• Nenhum resultado encontrado

Uma análise lingüísticovisual de mapas da cidade do Recife

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Uma análise lingüísticovisual de mapas da cidade do Recife"

Copied!
120
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO  CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO  PROGRAMA DE PÓS­GRADUAÇÃO EM LETRAS . Uma análise lingüístico­visual de  mapas da cidade do Recife  Cecília Barbosa Lins Aroucha . RECIFE  2008.

(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO  CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO  PROGRAMA DE PÓS­GRADUAÇÃO EM LETRAS . Uma análise lingüístico­visual de  mapas da cidade do Recife  Cecília Barbosa Lins Aroucha . Dissertação  apresentada  ao  Programa  de  Pós  Graduação em Letras da Universidade Federal  de  Pernambuco  como  requisito  parcial  para  obtenção do título de Mestre em Lingüística . Orientadora: Profª. Drª. Angela Paiva Dionisio . RECIFE  2008.

(3) Aroucha, Cecília Barbosa Lins  Uma  análise  lingüístico­visual  de  mapas  da  cidade  do  Recife  /  Cecília  Barbosa  Lins  Aroucha.  Recife: O Autor, 2008.  119 folhas. : il., fig.  Dissertação  (mestrado)  –  Universidade  Federal  de Pernambuco. CAC. Letras, 2008.  Inclui bibliografia.  1. Lingüística. 2. Semiótica. I.Título.  801  401 . CDU (2.ed.)  CDD (22.ed.) . UFPE  CAC2009­  04.

(4)

(5) DEDICATÓRIA . A Deus, o Mestre dos Mestres.  Aos meus pais.  A minha família, o feixe que não se desfaz.  A Cleto Neto.  A  meu  avô  Marcílio  Aroucha  (in  memoriam),  pela  força,  vivacidade  e  pela  sua  eterna  vontade  de  aprender.  A  colega  de  curso  Gilvani  Holanda  (in  memoriam),  que Deus te proteja..

(6) AGRADECIMENTOS . Muitas  pessoas  contribuíram  com este  trabalho,  cada uma  a  seu modo,  não posso  deixar de mencionar os meus sinceros agradecimentos...  Aos  meus  pais,  Dayse  e  Marcílio,  que  com  muito  amor,  cuidado  e  dedicação,  semearam o interesse pela leitura e a importância do estudo. Muito disto não seria possível  sem o apoio essencial de  vocês em minha  vida. Os meus avós Dulce e Djalma; Edylla  e  Marcílio (in memorian) me incentivaram cada um à sua maneira.  Às minhas  irmãs  Ludmila  e Edylla, singulares  e complementares  na minha vida e  ao meu irmão Francisco de Assis, por todo seu amor e carinho a mim devotados.  Ao  meu  namorado  Cleto  Neto,  pelo  amor  e  incentivo,  pela  paciência  e  compreensão, e por fazer parte da minha caminhada.  À Dona Rejane e ao Seu Fernando, pelas orações e pelos ensinamentos.  Aos meus tios, em especial a Denise, amiga e colega de profissão.  A todos os professores do curso de Letras da UFPE e a Márcia Mendonça, Marlos  Pessoa,  Virgínia  Leal,  Diana  Vasconcelos,  Marli  Hazin,  Abuêndia  Padilha,  Judith  Hoffnagel,  Lourival  Holanda  e  em  especial,  a  Piedade  Sá,  com  quem  muito  aprendi  em  nossas conversas no NURC.  A  minha  orientadora,  Angela  Dionisio,  pela  confiança  no  desenvolvimento  deste  projeto.  Aos professores do programa de Pós Graduação em Letras da UFPE.  Aos  membros  da  banca  examinadora,  a  Professora  Doutora  Judith  Hoffnagel,  a  Professora Doutora Normanda Beserra e a Professora Doutora Angela Dionisio.  Ao  Professor  Charles Bazerman  da  Universidade  da  Califórnia  de  Santa  Bárbara,  (UCSB) pela atenção concedida e pelos valiosos conselhos que me deu.  Ao  professor  do  Departamento  de  Engenharia  Cartográfica  da  UFPE,  Jaime  Mendonça,  pela  sua  presteza,  sua  atenção  e  cessão  de  material  bibliográfico  de  grande  contribuição à minha pesquisa.  À Diva, Jozaías, Dona Marisa e os bolsistas, pela grande ajuda no funcionamento  da Pós Graduação em Letras..

(7) À  Capes, pela concessão  da bolsa  de  estudos, de  fundamental  importância  para  a  execução desta pesquisa.  À  Professora  Doutora  Edna  Guedes,  lhe  serei  eternamente  grata  por  ter  sentado  comigo e me auxiliado tanto em um momento crucial do mestrado.  À  turma do Mestrado de 2006:  Carolina,  Morgana,  Maria  Eliza,  Jaciara,  Joseane,  Maria Clara, Graça Pires, Simone, Marcelo, Eliezer, José Márcio, Wanda, Gilvani Holanda  (in memoriam). E a Alfredina, Guilherme, Noádia Íris e Ana Regina Vieira.  Às amigas Raldeli, Malu, Laíse e Flávia, pela amizade, pelo grandioso apoio, pela  torcida e pelo companheirismo.  À Neide, pela ajuda, pelos muitos lanches que me preparou e pela companhia.  À Fernanda, Zenaide e aos funcionários da copiadora do DCE.  À  Glória  Duarte  Gurgel, pelas  nossas  conversas  regeneradoras, por seu  carinho  e  pelas vibrações positivas pelo meu sucesso.  Aos  amigos  e  irmãos  do  Grupo Espírita  Rita  de  Cássia  e  do  Rancho  do  Himalaia  que acompanham as minhas alegrias e aflições.  À  vovó  Zezé,  a  vovó  Bebel  e  a  todos  os  nossos  amigos  espirituais,  pela  força,  presença e companhia constantes. Sem o auxílio de vocês, teria sido bem mais difícil...  E a todos que passaram por minha vida e me deixaram ensinamentos.  A  Deus,  o  meu  Orientador  maior,  que  permitiu  que  tudo  isso  fosse  concebido.  Obrigada, Senhor, por mais um dia..

