Uma análise lingüísticovisual de mapas da cidade do Recife
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(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM LETRAS . Uma análise lingüísticovisual de mapas da cidade do Recife Cecília Barbosa Lins Aroucha . Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Lingüística . Orientadora: Profª. Drª. Angela Paiva Dionisio . RECIFE 2008.
(3) Aroucha, Cecília Barbosa Lins Uma análise lingüísticovisual de mapas da cidade do Recife / Cecília Barbosa Lins Aroucha. Recife: O Autor, 2008. 119 folhas. : il., fig. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CAC. Letras, 2008. Inclui bibliografia. 1. Lingüística. 2. Semiótica. I.Título. 801 401 . CDU (2.ed.) CDD (22.ed.) . UFPE CAC2009 04.
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(5) DEDICATÓRIA . A Deus, o Mestre dos Mestres. Aos meus pais. A minha família, o feixe que não se desfaz. A Cleto Neto. A meu avô Marcílio Aroucha (in memoriam), pela força, vivacidade e pela sua eterna vontade de aprender. A colega de curso Gilvani Holanda (in memoriam), que Deus te proteja..
(6) AGRADECIMENTOS . Muitas pessoas contribuíram com este trabalho, cada uma a seu modo, não posso deixar de mencionar os meus sinceros agradecimentos... Aos meus pais, Dayse e Marcílio, que com muito amor, cuidado e dedicação, semearam o interesse pela leitura e a importância do estudo. Muito disto não seria possível sem o apoio essencial de vocês em minha vida. Os meus avós Dulce e Djalma; Edylla e Marcílio (in memorian) me incentivaram cada um à sua maneira. Às minhas irmãs Ludmila e Edylla, singulares e complementares na minha vida e ao meu irmão Francisco de Assis, por todo seu amor e carinho a mim devotados. Ao meu namorado Cleto Neto, pelo amor e incentivo, pela paciência e compreensão, e por fazer parte da minha caminhada. À Dona Rejane e ao Seu Fernando, pelas orações e pelos ensinamentos. Aos meus tios, em especial a Denise, amiga e colega de profissão. A todos os professores do curso de Letras da UFPE e a Márcia Mendonça, Marlos Pessoa, Virgínia Leal, Diana Vasconcelos, Marli Hazin, Abuêndia Padilha, Judith Hoffnagel, Lourival Holanda e em especial, a Piedade Sá, com quem muito aprendi em nossas conversas no NURC. A minha orientadora, Angela Dionisio, pela confiança no desenvolvimento deste projeto. Aos professores do programa de Pós Graduação em Letras da UFPE. Aos membros da banca examinadora, a Professora Doutora Judith Hoffnagel, a Professora Doutora Normanda Beserra e a Professora Doutora Angela Dionisio. Ao Professor Charles Bazerman da Universidade da Califórnia de Santa Bárbara, (UCSB) pela atenção concedida e pelos valiosos conselhos que me deu. Ao professor do Departamento de Engenharia Cartográfica da UFPE, Jaime Mendonça, pela sua presteza, sua atenção e cessão de material bibliográfico de grande contribuição à minha pesquisa. À Diva, Jozaías, Dona Marisa e os bolsistas, pela grande ajuda no funcionamento da Pós Graduação em Letras..
(7) À Capes, pela concessão da bolsa de estudos, de fundamental importância para a execução desta pesquisa. À Professora Doutora Edna Guedes, lhe serei eternamente grata por ter sentado comigo e me auxiliado tanto em um momento crucial do mestrado. À turma do Mestrado de 2006: Carolina, Morgana, Maria Eliza, Jaciara, Joseane, Maria Clara, Graça Pires, Simone, Marcelo, Eliezer, José Márcio, Wanda, Gilvani Holanda (in memoriam). E a Alfredina, Guilherme, Noádia Íris e Ana Regina Vieira. Às amigas Raldeli, Malu, Laíse e Flávia, pela amizade, pelo grandioso apoio, pela torcida e pelo companheirismo. À Neide, pela ajuda, pelos muitos lanches que me preparou e pela companhia. À Fernanda, Zenaide e aos funcionários da copiadora do DCE. À Glória Duarte Gurgel, pelas nossas conversas regeneradoras, por seu carinho e pelas vibrações positivas pelo meu sucesso. Aos amigos e irmãos do Grupo Espírita Rita de Cássia e do Rancho do Himalaia que acompanham as minhas alegrias e aflições. À vovó Zezé, a vovó Bebel e a todos os nossos amigos espirituais, pela força, presença e companhia constantes. Sem o auxílio de vocês, teria sido bem mais difícil... E a todos que passaram por minha vida e me deixaram ensinamentos. A Deus, o meu Orientador maior, que permitiu que tudo isso fosse concebido. Obrigada, Senhor, por mais um dia..
