelecimento da relação pedagógica.

Segundo Mitchel (1991; cit in Lopes, 2006), a comunicação na escola é o principal motor que movimenta todas as relações estabelecidas entre os seus atores e do modo que interagem entre si. Para que esta relação se desenrole de modo positivo e enquadrado com os próprios alunos, é necessária astúcia do professor, ou seja, este deve desenvolver o seu poder de observação para detetar determinados comportamentos e mudanças de atitudes nos alunos, e nesse âmbito atuar de acordo com o estado de espírito do aluno ou turma, uma vez que a mensagem pode ser mal entendida ou interpretada caso o aluno não se apresente no estado de disposição habitual. Sendo esta uma estratégia que facilita a comunicação e torna a relação pedagógica mais significativa, e é criado um ambiente mais positivo e propício à formação integral do alunos.

Muitos podem ser os obstáculos e barreiras impostas na relação pedagógica, mais concretamente no ato de comunicação e de passagem de determinada mensagem, pois esta pode ser influenciada positiva ou negativamente conforme o modo que esta chega ao seu receptor e do modo que este a interpreta. Há que ter em atenção a quantidade e a qualidade da mensagem ou informação que é transmitida, ou seja, se a mensagem for demasiado curta será dificultada a tarefa do receptor, assim como se for longa demais, visto o foco de atenção se poder dispersar.

A qualidade da mensagem refere-se à linguagem que se utiliza, esta deve ser específica, direta e concisa para ser facilmente assimilada. Portanto, comunicar e estabelecer uma relação numa turma de 5º ano, assume-se que deverá ser totalmente distinta comparativamente a uma turma que frequente o 12º ano de escolaridade.

Focando mais a atuação numa aula de Educação Física, como refere Shigunov (1993), a matéria de ensino por si só, não evidencia um maior gosto por parte dos alunos. O gosto e satisfação ocorrem face a uma conjugação de fatores de intervenção pedagógica dos professores e das caraterísticas dos alunos. Então, o fracasso e o sucesso, durante a aula de educação física ocorrem várias vezes, sendo que, os alunos valorizam bastante as recompensas e os elogios positivos. Assim sendo, o feedback apresenta-se como um elemento importante, e que é fundamental refletir e perceber como o utilizar, para uma correta orientação e formação dos alunos.

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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

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32 4. Realização da Prática Profissional

As normas orientadoras do Estágio Profissional indicam que este tem com principal objetivo “a integração do estagiário de forma progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que lhe promovam um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão”.

O processo de ensino é bastante complexo, um professor desenvolve variados papéis enquadrados e contextualizados com o sistema educativo, pelas condições locais da escola e mesmo as condições relacionais que se estabelece. O EP conduz a uma entrada em todos estes domínios que surgem com a principal função de desenvolver a competência profissional do estagiário de modo orientado e supervisionado. Como é natural, a realização do EP foi o maior desafio que enfrentei até ao momento no meu processo de formação pessoal, criando uma nova visão do sistema de ensino, da escola, dos próprios alunos e do modo como todos estes se interligam.

Nos pontos seguintes apresentarei as áreas da minha intervenção, em que espelharei um conjunto de decisões, acontecimentos, momentos particulares, onde a reflexão foi o principal auxílio e que me levou a desenvolver todo o meu processo, desde atividades, principais dificuldades encontradas, estratégias que me fizeram evoluir, tomadas de decisão, a avaliação dos alunos e do processo desenvolvido nas diferentes modalidades, ou seja, todo o meu trabalho desenvolvido ao longo deste ano letivo.

Os pontos que se seguem são, grande parte deles, analisados separadamente, porém o entendimento deve ser unitário, pois são diferentes áreas que se articulam e interagem de modo congruente, que serão o reflexo da minha passagem pelo mundo da docência. No entanto, é uma viagem com tantas jornadas e momentos significantes, que moldam a identidade profissional e pessoal, e relatá-la, descrevê-la, refleti-la é, sem dúvida, de extrema dificuldade, contudo, a minha tentativa será de abranger o máximo de aspetos que influenciaram a minha formação ao longo deste ano letivo.

4.1 Organização e gestão do ensino e da aprendizagem (área 1)

A área 1 é aquela que maior importância revela durante o EP, uma vez que engloba algumas das principais tarefas da profissão docente, como a conceção, planeamento, realização e avaliação. Podemos considerar que estas tarefas são

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