(8) “ Inicie por fazer o necessário, então o que é possível e, de repente, você  estará fazendo o impossível”   São Francisco de Assis.

(9) RESUMO . Uma das funções principais do mapa é informar sobre um determinado local. Com o passar  do tempo e o surgimento de novas tecnologias, suas funções foram ampliadas, resultando  em  modificações  na  forma,  no  suporte,  na  importância  e  disposição  das  informações,  através de recursos semióticos diversos. Muitas dessas mudanças resultam dos fins a que o  mapa se propõe em determinado contexto. Objetivamos neste estudo investigar os recursos  semióticos  presentes  em  mapas  contemporâneos  da  cidade  do  Recife,  observando  as  funções  desses  recursos,  como  constituintes  e  facilitadores  da  confecção  dos  mapas.  Durante 15 dias do mês de junho de 2007  coletamos mapas em reportagens e seções dos  principais  jornais  da  cidade  do  Recife,  e  em  guias  turísticos  e  de  viagens  à  venda  em  bancas  de  revistas  e  panfletos  de  distribuição  gratuita.  De  um  total  de  137  mapas,  selecionamos  as  categorias  de  roteiro  e  de  turismo.  Considerando o  mapa  um  gênero  de  caráter visual, o referencial teórico se constituiu de (Miller 1984, Kress &  Van  Leeuwen  1996, Bakhtin 1997, Guimarães, 2002, Kostelnick & Hasset 2003, Kress 2003, Marcuschi  2005, 2005b, Dionisio 2005 e Bazerman 2005, 2006). Muitos dos recursos encontrados nas  análises  foram  comuns  aos dois  tipos de  mapas.  Listas  explicativas  foram peculiares  aos  mapas de turismo, enquanto que nos de roteiro, há chaves sinalizando pontes, e caixas de  texto.  Os  recursos,  dispostos  nos  mapas  de  forma  coesa  e  correspondente  aos  seus  objetivos,  atuam  na  construção  do  sentido  do  gênero  visual  mapa  e  são  suficientes  e  coerentes com os fins a que se propõem. . Palavras­chave: Mapas, recursos semióticos, multimodalidade..

(10) ABSTRACT . One of the main functions of the map is to provide information about a determined place.  In the course of time and the appearance of new technologies, its functions were enlarged,  resulting  in  changes  in  form,  support,  importance  and  information  disposal,  through  diverse semiotic resources. Some of these changes derives from the objectives to which the  map serves in a certain context. Central to this study is to investigate the semiotic resources  that  are  present  in  contemporary  maps  of  the  city  of  Recife,  observing  the  functions  of  these resources, as constituents and facilitators of map confection. In fifteen days on June  2007, we collected maps in the principal newspapers of the city of Recife, as well as tourist  and travel guides for sale at newsstands and free folders. The collection of 137 maps was  grouped into two categories, itinerary and tourism. Considering the map a genre of visual  character,  the  theoretical  referential  was  constituted  of  (Miller  1984,  Kress  &  Van  Leeuwen 1996, Bakhtin 1997, Guimarães, 2002, Kostelnick and Hasset 2003, Kress 2003,  Marcuschi 2005, 2005b, Dionisio 2005, and Bazerman 2005, 2006). Many of the resources  found in the analysis were common to both types of maps. Explanatory lists were peculiar  to  tourism  maps,  whereas,  in  itinerary  maps,  we  find  clues  signaling  bridges  and  text  boxes. The resources which are arranged in the maps in a cohesive form correspond to its  objectives and act in the construction of meaning of the map genre. They are sufficient and  coherent with the objectives which they propose. . Key words: Maps, semiotic resources, multimodality..

(11) SUMÁRIO . INTRODUÇÃO...................................................................................................  1 . CAPÍTULO I: De onde vêm os mapas?..............................................................  6 . 1.1 Uma breve história dos mapas...................................................................  7  1.2 De que trata, afinal, a Cartografia?............................................................  14  1.3 Onde se inserem os mapas na Lingüística?...............................................  18  1.4 Mapas, definições e classificações............................................................  23  1.5 Importância e uso dos mapas.....................................................................  30 . CAPÍTULO II: Aspectos lingüístico­visuais dos mapas.....................................  34 . 2.1 Da Lingüística Sistêmico­Funcional à Multimodalidade..........................  35  2.2 Letramento Visual e Multimodalidade......................................................  38  2.3 A informatividade visual dos textos..........................................................  41  2.4 Os códigos e a linguagem visual...............................................................  47 . CAPÍTULO III: Aspectos lingüístico­constitutivos dos mapas..........................  51 . 3.1 A distinção lingüística entre nomeação e designação ...............................  52  3.2 As nomeações e as designações nos mapas...............................................  54  3.3 Discutindo a nomeação nos mapas de roteiro............................................  59  3.4 Discutindo a nomeação nos mapas de turismo..........................................  62 . CAPÍTULO IV: Discussão dos resultados..........................................................  66 . 4.1 O que são e como se constituem os mapas de roteiro................................  67  4.2 Sentidos representacionais e interativos, códigos e convenções nos  mapas de roteiro...............................................................................................  68  4.3 O que são e como se constituem os mapas de turismo..............................  81.