(8) “ Inicie por fazer o necessário, então o que é possível e, de repente, você estará fazendo o impossível” São Francisco de Assis.
(9) RESUMO . Uma das funções principais do mapa é informar sobre um determinado local. Com o passar do tempo e o surgimento de novas tecnologias, suas funções foram ampliadas, resultando em modificações na forma, no suporte, na importância e disposição das informações, através de recursos semióticos diversos. Muitas dessas mudanças resultam dos fins a que o mapa se propõe em determinado contexto. Objetivamos neste estudo investigar os recursos semióticos presentes em mapas contemporâneos da cidade do Recife, observando as funções desses recursos, como constituintes e facilitadores da confecção dos mapas. Durante 15 dias do mês de junho de 2007 coletamos mapas em reportagens e seções dos principais jornais da cidade do Recife, e em guias turísticos e de viagens à venda em bancas de revistas e panfletos de distribuição gratuita. De um total de 137 mapas, selecionamos as categorias de roteiro e de turismo. Considerando o mapa um gênero de caráter visual, o referencial teórico se constituiu de (Miller 1984, Kress & Van Leeuwen 1996, Bakhtin 1997, Guimarães, 2002, Kostelnick & Hasset 2003, Kress 2003, Marcuschi 2005, 2005b, Dionisio 2005 e Bazerman 2005, 2006). Muitos dos recursos encontrados nas análises foram comuns aos dois tipos de mapas. Listas explicativas foram peculiares aos mapas de turismo, enquanto que nos de roteiro, há chaves sinalizando pontes, e caixas de texto. Os recursos, dispostos nos mapas de forma coesa e correspondente aos seus objetivos, atuam na construção do sentido do gênero visual mapa e são suficientes e coerentes com os fins a que se propõem. . Palavraschave: Mapas, recursos semióticos, multimodalidade..
(10) ABSTRACT . One of the main functions of the map is to provide information about a determined place. In the course of time and the appearance of new technologies, its functions were enlarged, resulting in changes in form, support, importance and information disposal, through diverse semiotic resources. Some of these changes derives from the objectives to which the map serves in a certain context. Central to this study is to investigate the semiotic resources that are present in contemporary maps of the city of Recife, observing the functions of these resources, as constituents and facilitators of map confection. In fifteen days on June 2007, we collected maps in the principal newspapers of the city of Recife, as well as tourist and travel guides for sale at newsstands and free folders. The collection of 137 maps was grouped into two categories, itinerary and tourism. Considering the map a genre of visual character, the theoretical referential was constituted of (Miller 1984, Kress & Van Leeuwen 1996, Bakhtin 1997, Guimarães, 2002, Kostelnick and Hasset 2003, Kress 2003, Marcuschi 2005, 2005b, Dionisio 2005, and Bazerman 2005, 2006). Many of the resources found in the analysis were common to both types of maps. Explanatory lists were peculiar to tourism maps, whereas, in itinerary maps, we find clues signaling bridges and text boxes. The resources which are arranged in the maps in a cohesive form correspond to its objectives and act in the construction of meaning of the map genre. They are sufficient and coherent with the objectives which they propose. . Key words: Maps, semiotic resources, multimodality..
(11) SUMÁRIO . INTRODUÇÃO................................................................................................... 1 . CAPÍTULO I: De onde vêm os mapas?.............................................................. 6 . 1.1 Uma breve história dos mapas................................................................... 7 1.2 De que trata, afinal, a Cartografia?............................................................ 14 1.3 Onde se inserem os mapas na Lingüística?............................................... 18 1.4 Mapas, definições e classificações............................................................ 23 1.5 Importância e uso dos mapas..................................................................... 30 . CAPÍTULO II: Aspectos lingüísticovisuais dos mapas..................................... 34 . 2.1 Da Lingüística SistêmicoFuncional à Multimodalidade.......................... 35 2.2 Letramento Visual e Multimodalidade...................................................... 38 2.3 A informatividade visual dos textos.......................................................... 41 2.4 Os códigos e a linguagem visual............................................................... 47 . CAPÍTULO III: Aspectos lingüísticoconstitutivos dos mapas.......................... 51 . 3.1 A distinção lingüística entre nomeação e designação ............................... 52 3.2 As nomeações e as designações nos mapas............................................... 54 3.3 Discutindo a nomeação nos mapas de roteiro............................................ 59 3.4 Discutindo a nomeação nos mapas de turismo.......................................... 62 . CAPÍTULO IV: Discussão dos resultados.......................................................... 66 . 4.1 O que são e como se constituem os mapas de roteiro................................ 67 4.2 Sentidos representacionais e interativos, códigos e convenções nos mapas de roteiro............................................................................................... 68 4.3 O que são e como se constituem os mapas de turismo.............................. 81.
(12) 4.4 Sentidos representacionais e interativos, códigos e convenções nos mapas de turismo............................................................................................. 82 . CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 94 . REFERÊNCIAS.................................................................................................. 99.
(13) LISTA DE FIGURAS . Figura 01 . Mapa Mesopotâmico de Ga Sur de 3800 a 2500 a. C………............ . 08 . Figura 02 . Mapa Mesopotâmico de Ga Sur de 3800 a 2500 a. C……………… . 08 . Figura 03 . Mapa de Catal Hyük de 6.200 a.C., aproximadamente…………… . 08 . Figura 04 . Mapa de Catal Hyük de 6.200 a.C., aproximadamente…………….. . 08 . Figura 05 . Mapa rupestre de Bedolina (Vale do Pó) (p. 10)............................... . 09 . Figura 06 . Mapa de roteiro do Hotel Pousada Peter 1....................................... . 61/69 . Figura 07 . Mapa de roteiro do Hotel Pousada Peter – 2...................................... . 55/71 . Figura 08 . Mapa de roteiro do Laboratório Genetika.......................................... . 73 . Figura 09 . Mapa de roteiro do Curso Nobre........................................................ . 56/75 . Figura 10 . Mapa de roteiro da ONG Novo Rumo............................................... . 77 . Figura 11 . Mapa de roteiro do Sobrado Joaquim Cardozo.................................. . 56/79 . Figura 12 . Mapa da Região Central da Cidade do Recife................................... . 83 . Figura 13 . Mapa de turismo Roteiro Cultural...................................................... . 85 . Figura 14 . Mapa de Turismo da Cidade do Recife.............................................. . 63/87 . Figura 15 . Mapa de turismo do litoral de Pernambuco....................................... . 62/89 . Figura 16 . Mapa de turismo do Recife Antigo.................................................... . 90 . Figura 17 . Mapa de turismo dos bairros de Santo Antônio e do Recife.............. . 92.
(14) 1 . Intr odução . A escrita, sem dúvida, revolucionou o mundo e impulsionou o desenvolvimento humano. Não podemos mensurar o mundo sem a escrita, mas devemos lembrar que antes de nos apropriarmos dessa ferramenta da comunicação, o homem já falava e buscava, de algum modo, expor e efetivar seus pensamentos. Afinal, o que difere o homem dos demais animais é sua capacidade de pensar, de raciocinar e, de refletir sobre suas ações. A necessidade de esse homem registrar seus feitos e suas glórias foi, por muito tempo, suprida pelos desenhos ou pinturas rupestres datadas da Antiguidade ou da PréHistória e consideradas, na atualidade, uma das mais antigas e rudimentares manifestações da escrita. Dentre as várias manifestações rupestres que se tem conhecimento, destacase a forma mais elementar de o homem tornar perenes suas rotas, com desenhos do itinerário atrelado a pontos significativos como rios, montanhas, florestas, dentre outros. Eram os primeiros mapas, registrando os primeiros dados e observados pelo homem a respeito da superfície de uma região específica. A declaração de que os mapas surgiram muito antes da escrita é confirmada por pesquisas nas áreas de Arqueologia, História e Geografia. Escavações na Turquia em 1963 revelaram descobertas como o mapa de Catal Hyük, pintado na parede de uma caverna em 6.200 a.C. e considerado o mais antigo de todos. Descobertas como essa são consideradas irrefutáveis e provam ser o mapa um dos primeiros gêneros textuais a promover a interação.