(12) 4.4 Sentidos representacionais e interativos, códigos e convenções nos  mapas de turismo.............................................................................................  82 . CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................  94 . REFERÊNCIAS..................................................................................................  99.

(13) LISTA DE FIGURAS . Figura 01 . Mapa Mesopotâmico de Ga Sur de 3800 a 2500 a. C………............ . 08 . Figura 02 . Mapa Mesopotâmico de Ga Sur de 3800 a 2500 a. C……………… . 08 . Figura 03 . Mapa de Catal Hyük de 6.200 a.C., aproximadamente…………… . 08 . Figura 04 . Mapa de Catal Hyük de 6.200 a.C., aproximadamente…………….. . 08 . Figura 05 . Mapa rupestre de Bedolina (Vale do Pó) (p. 10)............................... . 09 . Figura 06 . Mapa de roteiro do Hotel Pousada Peter ­1....................................... . 61/69 . Figura 07 . Mapa de roteiro do Hotel Pousada Peter – 2...................................... . 55/71 . Figura 08 . Mapa de roteiro do Laboratório Genetika.......................................... . 73 . Figura 09 . Mapa de roteiro do Curso Nobre........................................................ . 56/75 . Figura 10 . Mapa de roteiro da ONG Novo Rumo............................................... . 77 . Figura 11 . Mapa de roteiro do Sobrado Joaquim Cardozo.................................. . 56/79 . Figura 12 . Mapa da Região Central da Cidade do Recife................................... . 83 . Figura 13 . Mapa de turismo Roteiro Cultural...................................................... . 85 . Figura 14 . Mapa de Turismo da Cidade do Recife.............................................. . 63/87 . Figura 15 . Mapa de turismo do litoral de Pernambuco....................................... . 62/89 . Figura 16 . Mapa de turismo do Recife Antigo.................................................... . 90 . Figura 17 . Mapa de turismo dos bairros de Santo Antônio e do Recife.............. . 92.

(14) ­ 1 ­ . Intr odução . A  escrita,  sem  dúvida,  revolucionou  o  mundo  e  impulsionou  o  desenvolvimento  humano. Não podemos mensurar o mundo sem a escrita, mas devemos lembrar que antes  de nos apropriarmos dessa ferramenta da comunicação, o homem já  falava e buscava, de  algum modo, expor e efetivar seus pensamentos. Afinal, o que difere o homem dos demais  animais  é  sua  capacidade  de  pensar,  de  raciocinar  e,  de  refletir  sobre  suas  ações.  A  necessidade  de  esse  homem  registrar  seus  feitos  e  suas  glórias  foi,  por  muito  tempo,  suprida pelos desenhos ou pinturas rupestres datadas da Antiguidade ou da Pré­História e  consideradas, na atualidade, uma das mais antigas e rudimentares manifestações da escrita.  Dentre  as  várias  manifestações  rupestres  que  se  tem  conhecimento,  destaca­se  a  forma mais elementar de o homem tornar perenes suas rotas, com desenhos do itinerário  atrelado  a  pontos  significativos  como  rios,  montanhas,  florestas,  dentre  outros.  Eram  os  primeiros  mapas, registrando os primeiros dados e  observados pelo  homem  a  respeito da  superfície de uma região específica.  A  declaração  de  que  os  mapas  surgiram  muito  antes  da  escrita  é  confirmada  por  pesquisas nas áreas de Arqueologia, História e Geografia. Escavações na Turquia em 1963  revelaram descobertas como o mapa de Catal Hyük, pintado na parede de uma caverna em  6.200 a.C. e considerado o mais antigo de todos.  Descobertas como essa são consideradas  irrefutáveis e provam ser o mapa um dos primeiros gêneros textuais a promover a interação.

(15) ­ 2 ­  entre os povos que necessitavam explicitar, tanto a delimitação de seus territórios de caça e  pesca como estabelecer fronteiras e determinar distâncias. Assim, com pinturas e desenhos  nas  paredes,  os  homens  começaram  a  registrar  a  sua  história,  e  deram  início  à  atividade  que, mais tarde, passou a se chamar Cartografia.  O  surgimento  da  escrita  alfabética,  cujas  formas  mais  antigas,  segundo  Horcades  (2004)  datam  de  06  mil  anos,  não  suplantou  outras  escritas  contemporâneas  a  elas,  em  geral,  pictográficas,  com  imagens  que  simbolizavam  palavras  e  constituíram  os  mapas  mais antigos. É certo que, desde os tempos mais remotos, essas representações utilizavam  diferentes  linguagens,  mas  a  evolução  da  escrita,  além  de  facilitar  o  crescimento  das  sociedades,  ampliou  a  distribuição  de  informações  em  mapas,  aliada  a  outros  recursos  semióticos já conhecidos.  Com  a  evolução  do  homem,  outras  habilidades  e  capacidades  cognitivas  foram  descobertas, e a escrita teve papel fundamental nesse processo. Vale ressaltar a relevância  da  escrita  para  o desenvolvimento  humano, para  a  comunicação e  a  organização  da  vida  em sociedade. A invenção da escrita possibilitou o acúmulo e o registro de conhecimentos,  muitas vezes, perdidos devido ao fato de serem transmitidos apenas de forma oral. Tendo  em  vista  que  nem  sempre  as  imagens  eram  capazes  de  transmitir  todas  as  informações  necessárias,  a  escrita  contribuiu  sobremaneira  para  a  transmissão  de  informações  nos  mapas.  Contudo, a história de um povo pode ser registrada através dos recursos semióticos  presentes  nos  mapas,  o  que  por  si  só  já  é  indicador  da  sua  importância.  Antigamente,  quando  uma  nação  era  invadida  por  outra,  aquela  possivelmente  mudava  de  nome  e  seu  território era incorporado ao da civilização conquistadora, sendo seu povo submetido aos  seus  novos  governantes.  Após  as  invasões  e  a  consolidação  da  nação  vencedora  como  dominante,  as  informações  relativas  aos  territórios  das  nações  invadidas  passavam  a  constar nos mapas como parte integrante do território da nação vencedora.  Esse é apenas um dos exemplos de como o mapa pode ilustrar a história e transmitir  conhecimento,  através  da  união  das  imagens,  da  escrita  numérica  e  da  escrita  alfabética,  além  do  uso de  símbolos, desenhos,  códigos  e  legendas.  O  fato  de  a  informação  contida  nos  mapas  ser  apresentada  em  mais  de  um  modo  representativo:  verbal  e  pictórico  caracteriza o mapa como um gênero multimodal.  Os  mapas,  que  inicialmente  informavam  aspectos  de  determinado  lugar  como  imagens  da  natureza,  montanhas,  rios etc., passaram  a  ter suas  funções  ampliadas  com o  surgimento de novas tecnologias, resultando em modificações  na estrutura, na disposição.