(15) 2 entre os povos que necessitavam explicitar, tanto a delimitação de seus territórios de caça e pesca como estabelecer fronteiras e determinar distâncias. Assim, com pinturas e desenhos nas paredes, os homens começaram a registrar a sua história, e deram início à atividade que, mais tarde, passou a se chamar Cartografia. O surgimento da escrita alfabética, cujas formas mais antigas, segundo Horcades (2004) datam de 06 mil anos, não suplantou outras escritas contemporâneas a elas, em geral, pictográficas, com imagens que simbolizavam palavras e constituíram os mapas mais antigos. É certo que, desde os tempos mais remotos, essas representações utilizavam diferentes linguagens, mas a evolução da escrita, além de facilitar o crescimento das sociedades, ampliou a distribuição de informações em mapas, aliada a outros recursos semióticos já conhecidos. Com a evolução do homem, outras habilidades e capacidades cognitivas foram descobertas, e a escrita teve papel fundamental nesse processo. Vale ressaltar a relevância da escrita para o desenvolvimento humano, para a comunicação e a organização da vida em sociedade. A invenção da escrita possibilitou o acúmulo e o registro de conhecimentos, muitas vezes, perdidos devido ao fato de serem transmitidos apenas de forma oral. Tendo em vista que nem sempre as imagens eram capazes de transmitir todas as informações necessárias, a escrita contribuiu sobremaneira para a transmissão de informações nos mapas. Contudo, a história de um povo pode ser registrada através dos recursos semióticos presentes nos mapas, o que por si só já é indicador da sua importância. Antigamente, quando uma nação era invadida por outra, aquela possivelmente mudava de nome e seu território era incorporado ao da civilização conquistadora, sendo seu povo submetido aos seus novos governantes. Após as invasões e a consolidação da nação vencedora como dominante, as informações relativas aos territórios das nações invadidas passavam a constar nos mapas como parte integrante do território da nação vencedora. Esse é apenas um dos exemplos de como o mapa pode ilustrar a história e transmitir conhecimento, através da união das imagens, da escrita numérica e da escrita alfabética, além do uso de símbolos, desenhos, códigos e legendas. O fato de a informação contida nos mapas ser apresentada em mais de um modo representativo: verbal e pictórico caracteriza o mapa como um gênero multimodal. Os mapas, que inicialmente informavam aspectos de determinado lugar como imagens da natureza, montanhas, rios etc., passaram a ter suas funções ampliadas com o surgimento de novas tecnologias, resultando em modificações na estrutura, na disposição.
(16) 3 das informações e no modo de divulgação desse gênero textual. Mudanças na produção também ocorreram devido à informatização e ao rastreamento por satélite. Atualmente, devido à facilidade de acesso a programas de computação gráfica, o manuseio da informação disposta nos mapas é mais rápido, tornando possível a qualquer pessoa construir mapas de diferentes tipos, muitas vezes, com falhas causadas pela falta de preparo e de conhecimentos específicos, comuns a um engenheiro cartográfico, profissional habilitado à elaboração de mapas. Como gênero textual que alia imagens a palavras, constituído de códigos e convenções, linguagem numérica e alfabética, o mapa transmite informações sobre um determinado lugar reproduzido no espaço e, dependendo do tipo e do suporte em que está inserido, pode ser adquirido mediante compra ou gratuitamente em páginas de internet, livros didáticos, revistas, folhetos, propagandas, jornais, reportagens e anúncios e ainda, pode ser feito a mão em circunstâncias diversas, caso seja necessário. O nosso interesse em realizar uma pesquisa sobre mapas numa perspectiva lingüísticovisual surgiu após percebermos a grande variedade de recursos semióticos presentes nesses gêneros que, por sua vez, são multimodais. Além disso, o fato da utilização de mapas ser bastante freqüente chamounos a atenção, em virtude da possibilidade de explorar alguns desses usos, observando a funcionalidade de dois tipos de mapas e as suas variações, tanto no suporte como na disposição das informações. Um exemplo de usos dos mapas verificase quando dados sobre algum local são fornecidos por escrito ou oralmente, ou quando uma trajetória é delineada mentalmente após serem dadas as informações de forma oral, conforme verificou Dionisio (1998), quando um mapa mental é elaborado. Outro exemplo pode ser visto em reportagens em que o mapa é usado para complementar a informação escrita ou quando ilustra dados que poderiam ter sido escritos. Há muitos outros casos de usos dos mapas, de diferentes tipos e propósitos, como bem pode explicar e mostrar a Cartografia. A finalidade e função social dos mapas também vão influenciar o detalhamento de suas informações, que pode ser minucioso ou apresentar uma quantidade mínima de dados. Ainda em decorrência das diferentes funções sociais, alguns mapas não se restringem à reprodução somente no papel, podendo ser produzidos mentalmente, com vasta utilização e funcionalidade. A percepção da importância e da quantidade de informações que pode ser veiculada nesse gênero levounos a recorrer à teoria da semiótica social, desenvolvida por Kress (2003), a qual ressalta que o uso específico de um ou outro modo de transmissão da.
(17) 4 informação, seja através do texto verbal ou visual, é guiado por intenções socialmente determinadas, que realizam interesses de grupos, pontos de vista subjetivos ou atitudes ideológicas. Nesse sentido, observaremos o uso de diferentes modos de disposição da informação nos mapas arrolados neste trabalho. Pesquisas recentes mostram que as imagens têm maior potencial de atrair a atenção do que, apenas, a linguagem escrita e, por isso, são memorizadas mais facilmente e efetivamente, contribuem sobremaneira para a aquisição do conhecimento. Partindo dessa compreensão, procedemos a essa pesquisa com o objetivo de levar os leitores a refletir sobre o papel e o valor utilitário dos mapas para a sociedade. Para isso, tomamos como referencial teórico as concepções de Cêurio de Oliveira (1993), que nos permitiu fazer uma sucinta explanação a respeito dos mapas como instrumento da História e da Geografia; e a teoria de gêneros proposta por Bakhtin (1997) e ampliada por Miller (1984), Bazerman, (2005) e Marcuschi (2000, 2005a, 2005b), dentre outros autores que se inserem nessa linha de pesquisa, que respaldam o estudo do mapa como gênero textual, construto da Lingüística. Com relação a aspectos lingüísticos como nomeações e designações, pautamonos em Guimarães (2002); e com referência aos aspectos visuais dos elementos que compõem o gênero mapa, como, por exemplo, a saliência, o framing, e os valores informativos: ideal e real, centro e margens, dado e novo ancoramonos em Kress e Van Leeuwen (1996). Além disso, analisamos os códigos e as convenções nos mapas com base em Kostelnick e Hassett (2003). O corpus desta pesquisa constituise de 12 (doze) mapas, entre os quais, 06 (seis) de roteiro e 06 (seis) de turismo, ambos os conjuntos foram analisados numa perspectiva lingüística, sob a ótica da teoria dos gêneros textuais. Dentre os 06 (seis) mapas de roteiro analisados encontramse 02 (dois) mapas de localização do Hotel Pousada Peter, 01 (um) de localização do Laboratório Genetika, 01 (um) do Curso Nobre, 01 (um) do Novo Rumo – Genética para Inclusão e 01 (um) do Edifício Sobrado Joaquim Cardozo. O conjunto composto pelos mapas de turismo está constituído por 06 (seis) mapas: 01 (um) dos Bairros de Santo Antonio e Recife, 01 (um) do roteiro cultural, 01 (um) da região central da cidade do Recife, 01 (um) de turismo da cidade do Recife, 01 (um) do Recife antigo e 01 (um) de turismo de Pernambuco. Privilegiamos nessa análise as estratégias lingüísticoimagéticas encontradas nos mapas e verificamos como as relações entre as formas verbal e pictorial contribuem para a veiculação das informações presentes nos mesmos; sistematizamos os recursos semióticos.
(18) 5 encontrados nos 06 (seis) mapas de roteiro e nos 06 (seis) mapas de turismo selecionados, mediante a perspectiva da teoria da multimodalidade e dos aspectos lingüístico constitutivos. Foi identificada uma grande variedade do modo de apresentação da informação como mapas que empregam maior ou menor quantidade de detalhes para complementar o sentido do gênero textual. Tais recursos são empregados no mapa como auxiliares na construção do sentido, portanto, não é a maior ou menor quantidade de recursos que determina a construção do sentido do gênero mapa e sim, a sua organização e disposição, regidas por sua finalidade e sua função social, ou seja, a quantidade de detalhes não é o fator principal na construção do sentido desse gênero, e sim, os tipos de detalhes e a sua função no gênero. Dessa análise qualitativa, resultou esta dissertação dividida em quatro capítulos, distribuídos da seguinte maneira: No primeiro capítulo, "De onde vêm os mapas", é mostrado um pouco da história e dos usos desse gênero, a noção de gêneros textuais que permeia nossas análises e também definições, classificações e funções dos mapas. No capítulo dois, “ Aspectos lingüísticovisuais dos mapas” , versamos brevemente sobre a parte da lingüística sistêmicofuncional que originou a semiótica social, a teoria da cognição da aprendizagem multimídia e a teoria multimodal. Dentro dos estudos dos muitos modos de representação da informação, vemos os códigos e convenções utilizados na linguagem escrita e visual, discutidos por Kostelnick e Hassett (2003), além de questões relativas à informatividade visual. No capítulo três, “Aspectos lingüísticoconstitutivos dos mapas”, são feitas algumas referências sobre os processos de nomeação e de designação de nomes de pessoas e de ruas em mapas de roteiro e de turismo, com base nos estudos do pesquisador Eduardo Guimarães (2002). No capítulo quatro, “Discussão dos resultados”, definimos e analisamos os mapas . de roteiro e de turismo, apresentando seus recursos semióticos constituintes, seguindo as perspectivas da semiótica social e da multimodalidade. Por fim apresentamos as considerações finais, em que são expostas algumas conclusões às quais chegamos com o resultado desta pesquisas, além de tecermos comentários a respeito do resultado alcançado..