(16) ­ 3 ­  das  informações  e  no  modo  de  divulgação  desse  gênero  textual.  Mudanças  na  produção  também ocorreram devido à informatização e ao rastreamento por satélite.  Atualmente,  devido  à  facilidade  de  acesso  a  programas  de  computação  gráfica,  o  manuseio da informação disposta nos mapas é mais rápido, tornando possível  a qualquer  pessoa construir mapas de diferentes tipos, muitas vezes, com falhas causadas pela falta de  preparo  e  de  conhecimentos  específicos,  comuns  a  um  engenheiro  cartográfico,  profissional habilitado à elaboração de mapas.  Como  gênero  textual  que  alia  imagens  a  palavras,  constituído  de  códigos  e  convenções,  linguagem  numérica  e  alfabética,  o  mapa  transmite  informações  sobre  um  determinado lugar reproduzido no espaço e, dependendo do tipo e do suporte em que está  inserido,  pode  ser  adquirido  mediante  compra  ou  gratuitamente  em  páginas  de  internet,  livros  didáticos,  revistas,  folhetos,  propagandas,  jornais,  reportagens  e  anúncios  e  ainda,  pode ser feito a mão em circunstâncias diversas, caso seja necessário.  O  nosso  interesse  em  realizar  uma  pesquisa  sobre  mapas  numa  perspectiva  lingüístico­visual  surgiu  após  percebermos  a  grande  variedade  de  recursos  semióticos  presentes  nesses  gêneros  que,  por  sua  vez,  são  multimodais.  Além  disso,  o  fato  da  utilização  de  mapas  ser  bastante  freqüente  chamou­nos  a  atenção,  em  virtude  da  possibilidade de explorar alguns desses usos, observando a funcionalidade de dois tipos de  mapas e as suas variações, tanto no suporte como na disposição das informações.  Um  exemplo  de  usos  dos  mapas  verifica­se  quando  dados  sobre  algum  local  são  fornecidos  por  escrito  ou  oralmente,  ou  quando  uma  trajetória  é  delineada  mentalmente  após  serem  dadas  as  informações  de  forma  oral,  conforme  verificou  Dionisio  (1998),  quando  um  mapa  mental  é  elaborado.  Outro  exemplo  pode  ser  visto  em  reportagens  em  que o mapa é usado para complementar a informação escrita ou quando ilustra dados que  poderiam ter sido escritos. Há muitos outros casos de usos dos mapas, de diferentes tipos e  propósitos, como bem pode explicar e mostrar a Cartografia.  A finalidade e função social dos mapas também vão influenciar o detalhamento de  suas informações, que pode ser minucioso ou apresentar uma quantidade mínima de dados.  Ainda  em  decorrência  das  diferentes  funções  sociais,  alguns  mapas  não  se  restringem  à  reprodução somente no papel, podendo ser produzidos mentalmente, com vasta utilização e  funcionalidade.  A percepção da importância e da quantidade de informações que pode ser veiculada  nesse  gênero  levou­nos  a  recorrer  à  teoria  da  semiótica  social,  desenvolvida  por  Kress  (2003),  a  qual  ressalta  que  o  uso  específico  de  um  ou  outro  modo  de  transmissão  da.