(19) 6 . Capítulo I . De onde vêm os mapas? . Um dos mapas mais antigos e conhecidos em nossos dias foi encontrado em Catal . Hyük, desenterrado em escavações na Turquia em 1963. Ele é considerado o mais antigo mapa que se tem notícia e foi pintado na parede de uma caverna em 6.200 a.C. O outro foi desenhado há 4.500 anos – conforme descobertas nas escavações de Ga Sur, ao Norte da Babilônia – e encontrase exposto no Museu Semítico da Universidade de Harvard. Essas cartas geográficas podem ser consideradas os primeiros gêneros textuais a possibilitar a interação entre os povos, localizando pontos, determinando distâncias, bem como estabelecendo relações entre fatos geográficos e, mais que isso, entre a própria história das civilizações. Partindo dessa perspectiva, apresentaremos neste capítulo uma breve explanação sobre o percurso histórico dos mapas. Para tanto, discorremos sobre alguns estudos a respeito da Cartografia: definindo e classificando alguns mapas, em particular, mapas de . roteiro e de turismo, arrolados nesta pesquisa. Também ressaltamos a utilização e a importância do mapa como um gênero textual, cuja evolução acompanha o.
(20) 7 desenvolvimento humano desde as primeiras inscrições rupestres aos mais modernos meios de comunicação da atualidade e confirma a atuação dos mapas a serviço do homem. A respeito do estudo dos mapas, como instrumento da História e da Geografia, ancoramonos nas concepções de Cêurio de Oliveira (1993), cartógrafo, pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, e autor de livros e de um dicionário cartográfico que serve de referência aos estudiosos da área; como gênero textual, construto da Lingüística, fundamentamonos na teoria de gêneros proposta por Bakhtin (1997) e ampliada por Miller (1984), Bazerman, (2005) e Marcuschi (2000, 2005a, 2005b), dentre outros autores que se inserem nessa linha de pesquisa. . 1.1 Uma br eve histór ia dos mapas . A história dos mapas antecede a história da escrita. Segundo Oliveira (1993), o mapa é uma das mais antigas modalidades de comunicação social, cuja importância revela se nos conhecimentos repassados pelos povos primitivos, revelados por meio de estudos etnológicos, arqueológicos e históricos. A antiguidade dos mapas como forma de comunicação gráfica é confirmada pelo fato de muitos povos primitivos têlos traçado e riscado, antes mesmo de conhecerem a escrita propriamente dita, como observa Erwin Raisz (1969 in: OLIVEIRA, 1993). Tal afirmação é fato comprovado por pesquisas nas áreas de História, Geografia e Cartografia, que vêm revelando os mapas mais antigos encontrados e supõem a existência de mapas de outras espécies e de diferentes épocas, mas que ainda não foram descobertos ou que se desgastaram, devido à durabilidade do material em que foram inscritos. Furlan e Decicino (2007) afirmam que os homens representavam, em mapas, os lugares onde viviam e por onde passavam. Desde os tempos mais remotos, na Préhistória, nossos antepassados faziam desenhos em cavernas para representar o mundo em que viviam e para guiaremse, tanto para retornar ou afastarse de suas localidades. As primeiras representações cartográficas retratavam paisagens, trilhas e localizações de vilas próximas; entre os egípcios, foram encontrados desenhos de mapas pintados em tumbas. Segundo Ana Teresa Pollo Mendonça (2007), até a segunda metade do século XX, acreditouse que o mapa (figs. 1 e 2) encontrado em 1930, nas escavações de Ga Sur ou . Nuzi, cidade da antiga Mesopotâmia, fosse o mais antigo. Tratase de um tablete de argila cozida, com a representação de duas cadeias de montanhas, e provavelmente, do rio.
(21) 8 Eufrates. Especulase que a idade dessa relíquia circula entre 2400, 2200 ou, até mesmo, 3800 anos antes de Cristo. Figs. 01 e 02: Mapa Mesopotâmico de Ga Sur de 3800 a 2500 a. C. . Fontes: http://bdtd.bczm.ufrn.br/tedesimplificado//tde_arquivos/16/TDE20060913T061158Z246/Publico/EdilsonPF.pdf e http://www.maxwell.lambda.ele.pucrio.br/cgibin/PRG_0599.EXE/10814_3.PDF?NrOcoSis=35058&CdLinPrg=pt . O mais antigo mapa, entretanto, foi descoberto em 1963. Tratase do mapa de Catal . Hyük, (fig. 3 e 4), cidade da antiga Anatólia, região que formava o que hoje é conhecido como Turquia. Essa raridade, desenterrada em escavações em Ancara e pintada na parede de uma caverna por volta de 6.200 a.C., sugere o desenho de uma colméia – que simboliza uma habitação típica da Antiguidade, e um vulcão em erupção, o Hasan Dag , hoje em extinção. Fig. 03: Mapa de Catal Hyük de 6.200 a.C., aproximadamente . http://www.maxwell.lambda.ele.pucrio.br/cgibin/PRG_0599.EXE/10814_3.PDF?NrOcoSis=35058&CdLinPrg=pt . Fig. 04: Mapa de Catal Hyük de 6.200 a.C., aproximadamente . Fonte: http://www.maxwell.lambda.ele.pucrio.br/cgi bin/PRG_0599.EXE/10814_3.PDF?NrOcoSis=35058&CdLinPrg=pt.
(22) 9 Pesquisas arqueológicas revelaram figuras rupestres (fig. 5) semelhantes a representações cartográficas de um penhasco situado no norte da Itália. Uma dessas figuras, originária da Bedolina, é uma “enorme gravação rica em detalhes de cunho . topográfico ” (OLIVEIRA, 1993, p. 17). Esse mapa reproduziu com detalhes as atividades do povo de Bedolina, que vivia da agricultura há cerca de 2.400 anos a.C., toda a representação ali exposta demonstra, na opinião de Oliveira (1993), uma visão cartográfica daquele povo. Fig. 05: Mapa rupestre de Bedolina (Vale do Pó) . Fonte: http://www.fumdham.org.br/fumdhamentos5/images/MSlide19.JPG . As figuras acima são exemplos de representações cartográficas, que se constituíram importantes informações para as sociedades da época em que foram criadas, bem como para as gerações posteriores que, assim, puderam conhecer fatos daquele contexto sócio histórico. As informações contidas nesses mapas mostram a necessidade do homem representar o espaço em que vive e as estratégias empregadas para registrar tais informações, utilizandose de diferentes materiais presentes no seu cotidiano: cerâmica, bronze, cascas de coco, pedras, pele de animais, papel, troncos de arvores, etc.; além disso, o aspecto comunicativo revelase em todos os exemplos, em que se visualizam símbolos e signos inteligíveis destinados a representar os mais diversos fatos e objetos. De acordo com Furlan e Decicino (2007), as funções dos mapas desenhados pelos povos antigos eram “ principalmente práticas: marcar fronteiras; indicar as terras férteis;.
(23) 10 . a localização de água e as rotas de comércio” 1 . Somente na civilização grega foi iniciada a tentativa de descrever a Terra como um todo, e em meados de 500 a.C. Hecateu de Mileto escreveu uma obra considerada o primeiro livro sobre Geografia, no qual há uma representação da Terra no formato de um disco, tendo a Grécia como centro. Os mapas passaram a ter maior importância ainda com o surgimento das primeiras civilizações na Mesopotâmia, na Grécia, no Egito e na China. Tais civilizações expandiam seus territórios e era imprescindível, segundo Mendonça (2007) “conhecer os limites das . áreas dominadas e as possibilidades de ampliação de suas fronteiras” 2 . Furlan e Decicino (2007) destacam que, entre os povos antigos, os gregos foram o expoente máximo da cartografia. O geógrafo grego Claudius Ptolomeu (90168 d.C.) escreveu um tratado em oito volumes, com uma coleção de 27 mapas, intitulado “Geografia ”, que o consagrou como o autor do primeiro Atlas universal. Um desses mapas representava o mundo conhecido na época sob a forma esférica, semelhante à representação do mundo na atualidade. Sobre a utilização dos mapas na Antiguidade, Mendonça afirma: mais que uma ferramenta de orientação e de localização, os mapas se transformaram numa técnica fundamental para a expansão das civilizações e o seu desenvolvimento técnico acabou sendo colocado a serviço do poder. Eles se tornaram um instrumento fundamental para definir estratégias militares, na conquista de novos territórios e de outros povos (2007). . Com base na afirmativa do autor, tornase evidente a importância dos mapas para as grandes navegações, que só se tornaram possíveis com a orientação espacial por meio de cartas de navegação ou portulanos; que, por sua vez, foram se modificando com o objetivo de atingir a exatidão na representação de territórios. Os portulanos foram criados por navegadores genoveses, antecessores de Cristóvão Colombo e, a partir daí, as informações constantes nesses novos mapas que, cada vez mais, buscavam a precisão, facilitavam o trabalho dos navegadores. Os mapas, de modo geral, definiam os novos territórios descobertos e foram colocados a serviço do poder. Um exemplo disso é o mapa criado a . 1 . FURLAN, A. & DECICINO, R. 2007. Mapas – Evolução das cartas aprimorou representação do mundo. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701.jhtm Acesso em junho de 2007. 2 MENDONÇA, C. 2007. Histór ia da cart ogr afia – como surgiram os primeiros mapas. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u9.jhtm Acesso em junho de 2007..