(17) ­ 4 ­  informação,  seja  através  do  texto  verbal  ou  visual,  é  guiado  por  intenções  socialmente  determinadas,  que  realizam  interesses  de  grupos,  pontos  de  vista  subjetivos  ou  atitudes  ideológicas.  Nesse  sentido,  observaremos  o  uso  de  diferentes  modos  de  disposição  da  informação  nos  mapas  arrolados  neste  trabalho.  Pesquisas  recentes  mostram  que  as  imagens têm maior potencial de atrair a atenção do que, apenas, a linguagem escrita e, por  isso,  são  memorizadas  mais  facilmente  e  efetivamente,  contribuem  sobremaneira  para  a  aquisição do conhecimento.  Partindo dessa compreensão, procedemos a essa  pesquisa com o objetivo  de levar  os leitores a refletir sobre o papel e o valor utilitário dos mapas para a sociedade. Para isso,  tomamos  como  referencial  teórico  as  concepções  de  Cêurio de  Oliveira  (1993),  que  nos  permitiu fazer uma sucinta explanação a respeito dos mapas como instrumento da História  e da Geografia; e  a teoria de gêneros proposta por Bakhtin (1997) e ampliada por Miller  (1984), Bazerman, (2005) e Marcuschi (2000, 2005a, 2005b), dentre outros autores que se  inserem  nessa  linha  de  pesquisa,  que  respaldam  o  estudo  do  mapa  como  gênero  textual,  construto da Lingüística.  Com relação a aspectos lingüísticos como nomeações e designações, pautamo­nos  em Guimarães (2002); e com referência aos aspectos visuais dos elementos que compõem  o gênero mapa, como, por exemplo, a saliência, o framing, e os valores informativos: ideal  e  real,  centro  e  margens,  dado  e novo  ancoramo­nos  em  Kress  e  Van  Leeuwen  (1996).  Além disso, analisamos os códigos e as convenções nos mapas com base em Kostelnick e  Hassett (2003).  O corpus desta pesquisa constitui­se de 12 (doze) mapas, entre os quais, 06 (seis)  de roteiro e 06 (seis) de turismo, ambos os conjuntos foram analisados numa perspectiva  lingüística, sob a ótica da teoria dos gêneros textuais. Dentre os 06 (seis) mapas de roteiro  analisados encontram­se 02 (dois) mapas de localização do Hotel Pousada Peter, 01 (um)  de localização do Laboratório Genetika, 01 (um) do Curso Nobre, 01 (um) do Novo Rumo  –  Genética  para  Inclusão  e  01  (um)  do  Edifício  Sobrado  Joaquim  Cardozo.  O  conjunto  composto  pelos  mapas  de  turismo  está  constituído  por  06  (seis)  mapas:  01  (um)  dos  Bairros de Santo Antonio e Recife, 01 (um) do roteiro cultural, 01 (um) da região central  da cidade do Recife, 01 (um) de turismo da cidade do Recife, 01 (um) do Recife antigo e  01 (um) de turismo de Pernambuco.  Privilegiamos  nessa  análise  as  estratégias  lingüístico­imagéticas  encontradas  nos  mapas e verificamos como as relações entre as formas verbal e pictorial contribuem para a  veiculação das informações presentes nos mesmos; sistematizamos os recursos semióticos.

(18) ­ 5 ­  encontrados nos 06 (seis) mapas de roteiro e nos 06 (seis) mapas de turismo selecionados,  mediante  a  perspectiva  da  teoria  da  multimodalidade  e  dos  aspectos  lingüístico­  constitutivos.  Foi  identificada  uma  grande  variedade  do  modo  de  apresentação  da  informação  como mapas que empregam maior ou menor quantidade de detalhes para complementar o  sentido  do  gênero  textual.  Tais  recursos  são  empregados  no  mapa  como  auxiliares  na  construção  do  sentido,  portanto,  não  é  a  maior  ou  menor  quantidade  de  recursos  que  determina a construção do sentido do gênero mapa e sim, a sua organização e disposição,  regidas  por  sua  finalidade  e  sua  função  social,  ou  seja,  a  quantidade de  detalhes  não  é o  fator principal na  construção do sentido desse  gênero, e sim, os tipos de detalhes e  a sua  função no gênero.  Dessa  análise  qualitativa,  resultou  esta  dissertação  dividida  em  quatro  capítulos,  distribuídos da seguinte maneira:  No primeiro capítulo, "De onde vêm os mapas", é mostrado um pouco da história e  dos usos desse gênero, a noção de gêneros textuais que permeia nossas análises e também  definições, classificações e funções dos mapas.  No capítulo dois, “ Aspectos lingüístico­visuais dos mapas” , versamos brevemente  sobre a parte da lingüística sistêmico­funcional que originou a semiótica social, a teoria da  cognição  da  aprendizagem  multimídia  e  a  teoria  multimodal.  Dentro  dos  estudos  dos  muitos modos de representação da informação, vemos os códigos e convenções utilizados  na linguagem escrita e visual, discutidos por Kostelnick e Hassett (2003), além de questões  relativas à informatividade visual.  No capítulo três, “Aspectos lingüístico­constitutivos dos mapas”, são feitas algumas  referências sobre os processos de nomeação e de designação de nomes de pessoas e de ruas  em  mapas  de  roteiro  e  de  turismo,  com  base  nos  estudos  do  pesquisador  Eduardo  Guimarães (2002).  No capítulo quatro, “Discussão dos resultados”, definimos e analisamos os  mapas . de roteiro e de turismo, apresentando seus recursos semióticos constituintes, seguindo as  perspectivas da semiótica social e da multimodalidade.  Por  fim  apresentamos  as  considerações  finais,  em  que  são  expostas  algumas  conclusões  às  quais  chegamos  com  o  resultado  desta  pesquisas,  além  de  tecermos  comentários a respeito do resultado alcançado..

(19) ­ 6 ­ . Capítulo I . De onde vêm os mapas? . Um dos mapas mais antigos e conhecidos em nossos dias foi encontrado em Catal . Hyük, desenterrado em escavações na Turquia em 1963. Ele é considerado o mais antigo  mapa que se tem notícia e foi pintado na parede de uma caverna em 6.200 a.C. O outro foi  desenhado há 4.500 anos –  conforme descobertas nas escavações de Ga Sur, ao Norte da  Babilônia – e encontra­se exposto no Museu Semítico da Universidade de Harvard. Essas  cartas  geográficas  podem  ser  consideradas  os  primeiros  gêneros  textuais  a  possibilitar  a  interação  entre  os  povos,  localizando  pontos,  determinando  distâncias,  bem  como  estabelecendo relações entre fatos geográficos e, mais que isso, entre a própria história das  civilizações.  Partindo  dessa  perspectiva,  apresentaremos  neste  capítulo  uma  breve  explanação  sobre  o  percurso  histórico  dos  mapas.  Para  tanto,  discorremos  sobre  alguns  estudos  a  respeito da  Cartografia: definindo  e  classificando  alguns mapas,  em  particular,  mapas de . roteiro  e  de  turismo,  arrolados  nesta  pesquisa.  Também  ressaltamos  a  utilização  e  a  importância  do  mapa  como  um  gênero  textual,  cuja  evolução  acompanha  o.

(20) ­ 7 ­  desenvolvimento humano desde as primeiras inscrições rupestres aos mais modernos meios  de comunicação da atualidade e confirma a atuação dos mapas a serviço do homem.  A  respeito  do  estudo  dos  mapas,  como  instrumento  da  História  e  da  Geografia,  ancoramo­nos  nas  concepções  de  Cêurio  de  Oliveira  (1993),  cartógrafo,  pesquisador  do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, e autor de livros e de um dicionário  cartográfico que serve de referência aos estudiosos da área; como gênero textual, construto  da  Lingüística,  fundamentamo­nos  na  teoria  de  gêneros  proposta  por  Bakhtin  (1997)  e  ampliada por Miller (1984), Bazerman, (2005) e Marcuschi (2000, 2005a, 2005b), dentre  outros autores que se inserem nessa linha de pesquisa. . 1.1 Uma br eve histór ia dos mapas . A  história  dos  mapas  antecede  a  história  da  escrita.  Segundo  Oliveira  (1993),  o  mapa é uma das mais antigas modalidades de comunicação social, cuja importância revela­  se  nos  conhecimentos  repassados  pelos  povos  primitivos,  revelados  por  meio  de  estudos  etnológicos,  arqueológicos  e  históricos.  A  antiguidade  dos  mapas  como  forma  de  comunicação  gráfica  é  confirmada  pelo  fato  de  muitos  povos  primitivos  tê­los  traçado  e  riscado,  antes  mesmo  de  conhecerem  a  escrita  propriamente  dita,  como  observa  Erwin  Raisz  (1969  in:  OLIVEIRA,  1993).  Tal  afirmação  é  fato  comprovado  por  pesquisas  nas  áreas  de  História,  Geografia  e  Cartografia,  que  vêm  revelando  os  mapas  mais  antigos  encontrados e supõem a existência de mapas de outras espécies e de diferentes épocas, mas  que ainda não foram descobertos ou que se desgastaram, devido à durabilidade do material  em que foram inscritos.  Furlan  e  Decicino  (2007)  afirmam  que  os  homens  representavam,  em  mapas,  os  lugares onde viviam e por onde passavam. Desde os tempos mais remotos, na Pré­história,  nossos  antepassados  faziam  desenhos  em  cavernas  para  representar  o  mundo  em  que  viviam  e  para  guiarem­se,  tanto  para  retornar  ou  afastar­se  de  suas  localidades.  As  primeiras representações cartográficas retratavam paisagens, trilhas e localizações de vilas  próximas; entre os egípcios, foram encontrados desenhos de mapas pintados em tumbas.  Segundo Ana Teresa Pollo Mendonça (2007), até a segunda metade do século XX,  acreditou­se que o mapa (figs. 1 e 2) encontrado em 1930, nas escavações de Ga Sur  ou . Nuzi, cidade da antiga Mesopotâmia, fosse o mais antigo. Trata­se de um tablete de argila  cozida,  com  a  representação  de  duas  cadeias  de  montanhas,  e  provavelmente,  do  rio.

(21) ­ 8 ­  Eufrates. Especula­se que a idade dessa relíquia circula entre 2400, 2200 ou, até mesmo,  3800 anos antes de Cristo.  Figs. 01 e 02: Mapa Mesopotâmico de Ga Sur  de 3800 a 2500 a. C. . Fontes: http://bdtd.bczm.ufrn.br/tedesimplificado//tde_arquivos/16/TDE­2006­09­13T061158Z­246/Publico/EdilsonPF.pdf  e http://www.maxwell.lambda.ele.puc­rio.br/cgi­bin/PRG_0599.EXE/10814_3.PDF?NrOcoSis=35058&CdLinPrg=pt . O mais antigo mapa, entretanto, foi descoberto em 1963. Trata­se do mapa de Catal . Hyük, (fig. 3 e 4), cidade da antiga Anatólia, região que formava o que hoje é conhecido  como Turquia. Essa raridade, desenterrada em escavações em Ancara e pintada na parede  de uma caverna por volta de 6.200 a.C., sugere o desenho de uma colméia – que simboliza  uma  habitação  típica  da  Antiguidade,  e  um  vulcão  em  erupção,  o  Hasan  Dag ,  hoje  em  extinção.  Fig. 03: Mapa de Catal Hyük de 6.200 a.C., aproximadamente . http://www.maxwell.lambda.ele.puc­rio.br/cgi­bin/PRG_0599.EXE/10814_3.PDF?NrOcoSis=35058&CdLinPrg=pt . Fig. 04: Mapa de Catal Hyük de 6.200 a.C., aproximadamente . Fonte: http://www.maxwell.lambda.ele.puc­rio.br/cgi bin/PRG_0599.EXE/10814_3.PDF?NrOcoSis=35058&CdLinPrg=pt.