(24) 11 partir do Tratado de Tordesilhas 3 , onde se lê claramente os territórios pertencentes a Portugal e Espanha. A arte e a ciência da construção dos mapas, para Oliveira (1993), se ampliaram com as viagens mediterrâneas e as navegações oceânicas. Em 1300, surgiu a Carta Pisana, que fez um levantamento sistemático de rumos nos mares Negro e Mediterrâneo e orientou as navegações por esses mares durante três séculos. Já a Escola de Sagres impulsionou de forma grandiosa o progresso cartográfico, pois, assim como era necessário saber navegar, também o era a existência de roteiros precisos, feitos pelo cartógrafo ou cosmógrafo, formado junto ao navegador nessa escola. A Cartografia náutica cresceu também na Espanha, Veneza, Gênova e Holanda; alguns desses povos expandiram seus territórios a partir das grandes navegações. O grande momento da Cartografia moderna ocorreu em 1569, quando o belga Gerhard Kremer, mais conhecido como Mercátor, construiu a projeção que retratava a Terra de forma cilíndrica, chamada de Projeção Cilíndrica de Mercátor, muito usada para fins náuticos. A respeito das evoluções ocorridas na história da cartografia, Black (2005) comenta: Os progressos talvez não afetassem as informações históricas que podiam ser descritas, mas faziam grande diferença por assegurarem que os dados cartográficos eram mais precisos. Isso era particularmente importante porque os mapas descreviam características físicas, especialmente montanhas e rios, como também cidades, estradas, batalhas e fronteiras (BLACK, 2005, p. 34). . As considerações do autor ressaltam que, em dado momento, a grande preocupação da cartografia estava voltada para a precisão dos detalhes físicos dos territórios retratados, embora não fosse diminuído o valor histórico dos mapas, a precisão dos dados ligados à Geografia Física passou a ter maior importância. Ou seja, as representações de dados históricos permaneceram quase que inalteradas, ao passo que as informações sobre localização de rios, encostas, montanhas, etc eram representadas de forma mais exata. O uso de símbolos e convenções também fez parte das mudanças nos mapas entre os séculos XV e XVII. Cabe, no entanto, salientar que o relevante percurso trilhado até o momento, relativo à história da Cartografia no ocidente, não diminui a importância da história dos mapas produzidos no Oriente. Ali, os mais antigos mapas de que se tem conhecimento . 3 . Tratado celebrado na povoação castelhana de Tordesillas, assinado em 7 de Junho de 1494, entre Portugal e Espanha, definindo a partilha do chamado Novo Mundo entre ambas as Coroas, um ano e meio após Cristóvão Colombo ter reclamado oficialmente a América para Isabel a Católica. (WIKIPEDIA, 2008)..
(25) 12 foram produzidos na China, provavelmente em 2.100 a. C.: um deles encontrado no lado externo de um ding – recipiente usado para cozinhar – e o outro, representando um cemitério, produzido por volta de 323315 a.C., encontrado num túmulo após pesquisa arqueológica, em 1977, conforme Black (2005, p. 15). Esses são os registros de mapas mais antigos produzidos no Oriente. Em seus estudos, Oliveira (1993) ressalta os registros arqueológicos de tribos indígenas que viviam isoladas na América do Sul e compuseram mapas de conchas de praia; outras traçaram mapas em couro de búfalo. Assinala, ainda, o autor que fora encontrado um mapa traçado por um indígena brasileiro no qual estavam esquematizadas as cabeceiras do rio Xingu com seus afluentes, escritos na língua local – essas peculiaridades ressaltam a originalidade de cada mapa produzido e, de certo modo artesanalmente. Tal quadro veio a se alterar radicalmente com a invenção da imprensa em 1470. A invenção da imprensa propiciou vasto desenvolvimento em muitas áreas do conhecimento humano. Em conseqüência, a Cartografia tomou novos rumos: os mapas, que passaram a ser impressos, a partir do século 15, em maior escala, eram elaborados de forma comercial, ou seja, em maior quantidade e sob encomenda. Tal situação culminou com uma “nova dinâmica para a produção de mapas e a propagação do mapeamento”. (BLACK, 2005, p. 23). Sem dúvida, essa nova ferramenta de difusão de informações imprimiu maior velocidade à produção de mapas e possibilitou maior amplitude de distribuição desse gênero. Essa difusão estendeuse e intensificouse ao longo dos anos e pode ser evidenciada no período relativo à Revolução Industrial em que, segundo Mendonça (2007), surgiram novas atividades, e o uso da Cartografia foi ampliado, aumentando a necessidade da criação de mapas mais ricos em detalhes e mais precisos, que auxiliassem na instalação de redes de água subterrâneas, centrais para produção de energia, indústrias, e no planejamento de rotas de entrada e saída de mercadorias e redes de transporte. A esse respeito, Tofler (1980, in: MENDONÇA, 2007), salienta: Até o século 17, as fronteiras dos impérios eram freqüentemente imprecisas. Quando a população cresceu, o comércio aumentou e as primeiras fábricas começaram a surgir ao redor da Europa, muitos governos começaram a mapear sistematicamente suas fronteiras. As zonas alfandegárias eram delineadas mais claramente. As propriedades locais e particulares passaram a ser definidas, marcadas, cercadas e.
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