(22) ­ 9 ­  Pesquisas  arqueológicas  revelaram  figuras  rupestres  (fig.  5)  semelhantes  a  representações  cartográficas  de  um  penhasco  situado  no  norte  da  Itália.  Uma  dessas  figuras,  originária  da  Bedolina,  é  uma  “enorme  gravação  rica  em  detalhes  de  cunho . topográfico ” (OLIVEIRA, 1993, p. 17). Esse mapa reproduziu com detalhes as atividades  do  povo  de  Bedolina,  que  vivia  da  agricultura  há  cerca  de  2.400  anos  a.C.,  toda  a  representação ali exposta demonstra, na opinião de Oliveira (1993), uma visão cartográfica  daquele povo. Fig. 05: Mapa rupestre de Bedolina (Vale do Pó) . Fonte: http://www.fumdham.org.br/fumdhamentos5/images/MSlide19.JPG . As figuras acima são exemplos de representações cartográficas, que se constituíram  importantes  informações  para  as  sociedades  da  época  em  que  foram  criadas,  bem  como  para as  gerações posteriores  que,  assim, puderam  conhecer  fatos  daquele  contexto  sócio­  histórico.  As  informações  contidas  nesses  mapas  mostram  a  necessidade  do  homem  representar  o  espaço  em  que  vive  e  as  estratégias  empregadas  para  registrar  tais  informações,  utilizando­se  de  diferentes  materiais  presentes  no  seu  cotidiano:  cerâmica,  bronze, cascas de coco, pedras, pele de animais, papel, troncos de arvores, etc.; além disso,  o aspecto comunicativo revela­se em todos os exemplos, em que se visualizam símbolos e  signos inteligíveis destinados a representar os mais diversos fatos e objetos.  De acordo com Furlan e Decicino (2007), as funções dos mapas desenhados pelos  povos antigos eram “ principalmente práticas: marcar fronteiras; indicar as terras férteis;.

(23) ­ 10 ­ . a localização de água e as rotas de comércio”  1 . Somente na civilização grega foi iniciada  a  tentativa  de  descrever  a  Terra  como  um  todo,  e  em  meados  de  500  a.C.  Hecateu  de  Mileto escreveu uma obra considerada o primeiro livro sobre Geografia,  no qual  há uma  representação da Terra no formato de um disco, tendo a Grécia como centro.  Os mapas passaram a ter maior importância ainda com o surgimento das primeiras  civilizações na Mesopotâmia, na Grécia, no Egito e na China. Tais civilizações expandiam  seus territórios e era imprescindível, segundo Mendonça (2007) “conhecer os limites das . áreas dominadas e as possibilidades de ampliação de suas fronteiras” 2 .  Furlan e Decicino (2007) destacam que, entre os povos antigos, os gregos foram o  expoente  máximo  da  cartografia.  O  geógrafo  grego  Claudius  Ptolomeu  (90­168  d.C.)  escreveu  um  tratado  em  oito  volumes,  com  uma  coleção  de  27  mapas,  intitulado  “Geografia ”, que o consagrou como o autor do primeiro Atlas universal. Um desses mapas  representava  o  mundo  conhecido  na  época  sob  a  forma  esférica,  semelhante  à  representação do mundo na atualidade.  Sobre a utilização dos mapas na Antiguidade, Mendonça afirma:  mais  que  uma  ferramenta  de  orientação  e  de  localização,  os  mapas  se  transformaram  numa  técnica  fundamental  para  a  expansão  das  civilizações  e  o  seu  desenvolvimento  técnico  acabou  sendo  colocado  a  serviço  do  poder.  Eles  se  tornaram  um  instrumento  fundamental  para  definir estratégias militares, na conquista de novos territórios e de outros  povos (2007). . Com base na afirmativa do autor, torna­se evidente a importância dos mapas para as  grandes navegações, que só se tornaram possíveis com a orientação espacial por meio de  cartas de navegação ou portulanos; que, por sua vez, foram se modificando com o objetivo  de  atingir  a  exatidão  na  representação  de  territórios.  Os  portulanos  foram  criados  por  navegadores genoveses, antecessores de Cristóvão Colombo e, a partir daí, as informações  constantes  nesses  novos  mapas  que,  cada  vez  mais,  buscavam  a  precisão,  facilitavam  o  trabalho  dos  navegadores.  Os  mapas,  de  modo  geral,  definiam  os  novos  territórios  descobertos e foram colocados a serviço do poder. Um exemplo disso é o mapa criado a . 1 . FURLAN,  A. &  DECICINO, R. 2007. Mapas  – Evolução  das cartas aprimorou representação  do  mundo.  Disponível em: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701.jhtm Acesso em junho de 2007.  2  MENDONÇA,  C.  2007.  Histór ia  da  cart ogr afia  –  como  surgiram  os  primeiros  mapas.  Disponível  em:  http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u9.jhtm  Acesso em junho de 2007..

(24) ­ 11 ­  partir  do  Tratado  de  Tordesilhas 3 ,  onde  se  lê  claramente  os  territórios  pertencentes  a  Portugal e Espanha.  A arte e a ciência da construção dos mapas, para Oliveira (1993), se ampliaram com  as viagens mediterrâneas e as navegações oceânicas. Em 1300, surgiu a Carta Pisana, que  fez um levantamento sistemático de rumos nos mares Negro e Mediterrâneo e orientou as  navegações  por  esses  mares  durante  três  séculos.  Já  a  Escola  de  Sagres  impulsionou  de  forma grandiosa o progresso cartográfico, pois, assim como era necessário saber navegar,  também  o  era  a  existência  de  roteiros  precisos,  feitos  pelo  cartógrafo  ou  cosmógrafo,  formado  junto  ao  navegador  nessa  escola.  A  Cartografia  náutica  cresceu  também  na  Espanha,  Veneza,  Gênova  e  Holanda;  alguns  desses  povos  expandiram  seus  territórios  a  partir das grandes navegações.  O  grande  momento  da  Cartografia  moderna  ocorreu  em  1569,  quando  o  belga  Gerhard  Kremer,  mais  conhecido  como  Mercátor,  construiu  a  projeção  que  retratava  a  Terra de forma cilíndrica, chamada de Projeção Cilíndrica de Mercátor, muito usada para  fins  náuticos. A respeito das evoluções ocorridas na  história da cartografia, Black (2005)  comenta:  Os  progressos  talvez  não  afetassem  as  informações  históricas  que  podiam  ser  descritas,  mas  faziam  grande  diferença  por  assegurarem  que  os  dados  cartográficos eram mais precisos. Isso era particularmente importante porque os  mapas descreviam  características  físicas, especialmente  montanhas  e rios,  como  também cidades, estradas, batalhas e fronteiras (BLACK, 2005, p. 34). . As considerações do autor ressaltam que, em dado momento, a grande preocupação  da cartografia estava voltada para a precisão dos detalhes físicos dos territórios retratados,  embora  não  fosse diminuído  o  valor  histórico dos  mapas,  a precisão  dos dados  ligados  à  Geografia  Física  passou  a  ter  maior  importância.  Ou  seja,  as  representações  de  dados  históricos  permaneceram  quase  que  inalteradas,  ao  passo  que  as  informações  sobre  localização  de rios,  encostas,  montanhas,  etc  eram  representadas  de  forma  mais  exata.  O  uso de símbolos e convenções também fez parte das mudanças nos mapas entre os séculos  XV e XVII.  Cabe,  no  entanto,  salientar  que  o  relevante  percurso  trilhado  até  o  momento,  relativo  à  história  da  Cartografia  no  ocidente,  não  diminui  a  importância  da  história  dos  mapas  produzidos  no  Oriente.  Ali,  os  mais  antigos  mapas  de  que  se  tem  conhecimento . 3 . Tratado celebrado na povoação castelhana de Tordesillas, assinado em 7 de Junho de 1494, entre Portugal e  Espanha,  definindo  a  partilha  do  chamado  Novo  Mundo  entre  ambas  as  Coroas,  um  ano  e  meio  após  Cristóvão Colombo ter reclamado oficialmente a América para Isabel a Católica. (WIKIPEDIA, 2008)..

(25) ­ 12 ­  foram produzidos na China, provavelmente em 2.100 a. C.: um deles encontrado no lado  externo  de  um  ding  –  recipiente  usado  para  cozinhar  –  e  o  outro,  representando  um  cemitério,  produzido  por  volta  de  323­315  a.C.,  encontrado  num  túmulo  após  pesquisa  arqueológica,  em  1977,  conforme  Black  (2005,  p.  15).  Esses  são  os  registros  de  mapas  mais antigos produzidos no Oriente.  Em  seus  estudos,  Oliveira  (1993)  ressalta  os  registros  arqueológicos  de  tribos  indígenas  que  viviam  isoladas  na  América  do  Sul  e  compuseram  mapas  de  conchas  de  praia;  outras  traçaram  mapas  em  couro  de  búfalo.  Assinala,  ainda,  o  autor  que  fora  encontrado um mapa traçado por um indígena brasileiro  no qual estavam esquematizadas  as  cabeceiras  do  rio  Xingu  com  seus  afluentes,  escritos  na  língua  local  –  essas  peculiaridades  ressaltam  a  originalidade  de  cada  mapa  produzido  e,  de  certo  modo  artesanalmente. Tal quadro veio a se alterar radicalmente com a invenção da imprensa em  1470.  A  invenção  da  imprensa  propiciou  vasto  desenvolvimento  em  muitas  áreas  do  conhecimento  humano.  Em  conseqüência,  a  Cartografia  tomou  novos  rumos:  os  mapas,  que passaram a ser impressos, a partir do século 15, em maior escala, eram elaborados de  forma  comercial,  ou  seja,  em  maior quantidade  e  sob  encomenda. Tal  situação  culminou  com uma  “nova dinâmica para a produção de  mapas e  a propagação  do  mapeamento”.  (BLACK,  2005,  p.  23).  Sem  dúvida,  essa  nova  ferramenta  de  difusão  de  informações  imprimiu  maior  velocidade  à  produção  de  mapas  e  possibilitou  maior  amplitude  de  distribuição desse gênero.  Essa difusão estendeu­se e intensificou­se ao longo dos anos e pode ser evidenciada  no  período  relativo  à  Revolução  Industrial  em  que,  segundo Mendonça  (2007),  surgiram  novas  atividades,  e  o  uso  da  Cartografia  foi  ampliado,  aumentando  a  necessidade  da  criação de mapas mais ricos em detalhes e mais precisos, que auxiliassem na instalação de  redes  de  água  subterrâneas,  centrais  para  produção  de  energia,  indústrias,  e  no  planejamento de rotas de entrada e saída de mercadorias e redes de transporte.  A esse respeito, Tofler (1980, in: MENDONÇA, 2007), salienta:  Até  o  século  17,  as  fronteiras  dos  impérios  eram  freqüentemente  imprecisas.  Quando  a  população  cresceu,  o  comércio  aumentou  e  as  primeiras  fábricas  começaram  a  surgir  ao  redor  da  Europa,  muitos  governos  começaram  a  mapear  sistematicamente  suas  fronteiras.  As  zonas  alfandegárias  eram  delineadas  mais  claramente.  As  propriedades  locais  e  particulares  passaram  a  ser  definidas,  marcadas,  cercadas  e.

Referências

Documentos relacionados

O tema proposto neste estudo “O exercício da advocacia e o crime de lavagem de dinheiro: responsabilização dos advogados pelo recebimento de honorários advocatícios maculados

O caso de gestão estudado discutiu as dificuldades de implementação do Projeto Ensino Médio com Mediação Tecnológica (EMMT) nas escolas jurisdicionadas à Coordenadoria

Através da pesquisa e aplicação da ferramenta de qualidade SERVQUAL, é possível identificar as principais vantagens da utilização da gestão da qualidade na busca

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete

The challenges of aging societies and the need to create strong and effective bonds of solidarity between generations lead us to develop an intergenerational

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no